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Luis Nassif: A estratégia de Paulo Guedes para beneficiar o mercado




Há dois discursos no governo Bolsonaro.
Um, é o da escatologia, com afirmações que só passam pelo crivo dos néscios. Outra sutil, fora do alcance da mídia e de grande parte da opinião pública, e que reflete o jogo da política econômica, de beneficiar o capital financeiro em detrimento do capital produtivo.
É onde se encaixam duas afirmações recentes de Bolsonaro e Paulo Guedes.
  1. A ameaça de abrir o sigilo de todos os financiamentos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
  2. Anunciando aumento da taxa de juros dos financiamentos habitacionais da Caixa Econômica Federal (CEF) (depois foi desmentida pelo novo presidente da CEF).
Nesse Xadrez, vamos mostrar a lógica financeira do jogo.

Peça 1 – como incluir fator de risco no BNDES

No mercado de crédito, o financiamento de longo prazo é controlado por dois tipos de agentes:
  1. No financiamento ao investimento, o BNDES.
  2. No financiamento habitacional, a CEF.
O mercado tem duas alternativas a esses modelos. No caso dos investimentos do BNDES de longo prazo, as debêntures de infraestrutura, papéis colocados no mercado financeiro, para investidores, e que até hoje não conseguiram prazos superiores a 5 anos. No caso dos financiamentos imobiliários, as carteiras dos bancos comerciais e também papéis tipo debêntures.
Por ser o grande financiador, o BNDES é a referência do mercado. Para conseguir colocar debêntures, o emissor teria que oferecer taxas mais baratas. Senão, ficará apenas com as sobras do mercado, os financiamentos que, de alguma forma, não se enquadrarem nos critérios do BNDES.
Quando aumenta a taxa referencial de juros do BNDES, portanto, o governo abre espaço para a elevação do custo de todas as debêntures de infraestrutura – e, consequentemente, dos ganhos do mercado com os papéis, em detrimento das empresas do setor real da economia e dos consumidores.
Quatro medidas foram tomadas para restringir a atuação do banco e abrir espaço para o mercado:
  1. No governo Temer, trocou-se a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), taxa referencial do BNDES, pela TLP (Taxa de Longo Prazo), visando aproximá-la das taxas de mercado – totalmente incompatíveis com financiamentos de longo prazo.  A medida não foi mais perniciosa porque, no período, a taxa Selic caiu de 14,5% para 6,5%.
  2. O segundo movimento foi encarecer o funding do BNDES, através do aumento do custo do FAT, FGTS e outros fundos públicos.
  3. O terceiro movimento consistiu em obrigar o BNDES a quitar em curto prazo as dívidas com o Tesouro. Mas o banco continuou com recursos sobrando, em função da paralisação dos financiamentos no país.
  4. Aí entra a estratégia Paulo Guedes para reduzir ainda mais o alcance do BNDES, através de uma esperteza. Ele anuncia a abertura de informação todos os financiamentos do BNDES, atropelando normas básicas de sigilo bancário. Guedes sabe que o BNDES é uma instituição com plena governança, que passaria em qualquer análise de complience internacionalCom essa jogada, ele inclui um fator de risco nos financiamentos do banco. Muitas empresas aceitarão trocar os financiamentos por debêntures, ainda que a um custo maior, para não se exporem a toda sorte de jogadas, escandalizações inconsequentes, operações da Lava Jato Rio - que tentou criminalizar até financiamento de exportação de serviços.
Esse terrorismo acentuará ainda mais a paralisação do banco, já afetada pelo chamado apagão das canetas. Há dinheiro sobrando e os financiamentos estão paralisados pelo receio dos funcionários de se expor às maluquices da Lava Jato Rio de Janeiro.
É quase certeza que o novo presidente do BNDES, Joaquim Levy, não irá quebrar o sigilo bancário. Sabe que é crime. Mas, pouco importa.  As ameaças de Guedes e Bolsonaro ajudarão a incutir o fator de risco no banco e a elevar o custo do dinheiro nos financiamentos de longo prazo.

