O que será um laço? Será que sabemos diferenciar um laço de um nó?

 Do poeta e escritor gaúcho Mário Quintana, encontramos uma preciosidade que fala sobre algo muito simples: um laço.
Escreveu ele: Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah, então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!                                                                                 Mário Quintana


por Luis Nassif

As 1000 faces de Millôr
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Há o Millor humorista, o teatrólogo, o tradutor, o Millor dos hai-kais e o Millor do Pasquim, o Millor do Cruzeiro. Em todos os momentos uma referência de pensamento libertário e anarquista, desde a mais tenra idade até os últimos anos.

O grande Millor está hospitalizado, vítima de um AVC aos 89 anos. 89 anos! e ainda produzindo com a vitalidade de um jovem, o Millor que produziu ininterruptamente dos 16 aos 89 anos.

É difícil saber qual Millor foi o maior. Para mim, o ilustrador, um gênio absoluto.

Comentário de Fábio:

....É,....este,.... é,.... outro.

...Outro,...."gênio", nacional.

...Ele escreve,...desenha,...pinta,....bórda,......fáz thiatru,....cinema,....cozinha,.....lava, sê lava não

....cozinha.......se cozinha não lava.....e por aí vai.

....Nóssa,..senhora...!

...O construtor de "ÓCAS ",....o famigerado,.... "OSCAr " Niemayer, eu já descrevi várias vezes

....aqui,....sobre a " genialidade " de sua "óbra".

....Algumas vezes eu tentei ler o tal de,..... "MILLOR"....!

....Depois ô ví num "roda viva",..... onde ele se AUTODENOMINAVA um "gênio".

....Palavras dele..: " NINGUÉM TEM COMPETÊCIA PRÁ ME CRITICÁR "

....O piór,....é que além de metido ele é feio.

....Achar "graça" nos textos dele,....EU,....NUNCA CONSEGUÍ.

....Até hoje eu fico só observando os "fãns" dele.

....Ele parece que saiu daquele filme de monstros do DAVID BAWUER,...lembram ?

...Nos anos 80.

...Esqueci o nome do filme.



Laços de afeto 2

Tem toda razão o poeta em sua analogia. Amor e amizade são sentimentos altruístas.
Quem ama somente deseja o bem do ser amado. Por isso, não interfere em suas escolhas, em seus desejos.
Sugere, opina, mas deixa livre o outro para a tomada das próprias decisões.
Quem ama auxilia o amado a atingir seus objetivos. Nunca cobra o ofertado, nem exige nada em troca.
Quem ama não aprisiona o amado, não o algema ao seu lado. Ama e deixa o amado livre para estender suas asas.
Assim crescem os dois, pois há espaços para ambos conquistarem.
Na amizade, não se faz diferente o panorama. O verdadeiro amigo não deseja que o outro pense como ele próprio pois reconhece que os pensamentos são criações originais de cada um.
Entende que o amigo é uma bênção que lhe cabe cultivar e o auxilia a realizar a sua felicidade sem cogitar da sua própria.
Sente-se feliz com o bem daquele a quem devota amizade. Entende que cada criatura humana é um ser inteligente em transformação e que, por vezes, poderão ocorrer mudanças na forma de pensar, de agir do outro.
Mudanças que nem sempre estarão na mesma direção das suas próprias escolhas.
O amigo enxerga defeitos no coração do outro, mas sabe amá-lo e entendê-lo mesmo assim.
E, se ventos diversos se apresentam, criando distâncias entre ambos, jamais buscará desacreditar ou desmoralizar aquele amigo.
Tudo isso, porque a ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.
Um laço que ata... Um laço que se desata..
Aqueles a quem oferecemos o coração, poderão se distanciar, buscar outros caminhos, atravessar outras fronteiras.
Eles têm o direito de assim proceder, se o desejarem. De nossa parte, lembremos da leveza do laço e cuidemos para que não se transforme em nó, que prende e retém.

Redação do Momento Espírita, com base em versos do poeta Mário Quintana e no cap. 12, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier

Velho Sábio 

Laços de afeto

O que será um laço? Será que sabemos diferenciar um laço de um nó?

