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PHD em política e humanismo




Frei Betto, por que um Frade dominicano se envolve tanto em política como o senhor?
Pois não é que este governo fascista está espionando as atividades da CNBB - Confederação Nacional dos Bispos do Brasil -? Saudades da ditadura de 64. Não demora vem a tortura, os desaparecidos políticos e acidentes de críticos dos milicianos fardados. Para mim não seria nenhuma surpresa. Para derrotar Lula e o PT alimentaram a besta fera.
Vida que segue...

Em tudo tem política

– O teólogo e escritor Frei Betto destaca que "a política está em tudo" em artigo publicado no Globo nesta quarta-feira 13. "Nem tudo é política, mas a política está em tudo", diz ele, alertando a quem "tem nojo de política" que "quem tem nojo de política é governado por quem não tem".

"Hoje em dia, muitas pessoas, sobretudo jovens, têm nojo de política, porque acompanham noticiários que falam de corrupção, roubalheira, descaramento, nepotismo, fisiologismo etc. Sempre lembro a eles: quem tem nojo de política é governado por quem não tem. E tudo que os maus políticos querem é que tenhamos bastante nojo, para eles ficarem à vontade com a rapadura nas mãos!", escreve.

"Lembrem-se disso! Quando você ou os seus amigos disserem: não quero saber de política, não vou mais votar, vou anular o voto, estarão fazendo o jogo dos maus políticos. Quem se omite dá um cheque em branco para a política que predomina no país", ressalta.





A fábula petista, por Frei Betto

no Folha de São Paulo

A disputa presidencial se resumiu em um verbo predominante na campanha: desconstruir. Em 12 anos de governo, o PT construiu, sim, um Brasil melhor, com índices sociais "nunca vistos antes na história deste país". Porém, como partido, houve progressiva desconstrução.

Frei Betto: a plebe e a Nobreza

Era uma vez um reino governado por um rei despótico. Sua majestade oprimia os súditos e mandava prender, torturar, assassinar quem lhe fizesse oposição. 
O reino de terror prolongou-se por 21 anos. 
Os plebeus, inconformados, reagiram ao déspota. Provaram que ele estava nu, denunciaram suas atrocidades, ocuparam os caminhos e as praças do reino, até que o rei perdesse a coroa. Vários ministros do rei deposto ocuparam sucessivamente o trono, sem que as condições econômicas dos súditos conhecessem melhoras. Decidiu-se inclusive mudar a moeda e batizar a nova com um título nobiliárquico: real. Tal medida, se não trouxe benefícios expressivos à plebe, ao menos reduziu as turbulências que, com frequência, afetavam as finanças da corte. 

Ainda insatisfeita, a plebe logrou conduzir ao trono um dos seus. Uma vez coroado, o rei plebeu tratou de combater a fome no reino, facilitar créditos aos súditos, desonerar produtos de primeira necessidade, ao mesmo tempo em que favorecia os negócios de duques, condes e barões, sem atender aos apelos dos servos que labutavam nas terras de extensos feudos e clamavam pelo direito de possuir a própria gleba.

O reino obteve, de fato, sucessivas melhoras com o rei plebeu. Este, porém, aos poucos deixou de dar ouvidos à vassalagem comum e cercou-se de nobres e senhores feudais, de quem escutava conselhos e beneficiava com recursos do tesouro real. 

Obras suntuosas foram erguidas, devastando matas, poluindo rios e, o mais grave, ameaçando a vida dos primitivos habitantes do reino. 

Para assegurar-se no poder, a casa real fez um pacto com todas as estirpes de sangue azul, ainda que muitos tivessem os dedos multiplicados sobre o tesouro real. 

Do lado de fora do castelo, os plebeus sentiam-se contemplados por melhorias de vida, viam a miséria se reduzir, tinham até acesso a créditos para adquirirem carruagens próprias. 

Porém, uma insatisfação pairava no reino. 

Os vassalos eram conduzidos ao trabalho em carroças apertadas e pagavam caros reais pelo transporte precário. As escolas quase nada ensinavam além do beabá, e os cuidados com a saúde eram tão inacessíveis quanto as joias da coroa. Em caso de doença, os súditos padeciam, além das dores do mal que os afetava, o descaso da casa real e a inoperância de um SUS, com frequência, matava na fila o paciente em busca de cura. Os plebeus se queixavam. Mas a casa real não dava ouvidos, exceto aos aplausos refletidos nas pesquisas realizadas pelos arautos do reino. 

O castelo isolou-se do clamor dos súditos, sobretudo depois que o rei abdicou em favor da rainha. 

