Clik no anúncio que te interessa, o resto não tem pressa...

Junta médica é...

[...] " uma reunião que os médicos fazem nos últimos momentos de nossa vida para dividir a culpa " Jô Soares

No prelúdio nababesco as bolinhas anunciam a gastança perdulária

30 milhões incinerados num único evento mostram o saco sem fundo de uma bolha ilusória

"Em janeiro de 2011, o Ministério do Esporte apresentou previsão de R$ 5,6 bilhões para 11 sedes, sem o custo do Itaquerão. Em junho, a previsão de gastos já chega a cerca de R$ 7 bilhões. Ou seja, somente o custo dos estádios já triplicou, considerando a previsão inicial de R$ 2 bilhões, em 2007".

Romário, ex-campeão mundial e deputado federal
 
Trinta milhões de reais no prelúdio extravagante do maior alçapão já montado pelos assaltantes do colarinho branco. Trinta milhões saídos dos cofres da Prefeitura carioca e do Estado do Rio de Janeiro, que mantêm professores e todo o funcionalismo a pão e água, muitos pagando para trabalhar. Que sonegam à população o direito fundamental à educação razoável e à saúde básica, tornando-a presa fácil dos tubarões do ensino e do impiedoso sistema privado de assistência médica.

Trinta milhões para a exibição de luxo e riqueza, num evento de duas horas, cuja única finalidade era sortear as bolinhas das chaves eliminatórias da Copa do mundo de 2014, tudo segundo o figurino perdulário de uma máfia sem qualquer recato, a máfia multinacional da Fifa.
 
Todo esse dinheiro foi disponibilizado de mão beijada aos esquemas da filha de Ricardo Teixeira, mafioso de carteirinha, que não terá obrigação de nos prestar contas pelo atalho contábil forjado na transferência blindada do dinheiro público a uma entidade privada.

Esse aperitivo faraônico que teve como cenário a Marina da Glória, do todo poderoso Eike Batista, é pinto diante da arquitetura de gastos irresponsáveis concebida para os dois eventos esportivos, que, por coincidência, acontecem em sequência num único embrulho, gerando uma bolha ilusória em dobro, na mesma sem-cerimônia dos comerciais de cerveja que, depois de instigar o consumidor a um porre, termina com um letreiro rápido de "beba com moderação".

O espetáculo platinado é apenas, como se poderia dizer, a ponta de um iceberg colossal, que nutre a roubalheira de um script sedutor, revestindo com purpurinas cintilantes a rasteira em um povo já acostumado ao "me engano que eu gosto".

É como se estivéssemos diante de um mau presságio explícito, de um grande golpe anunciado.

Conversas para enganar os trouxas

Diz-se que sediar a copa de futebol e os jogos olímpicos mundiais tem o condão de alavancar a vida econômica do Brasil, aumentar o PIB e, em particular, reposicionar a cidade do Rio de Janeiro no topo das metrópoles endeusadas. Propaga-se, na maior cara de pau, que a farra homérica de 2014 redundará no aumento das nossas exportações em 30%. E muito mais se diz na carrada obscena de engodos mirabolantes.

Por tal, o vale tudo corre solto. Qualquer excesso será compensado pelo orgulho das visitas esperadas, pela centralização das imagens esportivas que chegarão a todos os cantos do mundo, imagens televisivas que, aliás, serão a única forma dos brasileiros verem os espetáculos, a menos qu e tenham como morrer numa grana preta nos ingressos que terão o custo médio de um salário mínimo.

Não há arcabouço mais adequado para a rapina. Pelas fórmulas engendradas, o assalto acontecerá em nome das exigências supranacionais dos magos da Fifa e do Comitê Olímpico Internacionais. Se não for como querem, o pau come.

Na copa de futebol, primeira parada do trem da alegria dos "sanguessugas" do erário, a extravagância é ampla, geral, e irrestrita. O vale tudo começa pela festa nababesca que custou aos contribuintes o equivalente à construção de 6 escolas públicas para 400 alunos cada, e passa pelo esbanjamento faustoso com estádios de futebol, pelas renúncias fiscais, envolvimento do BNDES no folguedo e a pela privatização-doação emoldurada dos aeroportos lucrativos.

