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Rampa dos invisíveis

por Cláudio Renato Passavante 

Uma catadora de papel, um jovem com paralisia cerebral, um metalúrgico, um estudante preto de dez anos, um professor, uma cadela e o Cacique Raoni subiram a rampa do Planalto com o presidente Lula e a Janja

Aline, a catadora, vestiu-se com a roupa de domingo, a que ela tem de melhor,, para colocar a faixa presidencial no torso do maior líder popular do século 

No fim da cerimônia, com pérolas de lágrimas no olhar, Aline disse que ali estavam representados os invisíveis 

Quase ninguém viu quando o Aleijadinho chegou, braços entrelaçados com os de Oscar Niemeyer e Carlos Drummond de Andrade, admirados do mar vermelho, o oceano pacífico das gentes.

O almirante João Cândido e o marechal Rondon perfilaram diante dos Dragões da Independência. Continências devidas.
 
 Abraçados a Raoni estavam Sepé Tiaraju, Chico Mendes, Bruno Pereira e Darcy Ribeiro, que, embriagado de felicidade e êxtase, gritava; "Assim, eu morro!"

Grande Otelo e Joãosinho Trinta caíam numa gostosa gargalhada!

Noel Rosa, Pixinguinha, Ismael Silva, Cartola, Ary Barroso e Dorival Caymmi, em uníssono, proclamavam o que a baiana tem...

 Carmen Miranda, por sororidade, preferiu seguir a Janja, ao lado de Chiquinha Gonzaga, Clementina de Jesus, Gal Costa. Ruth de Souza e Leila Diniz. Cantavam Coqueiro Verde, do Erasmo Carlos, na maior animação

Pelé, Garrincha, Vinicius e Aldir Blanc, com a fantasia do Cacique tentavam romper o mau-humor do Graciliano Ramos, que só riu quando Jorge Amado lhe fez cócegas na barriga.

 Brizola, Jango e Getúlio preferiram cavaquear perto do Lula, que percebeu a presença dos profetas Gilberto Freyre e Nelson Rodrigues e lhes soprou nos ouvidos: "Vocês são foda!"

Quando Aline passou a faixa no pescoço do Lula, foi ajudada pela mão invisível de dona Lindu e percebeu que a Marisa lhe ajeitava, carinhosamente, o colarinho.

Olhou para baixo, viu um menino lourinho de sete anos, sorridente e orgulhoso, dizer:

- Parabéns, meu avô!

Luis Nassif: o tiro de partida foi bem dado


Começa a grande luta da reconstrução nacional

A simbologia da posse de Lula superou tudo o que se conheceu pós-redemocratização. Houve a explicitação clara das propostas de governo, com ênfase permanente no social e na redução das desigualdades. Ao mesmo tempo, mencionou conceitos de responsabilidade fiscal.

A ênfase maior foi nos vergonhosos indicadores de concentração de renda no país. O que indica que a reforma fiscal será uma das prioridades maiores da política econômica, junto à racionalização dos subsídios, limpando a área dos exageros cometidos no governo Bolsonaro, sem parâmetro algum, e definindo novas prioridades, dentro da política de zero carbono.

Na política econômica, enfatizou a questão da industrialização e da reciclagem industrial brasileira, em cima dos novos parâmetros tecnológicos e ambientais.

Sobre a polarização política, fez dois discursos para públicos distintos: os terroristas e os não-terroristas.

Para Bolsonaro e sua tropa, garantiu o fim do sigilo de cem anos, a apuração dos crimes pela Justiça, e, após o devido processo legal, punição, sem anistia.

Em relação ao país, um apelo reiterado à tolerância. Defendeu a liberdade religiosa, para todas as religiões. Apresentou Ministérios para a defesa da mulher, dos índios, dos direitos sociais e do combate à miséria. E garantiu que governará para todos.

Mas o ponto alto – em termos de simbologia política – foi a transmissão da faixa presidencial na rampa do Palácio do Alvorada. A caminhada de Lula, com uma criança de periferia, um cacique indígena, uma catadora de recicláveis, uma pessoa com deficiência – e o conteúdo do seu discurso -, entre outros, representaram um momento histórico, um reencontro do país com a civilização.

E, aí, se observa a mão de Janja da Silva. Ontem, escrevi aqui sobre seu potencial político. Pelas informações divulgadas, coube a ela valer-se da ausência de Bolsonaro para montar uma celebração multi racial e multi social repleta de significados. Mostrou uma sensibilidade poucas vezes vista na moderna história política brasileira, remetendo ao PT pré-governo.

Ao mesmo tempo, observaram-se em alguns canais do sistema – como a Globonews – uma defesa do combate à miséria, uma crítica à concentração de renda inéditas na história da emissora. Os analistas comportaram-se com uma desenvoltura e senso de modernidade inéditos na história do canal.