Peça 2 – a apropriação financeira das riquezas

Vamos ver quem ganha e quem perde com esses movimentos de esvaziamento do BNDES.
Em um financiamento, há três pontas: o financiador, o financiado e o consumidor.
1. Financiador: são bancos, ou (no caso de debêntures de investimento) são os fundos administrados por instituições financeiras ou famílias. Engloba pessoas físicas, instituições financeiras, e investidores em geral, nacionais ou estrangeiros.
2. Financiado: são empresas do setor produtivo. Seus investimentos geram crescimento, emprego, melhoria da atividade econômica. Para conseguir o financiamento, o financiador monta um plano de negócios e estima de quanto será o faturamento necessário para cobrir o custo da dívida. Se consegue financiamento adequado, investe. Caso contrário, desiste.
3. Consumidor: para conseguir o financiamento, o financiador monta um plano de negócios e estima de quanto será o faturamento necessário para cobrir o custo da dívida.
Quando o custo do financiamento aumenta, há três consequências:
1. Parcela maior do lucro irá para o bolso do financiador.  Em vez de gerar emprego e crescimento, produz mais concentração de renda.
2. Também provocará um corte nos investimentos. Só irá investir a empresa que conseguir uma Taxa Interna de Retorno (TIR) superior ao custo do financiamento.
3. Gera um aumento no custo do produto ofertado. Nesse caso, é o consumidor quem paga a conta.
Nos projetos de infraestrutura – que exploram monopólios naturais – entra o investimento, o custo do capital, outros custos, e as receitas esperadas – que são constituídas pelo movimento e pelo preço do serviço. Se reduz o custo do capital, automaticamente cai o preço dos serviços. E vice-versa. Os tais subsídios que o BNDES concedia – ao emprestar a um custo inferior à maluquice da taxa Selic – não eram um benefício à empresa, nos projetos de infraestrutura, mas ao usuário de serviços públicos, permitindo uma tarifa menor.

Peça 2 – as simulações dos ganhos do mercado

Entenda a tabela abaixo:
Uma empresa que busca financiamentos de R$ 100 milhões.
Com o custo do dinheiro a 7,6% ao ano (a antiga TJLP, mais 3% de taxas adicionais do BNDES), necessitaria de R$ 11,4 milhões anuais para o serviço da dívida. Se a empresa tem uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 10% ao ano, os juros irão comprometer 87% do EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para o serviço da dívida). A 8% ao ano, o serviço da dívida saltaria para R$ 11,7 milhões ano (21% a mais). E a 10% ao ano, para R$ 13,1 milhões (36% a mais), comprometendo até mais que o EBITDA.
Entendida essa lógica, vamos ao quadro seguinte.

Peça 3 – o encarecimento dos financiamentos

A alternativa aos financiamentos do BNDES são as debêntures de infraestrutura, papéis de longo prazo emitidos por agentes financeiros, ou pelo próprio BNDES, e colocados no mercado. É uma bela alternativa, desde que reduza o custo do financiamento.
Qual o problema? Para projetos já consolidados, empresas conseguem colocar debêntures a um custo menor que os financiamentos do BNDES;
O problema são com os chamados projetos greenfield – que saem do zero. O investidor final de debêntures é a pessoa física, que não quer correr riscos com projetos de longo prazo, em início. Hoje em dia, aceita no máximo prazos de 5 anos. Por isso mesmo, não existem debêntures de longo prazo no país.
Como o BNDES tem a taxa referencial do mercado, as debêntures só se tornam alternativas se se aproximarem dos custos do BNDES. O que o governo Temer iniciou, e o Bolsonaro-Guedes continuará, é tratar de aproximar as duas taxas aumentando o custo dos financiamentos do BNDES, em vez de criar condições para reduzir o custo das debêntures.
O que se pretende, agora, é um jogo que irá encarecer o custo do financiamento e beneficiar exclusivamente o mercado.
Trata-se de obrigar o BNDES a assumir o risco integral do projeto e permitir a ele financiar apenas um percentual, de 80% ou 60% do projeto, ou menos ainda.
  1. O BNDES fica com o risco integral do projeto, mas financia apenas um percentual – digamos, 60%.
  2. Ao assumir o risco, o custo do financiamento aumenta, por incluir o IPCA + TLP + taxa de administração + taxa de risco. E pelo fato do retorno se dar em cima de um valor menor de financiamento. Ou seja, ele garante 100% do projeto, mas dilui o custo apenas por 60% ou 80% do valor financiado. Com isso, aumentará o custo do financiamento. Só nesse movimento, há um encarecimento de quase um ponto percentual no custo anual do financiamento.
  3. Além disso, quanto maior for o percentual que a empresa buscar no mercado, menor será o spread do BNDES. Ou seja, garante o ganho do debenturista reduzindo sua própria remuneração.
  4. Como o custo do dinheiro do BNDES é o piso do mercado, a empresa terá que recorrer às debêntures, que terão custo mais alto, por se basearem nos custos do BNDES acrescidos da taxa de risco. Ou seja, o aumento do custo do BNDES, para bancar o seguro, significará o aumento da rentabilidade da debênture (e do custo do tomador), mesmo sem ter mais risco algum.
Conclusão: o BNDES fica com o pior do risco. E o mercado com o melhor da rentabilidade.