Do poeta e escritor gaúcho Mário Quintana, encontramos uma preciosidade que fala sobre algo muito simples: um laço.
Escreveu ele: Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah, então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
                                                                                 Mário Quintana

Decore sua casa com obras de arte originais.

Galeria de Gravuras


 
 
     

Wilton Pedroso

Wilton Pedroso
Serigrafia
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Wilton Pedroso

Wilton Pedroso
Serigrafia
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Volpi

Alfredo Volpi
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Aldemir Martins

Aldemir Martins
Litogravura
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Paulo Pasta

Paulo Pasta
Serigrafia
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Eduardo Sued
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Cofres

Classe econômica

O tradicional cofre de porquinho ficou estilizado e disputa espaço nas lojas de presentes com outros animais e objetos engraçados. Junte as moedas e escolha o modelo que mais se adequa à sua decoração

Independente das crises econômicas, do sobe e desce das bolsas de valores ou do aumento nas taxas de juros, os cofres para guardar moedas continuam em alta. Muito usados pelas crianças, que ainda não têm autonomia para fazer parte do sistema financeiro, eles também encantam os adultos pela criatividade.

O porquinho ainda é o mais tradicional e ganha releituras fashion nas mãos de designers e artesãos. Mas as vaquinhas e ovelhas também têm vez no universo das poupanças caseiras. Além da função utilitária, os cofres viraram peças de decoração. O tom irreverente predomina em muitas peças, porém, há aquelas mais sóbrias, feitas de materiais como a argila, que expressam um estilo rústico, bem com cara regional.

Os modelos são inovadores no uso das formas e cores e, principalmente, não precisam mais ser quebrados!

O Eva fez uma varredura pelas lojas de Fortaleza e traz sugestões de cofres para os adeptos de uma maneira mais econômica de ser.

NAIANA RODRIGUES
ESPECIAL PARA O

EVA


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Modelo ultracolorido e com design moderno (Aderezo - 3023.2316)

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Chefe irreverente (Arte e Papel - 3241.3727)

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Ovelha felpuda e gatinho de olhos arregalados (Imaginarium 3241.0111)
FOTOS: MARÍLIA CAMELO E VIVIANE PINHEIRO

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Cifrão em cerâmica com pintura metalizada (Tok & Stok - 3308.3000)
FOTO: DIVULGAÇÃO

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Porquinho de estilo tradicional feito de cerâmica (Tok & Stok)
FOTO: DIVULGAÇÃO

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Vaca louca (Arte e Papel)

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Porquinhos gêmeos (Filó - 3254.7697)

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Modelo satiriza quem não respeita as leis de trânsito na forma de um motorista depois da colisão (Arte e Papel)

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Briguilino


por Valter Pomar

As chagas do Brasil

"Chaga" é uma palavra antiga, quase em desuso. É bem mais forte, porém, do que "ferida", pois parece conter uma carga simbólica que esta não tem. Pois bem: dentre as chagas da sociedade brasileira, três talvez sejam as mais denunciadoras do nosso subdesenvolvimento (este vocábulo, embora bem mais recente, soa como completamente fora de moda!): o analfabetismo, a violência policial e o trabalho escravo. Parece inacreditável, mas no Brasil ainda existe trabalho escravo, em pleno século 21.

Ao comparecer ao Senado no dia 3/2, para participar de reuniões sobre o assunto, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), pediu apoio à bancada ruralista no combate ao trabalho escravo. "Eu acredito que mesmo a bancada ruralista na Câmara dos Deputados e no Senado pode ter amplo interesse nisso. Porque o agronegócio brasileiro não se confunde com o trabalho escravo. Produção de grãos, a produção primária no Brasil, não tem trabalho escravo. Onde tem trabalho escravo, tem que ser punido", declarou a ministra, segundo reportagem de Rachel Librelon e Silvia Mugnatto publicada pela Rede Brasil Atual.

