O referendum de 5 de julho de 2015 ficará na história como momento raro, quando uma pequena nação europeia levantou-se contra a servidão da dívida.Como todas as lutas por direitos democráticos, também essa rejeição histórica ao ultimatum que o Eurogrupo nos fez dia 25 de junho de 2015 arrasta com ela uma etiqueta de alto preço. É pois essencial que o grande capital político que foi outorgado ao nosso governo pela esplêndida votação que o NÃO recebeu seja imediatamente investido num SIM às correspondentes coragem e decisão – para um acordo que envolva reestruturação da dívida, menos austeridade, redistribuição a favor dos mais necessitados e reformas reais.Imediatamente depois do anúncio dos resultados do referendum, fui informado de uma preferência, de alguns participantes do Eurogrupo e de variados ‘’parceiros’’, que apreciariam minha… ‘’ausência’’ de futuras reuniões; ideia que o Primeiro-Ministro considerou potencialmente útil para que ele alcance algum acordo. Por essa razão, estou deixando o Ministério das Finanças hoje (6/7/2015).Considero meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar, como melhor lhe pareça, o capital que o povo grego nos assegurou, mediante o referendum de ontem.E a ira dos credores é trunfo que ostento com orgulho.Nós da Esquerda sabemos como atuar coletivamente, sem interesse pelos privilégios do poder. Apoiarei firme e integralmente o Primeiro-Ministro Tsipras, o novo Ministro das Finanças e o nosso governo.O esforço sobre-humano para honrar o bravo povo da Grécia e o famoso OXI (NÃO) que os gregos avalizaram para todos os democratas em todo o mundo, está só começando.
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Yanis Varoufakis
Ministro, não mais!
Berço da Democracia diz Não ao financismo
Grécia disse Sim a Democracia.
Grécia disse Não ao financismo.
Surpreendentemente teve quem surpreendeu.
Aécio Neves não perdeu tempo, já exigiu a recontagem dos votos.
Se não recontarem os votos o MPF-PR e Moro premiarão um que delate ter pago propina de 7,5 milhões para os eleitores do Não.
E se o delator tiver doado 8,72 milhões para os eleitores do Sim?
Absoluta normalidade.
Germany devolve o que roubaram da Grécia.
Grécia: Soberania x Submissão
O discurso histórico do primeiro-ministro Alexis Tsipras
Caros gregos,
Durante seis meses, o governo grego tem travado uma batalha em condições asfixia econômica sem precedentes a fim de implementar o mandato que vocês nos concederam em 25 de janeiro.
O mandato que nós estávamos negociando com os nossos parceiros era para terminar com a austeridade e permitir que a prosperidade e a justiça social retornassem a nosso país.
Era um mandato para um acordo sustentável que deveria respeitar tanto a democracia quanto as regras europeias comuns e levar para a saída final da crise.
Ao longo deste período de negociações, nós fomos convidados a implementar os acordos fechados pelos governos anteriores com os Memorandos, embora eles tivessem sido categoricamente condenados pelo povo grego nas recentes eleições.
Entretanto, em nenhum momento nós pensamos em nos render, que seria trair a confiança de vocês.
Depois de cinco meses de duras negociações, nossos parceiros, infelizmente, emitiram no Eurogrupo anteontem um ultimato à democracia grega e ao povo grego.
Um ultimato que contraria os princípios e valores fundacionais da Europa, os valores de nosso projeto europeu comum.
Eles pediram ao governo grego que aceitasse uma proposta que acumula um nova carga insustentável em cima do povo grego e prejudica a recuperação da economia e sociedade gregas, uma proposta que não só perpetua o estado de incerteza mas acentua ainda mais as desigualdades sociais.
A proposta das instituições inclui: medidas que conduzem para uma maior desregulamentação do mercado de trabalho, cortes nas pensões, reduções mais drásticas nos salários do setor público e um aumento do IVA sobre alimentos, restaurantes e turismo, além de eliminar as isenções fiscais das ilhas Gregas.
Essas propostas diretamente violam os direitos sociais e fundamentais da Europa: elas demonstram que no referente ao trabalho, igualdade e dignidade, o objetivo de alguns dos parceiros e instituições não é um acordo viável e benéfico para todos os lados, mas a humilhação do povo grego inteiro.