Peça 4 - o custo do financiamento no EBITDA da empresa

Vamos comparar a maluquice do custo do financiamento no Brasil, em relação a outros países. E olhe que, agora, se está em um momento de calmaria, com a queda nas taxas de juros, ao custo de 13 milhões de desempregados.

A 9,75% ao ano
A tabela abaixo deve ser lida assim:
  1. Na linha horizontal, o custo anual do dinheiro. 7,6% a ano corresponde à antiga TJLP. Mais as taxas do BNDES. 10,2% à atual TLP, mais as taxas do BNDES. 8% e 10%, custos aproximados das debêntures mais baratas, dependendo do IPCA. 2%, o custo internacional do capital.
  2. As colunas azuis correspondem a investimentos com TIR (Taxa Interna de Retorno) de 10% ao ano; os amarelos, a TIR de 15% ao ano; e os verdes, a TIR de 20% ao ano.
 A 8% ao ano, por exemplo, o custo financeiro consumirá 89% do EBITDA de um investimento com TIR de 10%. Ou 51% do EBITD de um investimento com TIR de 20%
Com as taxas de juros praticamente zeradas nos grandes centros, o custo do financiamento de longo prazo corresponde a 36% do lucro de uma empresa que consiga TIR de 20%, até 59% do lucro de quem consegue TIR de 10%. Ou seja, viabiliza até investimento com taxas de retorno moderadas, de 10% ao ano.

Peça 5 – as conclusões

Na comparação internacional, mesmo nos tempos da TJLP, o custo do capital, por aqui, era 46%% maior do que nos países avançados. Quando se considera uma debênture de 7,75% e 2% de IPCA, o custo é 67% superior ao dos países avançados. Com IPCA de 4% ao ano, o custo poder chegar a 86% acima dos países avançados.
No entanto, o governo Bolsonaro pretende reduzir os custos apenas em cima da folha de salários, uma ninharia perto do custo financeiro.
Com essa estratégia, o que Guedes faz é aumentar a transferência de renda da economia real para o setor financeiro, comprometendo os investimentos em infraestrutura e a redução do custo Brasil.
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Bolsonaso censura Coaf para se proteger e promete abrir "Caixa preta" do Bndes

Primeira providência do presidente Jair Bolsonaro em relação ao Coaf - Conselho de Controle de Operações financeira - foi amordaçar o presidente da institução e demais membros. Isso para se proteger de mais revelações sobre movimentações atípicas do amigo Fabrício Queiroz.

Agora, vem com essa invenção de "Caixa preta" do Bndes - Banco Nacional de Desenvolvimento Social -, o que ele pretende é quebrar os bancos públicos - Banco do Brasil Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, Bndes, Caixa Econômica Federal etc -, para concentrar e fortalecer ainda mais os bancos privados - Bradesco, Itaú, Santander etc -.

Eu acho é pouco.

Depois não venham reclamar e choromingar pelo leite derramado.

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Sistema financeiro

Bolsa dispara


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O financismo matou o capitalismo. Hoje o lucro da empresa não financia seus investimentos. O empresário aposta na bolsa e aplicações, enquanto ao mesmo tempo faz empréstimos e cava beneficios fiscais para expandir seus negócios. É uma ciranda sem data marcada para ruir. Mas, que vai ruir? Vai sim! Apenas ninguém sabe quando.

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Suíça e EUA são os países mais corruptos do mundo


Resultado de imagem para lavagem de dinheiro

Um novo estudo de um grupo de advocacia, a Rede de Justiça Fiscal, revela que a Suíça é o país mais corrupto do mundo, com um "alto índice de sigilo de 76". Os suíços são seguidos pelos EUA e pelas Ilhas Cayman.
"A Suíça é o avô dos paraísos fiscais do mundo, um dos maiores centros financeiros offshore do mundo, e uma das maiores jurisdições de segredo do mundo ou paraísos fiscais", disse o relatório do grupo, intitulado "Financial Secrecy Index - 2018 Results".
O documento explicou que "a Suíça irá trocar informações com os países ricos, se for necessário, mas continuará a oferecer aos cidadãos dos países mais pobres a oportunidade de evadir suas responsabilidades de tributação".
"Esses fatores, juntamente com a perseguição agressiva e contínua de denunciantes do setor financeiro (recorrendo às vezes ao que parecem ser métodos não legais) são lembretes contínuos de por que a Suíça continua a ser a jurisdição secreta mais importante do mundo de hoje", disse o relatório.
O índice classifica os países segundo a assistência que seus sistemas jurídicos fornecem aos lavadores de dinheiro e para todas as pessoas que procuram proteger a riqueza obtida de forma corrupta. Quanto maior o caráter secreto, mais corrupto é o governo.
Para criar o índice, um valor referente ao segredo dos dados é combinado com um gráfico representando o tamanho da indústria de serviços financeiros offshore em cada país.
Estados Unidos

