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Mochilão pela Democracia

Jovens decidiram viajar pelas principais cidades do Paraná convocando outros jovens "para assuma a vanguarda política pela recuperação do projeto popular de desenvolvimento nacional".

Eles apelidaram o movimento de "Mochilão pela Democracia", e tem início no dia 10 deste mês em Cascavel e encerra no dia 23 em Curitiba, quando os jovens vão para Porto Alegre (RS) acompanhar o julgamento do ex-presidente Lula.

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Movimentos sociais preparam estratégia para Congresso aprovar Diretas Já!


Por Sarah Fernandes na RBA

São Paulo - Movimentos sociais, entre os quais a Frente Brasil Popular e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lançam na segunda-feira (29), em São Paulo, um plano popular para um governo de emergência, caso ocorram eleições diretas ainda este ano no país. A iniciativa surge com o agravamento da crise política, depois que o governo de Michel Temer foi denunciado por gravações do empresário Joesley Batista, da JBS, em conversa na qual endossa o pagamento de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) para que mantenha silêncio em relação aos desmandos de Brasília.

O documento, que se propõe como uma garantia para que o governo de emergência responda aos interesses dos trabalhadores, possui 10 áreas temáticas. Um dos pontos principais diz que esse novo governo deve enviar ao Congresso Nacional a convocação de uma assembleia constituinte que regulamente um novo regime político para a eleição de 2018, sem influência do poder econômico, o que garantiria que os parlamentares fossem eleitos de acordo com a representação da sociedade brasileira.
“Se a metade do povo é negro, metade dos parlamentares tem que ser negros. Se metade do povo são mulheres, metade dos representantes devem ser mulheres. É necessário ter regras que garantam que o povo de fato escolha seus representantes, não como agora, em que 80% dos parlamentares são empresários e quem não é foi bancado por eles”, disse um dos coordenadores do MST, João Pedro Stédile, em vídeo ao vivo divulgado hoje (26) na página do movimento no Facebook.
A partir do lançamento do plano, os movimentos farão cartilhas, vídeos, memes e panfletos para que o plano popular de emergência chegue ao maior número possível de pessoas, que poderão acompanhar as propostas e cobrar os governantes. “As eleições diretas são a bandeira política necessária. Elas se completam com vontade política da classe trabalhadora de apresentar um plano real e sair da crise política, econômica, social e ambiental que estamos vivendo”, disse Stédile.
“Outro exemplo é na economia. É preciso ter quase 20 milhões de pessoas desempregadas? O governo tinha que colocar dinheiro na indústria e na agricultura que é o que gera emprego. Se tivesse início um plano de construção de casas populares, movimentaria a indústria de construção civil, de produção de vidros e de outras áreas, gerando empregos”, disse.  O lançamento ocorrerá às 19h de segunda-feira, no Tucarena, na Pontifícia Universidade Católica (PUC), zona oeste de São Paulo.