Essas propostas principalmente sublinham a insistência do FMI na austeridade severa e punitiva e tornam mais oportuna do que nunca a necessidade de levar os poderes europeus a aproveitar a oportunidade e tomar iniciativas que finalmente trarão um fim definitivo para a crise da dívida soberana grega, uma crise que afeta outros países europeus e ameaça o próprio futuro da integração europeia.
Caros gregos,
Agora pesa sobre nossos ombros a histórica responsabilidade para com as lutas e sacrifícios do povo grego para a consolidação da democracia e da soberania nacional. Nossa responsabilidade para com o futuro de nosso país.
E essa responsabilidade requer que nós respondamos o ultimato na base da vontade soberana do povo grego.
Pouco tempo atrás na reunião do Gabinete, eu sugeri a organização de um referendo, para que o povo grego seja capaz decidir de um modo soberano.
A sugestão foi unanimemente aceita.
Amanhã a Câmara de Representantes será urgentemente convocada para ratificar a proposta do Gabinete para um referendo para o próximo domingo, 5 de julho, sobre a questão de aceitação ou rejeição da proposta feita pelas instituições.
Eu já informei sobre minha decisão ao Presidente da França, à Chanceler da Alemanha e ao Presidente do BCE, e amanhã minha carta pedirá formalmente aos líderes da UE e para instituições estenderem por alguns dias o programa corrente a fim de que o povo grego decida, livre de qualquer pressão e chantagem, como prevista pela Constituição de nosso país e pela tradição democrática da Europa.
Caros gregos,
À chantagem do ultimato que nos pedem para aceitar uma severa e degradante austeridade sem fim e sem qualquer perspectiva de uma recuperação social e econômica, eu peço a vocês que respondam de uma maneira soberana e altiva, como a história do povo ensina.
O autoritarismo e a austeridade severa, nós responderemos com democracia, calma e decisivamente.
A Grécia, local de nascimento da democracia enviará uma resposta democrática retumbante para a Europa e para o mundo.
Eu me comprometo pessoalmente a respeitar o resultado da escolha democrática de vocês, qualquer que ele seja.
E eu estou absolutamente confiante em que sua escolha honrará a história do nosso país e enviará uma mensagem de dignidade para o mundo.
Nesses momentos críticos, nós todos temos que relembrar que a Europa é a casa comum dos povos. Que na Europa não há donos e convidados.
A Grécia é e permanecerá uma parte integral da Europa e a Europa é uma parte integral da Grécia. Mas sem democracia, a Europa será uma Europa sem identidade e sem uma bússola.
Eu convido a todos vocês a exibir a unidade nacional e a calma a fim de tomar as decisões corretas.
Para nós, para as futuras gerações, para a história dos gregos.
Para a soberania e dignidade de nossa Europa.
Atenas 27 de Junho de 2015
Grécia cobra. Alemanha vai dar calote?
Quando a 9 de maio os blindados russos desfilarem na Praça Vermelha a celebrar os 70 anos da derrota nazista, Alexis Tsipras deverá estar ao lado de Vladimir Putin na tribuna de honra. Foi para essa data, que todos os anos a Rússia comemora com uma pompa que nada fica a dever à soviética, que Putin convidou o primeiro-ministro grego a visitar Moscovo, e Tsipras só se pode sentir honrado: afinal, o seu primeiro ato após tomar posse, na sequência da vitória do Syriza a 25 de janeiro, foi colocar uma coroa de flores no memorial aos mortos na Segunda Guerra Mundial.
Atenas foi libertada pelos britânicos em finais de 1944, mas fora a progressão do Exército Vermelho na Europa de Leste que forçara os alemães a iniciar a retirada de uma Gréciaonde a resistência reconquistava também cada vez mais parcelas do país, invadido pelas potências do Eixo quatro anos antes.
E se restassem dúvidas sobre a memória da invasão nazi continuar bem viva, foram desfeitas no domingo quando, num discurso de recusa da austeridade imposta pela União Europeia,Tsipras relembrou o empréstimo forçado feito aos alemães durante a ocupação. O governante de extrema-esquerda reafirmou ainda a exigência de Berlim pagar uma indemnização pela destruição da Grécia entre 1940 e 1944, quando foi ocupada e repartida entre a Alemanha, a Itália e a Bulgária. Na véspera,em Berlim, o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, falou também do nazismo, mas felicitando a Alemanha por se ter libertado dele em 1945, enquanto a Grécia tem agora um partido de extrema-direita que vale 7% quando antes da crise económica não atingia sequer 1%.