Infestado de crocodilos o fosso em torno, as pontes levadiças foram recolhidas e as audiências com os representantes da plebe canceladas ou, quando muito, concedidas por um afável ministro que quase nenhum poder tinha para mudar o rumo das coisas. 

Em meados do ano, a corte promoveu, com grande alarde, os jogos reais. Vieram atletas de todos os recantos do mundo. Arenas magníficas foram construídas em tempo recorde, e o tesouro real fez a alegria e a fortuna de muitos que orçavam um e embolsavam cem. Foi então que o caldo entornou. 

A plebe, inconformada com o alto preço dos ingressos e o aumento dos bilhetes de transporte em carroças, ocupou caminhos e praças. Pesou ainda a indignação frente a impunidade dos corruptos e a tentativa de calar os defensores dos direitos dos súditos contra os abusos dos nobres.

A vassalagem queria mais: 
  • educação da qualidade à que se oferecia aos filhos da nobreza; 
  • saúde assegurada a todos; 
  • controle do dragão inflacionário cuja bocarra voltara a vomitar chamas ameaçadoras, capazes de calcinar, em poucos minutos, os parcos reais de que dispunha a plebe...
Então a casa real acordou! Archotes foram acesos no castelo. A rainha, perplexa, buscou conselhos junto ao rei que abdicara. Os preços dos bilhetes de carroças foram logo reduzidos. Agora, o reino, em meio à turbulência, lembra que o povo existe e detém um poder invencível. O castelo promete abrir o diálogo com representantes da plebe. Príncipes hostis à rainha ameaçam tomar-lhe o trono. Paira no horizonte o perigo de algum déspota se valer do descontentamento popular para, de novo, impor ao reino o regime de terror. A esperança é que se abram os canais entre a plebe e o trono, o clamor popular encontre ouvidos no castelo, as demandas sejam prontamente atendidas. Sobretudo, dê a casa real ouvidos à voz dos jovens reinóis que ainda não sabem como transformar sua indignação e revolta em propostas e projetos de uma verdadeira democracia, para que não haja o risco de retornarem ao castelo déspotas corruptos e demagogos, lacaios dos senhores feudais e de casas reais estrangeiras.

O legado do fenomeno Lula

Ele deixa o governo com popularidade recorde

A principal definição da Era Lula foi feita pelo próprio presidente Lula. No meio do primeiro mandato, citando Raul Seixas, ele afirmou: “Eu sou uma metamorfose ambulante”. Foi o momento em que as políticas que o PT sempre condenara na economia começavam a mostrar resultado sob Lula. 
 
Há 15 dias, traçando um retrato de seu governo, ele disse: “O segredo do meu sucesso é ter feito apenas o óbvio”. 
 
Um balanço por dentro da administração Lula mostra que isso é verdade. 
 
O que revela um paradoxo: um presidente com uma popularidade recorde e um governo com poucos avanços em áreas-chave para o país, como educação, saúde, saneamento, infraestrutura e as reformas política, previdenciária, trabalhista e sindical. Para discutir este e outros aspectos de oito anos de uma fase única na história brasileira, O GLOBO publica hoje um caderno especial sobre a Era Lula, com textos de MIRIAM LEITÃO, CARLOS ALBERTO SARDENBERG, MARCO ANTONIO VILLA e MERVAL PEREIRA; artigos de FREI BETTO, CARLOS LESSA e LUIS CARLOS FRIOMAN; José Casado pesquisou as promessas eleitorais do candidato Lula e mostra o que foi cumprido ou não; e colunas especiais com as melhores notas do período de ANCELMO GOIS, NHENHENHÉM e PANORAMA POLÍTICO.
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IMPRENSA COMERCIAL E OBTUSA

alex disse...

A saudade do servo na velha diplomacia brasileira – Leonardo Boff

O filósofo F. Hegel em sua Fenomenologia do Espírito analisou detalhadamente a dialética do senhor e do servo. O senhor se torna tanto mais senhor quanto mais o servo internaliza em si o senhor, o que aprofunda ainda mais seu estado de servo.

Com humor comentou Frei Betto: “em cada cabeça de oprimido há uma placa virtual que diz: hospedaria de opressor”. Quer dizer, o opressor hospeda em si oprimido e é exatamente isso que o faz oprimido ...

Escrevo isso a propósito de nossa imprensa comercial, os grandes jornais do Rio, de São Paulo e de Porto Alegre, com referência à política externa do governo Lula no seu afã de mediar junto com o governo turco um acordo pacífico com o Irã a respeito do enriquecimento de urânio para fins não militares.

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