Conjuntura

Paulo Moreira Leite

Depois do encontro com Dilma, o dia seguinte
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A impressão de que muito lentamente as nuvens mais negras da situação política começaram a dissipar-se ganhou um novo reforço na tarde desta quinta-feira, no Planalto. 
O encontro da presidente Dilma Rousseff com lideranças daquela parte do país profundo que costuma ser chamada de "movimentos sociais" foi especialmente bem sucedido. Confirmou que o governo tem uma base social organizada, muito mais importante do que a verdade numérica captada pelas pesquisas de opinião. Num país habitado por movimentos golpistas, foi uma importante iniciativa em defesa da democracia. Mas o evento deixou perguntas essenciais para o dia seguinte, num país onde o desemprego sobe e a perspectiva de recessão se tornaram questões urgentes. 
As entidades que precisavam comparecer -- sindicatos, sem-terra, sem-teto, entidades de mulheres e outros mais -- estavam presentes. Os oradores disseram exatamente aquilo que faziam questão que a presidente ouvisse. Gritaram "não vai ter golpe" e bateram duro na política econômica, em especial na taxa de juros e na recessão. Vários oradores pediram a cabeça de Joaquim Levy, o que não é surpresa, pois ele é  alvo frequente de várias lideranças presentes. Recentemente, o MST ocupou a sede do ministério da Fazenda por 24 horas, obrigando o titular da pasta a despachar em casa. Guilherme Boulos, líder do MTST, que tem 40 000 famílias organizadas em oito estados -- metade em São Paulo -- considera que aquilo que se chama de "lulismo" é um fenômeno extinto e acusa Dilma de promover uma política "neoliberal" com Levy.
Algumas intervenções foram tão duras que, em determinado momento, ouviu-se um grito da platéia que provocou risadas: "nóis báti mas nóis te ama, Dilma!".
A presidente fez um discurso que boa parte dos presentes com os quais conversei classifica como o mais claro desde a posse. Assumiu um compromisso solene em relação ao pré-sal, hoje uma pauta quente no Congresso, em função do projeto 131 que pretende mudar as regras do pré-sal: "enquanto eu for presidenta, vou lutar com todas as nossas forças contra qualquer mudança na lei de partilha". A presidente também assumiu a defesa dos programas de conteúdo nacional, responsáveis pela geração de empregos e ampliação do mercado para a industria -- ameaçados pelo desmantelamento em curso depois das investigações da Lava Jato.
Falando de improviso a partir de anotações, Dilma mostrou-se à vontade como poucas vezes. Fez defesas oportunas das regras da democracia. Defendeu o diálogo e lembrou que "diálogo é diferente de pauleira." Depois de lembrar que viveu muitas experiências na vida, a presidente disse: "eu tenho lado", frase que sugere que os presentes gostaram de ouvir. Numa observação especialmente feliz, registrou que o Brasil pode ter a sétima economia do mundo, e que isso é bom, mas ainda está longe de ter obtido o mesmo desenvolvimento em sua construção como nação, o que é mais difícil e mais importante.
Horas antes do encontro de Brasília começar, ocorreu um protesto na avenida Paulista, em São Paulo, que por três horas reuniu lideranças sindicatos e empresários ligadas a Abimaq, pedindo redução nos juros, para estimular investimentos e criação de empregos. Na cidade que é também a principal fortaleza da oposição ao governo, o afundamento da economia começa a causar preocupações reais em autoridades. Emissários do prefeito Fernando Haddad têm procurado entidades populares para debater medidas de emergência -- como transporte gratuito para desempregado. Os sindicatos de trabalhadores também têm sido procurados pelo governo de Geraldo Alckmin pela mesma razão.
Hoje, um conjunto de oito sindicatos de São Paulo, ligados à CUT, Força Sindical e UGT, as maiores do país, publicam um anúncio nos grandes jornais.
É um documento com relevância política inegável. Assinado por Miguel Torres, dos Metalúrgicos de São Paulo, Jovandia Moreira Leite, dos Bancários, Ricardo Patah, dos Comerciários, entre outros, o anúncio defende a democracia e condena a política econômica. Numa resposta direta aos movimentos golpistas, repudia os "intentos desestabilizadores", que conduzem a um "retrocesso político-institucional". Diz ainda que a situação exige um "claro posicionamento em defesa da democracia, do calendário eleitoral, do pleno funcionamento dos poderes da República" como condição para "a rápida e sustentada transição para o crescimento econômico."
São questões da vida real que estão em toda parte. Em Brasília, depois do evento, a caminho de casa -- e para o aeroporto -- a pergunta em muitas mentes era outra. Será que o governo irá oferecer respostas para a vida real da maioria dos brasileiros?
Ou, mais uma vez, irá confirmar que "só usa vermelho quando está perto da gente" como observou uma liderança, na saída?
Embora a profundidade do estrago econômico já provoque perplexidade e mesmo temor junto a uma parcela dos empresários, não há dúvida de que a política de austeridade conduzida com indisfarçável dogmatismo por Joaquim Levy garante a Dilma um respaldo importante em outras esferas.
Mas a menos que a dureza de hoje se transforme, rapidamente, num crescimento pujante que não se consegue enxergar, a persistência do ajuste tem um preço previsível. Será o gradual afastamento daquelas pessoas que, ontem, gostaram de sentir-se do mesmo "lado" que a presidente.
Na medida em que pequenas vitórias mostram a consciência democrática entre os brasileiros, surge um problema que o governo não sabe como resolver. Como dar respostas para aqueles que sempre estiveram lado de Dilma, inclusive quando o governo se encontrava num ponto tão baixo que ninguém imaginava que poderia ser atingido?
Considerando que as críticas de ontem são o contraponto necessário aos pontos da Agenda Brasil, que Renan Calheiros apresentou, lideranças que participaram do ato de ontem se uniam a parlamentares para defender uma proposta que pode apontar uma perspectiva: reativar para valer o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, também conhecido como Conselhão. A ideia é que ali será possível debater e avançar propostas concretas de empresas e sindicatos que apontem para o ponto cada vez mais essencial, preparar a retomada do crescimento.