Nem todos os gregos são solidários
O cidadão tem apenas 1 euro para pagar pelas frutas que Aggeliki acaba de lhe entregar em um saco plástico. Diz a feirante: “O senhor me paga os 4 euros quando tiver dinheiro”.
As condições financeiras de Aggeliki, diga-se, não são muito melhores do que as do cidadão nascido em Bangladesh, um faxineiro de 44 anos. Aos 55 anos e a trabalhar no mercado de Ferameikos, no centro de Atenas, a feirante oriunda de Corinto, cidade na periferia do Peloponeso, chegou no trabalho às 5 da manhã e até agora, meio-dia, faturou menos de 20 euros. Dois anos atrás, ganhava cerca de 80% a mais do que hoje. Aggeliki vive com o marido desempregado e três filhos, de 22 a 28 anos, todos com diplomas universitários, e, como o pai, em busca de trabalho.
“Eles aceitam qualquer emprego, nem precisa ser da área deles, porque não temos aquecimento em casa e falta comida”, diz Aggeliki.
Ela sofre de dores de cabeça terríveis, mas quando foi ao hospital diagnosticaram um problema psicossomático. Uma senhora, de passagem, oferece uma nota de 5 euros para o faxineiro de Bangladesh. Ele hesita, mas a senhora insiste. Ele troca a nota por 5 moedas de 1 euro e paga a dívida com Aggeliki. No entanto, nem todos os gregos são solidários. Leia mais>>>
Rapinagem Germany
por Luis Fernando Veríssimo
A melhor observação que li sobre a crise das dívidas na Europa foi a de um leitor da “London Review of Books” que, numa carta à publicação, comenta as queixas dos alemães inconformados com a obrigação de mandar seus euros saudáveis para sustentar a combalida economia grega.
O leitor estranha que ninguém se lembre de perguntar sobre as grandes reservas de ouro que os alemães levaram da Grécia durante a Segunda Guerra Mundial — e nunca devolveram. Só os hipotéticos juros devidos sobre o valor do ouro roubado dariam para resolver, ou pelo menos atenuar, a crise grega.
O autor da carta poderia estranhar também o silêncio que envolve um exemplo mais antigo de pilhagem, a dos tesouros artísticos da Grécia Antiga levados na marra e de graça para os grandes museus da Alemanha. Seu valor garantiria com sobras a ajuda aos gregos que os alemães estão dando com cara feia.
É claro que se, num acesso de remorso, os alemães decidissem devolver ou pagar o que levaram da Grécia estaria estabelecido um precedente interessante: a América poderia muito bem reivindicar algum tipo de retribuição da Europa pelo ouro e pela prata que levaram daqui sem gastar nada e sem pedir licença, durante anos de pilhagem.
Que não deixaram nada no seu rastro salvo plutocracias que continuaram a pilhagem e sociedades resignadas à espoliação. Alguém deveria fazer um calculo de quanto a metrópole deve às colônias pelo que não pagou de direitos de mineração no tempo da rapinagem desenfreada. Só por farra.
Quanto às reservas de ouro levadas da Grécia pela Alemanha nazista, a observação do leitor da “London Review” mostra como a História não é linear, é um encadeamento. A atual crise do euro e da comunidade europeia é a crise de um sonho de unidade que asseguraria a paz e evitaria a repetição de tragédias como as das duas grandes guerras.
Sua meta era uma igualdade econômica, que dependia de um equilíbrio de forças, que dependia de a Alemanha como potência econômica ser diferente da Alemanha que invadiu e saqueou meia Europa.
Os alemães atuais não têm culpa pelos desmandos dos nazistas, mas não podem renunciar à força desestabilizadora que têm, que continuam a ter. Como a Grécia não pode evitar de ter saudade do seu ouro, do qual nunca mais ouviu falar.
Economia: é apenas um museu de novas crises
O texto abaixo foi escrito em 1872, por Eça de Queirós
"Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal"
(em As Farpas)
Dados sobre os calotes da Grécia e da Argentina
- A Argentina deu calote a banca contra a vontade do FMI, Banco Mundial e demais instituições financeiras internacionais.
- A Grécia está dando calote com o apoio incondicional do FMI, Banco Europeu, bancos alemães alemães bancos franceses etc.
- A Argentina reconheceu no máximo 30% da dívida.
- A Grécia está reconhecendo 47% da dívida.
Traduzindo: A banca trabalha a favor dela. E os políticos e meios de comunicação que recebem ordens da dita suja são os liberais de araque tipo: FHC/Serra, Menem, Fujimoro, Garcia e demais da safra anos 90, que quebraram seus países e doaram grande parte do patrimônio público.