No caso dos estádios, até a inteligência mais limitada é agredida. No Maracanã, a construtora do amigo íntimo do governador (em sociedade com outras duas empreiteiras) vai faturar 1 bilhão e lá vai picos na terceira reforma em menos de 12 anos. Em São Paulo, o estádio particular da Odebrecht-Coríntias terá só de renúncias fiscais da Prefeitura mais de 420 milhões de reais e ainda receberá uma boa grana do governo do Estado e do BNDES. Só a isenção representa deixar de construir 84 escolas para 33.600 alunos.

Extravagâncias ao gosto dos picaretas
Em Manaus, Brasília e Cuiabá, a extravagância tem os sintomas da insensatez mais tresloucada. Nessas cidades, onde se joga futebol da várzea, o dinheiro público será queimado já se sabendo que os estádios erguidos para quatro ou cinco jogos da Copa não terão mais serventia depois. No Amazonas, clubes como o América estão nos estertores. Enquanto isso, o Serra Dourada de Goiás, onde há tradição de futebol em nível nacional, foi descartado, porque Goiânia, distante 210 km da corte, ficou fora da lista.

No Ceará, um estádio que precisaria apenas de algum t rato, foi posto praticamente no chão e deve consumir mais de 600 milhões do contribuinte. Em Pernambuco, nenhum dos três campos tradicionais será remodelado. A arena de lá está sendo construída a 25 km da capital, em São Lourenço da Mata, fora dos eixos naturais de transportes.

Em Minas, a reforma da Mineirão não sairá por menos de 700 milhões. Na Bahia, ao contrário das contas oficiais, a arena da Fonte Nova sairá por 835 milhões, segundo estimativas da Transparência Brasil.

Em suma, considerando os vícios das obras em nosso país e a participação preponderante do dinheiro público, já se prevê que essas construções somarão mais de 11 bilhões no final das contas.

Comparativos expõem as vísceras da malandragem: aqui mesmo, o Palmeiras desembolsará não mais de 300 milhões na nova Arena Palestra Itália, com 45 mil lugares. Já na Alemanha, dois novos estádios acabam de ser erguidos: a Prefeitura de Mainz, capital do Estado da Renânia-Palatinado, precisou de a penas o equivalente a 140 milhões de reais para seu estádio de 34 mil lugares, incluindo nessa conta 35 milhões para a infraestrutura no seu entorno. Já o estádio do Augsburg, na Bavária, com 25.579 assentos, saiu por menos do equivalente a100 milhões de reais.

África do Sul ficou no prejuízo

Falamos apenas dos gastos com as praças de esporte. Elas representam menos da metade das despesas em nome da copa previstas nas cidades. E o retorno? Ao contrário da Alemanha e Estados Unidos, que não precisaram fazer gastos extraordinários porque já tinha estrutura para os eventos, em termos de futebol o exemplo da África do Sul é referencial.

O país de Mandela gastou US$ 4,9 bilhões em estádios e infraestruturas, que gerariam rendas imediatas de US$ 930 milhões derivadas do afluxo de 450 mil turistas. Quando foi ver, a rede privada de serviços só faturou US$ 527 milhões dos 309 mil turistas que de fato entraram no p aís no mês da competição. Nas previsões da CBF, a nossa Copa atrairá 500 mil turistas, que gastarão 3 bilhões de reais, ou seja 4 vezes mais do que na África do Sul - um cálculo pra lá de alucinado.

Os est com exceção do Soccer City, de Johannesburgo, usado para jogos de rúgbi e shows, são conservados pela injeção de dinheiro público. A Cidade do Cabo paga US$ 4,5 milhões ao ano pela manutenção da arena de Green Point, erguida ao custo de US$ 650 milhões e usada apenas 12 vezes depois da Copa. Lá já discutem a demolição desse estádio ocioso.

Em se tratando de jogos olímpicos, só se pode falar de ganhos compensatórios mesmo nos de Barcelona, em 1992. Em contraste, o desastre de Atenas, em 2004, é visto como o ponto de partida da crise que levou a Grécia à bancarrota.