Dilma dialoga com os movimentos sociais

Dilma a oposição: Respeite e honre o adversário



Depois de virar o jogo do golpe, com vitórias importantes nesta semana, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com representantes de movimentos sociais em Brasília e mandou um recado direto ao senador Aécio Neves: "Uma coisa que devemos ter e que eu acho muito importante é o respeito ao adversário. Que é o seguinte: eu brigo até a hora do voto, depois eu respeito o resultado da eleição"; ela citou em seguida a importância do 'fair play' no esporte, e ressaltou: "respeite o resultado e respeite e honre o adversário. Porque se não respeitar o resultado, você não pode entrar no jogo"; segundo Dilma, "o Brasil não deve tomar as palavras de golpismo de Carlos Lacerda sobre Getúlio"; sobre os protestos de domingo 16, ela comentou: "Não vejo problema e nunca verei problema em manifestação"




do Brasil 247 

A peça decisiva do quebra-cabeça brasileiro

por Saul Leblon - Carta Maior

Articulações em marcha, entre centrais e autoridades econômicas, para evitar um ciclo de demissões no setor automobilístico, sinalizam uma avenida a percorrer
O quebra-cabeça brasileiro inclui uma peça-chave cuja movimento no tabuleiro pode mudar o desfecho do jogo.


O nome dessa peça é repactuação política do desenvolvimento.

Seus atores são os movimentos sociais organizados, as centrais sindicais, as entidades empresariais --sobretudo as da indústria, e o governo.
Articulações em marcha, ainda restritas a sondagens entre centrais e autoridades econômicas, para evitar um ciclo de demissões no setor automobilístico, sinalizam uma avenida a percorrer.

Se é possível negociar metas, concessões, salvaguardas para barrar o desemprego, por que não o seria também, em um fórum ampliado, para reordenar  a velocidade, a destinação, as condicionalidades e garantias  de um novo ciclo de desenvolvimento?

Estamos falando de uma lógica alternativa a dos centuriões do mercado que se avocam o apanágio ‘técnico’ para agendar quem pagará a conta do ajuste necessário à retomada do crescimento.

Insista-se: macroeconomia não tem ideologia.

Responsabilidade fiscal, controle da inflação e câmbio competitivo não distinguem a coloração de um projeto histórico.

São obrigações de qualquer governante; interessam a toda a sociedade.

Mas desenvolvimento é outra coisa.

Desenvolvimento é transformação.

É romper estruturas anacrônicas e construir outras novas, ao mesmo tempo e com igual intensidade. Quase como atravessar um rio de dupla correnteza, uma puxando para cada lado.

Quem acha que pode haver ‘solução técnica’ para essa travessia, açoitada por ventos e tempestades em litígio, acredita em ‘mãos invisíveis’ a costurar a sociedade humana.

A mão dos mercados autorreguláveis, por exemplo, cujos porta-vozes alardeiam as virtudes do desenvolvimento a salvo de um protagonismo social que o conduza.
Mais que nunca o Brasil necessita de um protagonista social capaz de pavimentar o passo seguinte do seu desenvolvimento.

Não é apenas a mudança no calendário a registrar um novo governo Dilma.

É mais que isso.

Vive-se, grosso modo, um interregno entre dois ciclos.

Um, que parece ter se completado com a consolidação de políticas sociais e salariais, que remodelaram a dinâmica da cidadania e do consumo em largas fronteiras da América Latina.

Em graus distintos, esse estirão foi favorecido pelo afrouxamento do gargalo externo, marcado por uma década de forte alta nos  preços  das commodities.

Atenção porém: não há automatismos na história.

O Brasil já cresceu antes, mais até do que no período recente, sem distribuir renda; ao contrário, concentrando-a à base de arrocho salarial e repressão política. 

A história latino-americana registra outros ciclos de valorização de produtos primários sem uma contrapartida social equivalente a atual.