Inda bem que estamos aprendendo a votar em quem agi a favor do país e dos menos favorecidos. Temos de melhorar muito e vamos melhorar.
Gregos e Troianos hoje são o Brasil e America do Sul de pouco tempo átras
O tempo em que neoliberais de araque tomaram de assalto os Estados da região e patrocinaram as privatarias encomendadas pelo consenso de Washington
Leia com atenção o texto de Carlos Chagas:
Quem [ ainda ] tem riquezas para vender?
Vamos pinçar apenas alguns pedregulhos, do saco de maldades imposto à Grécia pelos banqueiros alemães e ingleses, respaldados por organismos internacionais: a redução de 22% no salário mínimo, a diminuição no valor das aposentadorias, a demissão de 150 mil funcionários públicos, o aumento do desemprego nas atividades privadas, o corte nos investimentos sociais e a privatização de empresas públicas.
Sem esquecer que a receita enfiada goela abaixo dos gregos é a mesma despachada para a Espanha, Portugal, França, além daquele monte de países que vão do Báltico aos Balcãs e ao Mediterrâneo.
Apesar da conivência da grande imprensa, até a nossa, em minimizar a reação das populações atingidas, apresentando como baderna os protestos que ganham as ruas, fica claro ter alguma coisa mudado no relacionamento entre o capital financeiro e as massas exploradas. Estas não agüentam mais. Aquele gasta suas derradeiras forças na tentativa de preservar privilégios que vão saindo pelo ralo.
A arapuca não funciona mais. Para equilibrar as finanças dos sucessivos governos sediados em Atenas, imprevidentes, irresponsáveis e corruptos, a banca internacional promete emprestar 130 bilhões de euros. Fica escancarada a operação que manterá esses recursos onde sempre estiveram, ou seja, em seus cofres, de onde não sairá um centavo. O empréstimo servirá para saldar as dívidas da Grécia, por certo acrescidas de juros extorsivos, cabendo aos trabalhadores e assalariados arcar com o prejuízo. Sempre foi assim, através das décadas e dos séculos, só que não é mais. Não haverá polícia que dê jeito, como mostram todos os dias as telinhas, mesmo distorcidas e escamoteadas suas imagens.
É bom tomar cuidado. A engrenagem financeira internacional, mesmo podre, desenvolverá todos os esforços para diminuir seu prejuízo. Impossibilitada de agir na Europa insurrecta, estando a América do Norte blindada, não vai dar para lançar suas redes da Ásia. A China chegou primeiro. Com a África em frangalhos, para onde se voltará a banca em desespero, senão para a América do Sul?
Dessa vez a crise não chegou primeiro para nós. Mas chegará, de forma inapelável. Quem tem riquezas para vender, como já vendemos no passado?
por Carlos Chagas
Eu sou você amanhã, diz a Grécia ao Brasil e demais países do mundo que seguem a receita neoliberal da banca mundial
A receita tem sido a mesma há milênios: quando as nações ricas defrontam-se com dificuldades por elas mesmo criadas, recorrem às nações pobres, seja para aumentar-lhes os encargos, seja para surripiar ainda mais seu patrimônio. Vai ecoar até o final dos tempos o conselho da bruxa inglesa aos endividados do terceiro mundo: “vendam suas riquezas”.
A crise na Grécia deve-se mais aos empréstimos que o mercado financeiro internacional oferecia e impunha aos governos de Atenas do que à óbvia imprevidência de seus dirigentes. Agora, quando os gregos chegaram à insolvência anunciada, assiste-se à rotineira vigarice dos credores: os aportes de bilhões de euros jamais sairão dos bancos alemães, ingleses e franceses, muito menos dos organismos internacionais que fingem destiná-los sob o rótulo de ajuda emergencial. Ficarão nos respectivos cofres e até engrossarão, por conta dos juros cobrados.
Em compensação, exigem da população sacrificada a redução de 22% no salário mínimo, o corte de 10% nos salários de quem tem menos de 25 anos, o congelamento dos demais salários, a demissão de 150 mil funcionários públicos, a diminuição das isenções fiscais, a privatização das empresas estatais e cortes no orçamento, com ênfase para os investimentos sociais. Como em séculos passados já roubaram a maior parte do patrimônio artístico da Antiga Grécia, só falta agora exigirem a exportação do Partenon, inteiro ou aos pedaços.