Num contexto internacional recheado de dúvidas, com os Estados Unidos na pindaíba e uma dívida colossal de 14 trilhões de dólares, tudo leva a crer que esses eventos vão ajudar a destrambelha r nossas vidas, ao contrário da falácia de quem já começou a engordar as contas com o desperdício do prelúdio luxuriante.

População já disse não aos gastos

Já há uma rejeição explícita das populações a essas farras. Uma pesquisa da Sport+Markt, divulgada há pouco, revelou a insatisfação da cidadania. No Rio de Janeiro, só 14,7% concordam com o uso de dinheiro público nos estádios. No Amazonas, 17%. Entre os que têm opinião formada, na cidade de São Paulo, 60,2% discordam e, no estado, essa rejeição chega a 64,2%. No país, dos que já têm opinião formada 63,7% disseram-se contrários aos gastos com estádios, superfaturados ou não.

No entanto, a onda avassaladora impulsionada pela mídia é capaz de nos encher os olhos de miragens orgásticas. E não é por acaso: a principal fonte de receita da FIFA com a Copa está na venda dos direitos de televisão para a qual há um grande intermediário que compra e revende os d ireitos para os principais países: a Infront Sports & Midia (ISM), operando através de sua subsidiária HBS (Host Broadcast Services). Há uma expectativa de que as imagens do certame alcançarão uma audiência acumulada de 30 bilhões de telespectadores, um atrativo apetitoso para os grandes anunciantes. É nesse nicho que a Rede Globo já está enturmada, embora tenha feito uma proposta 20% mais baixa do que a Record.

Haja o que houver nas duas competições, vê-se que a mídia é o segmento com maiores interesses e possibilidades de ganhos visíveis.

Daí, o empenho em dourar a pílula, independente do que possa acontecer a este país que não se pode dar ao luxo de jogar dinheiro fora.

O que se faria com o dinheiro gasto na preparação da Copa

O site Planeta Sustentável imaginou o que se gastaria com os 11 bilhões previstos para a Copa (essa previsão já está superada).

R$ 2,1 bi
ONDE Expansão do saneamento.
Para levar água tratada a 2,2 milhões de casas e coleta de lixo a 2,1 milhões - cerca de 20% do déficit de saneamento.

R$ 2,8 bi
ONDE Crédito para casas populares.
Para financiar a construção ou compra de 480 mil casas populares - 6% do déficit habitacional.

R$ 2,8 bi
ONDE Universalização da eletricidade.
Para levar luz a 1,6 milhão de pessoas no campo - 13% da população sem acesso à energia.

R$ 1,4 bi
ONDE Combate ao analfabetismo.
Para ensinar 600 mil jovens e adultos a ler e escrever - o que representa 4% a m enos de analfabetos no país.

R$ 1,4 bi
ONDE Bolsa Família.
Para custear o programa por um ano para 1,8 milhão de famílias, que receberiam um auxílio mensal de R$ 62.

R$ 700 mi
ONDE Saúde da Família.
Para levar o programa Saúde da Família a mais 2 milhões de pessoas - superaria a população de Curitiba ou Recife.

 
CLIQUE AQUI, LEIA MATÉRIA NO BLOG E PUBLIQUE SUA OPINIÃO. 
 


6,2% do PIB vai para a agiotagem


ImageOs dados oficiais sobre o pagamento dos juros da dívida interna, apesar de a relação dívida - PIB ter caído de 40,2% para 39,7% no primeiro semestre deste ano - são alarmantes. Expressam com clareza que nem sempre os dados macro econômicos traduzem a realidade. Um observador descuidado diria que estamos melhorando, já que a relação dívida - PIB caiu, dando maior segurança ao detentor da dívida publica. A realidade, no entanto, é outra.

O país paga o equivalente a 6,2% do PIB de juros da dívida interna. São R$ 119,7 bi. Isso mesmo, o dobro do que o Brasil investe e gasta em educação por ano. Há o agravante de que todo esse recurso é renda, descontada a inflação. Esse volume de recursos está diretamente associado à alta taxa básica dos juros de nossa economia, no caso 12,50% ao ano.