Xadrez da revisão do projeto dos campeões nacionais, por Luis Nassif

Peça 1 – o modelo dos campeões nacionais

O estrago promovido pela Lava Jato na economia obrigará a uma revisão dos conceitos de desenvolvimentismo – e não apenas no Brasil.
Em todos os países que assumiram protagonismo global, o grande instrumento de expansão do poder nacional foram as grandes empresas nacionais como agentes do poder externo do país.
Com o avanço da cooperação internacional, entre autoridades judiciárias dos diversos países, esse modelo entrou em xeque.



Peça 2 – a versão moralista do chutando a própria escada
Ao longo dos séculos, a expansão das empresas multinacionais se deu com corrupção e suborno, no financiamento político dos governos aliados dos países de origem e na conquista de mercados externos. Desse modelo se regalaram as empresas alemãs pós-guerra, como a Siemens, as grandes petroleiras e empreiteiras norte-americanas, os fabricantes de armas. E tudo com ampla complacência dos países de origem.
A partir do início do século 21, o combate à corrupção transacional de outros países tornou-se a principal arma geopolítica comercial norte-americana é. Trata-se de uma estratégia na qual se envolvem as corporações de Estado – FBI, NSA e CIA -, ONGs privadas, Departamento de Justiça. E, especialmente, o poder do Império.
A ação geopolítica norte-americana sempre atuou em duas frentes: as instituições de Estado e as parcerias (ONGs) privadas, um hard power da intervenção militar e um soft power das ações humanitárias. Em vez do discurso do ódio, do anticomunismo, propostas humanitárias, de defesa de princípios civilizatórios, meio ambiente, direitos das populações indígenas, combate à escravidão e outras formas de dumping social, combatendo vícios inerentes ao modelo de expansão das multinacionais das primeiras fases.
Com a ampliação da cooperação internacional, os avanços da espionagem eletrônica, o mapeamento dos fluxos financeiros em paraísos fiscais, as alianças com Ministérios Públicos e. Judiciário nacionais conferiram um poder matador ao país que possuía o poder imperial, os Estados Unidos.

Peça 3 – as tramoias do capital financeiro e do industrial

Já era de se esperar, diante da força do capital financeiro/rentista, a nova alta da taxa de juros (Selic) de 0,5%. Ela chegou, desta forma, a 10,5%. Foi a sétima alta consecutiva deste indicador. O Brasil perde, mais uma vez, alimentando o círculo vicioso que nos acomete desde 1994, sintetizado na perversa combinação de juros altos e câmbio valorizado. A combinação, para consumo externo, seria o remédio ideal – e à brasileira – ao combate à inflação.

Entre a aparência e a essência, muitas vezes, existe uma imensa distância. A ação coordenada dos agentes dominantes do capital financeiro, iniciada como reação à tentativa da presidenta Dilma em mudar os parâmetros da política macroeconômica, surte efeitos retardados e com descomunal força.


Baseado em uma campanha orquestrada (abandono do “tripé macroeconômico”, descontrole dos gastos públicos e da inflação, etc.), os instrumentos desta ação todos nós conhecemos e se resume a um terrorismo, capaz tanto de mobilizar força política na disputa pelo poder de fato em nosso país quanto inviabilizar qualquer ambiente propício ao investimento e ao crescimento econômico, calcados na produção, e capaz de superar a predominância das finanças sobre a geração de riquezas.

O sistema financeiro tem candidata


Marina só embroma com seu vocabulário peculiar quando fala para o povo. Aos que mandam na economia suas declarações são, agora, cristalinas.

O linguajar da pré-candidata Marina Silva não usa xale. 


O chega prá lá que deu em Ronaldo Caiado surgiu meio extemporâneo e truculento, mas foi esperto. Quem se abalaria a defender o conhecido ícone do reacionarismo? Ocorre que o senador expulso do noivado Rede-PSB é também um dos representantes parlamentares do agronegócio e foi a este que Marina enviou claro e duro recado. Contribuinte importante do PIB brasileiro por intermédio da produção de alimentos para o mercado interno, o agronegócio responde ainda por enorme fatia das exportações do País.