O que se fez no Brasil e na AL nos últimos anos, portanto, foi uma ação política deliberada.

Subtraiu-se espaço da ‘mão invisível’ para  destinar um pedaço da riqueza corrente ao resgate mínimo da exclusão secular, aprofundada pela hegemonia livre mercadista dos anos 90.

O fôlego dessa indução enfrenta agora o ar rarefeito da estagnação planetária escavada pela desordem neoliberal.

Um descompasso entre aspirações histórias e fluxos de receitas está em curso.
O Brasil depende de investimentos pesados que liguem o impulso original do consumo a uma inadiável adequação da oferta e da logística à escala ampliada da demanda e das expectativas sociais.

É imperativo regenerar a musculatura de sua base industrial.

Não por qualquer fetiche ‘desenvolvimentista’; reside aí a principal usina de irradiação de produtividade de que a economia necessita para lastrear novos saltos em direitos, cidadania, empregos qualidade e soberania externa.

O desafio histórico consiste em erguer os pilares dessa transição num ambiente internacional que deixou de favorecê-lo.

Sem a participação ativa da sociedade nessa travessia, a lógica neoliberal ocupará o vácuo para empurrar sua ‘agenda técnica’ goela abaixo da nação.

Em que direção?

A do afável México, talvez.


 

Já tivemos paradigmas em melhor situação: cerca de 2/3 dos 2.500 municípios mexicanos estão dominados por gangues sanguinárias do circuito drogas/crimes.
O México foi o único país da América Latina, ao lado da pequena Honduras, que registrou aumento da pobreza e da miséria na década passada.

É verdade: o ‘ajuste técnico’ de sua economia conseguiu a elevar a produtividade mexicana num ritmo duas vezes superior à correção dos salários, a partir de 2005.

O país é hoje o segundo maior fornecedor de carros para os EUA (à frente do Japão, abaixo do Canadá).

É o maior exportador de TVs de tela plana do mundo, informa a agencia Bloomberg nesta 5ª feira (27/11).

A que preço?

Ao preço de alguns ‘colaterais’, diz um estudo do insuspeito Bank of América citado pela mesma Bloomberg.

A saber:

a) o salário mínimo mexicano perdeu 70% do poder de compra real nas últimas décadas (o do Brasil cresceu 70% acima da inflação desde 2003);

b) as exportações mexicanas cresceram uma média de 7% por ano desde 2001; mas as vendas no mercado interno aumentaram  apenas 2% em média no período ( contra 5%  da média brasileira);
c) O ganho médio do assalariado mexicano cresceu 0,6% em termos reais na década terminada em 2012 (no Brasil foi duas vezes maior, diz a OIT). 


Esse, o farol do ajuste ‘técnico’ que muitos apregoam para a economia brasileira no segundo governo Dilma.

Se hesitar ou se acanhar, se renunciar, enfim, ao papel indutor do desenvolvimento, o movimento social brasileiro deixará aberto o espaço para ser conduzido por essa coleira, ao invés de conduzir o timão da sociedade.

Dilma é a fiadora inconteste das urnas. Mas o que as urnas disseram em 26 de outubro não pode silenciar.

A repactuação política do desenvolvimento não se confunde com a ingerência burocrática no dia a dia da gestão do Estado.

Sua agenda deriva de princípios que distinguem a construção de uma sociedade convergente, da receita conservadora através da qual a riqueza talvez cresça até mais depressa. Mas  em estruturas circulares de desigualdade e marginalização crescentes. 

Três  diretrizes  são indissociáveis da luta por uma repactuação do desenvolvimento que preserve a construção de uma democracia social, ainda que tardia, no Brasil:

a) buscar o pleno emprego e rechaçar  qualquer ‘ajuste técnico’ que se proponha a ‘pavimentar’ um novo ciclo  com base em demissões e descarte de trabalhadores;

b) buscar políticas de renda (reforma tributária), de salários (ganho real) e de serviços públicos –educação de qualidade, mas também saúde e mobilidade-- que fixem metas e prazos para a redução da desigualdade brutal vigente no país; não se trata apenas de definir um piso à pobreza, mas de galgar novos degraus para longe dela;

c) maior democracia participativa para ampliar os canais de decisão econômica e de expressão política dos interesses majoritários da sociedade.

Qualquer repactuação histórica implica concessões e modulações de metas e prazos, desde que não violentem as  balizas do objetivo mais geral.