Como o governo emite títulos remunerados pela Selic - pré-fixados e por uma cesta de índices - pagamos uma média um pouco maior do que a Selic. Todo esse dinheiro sai do Orçamento Geral da União, ou seja, dos impostos que pagamos. Ele recai sobre empresas, famílias e cidadãos.

Esses recursos poderiam ter outros destinos

São recursos que poderiam ser investidos para pagar parte da dívida, ou para reduzir impostos, por exemplo, da exportação e da produção. Com isso, aumentaríamos duas vezes nossa a competitividade: de um lado, com a redução dos juros e dos impostos; de outro, com mais recursos para financiar novos investimentos em educação, inovação e em infraestrutura.

Essa é a verdadeira questão da nossa economia. Claro, há o câmbio valorizado, mas a alta taxa de juros é a grande responsável por limitar nossa competitividade. Devemos analisar os fatos e os números. É fato que o Tesouro, no caso, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), tem administrado o acréscimo de endividamento com medidas positivas.

O órgão tem aumentado o seu prazo médio; reduzido a dívida de curto prazo; substituído – gradualmente e sem desequilibrar o mercado de títulos públicos - os papéis remunerados pela Selic por outros com rentabilidade pré-fixada, ou vinculados a índices de preços; e tem mantido a construção de uma estrutura a termo das taxas de juros nos mercados interno e externo para ampliar a liquidez de seus papéis.

Maior eficácia à política monetária

Tudo isso melhorou o estoque da dívida pública, reduzindo a participação dos papéis indexados à Selic, que representam quase 1/3 do total (algo em torno de R$ 550 bilhões), e permitirá uma maior eficácia aos efeitos da política monetária do Banco Central.

Mas o fato é que, no mandato da presidente Dilma Rousseff vencem 80% do estoque da dívida financiada à taxa Selic. A questão é como reduzir substancialmente o financiamento à taxa Selic e, assim, não destinar 6,2% do PIB para pagamento do serviço da dívida interna. E como desvincular o aumento dos juros, para efeito de política monetária, dos gastos do serviço da dívida interna.

PAC: 89% dentro do orconograma


A reportagem exibida ontem pelo Jornal Nacional é um primor de “urubologia”.

Com uma edição digna de programa eleitoral do PSDB, com números negativos exibidos em computação gráfica e imagens de obras supostamente paradas.

Numa tentativa de transformar o sucesso em fracasso, não há uma palavra sobre 89% das obras monitoradas estarem em ritmo adequado, enquanto 8% estão em estado de atenção, 2% têm execução preocupante e 1% já foi concluído, até porque são obras pesadas, que não se fazem com um estalar de dedos. Esse é o número em valor, o critério mais adequado, porque não distorce o quadro, misturando pequenas obras com grandes projetos.

Em resumo: 90% está dentro do planejado e 10% apresenta problemas. Mas a Globo faz matéria apenas sobre os 10%.

Nem uma palavra sobre já estarem contratados R$ 25 bilhões para obras de saneamento, 87% deles em obras cuja execução está em torno de 50% realizada.

Nem um segundinho para a informação de já entraram no sistema elétrico brasileiro 2 mil megawatts gerados por obras do PAC 2. Ou que 83% dos projetos de urbanização em áreas precárias estão em andamento, satisfatoriamente.

Mas muito tempo para o senador Alvaro Dias – aquele vice “viúva Porcina” de Serra, o que foi sem nunca ter sido – e para um economista da “Contas Abertas” (aquela mesmo cujos fundadores estiveram às voltas com os problemas panetônicos do Governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal.

A gente posta aí em cima o vídeo da apresentação feita pela Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para você ver, em detalhes, o que a emissora não deu. Quem quiser ter acesso ao balanço completo, pode acessá-lo aqui.

A Globo, por aí, vai sangrar na veia da saúde do Governo Dilma.