Os liberais não morrem jamais

O tempo não para, o tempo não voa e a tucademopiganalhada continua mentindo numa boa. Abaixo frases de um servo do parasitismo mundial, Armínio Fraga, menino de recado do mega parasita George Soros. Que no desgoverno FHC vigiou o BC brasileiro para servir ao seu patrão, a banca. Saiu do BC e virou banqueiro de "investidores" nacionais e internacionais. Com a colaboração insuspeita da Leitoa Global. Ria com uma farsa dessa.

Mas, vamos as canalhices do menino de ouro:

  • “Não sou pessimista com o Brasil a médio prazo, mas agora o governo está olhando demais para um modelo que deu errado.”
  • Por herança bendita, ele entende as reformas que o Brasil fez a partir da década de 1990. Abertura da economia, estabilização, modernização do Estado
  • Temos que nos organizar para avançar. No novo modelo, o Estado continua necessário — e nem seria diferente numa sociedade tão desigual quanto a nossa — mas para concentrar-se no que é mais importante. Nos outros setores, tem que atuar apenas como regulador.
  • O que está faltando, segundo ele, é o Brasil agir na direção certa.
E a direção certa para as corja é a que levou o Brasil de joelhos ao FMI três vezes durante o desgoverno FHC e levou a Europa a situação humilhante que vive agora. Grécia, Portugal, Espanha e vários outros países com pires nas mãos, mendigando as portas dos banqueiros.

Quem não lhes conhece que lhes compra.

Bando de FHCs - Farsantes, Hipócritas, Canalhas -.




Os bancos desmoralizam as analogias

Marés


Quando a maré sobe, ergue todos os barcos, dizem os neoliberais para defender uma economia que privilegia poucos mas beneficia muitos. Quando o mercado funciona e as coisas melhoram, tanto sobe o caiaque do pobre quanto o iate do rico.
Mas há dias li outra analogia aquática, uma que se aplica perfeitamente ao momento: quando a maré baixa se descobre quem estava tomando banho nu. É o que acontece na atual crise do sistema financeiro, que está revelando a nudez de instituições respeitáveis que ninguém imaginaria estarem na água peladas.
As duas analogias são falhas. O barquinho do pobre sobe junto com o iate do rico mas continua sendo um barquinho, à deriva, sem nenhum controle sobre as águas em que boia. E a nudez revelada pela vazão das águas não expõe o banhista a nenhum tipo de vexame — os governos têm se apressado a tapar suas vergonhas.
Nenhum banco — fora as baixas no começo da crise, como a do Lehman Brothers — pagou por estar na água sem calção. Ao contrario, o Goldman Sachs lucrou como nunca na sua história, este ano. (O Goldman Sachs, todos lembram, foi o banco que aconselhou a Grécia no começo da crise e ao mesmo tempo apostou secretamente no fracasso do seu próprio plano).
Nenhum grande banco internacional precisa de maré alta para se manter no topo, boiam no ar. Nenhum deixou de ser respeitável — ao menos entre eles e pelos governos — por ter sido flagrado nu. Quer dizer: os bancos internacionais estão desmoralizando todas as analogias.

por Luis Fernando Verissimo



A diferença do remédio para o veneno é a dose

Cuidado com a dosagem
 
O governo anda no fio da navalha ao admitir a abordagem da inflação nos termos desejados pelo sistema financeiro. As atuais flutuações de preços não justificam a piora das expectativas. 

Se aceitarmos a ideia (o governo principalmente) desses autonominados falcões do mercado financeiro, de que é preciso reduzir para 3% o crescimento do PIB brasileiro para segurar a inflação dentro da meta em 2011/2012, em lugar de uma simples redução o que vamos colher é que o crescimento desaba para uns 2% e a economia entra em recessão.

O governo talvez não perceba que está caminhando no fio da navalha ao admitir a abordagem nos termos desejados pelo sistema financeiro: já está se consolidando a expectativa de que é possível dosar o crescimento naquele nível e trazer a taxa de inflação, em 2012, para um intervalo de 4,2% a 4,5%.

É fato que estamos recebendo algumas pressões inflacionárias importantes do exterior e também internamente, que são difíceis de ser avaliadas separadamente. São flutuações que não justificam, porém, a rápida deterioração das expectativas da inflação. Claramente essas expectativas estão sendo turbinadas para levar as pessoas a acreditarem que o governo vai pôr a mão pesadamente para conter o nível da atividade.