O objetivo estratégico do movimento social brasileiro  é construir uma resposta política para a crise, a contrapelo da receita ortodoxa.

A desordem financeira mundial não cederá tão cedo, nem tão facilmente.

A consciência dessa contingencia histórica é um dado fundamental para a ação política nos dias que correm.

Recuos e derrotas acumulados pela esquerda mundial desde os anos 70, sobretudo a colonização de seu arcabouço programático pelos valores e interditos neoliberais, alargaram os vertedouros para o espraiamento de uma dominância financeira,  cuja presença tornou-se ubíqua em todas as esferas da economia e do imaginário social.

O arcabouço institucional que cedeu a soberania das urnas ao suposto poder autorregulador dos mercados perdeu a capacidade de gerar antídotos às degenerações intrínsecas a essa renúncia.

A democracia terá que reinventar-se para que essa possibilidade se recoloque no horizonte da ação política do nosso tempo.

A luta pela repactuação do desenvolvimento brasileiro é um pequeno passo nessa direção.

Mas pode definir uma grande mudança de rumo na construção do Brasil.

Zé Dirceu: Presidenta reitera que abertura ao diálogo será ponto alto de seu novo governo

Temos todos os motivos para aplaudir, nós e todos os segmentos sociais brasileiros  – nem há como não fazê-lo – a disposição manifestada pela presidenta Dilma em encontro com o teólogo Leonardo Boff e com o frade dominicano Frei Beto de “a partir de agora ter como um ponto alto do seu governo um diálogo permanente, orgânico, contínuo, com os movimentos sociais, e com a sociedade em geral”, segundo a declaração da chefe do governo reproduzida por Boff.
Esperamos que a reunião da presidenta da República com os dois religiosos seja o ponto de partida, o primeiro de muitos encontros dela com as entidades e lideranças da sociedade – como é óbvio numa democracia – particularmente dos que a apoiaram ainda que não exclusivamente com estes.
A campanha e a disputa eleitoral terminaram há exatos 31 dias, no 26 de outubro pp e a partir dali, reeleita, ela é a presidenta de todos os brasileiros. Dos que votaram nela e dos que votaram na oposição. No nosso caso, infelizmente a oposição recusou a proposta de diálogo da chefe do Estado e preferiu tentar um 3º turno já derrotado.
Presidenta se ocupava muito até agora com gestão de grandes projetos
Na tarde de ontem, no Palácio do Planalto, a presidenta estreou essa sua nova forma de governar recebendo o teólogo e intelectual Leonardo Boff, o frade dominicano e escritor Frei Beto e mais quatro e quatro integrantes do grupo Emaús (movimento da Igreja Católica em que Boff atua), que entregaram-lhe uma carta-manifesto com 16 reivindicações edemandas da sociedade para ela analisar o cumprimento em seu 2º mandato.
Na avaliação deles – Boff falou pelo grupo – após a vitória da presidenta Dilma nas eleições, nas quais havia um “risco” de que o “projeto popular do PT” não continuasse à frente do país, é necessário maior diálogo com a sociedade. Isso foi colocado à chefe do governo que, segundo a análise de Boff está determinada a promover este diálogo em seu 2º mandato presidencial.
Boff acentuou que a própria presidenta reconheceu a falta de contato com as bases em seu 1º período de governo. “(Dilma) se ocupava muito com a administração dos grandes projetos. Ela disse que a partir de agora será um ponto alto do seu governo um diálogo permanente, orgânico, contínuo, com os movimentos sociais, e com a sociedade em geral”, reproduziu o teólogo.
Ela promete começar já na próxima semana encontros com movimentos sociais
“O Brasil que Queremos”, título do documento-manifesto assinado por 34 integrantes do Movimento Emaús e entregue à presidenta alinha reivindicações políticas, econômicas, sociais e ambientais.  De acordo com o relato de Boff, a presidenta tomou nota das sugestões levantadas na conversa e foi incisiva: quer discutir mais os detalhes das questões com toda a sociedade.
Ao grupo, no encontro, a presidenta disse: “Eu prefiro escutar críticas, do que apenas escutar as coisas boas que eu faço. Porque aí (com as críticas) eu aprendo”. Boff adiantou que a presidenta quer se encontrar mais sistematicamente com o grupo e pretende, também, começar a receber outras lideranças dos diversos movimentos sociais já a partir da próxima semana.
A presidenta prometeu, também, “estudar o documento”, já que não foi possível discutir detalhadamente todos os seus pontos nessa 1ª reunião de ontem. durante a reunião. “O Brasil que Queremos” pede, dentre outros pontos, um modelo econômico mais social e popular; auditoria da dívida pública; proteção do meio ambiente; utilização cada vez maior de energias renováveis; e defesa do direito dos povos indígenas e quilombolas.
Solicita também a restrição a transgênicos e agrotóxicos; democratização dos meios de comunicação; universalização do respeito aos direitos humanos; instituição de uma nova política de segurança pública; valorização dos trabalhadores; o controle social da gestão pública; ética na política; e a realização das reformas política, urbana, agrária e tributária.
O Emaús em que Boff atua nasceu na França há meio século e tem como principal proposta promover maior solidariedade entre os pobres. Uma das principais formas de ação do movimento é recolher, consertar e reciclar objetos para venda a pessoas carentes por preços simbólicos. O Movimento tem como centro e filosofia de seu trabalho o princípio da “força da partilha” e como lema “Injustiça não é desigualdade, injustiça é não partilhar”.
Leiam, aqui, a íntegra do documento “O Brasil que Queremos” entregue á presidenta Dilma nesta 4ª feira (ontem.

