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A partida de um lutador

Todos aqueles que sempre lutaram pela liberdade e pela igualdade, perderam na noite de ontem um grande lutador. Morreu em Curitiba, Aldo Lins e Silva, meu advogado em 1968, militante do PCB durante toda a sua vida, meu amigo e companheiro e também de Carlos Marighela e Luís Carlos Prestes - a quem hospedava nas visitas a São Paulo, em seu apartamento da praça da República ou na casa do Morumbi.

Pernambucano, parceiro e cúmplice do ex-governador Miguel Arraes, Aldo, homem simples e culto, era um militante das boas causas e assim viveu toda a sua vida. Era um advogado de renome, dos mais respeitados no Brasil, mas antes de tudo era um lutador. Nos duros da repressão, quando meus pais, que viviam na minha Passa Quatro (MG), vinham me visitar em São Paulo nas prisões da ditadura, encontraram em Aldo um amigo e confidente que os amparava e apoiava.

Aldo filiou-se ao PT com a mesma paixão e dedicação com as quais lutou ao lado de Prestes durante os anos e anos em que atuaram no PCB. Nos últimos 30 anos estivemos juntos, em todas as batalhas pelas grandes causas nacionais pelas quais nos dedicávamos à reconquista da liberdade e da democracia no país - dos embates contra a ditadura militar às Diretas Já e à convocação da Assembléia Nacional Constituinte, passando pelas eleições para presidente da República, o apoio ao MST e à CUT.

Sonhou por suas ideias e ideais até os 92 anos


Enquanto pode e foi necessário, Aldo era presença permanente em todos atos e atividades pró-democracia, sempre atuante, debatendo e discutindo. Apoiou-me desde a primeira hora na luta contra a minha injusta cassação e não faltava às manifestações políticas em minha defesa. Anualmente foi presença, também, em meus aniversários a 16 de março.

Sempre senti e tive em Aldo e em sua inseparável companheira Inês uma presença e companhia solidária e amiga. Agora ele vai fazer falta, mas seu exemplo fica conosco. Foi-se um combatente do povo, um homem de extrema fidelidade às suas ideias e aos seus ideais, e que foi capaz de sonhar até os 92 anos.

Logo mais, a partir das 10h30, seu corpo começa a ser velado na Capela Vaticano - ao lado do Cemitério Evangélico, a 15 km do centro de Curitiba - até as 18 horas quando então será cremado numa cerimônia simples, conforme seu pedido. À Inês, sua companheira e aos demais familiares, meus pesâmes, minha solidariedade e o meu pedido para que tenham forças nesse momento em que também sofro a perda com eles.