A economia depende muito da psicologia das pessoas: na medida em que as expectativas influírem no ânimo dos empresários, que tiveram o espírito animal despertado para o desenvolvimento nesses últimos três ou quatro anos, e eles começarem a imaginar, a crer que o governo vai puxar o freio da atividade, não vamos ter ilusões sobre o tamanho do tombo.

A expectativa é o fator mais importante na determinação do nível da inflação. Se os empresários imaginam que a inflação vai continuar sendo 4,5%, eles moderam o seu comportamento, não exageram nas tentativas de aumento dos produtos e os trabalhadores não reivindicam aumentos salariais muito acima dos 4,5% mais a correção, porque têm de ficar em limites razoáveis para proteger os empregos. Agora, se começam a crer que a inflação vai bater inexoravelmente em 6%, as empresas já pensam em aumentar os preços 8% (porque 6% podem ser insatisfatórios) e as reivindicações de salários se comportam da mesma maneira.

Tal comportamento leva a desestruturar as expectativas de inflação e, quando isso acontece, colhe-se mais inflação. Infelizmente, neste momento, estamos assistindo à disseminação de um estado de desconfiança que já elevou as expectativas da taxa de inflação. Elas se deterioraram realmente, passando de 4,5% para quase 6%. Mesmo o governo tendo agido tomando as decisões corretas, como no caso do salário mínimo e no corte de 50 bilhões de reais, que devem reduzir o ritmo de crescimento da despesa pública, ainda assim o mercado consegue passar a mensagem de que a inflação vai continuar subindo.

Ela tem causas internas, dentre as quais o aumento dos custos dos serviços, em razão de ações de política econômica e social do governo Lula (aumentos reais generosos do salário mínimo e nos programas de combate à fome e à miséria), cujos efeitos positivos superam em muito os exageros, porque foram decisivos para ampliar o mercado interno, combater os efeitos da crise financeira mundial e para a redução importante das desigualdades secula-res entre brasileiros.

Sabemos que há muitas falhas na apuração dos números, eles acabam incorporando duvidosas indicações do mercado financeiro reproduzidas nos boletins Focus, fruto de uma relação simbiótica entre Banco Central e o sistema financeiro, mas é inegável que houve uma deterioração das expectativas.

O governo, então, vai ter de agir com muito cuidado diante de uma situação delicada, dosando adequadamente os instrumentos, inclusive a elevação da taxa de juros. As medidas prudenciais são importantes, ajudam no combate à inflação, mas são subsidiárias à política de juros. Os efeitos de tais medidas ainda não se esgotaram e elas estão produzindo efeitos que não se podem negar. E todos sabem que elas são tomadas para atender ao objetivo maior dentre as atribuições do BC, que é manter a higidez do sistema financeiro. Nosso sistema tornou-se realmente hígido, enfrentou todos os embates externos exatamente porque, desde os episódios do Proer, o BC cuidou prioritariamente do equilíbrio e da solidez dos sistemas financeiro e bancário.

Uma bomba relógio no sistema financeiro internacional




Segundo Michael R. Kratke, Professor de Economia Política e Diretor do Instituto de Estudos Superiores da Universidade de Lancaster no Reino Unido, a BP é uma bomba de relógio no sistema financeiro mundial. A empresa refinancia-se com derivados creditícios e fundos de pensões que agora, e para infelicidade dos seus clientes, têm grandes perdas. Dois elementos tão centrais como obsoletos do atual capitalismo – uma economia baseada na energia fóssil e na especulação financeira à escala planetária – levam-nos diretamente à próxima catástrofe. Continua>>>

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BP, uma bomba relógio no sistema financeiro internacional

L3R ? 3NT40 CL1K N0 4NÚNC10 QU3 T3 1NT3R3SS4 ! 4GR4D3Ç0 !
Segundo Michael R. Kratke, Professor de Economia Política e Diretor do Instituto de Estudos Superiores da Universidade de Lancaster no Reino Unido, a BP é uma bomba de relógio no sistema financeiro mundial. A empresa refinancia-se com derivados creditícios e fundos de pensões que agora, e para infelicidade dos seus clientes, têm grandes perdas. Dois elementos tão centrais como obsoletos do atual capitalismo – uma economia baseada na energia fóssil e na especulação financeira à escala planetária – levam-nos diretamente à próxima catástrofe.


O que começou como uma crise financeira em setembro de 2008, com a irrevogável falência do banco Lehman-Brothers, pode agora entrar na próxima ronda com a previsível queda da BP. A transnacional britânica é uma bomba relógio financeira, não só para a Grã-Bretanha mas para todo o Reino Unido. Os custos do desastre petrolífero no Golfo do México estimam-se em 70 bilhões de dólares.