Comitês Populares podem ser a grande novidade do pleito deste ano


Um dos momentos mais expressivos e importantes dos movimentos sociais brasileiros, que poderá ter grandes impactos políticos, acontece na próxima semana. Entre os dias 31 de maio e 1º de julho, a capital paulista será sede de amplas discussões da Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais – convocada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) – e a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), respectivamente.

Os eventos podem ter inclusive repercussão no processo eleitoral deste ano, uma vez que um de seus maiores objetivos é a aprovação de um Projeto Nacional de Desenvolvimento Popular para o Brasil. “Tanto a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) como as centrais sindicais estão formulando um projeto de desenvolvimento que vise um país mais soberano, desenvolvido, com uma melhor distribuição de renda e mais direitos para o povo”, afirmou a secretária Nacional de Movimentos Sociais do PCdoB, Lúcia Stumpf.

A proposta é que esse projeto sirva como suporte para a organização da atuação dos movimentos sociais nas campanhas vigentes. O projeto propõe questões para o desenvolvimento do Brasil que só poderão ser encampadas com a eleição da candidata desenvolvimentista, Dilma Rousseff. “Ela é a única candidata hoje capaz de colocar em curso essas propostas de um país ainda mais desenvolvido e soberano, que os movimentos sociais irão apresentar para a sociedade”.

Além do Projeto Nacional de Desenvolvimento Popular, a Assembleia deverá aprovar e organizar a constituição de Comitês Populares de Campanha. Lúcia Stumpf explicou que os comitês deverão ser formados por entidades ou lideranças que participam de movimentos sociais. “A campanha de 2010 tem uma importância muito grande para o país porque podemos definir pelo aprofundamento das transformações em curso (com a vitória de Dilma Rousseff), ou ter um retrocesso muito grave (com a eleição do candidato José Serra)”.

O objetivo é que cada espaço de organização social – centros comunitários, associações de bairro, centros acadêmicos universitários, espaços de articulação do movimento negro – se torne um comitê popular de campanha, tendo como eixo central as propostas aprovadas através do Projeto Nacional de Desenvolvimento Popular. “Precisamos que a campanha da Dilma seja disseminada a partir das lideranças populares. Aquela mesma pessoa que organiza a luta específica e direta por mais direitos na sua região, deve levar e apresentar a campanha da Dilma para o conjunto da população que ela influencia, enfatizou a secretária Nacional de Movimentos Sociais.

Lucia explicou ainda que a proposta é que mesmo depois das eleições os comitês populares sirvam de núcleos de mobilização. “Independentemente do resultado eleitoral as mobilizações vão precisar de um protagonismo ainda maior a partir de 2011 para que a gente seja capaz de construir esse Brasil com mais direitos e conquistas para o povo”.

A constituição dos comitês populares corresponde a uma necessidade da luta política eleitoral – a mobilização do povo. Este pode ser um diferencial importante no conjunto de atividades da campanha eleitoral que está para começar.

 Mariana Viel