A sociedade grega paga a conta, mas o mundo mudou e povo está na rua. Nas telinhas e páginas de jornal assistimos a sagrada ira dos que não tem mais nada a perder, pois perderam tudo, ou quase tudo. Queimam a sua capital, botam a polícia para correr e depõe sucessivos governos. O mesmo aconteceu e acontecerá na Irlanda, Portugal e adjacências, pela simples razão de estar-se esgotando o modelo canibalesco dos ricos. Vai demorar um pouco, ainda, até o advento de uma nova ordem econômica européia e mundial, mas outra saída não existe.
Toda essa tragédia se expõe por conta daquela propaganda de vodca. Nós somos eles, amanhã? Apesar de toda a cortina de fumaça publicitária e da ilusão dos atuais detentores do poder em termos superado o subdesenvolvimento, que ninguém se iluda: aumentando as agruras do sistema financeiro internacional, em especial americano, mas sem esquecer o nacional, onde seus mentores buscarão alívio senão na população e nas riquezas aqui no quintal? Quantas vezes em nossa História repetiram a fórmula mágica de desviar recursos brasileiros para sustentá-los em suas aventuras? Já foi pau-brasil, depois cana-de açúcar, ouro, diamantes, café, borracha, areias monasídicas, biodiversidade, petróleo, terras e muito mais. Se bobearmos, até água, de que dispomos em profusão.
Salários, já os temos estrangulados. Vá qualquer banqueiro tentar viver com 622 reais por mês. Privatizações? Chegamos ao limite, ou melhor, o PT chegou. Cortes orçamentários? Dona Dilma que responda. É bom tomar cuidado.
Brasil vai ajudar a Grécia
O ministro da Fazenda Guido Mantega, informou que o Brasil vai contribuir com socorro a Grécia.
Mantega veio à público para informar que US$ 286 milhões de dólares serão repassados ao FMI.
A grana vai sair das reservas internacionais do Brasil, hoje estimadas em US$ 245 milhões. Fará escala no FMI e, dali, para a Grécia.
Mantega esclareceu que as reservas brasileiras não serão reduzidas por conta do financiamento à Grécia.
"O Brasil emprestará o dinheiro e o FMI nos dará direito especial de saque. É só uma troca de aplicação", disse o ministro.
Instado a comentar os riscos da crise que rói o euro, Mantega disse que as consequências serão, “muito leves”.
Nada que afete o crescimento econômico do país neste ano.
O impacto será maior, segundo Mantega, no desempenho do comércio exterior.
"A recuperação dos países europeus será mais lenta. Então, teremos que esperar mais tempo para aumentar as exportações para a região".
Acha que a cena internacional ficará menos tóxica entre 2011 e 2012. Por quê?
Sobretudo por conta de indicadores positivos que começam a dar as caras em países com os EUA.
Citou a criação de 290 mil postos de trabalho em abril. O aumento mais expressivo desde 2006.
O Brasil possui títulos da envenenada dívida grega? Alguns bancos privados brasileiros podem ter, disse Mantega. Mas em percentual muito baixo.
Inda tem quem diga que " o governo Lula é igual a governo FHC "...
Os terroristas financeiros
Como era previsível, as piranhas do mercado financeiro sentiram o gosto de sangue, na forma do pacote de ajuda à Grécia, até agora o maior da história, e passaram imediatamente a buscar outra presa. Surgiu, nos mercados, um boato (entre as centenas que os operadores financeiros espalham diariamente) de que estava em preparação uma ajuda ainda mais portentosa, desta vez para a Espanha, no valor de 280 bilhões de euros, mais de duas vezes e meia o que foi prometido à Grécia.
"É uma absoluta loucura", reagiu o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, forçado, justamente pela "loucura", a passar todo o tempo de uma entrevista coletiva a defender a solvência de seu país.
Não adianta: o rumor mais o fato (real) de que as economias europeias estão excessivamente endividadas mais a notícia de que a produção industrial chinesa estava aumentando no menor ritmo em seis meses - tudo isso levou a um desastre nas bolsas da Europa. Na Espanha, houve uma queda formidável (5,41%), a segunda pior jornada do ano, levando o índice ao nível mais baixo desde meados de julho passado.
Na Grécia, como é óbvio, o tombo foi maior (6,6%), mas não escaparam Paris, Londres, Frankfurt, Milão.
Não adianta Zapatero esbravejar e dizer que "não podemos estar continuamente pendentes das especulações". São elas que marcam a pauta, goste-se ou não.