Para os britânicos, a BP é como instituição nacional, a maior sociedade anônima do país, a 
blue chip mais brilhante do mercado de valores londrino. Muitas pessoas julgam que a BP é uma empresa petrolífera. E é verdade. A BP fornece petróleo, tem oleodutos e refinarias um pouco espalhados por todo o mundo. Mas a BP é, simultaneamente, um banco com um raio de ação internacional que, tal como a Enron ou a General Motors, actua nos mercados financeiros internacionais.
De AA a BBB

Como, oficialmente, não é uma entidade financeira, a British Petroleum esta a meio caminho de ser um negócio OTC ou fora do mercado organizado de valores, isto é, que atua fora das bolsas, num negócio sem regulação nem controle. O refinanciamento é através da titularização de derivados creditícios de alto risco, CSOs [obrigações colaterais sintéticas, na sua sigla inglesa], a que não corresponde qualquer valor patrimonial, mas apenas derivados creditícios. São um próspero comércio esses derivados financeiros. A BP é detentora ou tem participações em pelo menos 18% dos papéis deste tipo que circulam por todo o mundo. Recordamos que a crise financeira mundial foi desencadeada pela queda em cadeia de derivados titularizados: as CDOs [obrigações de dívida colateral, na sua sigla inglesa] e os CDS [derivados creditícios de dívida, na sua sigla inglesa]. Agora, os riscos nas CSOs são muito maiores e o alavancamento creditício de maior envergadura e as regulações são desconhecidas.

Por outras palavras: Quando a BP quebrar, a sua falência terá consequências globais. Como supostamente sucedeu no caso Lehman-Brothers, ninguém sabe até que ponto a BP está endividada, nem quem nem em que jogos de azar estão envolvidos os créditos da BP. Mas, como a transnacional é considerada a pérola da coroa da indústria financeira britânica, com fundamento se pode suspeitar que estão aqui metidos todos os que gozam de reputação e hierarquia no mundo financeiro internacional. Não há dúvidas: a próxima bolha está prestes a rebentar. É só uma questão de tempo. Mais provável dentro de semanas que de meses.

O valor patrimonial das instalações da British Petroleum atinge agora o montante de 240 bilhões de dólares. Muitos dos seus campos petrolíferos e participações estão à venda por todo o mundo. Desde finais de abril, perdeu metade do seu valor em bolsa. Deverá entrar um investidor estratégico, provavelmente um fundo estratégico árabe. Os líbios querem ser uma opção mas ninguém se balança a tamanho risco. E os meros boatos de uma entrada de mil milionários árabes não convencem as agências de qualificação do risco.

A Fitch, a menor das três grandes, baixou drasticamente no passado dia 15 de junho a qualificação do gigante petrolífero, pela segunda vez em duas semanas: e desta vez nada menos do que seis escalões de uma vezada, de AA para BBB. Se as duas grandes – a Moody’s e a Standard & Poor’s – a seguirem, os empréstimos da BP baixarão à categoria de lixo, como os títulos da dívida pública grega. De qualquer modo, grandes investidores destas agências, como Warren Buffet, colocaram milhares de milhões em ações e obrigações da BP, o que explica a moderação da Moody’s e da Standard & Poor’s.
Nada de OPAs hostis

Entretanto, a BP teve que ceder à pressão do governo dos EUA e sujeitar-se a um fundo de garantias num montante de 20 bilhões de dólares. Pelo menos até ao próximo ano a BP não poderá continuar a pagar dividendos, terá que seguir uma política de poupança férrea e eliminar milhares de postos de trabalho, os primeiros 5.000 já em 2010. Há fortes indícios que levam à suspeita que a explosão do passado dia 20 de abril no Golfo do México assenta numa implacável política de redução de custos. A segurança e o cuidado, como é sobejamente sabido, custam tempo e dinheiro. Quem louva o capitalismo pela sua eficiência não sabe do que fala. Ou se sabe, dá a entender aquilo em que não acredita.

A questão é que Londres prepara-se para o pior. Debaixo de um clamoroso silêncio acompanhado de rotundos desmentidos, trabalha-se em planos de emergência. A queda descontrolada ou uma tomada de controle da BP seria uma catástrofe para os britânicos. As ações da BP têm fama em todo o mundo de investimentos seguros e lucrativos. A BP pagava regularmente, trimestre a trimestre, polpudos dividendos.