Esse fenômeno que, como o cometa Kohoutek, acontece de vinte em vinte anos, em geral impulsionado por níveis de pobreza degradantes. Risca os céus e, depois, volta para a escuridão. O início do primeiro governo Lula foi legitimado pela ampliação da miséria, após os erros de política econômica de Fernando Henrique Cardoso. Hoje em dia, a miséria alcançou níveis exponenciais. Além dela, há o fenômeno do golpe pairando no ar. Esses fatos fizeram a Globo liberar seus comentaristas, para seguir uma onda irresistível, porém provisória, da opinião pública.

Ao mesmo tempo, o presidente em exercício,  Hamilton Mourão, repôs os princípios de disciplina das Forças Armadas, e colocando-as como vítimas de um presidente poltrão, apresentou uma tentativa de dar uma saída honrosa para uma corporação que se desmoralizou.

Todos esses fatores vão na direção de fortalecimento das tentativas de Lula de montar sua base parlamentar. Mas não será fácil, especialmente depois da carne fresca do orçamento secreto, jogada por Bolsonaro e seus militares ao Centrão. Mas o tiro inicial de partida foi bem dado, inclusive com o revogaço, o conjunto de decretos revogando as piores maldades de Bolsonaro. Hoje de manhã completou-se com a portaria revogando todos os DAS 5 e 6.

O novo governo tem claro o sentido de urgência. E sua maior força é o espectro do bolsonarismo e do golpismo militar. Poderá ser a argamassa a consolidar o grande pacto pela democracia.

por Luis Nassif - jornalggn@gmail.com
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Destasques do dia passado a limpo


Dilma Rousseff:
"Foi muito forte. Muita emoção. Um momento histórico!", disse a ex-presidente que voltou ao Palácio do Planalto pela primeira vez desde 2016, quando foi derrubada por um traíra golpista (Michel Temer) e seus cumplices. 

Recicladora passa faixa a Lula

Presidente, jogaram a faixa presidencial na lata do lixo, encontramos, reciclamos e estamos te devolvendo. O povo brasileiro decidiu que e lá a é tua. Feliz 2023!

Saiba quem passou a faixa para Lula

 Quem são os brasileiros que representaram o povo brasileiro e passou a faixa para o presidente Luis Inácio Lula da Silva? 

Este é a pergunta que ficou na cabeça de milhões de pessoas que assistiram a posse.

Saiba quem são eles:
  • Francisco (o garoto)
  • Cacique Raoni Metukri
  • Wesley Rodrigues (metalurgico)
  • Aline Souza (catadora de reciclável)
  • Murilo de Quadros Jesus (professor)
  • Jucimara Fausto dos Santos (cozinheira)
  • Flávio Pereira (militante das causas sociais)
  • O jovem com paralisia cerebral é Ivan Baron


1º tijolaço de 2023


 O novo é o Povo de novo

  Dia 1º, nem precisava ser de janeiro, pleonasmo de começo que a gente nem sabe de quê, porque, mas sente.

Os analistas, especialistas, economistas, cientistas da política, economia e demais istas, todos eles tem razões muito objetivas para suas reservas e pessimismos, mas lhes - para maioria absoluta deles - falta a percepção do que é étereo e ao mesmo tempo real na vida humana, sentimentos que nos moldam, nos movem, aceleram ou freiam.

A vida é feita muito mais disto do que de objetividades, embora elas sejam indispensáveis ferramentas de materialização dos sonhos, como cinzel e talha são para quem esculpe.

Não é, portanto, só um novo presidente que assume a condução da República neste dia, nem mesmo um presidente que traz a saga de um martírio e do milagre em sua trajetória.

Somos nós que reacendemos esperanças depois de anos de treva, que retomamos o amor à civilização, após do horror da barbárie e que queremos reaprender a fé, depois dos tempos de ódio.

Talvez isto esteja além da compreensão da idiotia da objetividade, expressão genial de Nélson Rodrigues, daqueles tantos istas que mencionei. Talvez até em algo o percebam, mas não sejam capazes de dimensioná-lo.

Nada, é claro, é garantido, nada é seguro e fácil.

Mas viemos até aqui e reabrimos o ciclo da esperança, mais sábios do que antes e menos pretensiosos, como só o tempo nos sabe fazer.

A vida já nos deu muito e, por isso, deixou-nos a lembrança de que o impossível é vizinho de porta do necessário.

Nesta Brasília onde todos sempre nos sentimos pequenos, um dia grande se avizinha, o dia em que vamos rever a face da esperança, que andou eclipsada pelo medo.

É dia 1°, é janeiro, é começo, recomeço de um caminho que não vai parar nunca enquanto o Brasil não for o grande, justo e feliz país que tem tudo para ser.

por Fernando Brito

Posse de Lula

 


Por Justiça quem deveria passar a faixa presidencial a Lula deveria ser a presidenta Dilma Roussef - uma mulher honesta derrubada por um bando de ladrões golpistas -. Se o protocolo, as formalidades legais não permite, que seja informal, no parlatório antes do discurso do presidente. 

Feliz 2023 para o Brasil!

Vamos celebrar a posse de Lula