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Os versos mortais de um poeta minúsculo


  1. As porcas que não virgens são as que mais procriam
  2. As brechas do meu pé condenam o sapato. E o crime é péculato
  3. Os advogados de focas e baleias terminam nadando
Os versos acima foram inspirados nos imortais versos do maiúsculo poeta Carlos Ayres Britto

Veja os originais:

  • "As matas virgens são as que mais procriam"; 
  • "As fendas do ipê condenam o machado. E o crime é peculato"; 
  • "Os advogados de porta de cadeia terminam entrando".

Mate os poetas

Eu digo, mate os poetas. Todos eles. 

Todas essas fraco-eyed, frágeis, concurso de boca pronome de colocadores que foder com meu dicionário de sinônimos e  arraste adjetivos imaculadas pela merda de anal-retentivos amantes. 

Nós não precisamos de outro exagerado descrição do seu para trás coterie bulímica, seus flácidos travessuras fechadas telas. 

Dá-me a realidade. 

Diga-me contos do Himalaia, dos reis trouxeram de joelhos por matriarcas sirene, de planetas em colisão com os cantos de monges tibetanos e tapeçarias tecidas com o sangue das crianças. 

Tragam o pelotão de fuzilamento. Não se preocupe em cobrir meus olhos. Eu quero ver quem puxa o gatilho primeiro.

O demolidor de mitos

A poesia do Poeta de Meia-Tigela se alicerça sobre os escombros da mitologia lhe incutiram ao longo dos anos mas que ele preferiu escrafunchá-la nesse seu mais recente livro. O livro tem como título "Concerto nº 1nico em mim maior para palavra e orquestra. Poema". Ainda tem um subtítulo "Combinação de realidades puramente imaginárias". Fica assim o leitor, logo de início, encafifado com essa volúpia verbal que parece não dizer nada mas termina por dizer tudo.

O primeiro mito que ele destrói é o seu próprio nome sacralizado na pia batismal e referendado no cartório de registro civil. Como não foi nome da sua escolha, ele então mudou para Poeta de Meia-Tigela. Só há um momento do livro em que aparece seu nome oficial: Alves de Aquino. Mesmo assim, o primeiro não aparece. Após esse desfazimento da veste antiga, ele começa fustigando Shaskepeare no seu "Sonho de uma noite de verão", e tange Dante das profundas dos infernos às delícias do paraíso no mesmo itinerário do poeta Virgílio no momento do seu resgate. Isso tudo levando a tiracolo Antônio Conselheiro e a procissão de seus beatos. E pode não ser nada disso, mas sugere.

Meia Tigela é um poeta semiótico. E quem não é? Mas no caso dele os signos verbais são transformados em não verbais através da desconstrução que opera sobre metáforas cansadas de tanto uso. Ele dilapida conteúdos, destrói fórmulas e endoida leitores.

Não é bobo, no entanto, esse poeta de tigela e meia. Chamou logo para prefaciar seu livro o professor Sânzio de Azevedo, maior conhecedor da Literatura Cearense e exímio desmontador de formas e fórmulas poéticas. Por isso que o professor Sânzio ficou "Antes dos Versos", diante da parafernália literária que Tigela derramou ao longo das 343 páginas do livro que a Expressão Gráfica Editora teve coragem de editar. Afinal, nem Osman Lins tanto ousou.

Para posfaciar esse seu libelo poético, ele conseguiu a adesão de Nilto Maciel, guru dessa mais recente geração de escritores cearenses. Nilto o classifica, acertadamente, logo no título, de "Vampiro". Depois verifica que para ler esse "Concerto" é preciso participar da brincadeira, do jogo que o poeta instaura. Para entrar nesse jogo é preciso entender de brinquedos verbais. Nesse comportamento lúdico, Nilto Maciel, diferentemente de Sânzio de Azevedo, deixou de lado a forma para mergulhar no conteúdo, fez muito mais uma análise no nível da metáfora. É aí que constatamos, como diz o crítico, que essa desconstrução tigeleana começa da mitologia grega e vem ao horóscopo dos jornais atuais.

Meia Tigela dilapida velhas construções à moda Alcides Pinto, Carlos Emílio Correira Lima e Gerardo Melo Mourão. Ao mesmo tempo reconstrói a seu modo a terra arrasada, inclusive fustigando a alienação ortográfica a que se submetem escritores tradicionalistas. Modifica a grafia dos vocábulos, dando-lhes uma forma mais convincente que aquela que eles oficialmente portam. Quando ele escreve "abissurdo" está bem mais próxima a grafia do seu som, do que na versão dicionarizada. O mesmo acontece com "iguinora" e com outras palavras dos poemas. Fica então patenteada sua vocação motivadora de signos. Desconstruir arbitrariedades verbais é dar uma função metalinguística inovadora às palavras.

A partir dessas desconstruções, pode-se pensar enganosamente que a função de sua poética é apenas deletéria daquilo que por aí está posto. Ledo engano de quem assim pensar. Meia Tigela tem o domínio dos versos nas suas feições mais tradicionais. No segundo movimento de seu "Concerto", quando ele trata de "Os prisioneiros", é impressionante o seu domínio do soneto clássico. "Achando pouco tal demolição", seu estro se volta para a confecção de sonetos clássicos de forma decassilábica até em rimas ABBA, ABBA CDC DCD como em "De virtude", um poema lapidado à beira da perfeição. É aí onde o leitor precisa parar e se extasiar com a eloquência do poeta.