Os fundos de pensões, os maiores investidores institucionais nos mercados financeiros internacionais, compravam e mantinha enormes quantidades de acções da BP. E no sistema britânico de reformas os fundos de pensões jogam um papel chave. Só que, precisamente os rendimentos de reforma cobertas por capital são tudo menos seguros. Quando rebentou a bolha imobiliária estadunidense em 2008, muitos fundos de pensões resultaram em prejuízos dos depositantes e pensionistas. Para os fundos de investimento britânicos que há alguns anos investiam em acções da BP, a catástrofe petrolífera é ao mesmo tempo um desastre financeiro. Cerca de um sexto de todos os dividendos que se pagam no Reino Unido vêm da BP! Assim, os fundos perderam de três formas: patrimonialmente pela queda livre das ações da BP, pelos dividendos evaporados, e pela diminuída capacidade de crédito.

Os fundos de pensões perderam já muito dinheiro com as ações dos bancos e, agora, cai-lhes em cima a situação da BP. Se se calcularem as possíveis perdas tendo por base uma pensão média entre 12 mil e 13 mil libras esterlinas anuais, falamos de 800 a 1.000 libras esterlinas por ano. Daí, o governo do primeiro-ministro Cameron não ter escolha. Se a BP ajoelha, terá que intervir com um novo pacote milionário de resgate. Se foi necessário para os grandes bancos, não será menos necessário para a BP. Isso significa mais dívida pública e ainda mais desproporcionados pacotes de poupança.

A BP não pode desaparecer, pois ela é, de longe, um dos maiores contribuintes fiscais da Ilha e controla uma boa parte das infra-estruturas vitais do reino insular, como a Forties Pipeline System que liga mais de 50 campos petrolíferos no Mar do Norte, ou o oleoduto Baku-Tiblisi-Ceihan, que possibilita o trânsito de petróleo do Cáucaso para a Europa ocidental. Por isso, David Cameron anuncia que o seu governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir o controle da BP por empresas petrolíferas chinesas, árabes ou russas. Se a BP cai nas mãos das gigantes norte-americanas, acabaram-se as considerações para com os fundos de pensões ou para quaisquer outras necessidades britânicas. Dentro de poucos dias a BP tem que liquidar os pagamentos que se vencem no segundo trimestre de 2010. O seu montante é enorme.

Este caso ilustra com clareza como dois elementos tão centrais como obsoletos do capitalismo – uma economia baseada na energia fóssil e na especulação financeira planetária – nos aproximam do abismo da próxima catástrofe.
(*) Michael R. Krätke é Professor de Economia Política e Director do Instituto de Estudos Superiores da Universidade de Lancaster no Reino Unido.

Este texto foi publicado dia 26 de Julho de 2010 em 
www.sinpermiso.info 

Tradução de José Paulo Gascão

Os terroristas financeiros


Como era previsível, as piranhas do mercado financeiro sentiram o gosto de sangue, na forma do pacote de ajuda à Grécia, até agora o maior da história, e passaram imediatamente a buscar outra presa. Surgiu, nos mercados, um boato (entre as centenas que os operadores financeiros espalham diariamente) de que estava em preparação uma ajuda ainda mais portentosa, desta vez para a Espanha, no valor de 280 bilhões de euros, mais de duas vezes e meia o que foi prometido à Grécia.


"É uma absoluta loucura", reagiu o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, forçado, justamente pela "loucura", a passar todo o tempo de uma entrevista coletiva a defender a solvência de seu país.


Não adianta: o rumor mais o fato (real) de que as economias europeias estão excessivamente endividadas mais a notícia de que a produção industrial chinesa estava aumentando no menor ritmo em seis meses - tudo isso levou a um desastre nas bolsas da Europa. Na Espanha, houve uma queda formidável (5,41%), a segunda pior jornada do ano, levando o índice ao nível mais baixo desde meados de julho passado.


Na Grécia, como é óbvio, o tombo foi maior (6,6%), mas não escaparam Paris, Londres, Frankfurt, Milão.


Não adianta Zapatero esbravejar e dizer que "não podemos estar continuamente pendentes das especulações". São elas que marcam a pauta, goste-se ou não.


Tanto que o dado sobre a produção chinesa seria pouco significativo em outro ambiente. Afinal, não houve queda, mas crescimento menor --e em um período de apenas seis meses, que é reduzido para decretar que a economia chinesa, motor do mundo, vai desacelerar, que a China vai comprar menos commodities (o Brasil seria uma vítima, nessa hipótese) e por aí vai.


O fato é que os mercados estão praticando atos seguidos de terrorismo financeiro, sem que os governos consigam reagir à altura e em tempo.
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".