Tanto que o dado sobre a produção chinesa seria pouco significativo em outro ambiente. Afinal, não houve queda, mas crescimento menor --e em um período de apenas seis meses, que é reduzido para decretar que a economia chinesa, motor do mundo, vai desacelerar, que a China vai comprar menos commodities (o Brasil seria uma vítima, nessa hipótese) e por aí vai.
O fato é que os mercados estão praticando atos seguidos de terrorismo financeiro, sem que os governos consigam reagir à altura e em tempo.
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".
Os mesmos de sempre
Por Carlos Chagas
Apesar de abominável, a moda continua a mesma: quem vai pagar a farra das elites políticas e econômicas que levaram a Grécia à bancarrota? Os mesmos de sempre, quer dizer, o povo, que terá salários e vencimentos reduzidos, sem falar nas pensões e aposentadorias, ao tempo em que os impostos serão aumentados e o desemprego se ampliará. Serão, também, privatizadas as empresas públicas e os serviços estatais que sobraram da última lambança.
A causa da crise está tanto em maus governos quanto na especulação desenfreada de banqueiros e sucedâneos. O remédio vem dos países economicamente poderosos, prontos para “salvar” a economia grega através do sacrifício de seu povo. O cidadão comum que pague, como de resto vem pagando no mundo inteiro onde surjam situações parecidas. O Brasil já foi a bola da vez e Fernando Henrique Cardoso engoliu caladinho a mesma formula neoliberal que agora aplicam na Grécia.
Por que o trabalhador deve receber a conta, se em nada contribuiu para criá-la? De que maneira se poderá debitar ao assalariado a responsabilidade pelo fracasso da política econômica apoiada numa falsa livre competição entre quantidades distintas?
Na Grécia, as massas estão a um milímetro da explosão. Sobre elas, não se poderá alegar manipulação do solerte credo vermelho, há muito escoado pelo ralo. É bom tomar cuidado.
Assim agem os liberais, o lucro é privado (deles) os prejuízos...socializados (nosso).
São uns FHCs - farsantes, hipócritas, canalhas -.
Corja!!!
Efeito Grécia/Portugal é limitado no Brasil e nos emergentes
O impacto da crise da dívida dos países do sul da Europa sobre os emergentes, por enquanto, foi limitado. Mesmo ontem, com o rebaixamento da nota de crédito da Grécia - para níveis inferiores ao grau de investimento - e de Portugal, o risco Brasil subiu pouco, 11,49 pontos (9,77%), para 129,04 pontos.
O risco da Grécia teve alta de 114 pontos, para 824 pontos. De 1º de setembro de 2009 até agora, o risco da Grécia subiu 631,44% e o de Portugal, 584%, enquanto o risco Brasil caiu 10%.
Por irônico que pareça, países emergentes como o Brasil, tão acostumados com crises de dívida, estão hoje em situação fiscal mais confortável e seus títulos são vistos como "porto seguro" em um mundo com países ricos com déficits públicos grandes e em crescimento.
As previsões do Barclays são de que a dívida bruta da Grécia passe dos atuais 113% do Produto Interno Bruto (PIB) para 140% no fim de 2012.
O banco acredita que a relação dívida bruta/PIB do Brasil vai ficar estável: 66% no fim do ano, crescendo para 70% em 2011.
As reservas internacionais elevadas e o crescimento econômico robusto - superior a 6% - , impulsionado pela demanda interna, ajudam a tornar o país resistente às intempéries.
O risco da Grécia teve alta de 114 pontos, para 824 pontos. De 1º de setembro de 2009 até agora, o risco da Grécia subiu 631,44% e o de Portugal, 584%, enquanto o risco Brasil caiu 10%.
Por irônico que pareça, países emergentes como o Brasil, tão acostumados com crises de dívida, estão hoje em situação fiscal mais confortável e seus títulos são vistos como "porto seguro" em um mundo com países ricos com déficits públicos grandes e em crescimento.
As previsões do Barclays são de que a dívida bruta da Grécia passe dos atuais 113% do Produto Interno Bruto (PIB) para 140% no fim de 2012.
O banco acredita que a relação dívida bruta/PIB do Brasil vai ficar estável: 66% no fim do ano, crescendo para 70% em 2011.
As reservas internacionais elevadas e o crescimento econômico robusto - superior a 6% - , impulsionado pela demanda interna, ajudam a tornar o país resistente às intempéries.
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