Até sua depressão é eloquente. Afinal, é no seu momento de melancolia quando entra em cena o vampiro enfadado de dar conselhos. É então que todo um vocabulário é posto de oitiva para servir à tristeza: "merencório", "penseroso", "esquizofrênico", "misantropo", "anacoreta", "tartamudo", "macambúzio", "encabulado", "abirobado", "atarantado", "azarado", "songamonga", "mocorongo", "nefelibata", "rastaquera", "sotrancão", "estercorário" e por aí vem uma desvampiragem escorrendo pela eloquência de uma autoestimada zerada. Essa insônia constipada que vê a porta mas não vê a chave, se esvai pelas frechas e contamina o leitor, levando-o também a essa "vidinha solidã".

Esse livro do Poeta de Meia-Tigela é tão contaminador que o próprio autor a certa altura de sua trajetória criou um compartimento chamado de "Mantenha Distância". Depois ainda prega o aviso: "Este poema está temporariamente programado para não receber chamadas". Mais adiante ele chega a suplicar: "Leitor amigo, por que insistir em ler? Quando bastaria me olhasses adentrolhos?" Essa tentativa de afastar a aproximação do leitor da sua poesia é pura ciumeira. Depois da obra pronta, beirando a perfeição, o poeta se narcisa, se enamora do que fez, à sua imagem e semelhança, convence-se de que criou uma bela obra de arte e agora não quer dividir o prazer de possuí-la com seu concorrente leitor. Isso tudo mostra que esse Poeta de Meia-Tigela é poeta de muitas tigelas e meias.

Juvenal Galeno - O pioneiro do folclore nordestino

Vivo fosse o contista, poeta e teatrólogo cearense Juvenal Galeno estaria completando 174 anos. Comemorando a data a  Secretária de cultura do Estado do Ceará - Secult - lança sua obra completa.

Bibliografi:
QUEM COM FERRO FERE,COM FERRO SERÁ FERIDO (1859 - 1ª edição); e canções da escola (1871 - 2ª edição) - Até hoje não publicada, os originais de "Quem com ferro fere..." estavam sob a guarda do teatrólogo Ricardo Guilherme. O texto dramatúrgico denuncia e critica o abuso da autoridade dos delegados nas cidades do interior. Alguns pesquisadores acreditam que a peça teria sido o primeiro trabalho teatral cearense, escrito e encenado aqui. Já o segundo título, "Canções da Escola", é obra adaptada pelo Conselho de Instrução Pública do Ceará para uso nas aulas do curso primário. Visava incentivar a alegria das crianças pelo estudo e deixava clara a posição contrária de Juvenal Galeno ao uso então corrente da palmatória;
A MACHADADA: Poema Fantástico (1860); A PORANGABA (1861 - ambos em 3ª edição) - "A Machadada" é, provavelmente, a primeira obra literária impressa no Ceará. Já o segundo texto, "A Porangaba", é uma lenda contada por um caboclo a Juvenal Galeno, conforme explica o próprio autor. Nas páginas, relatos da história trágica de Porangaba, bela índia tabajara, oferecida, aos 15 anos, a um português visitante sem nome;

LENDAS E CANÇÕES POPULARES (1865 - 5º edição) - É considerada a obra-prima de Juvenal Galeno, e traz suas ideias abolicionistas e um forte protesto contra as injustiças sociais, tema que percorreu grande parte de sua obra;

CENAS POPULARES (1871 - 4ª edição) - A obra é tida como marco inicial do conto no Ceará. O professor Sânzio Azevedo, que assina a apresentação do trabalho, destaca a "simpatia do autor pelo povo simples, trabalhador e religioso povoa todas as narrativas desse livro, passadas ora na praia, ora no Sertão";

LIRA CEARENSE (1872 - fac-símile - 2ª edição) - Poesias publicadas no periódico homônimo, que saía aos domingos, com produções poéticas, datadas de 1866 e 1872;

FOLHETINS DE SILVANUS (1891 - 3ª edição) - Livro de sátiras e críticas de costumes, em verso e prosa, trata -se de uma coletânea de textos extraídos do jornal´A Constituição´, onde Juvenal Galeno publica sob o pseudônimo de Silvanus. Os textos mostram a mudança dos tempos no final do século XIX ;

CANTIGAS POPULARES (1969 - 2ª edição) - Livro póstumo lançado pela Casa de Juvenal Galeno, em comemoração aos 50 anos de sua fundação. A data registrada no final do livro mostra que sua concepção aconteceu quando o poeta já estava completamente cego;

MEDICINA CASEIRA - (1969 - 2ª edição) - Livro póstumo lançado pela Casa de Juvenal Galeno, em comemoração aos 50 anos de sua fundação. São poesias sobre medicina caseira e suas práticas;

CRONOLOGIA COMENTA - Da de juvenal galeno (2010 - 1ª edição) . Os 10 volumes da Coleção são ilustrados por fotos, telas, capas de partitura de músicas com letras do poeta, manuscritos, fotos de objetos e mobiliário da Casa de Juvenal Galeno.
Mais informações:
 na Casa Juvenal Galeno 
Fone (85) 3252.3561

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