Porque ela pode ter defeitos, mas um deles certamente não é o de ser incapaz ou tolerante com atrasos e incompetência na gestão de projetos.

Mas isso tem dois aspectos bons.

O primeiro, que a Globo pode distorcer a realidade, mas não é capaz de revogá-la.

O segundo, o de que está se encarregando de mostrar que a comunicação do governo não pode ser baseada no que a grande mídia chama de “liberdade de expressão”, que é ela falar sozinha.

Quem sabe assim o pessoal de lá se convence de que precisa falar claro, mostrar os fatos e dar à imensa rede de solidariedade ao projeto que Dilma os meios para combater a “urubologia” global?

do Tijolaço

por Luis Fernando Verissimo

Fada Boa contra Fada Má

O jantar anual da associação dos correspondentes estrangeiros em Washington é uma oportunidade para políticos locais dizerem coisas que normalmente não diriam e rirem de si mesmos.
Começando pelo presidente da República, que é sempre convidado a falar e sempre fala no tom autodepreciativo que se espera de um cara legal, gente como a gente.
Num desses jantares mostraram um clip, especialmente gravado para a ocasião, do George Bush no gabinete da Presidência olhando dentro de gavetas, atrás das cortinas e embaixo dos móveis e dizendo: “Aquelas armas de destruição em massa têm que estar em algum lugar...”
Seria mais engraçado se a invasão do Iraque ordenada por Bush, motivada pelas armas de destruição em massa que não estavam lá, já não tivesse matado alguns milhares de pessoas. No mesmo jantar, Bush fez outra piada tática.
Falou da elite econômica americana, dos milionários e dos arrogantes barões de Wall Street, “que vocês chamam de gatos gordos e insensíveis e eu chamo de... meu eleitorado”. Risos. Palmas. O cinismo faz muito sucesso nos tais jantares.
Bush não decepcionou seu eleitorado. Foi fiel à tese de que deixando os gatos gordos se lambuzarem com concessões e privilégios, como cortes dos seus impostos e pouco controle dos seus excessos, algum benefício escorreria para a maioria.
A famosa trickle-down economics da era Reagan ainda perdura, e Bush tornou o melado ainda mais doce para os ricos. Essa briga entre os republicanos e o Barack Obama sobre elevar ou não o teto para o endividamento americano e como fazer para diminuir o déficit nacional é — ou era, imagino que já tenha se resolvido, ou dado empate — entre o legado de Bush e a mínima ação do Obama de defender o seu eleitorado do poder da ganância.
Um lado quer diminuir o déficit cortando gastos sociais e mantendo intocados os privilégios dos ricos, o outro quer manter os gastos sociais e taxar mais os ricos.
O Obama não está sendo, no governo, exatamente o que seu eleitorado esperava. Compreende-se, tem que ser mais flexível do que coerente para lidar com um Congresso hostil e cuidar da sua sobrevivência, não só política mas — a julgar pela retórica cada vez mais furiosa da direita contra ele — física também.
Mas na questão de quem deve pagar pelo déficit nenhuma flexibilidade era possível. Tratava-se de escolher entre leite para crianças e mais lucro para banqueiros, Fada Boa contra Fada Má.
Mas estou escrevendo antes do desfecho da briga, não sei se o Baraca cedeu. As Fadas Boas andam em recesso no mundo todo.

Multiculturalismo: A farsa intelectual

Os atentados na Noruega deram um gás ao debate sobre o multiculturalismo. O conceito propõe validar as diversas culturas no mesmo nível, rejeitar a ideia de umas estarem acima de outras.

E portanto rejeitar a prerrogativa de umas imporem normas e restrições a outras.

Em geral a crítica ao multiculturalismo é "ocidentecentrada". Uma forma extrema foram os terríveis atentados de Oslo. O maluco -no grau em que ainda for diagnosticado- imbuiu-se da missão de guerrear contra a presença islâmica na Europa.

Um parêntese. Não é por o sujeito ser maluco que seus atos estão imunes à análise política. Aliás, sanidade mental nunca foi requisito para a atividade.

De volta. Agora na Noruega um sujeito decidiu pelo terror contra o multiculturalismo.

Ainda que o assassino possa recusar o rótulo. Dizer que é guerra, não terror. Nem é tão novidade assim. O terrorismo sempre encontra uma justificativa, uma maneira de apresentar-se legítimo.

De um lado e de outro, se for mesmo para dividir a coisa em dois lados antagônicos, como propôs a mente perturbada de Anders Behring Breivik.

Entrar na polêmica sobre o multiculturalismo é complexo. O debate costuma vir carregado de sentimento de culpa ocidental-cristão. Ou judaico-cristão.

Assim, as demais culturas e religiões ganham legitimidade adicional para se apresentar como formas de resistência.

No Brasil tolera-se que índios matem seus filhos portadores de deficiência. É olhado como traço cultural a respeitar. Porque são índios.

É capaz de o mesmo sujeito numa hora criticar, com razão, os governantes incapazes de providenciar acessibilidade e na outra defender o indígena cuja cultura autoriza matar crianças deficientes.

E se olhássemos os atos do maníaco de Oslo pelo ângulo do multiculturalismo? Ainda que apenas como exercício intelectual? A conclusão seria aterradora. Em vez de simplesmente condenar, estaríamos obrigados a “tentar entender”.

Condenados a “combater a origem do problema, e não suas manifestações" extremistas.

Assim como “tentamos entender”, ou tentávamos, o Exército Republicano Irlandês (IRA), o Pátria Basca e Liberdade (ETA). Ou o Hamas. Ou o Hezbollah. Ou a insurgência iraquiana. Ou o terror curdo contra a dominação turca.

Ou talvez o Unabomber.

Supostos motivos para o terrorismo sempre haverá, sempre será possível formulá-los, construí-los sobre os alicerces da vitimização.

Pode ser o Islã vitimizado diante de um Ocidente sedento de petróleo. Ou pode ser a Europa vitimizada por uma invasão bárbara.

Note-se que a posição de vítima, por essa linha, é fonte suficiente de legitimidade para praticar a violência não-estatal, para romper o monopólio estatal da violência. Daí a batalha por esse nicho, o do vitimizado.

É uma guerra central de nossa época. Se a vítima pode tudo, ser vítima confere uma vantagem insuperável.

O portador da insígnia dominará uma posição estratégica, autorizado a usar todo tipo de arma contra o inimigo. E sem a recíproca.

Essa disputa pelo spot de vítima tem base lógica, talvez na autodefesa da espécie, porque o multiculturalismo para todos seria, no limite, completamente disfuncional. Como se deduz do caso norueguês.

Para a sobrevivência de alguma civilização, uns precisariam ter mais direito ao multiculturalismo que outros. Ou, aí sim, viria a barbárie.

No multiculturalismo para todos, o assassino de Oslo deveria, na preliminar, receber a mesma carga de compreensão piedosa reservada, por exemplo, aos insurgentes iraquianos.

E em vez de condenação talvez merecesse concessões.

Idem os agentes iranianos que explodiram o centro comunitário judeu em Buenos Aires.

Eis por que o dito multiculturalismo é forte candidato a farsa intelectual.

Ou seria para todos ou para ninguém. Mas quem defendesse a primeira opção estaria obrigado, entre outras barbaridades, a sair em defesa do assassino de Oslo.

Banda Huaska - O machete

Copa de 2014

Dilma exalta Pelé e fala em Copa histórica

Com a participação de astros da música e da tevê, a cerimônia de sorteio das eliminatórias do próximo mundial de futebol, realizada no Rio de Janeiro, ganhou tom político no pronunciamento da presidente Dilma Rousseff. Diante do dirigente máximo da Fifa, Joseph Blatter, ela prometeu uma edição histórica do torneio e enalteceu Pelé, embaixador honorário do evento, chamando-o de "meu querido". Sentado na primeira fila, o "rei" acabou roubando a cena, sendo aplaudido efusivamente.


Uma frase antológico

“A corrupção nasceu com Adão, implementou-se com Eva e só termina quando o último homem sair da face da terra, levando pela mão a última mulher”, Jarbas Passarinho