A ministra tocou num ponto importante, nevrálgico. Isso porque, se há escravos, há senhores de escravos. E quem são esses senhores de escravos? Ora, em sua maioria, fazendeiros e grileiros, que fazem parte, portanto, da base social da bancada ruralista. A mesma bancada que faz oposição cerrada à revisão dos índices de produtividade da terra, essenciais à reforma agrária; a mesma bancada que pretende reduzir o Código Florestal a uma caricatura; a mesma bancada que, sim, vem se opondo a medidas efetivas contra o trabalho escravo, tendo como porta-voz maior a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Lula - Desmentindo teorias

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"Essas reuniões são nosso encontro com as ideologias que diziam estar perdidas. No Fórum nos reunimos para dizer que um outro mundo é possível e necessário... É cada vez mais forte a consciência de que o Consenso de Washington faliu... Aqueles que com arrogância nos davam instruções não evitaram a crise. Hoje somos parte essencial e incontornável da solução da crise internacional. Até recentemente predominava a tese de que o desenvolvimento só era possível para uma pequena fatia da população, qualquer esforço para afrontar a pobreza era visto, e ainda o é, como assistencialismo e populismo. A história está se encarregando de desmentir essas teorias..."

 (Lula, em discurso em Dacar. LEIA a cobertura completa do FSM clicando no ícone acima).



por Leonardo Boff

Uma esperança: a Era do Ecozóico

 Quem leu meu artigo anterior O antropoceno:uma nova era geológica deve ter ficado desolado. E com razão, pois, quis intencionalmente provocar tal sentimento.

Com efeito, a visão de mundo imperante, mecanicista, utilitarista, antropocêntrica e sem respeito pela Mãe Terra e pelos limites de seus ecossistemas só pode levar a um impasse perigoso: liquidar com as condições ecológicas que nos permitem manter nossa civilização e a vida humana neste esplendoroso Planeta.

Mas como tudo tem dois lados, vejamos o lado promissor da atual crise: o alvorecer de uma nova era, a do Ecozóico. Esta expressão foi sugerida por um dos maiores astrofísicos atuais, diretor do Centro para a História do Universo, do Instituto de Estudos Integrais da Califórnia: Brian Swimme.

Que significa a Era do Ecozóico? Significa colocar o ecológico como a realidade central a partir da qual se organizam as demais atividades humanas, principalmente a econômica, de sorte que se preserve o capital natural e se atenda as necessidades de toda a comunidade vida presente e futura.

Disso resulta um equilíbrio em nossas relações para com a natureza e a sociedade no sentido da sinergia e da mútua pertença deixando aberto o caminho para frente.

Vivíamos sob o mito do progresso. Mas este foi entendido de forma distorcida como controle humano sobre o mundo não-humano para termos um PIB cada vez maior.

 

Intensifica-se o bombardeio da tucademopiganalhada contra a reforma política

  Estava demorando, mas começou. Ou melhor, intensificou-se, e muito, o bombardeio de articulistas e blogueiros conservadores da velha e conhecidíssima grande mídia contra a reforma política, defendida por praticamente todo o Congresso Nacional.

Eles retomam, com força total, a campanha para desmoralizar as mudanças avançadas, necessárias e reivindicadas pelo país.  Foi assim em 2009, e tem sido assim sempre. A cada esforço político de tirar a reforma política do limbo, começa a gritaria, seja contra o voto em lista, seja contra o financiamento público de campanhas eleitorais.

No passado até a fidelidade partidária - um dos pontos centrais da nossa reforma, em qualquer época em que ela seja feita - era uma heresia. Só não foi quando o respeito à fidelidade interessou a oposição. Aí, grande parte da velha mídia conservadora apoiou descaradamente a famosa caça aos infiéis.

Querem manter o status quo a ferro, fogo e sangue

Deixar um partido da oposição para vir para o PT ou para uma legenda da base aliada do governo era uma heresia, um pecado mortal, a ser punido com cassação, quando não com a fogueira da execração pública. Aí, defendiam a fidelidade partidária a ferro, fogo e sangue.

Naquela época, sair da oposição para vir para o governo, nem pensar! Depois, quando o movimento se inverteu e houve a saída de partidários do governo para legendas da oposição, aí podia. Esta mesma velha mídia foi a primeira a sair em campo para defender o mandato de senadores e deputados que deixavam a base do governo para ir para a oposição.

Para esta situação, deixar o governo e ir para a oposição, não valia, nem tinha que ser aplicada fidelidade partidária coisa nenhuma, advogava, então, a mídia. Uma hipocrisia pura, que só ganha do cinismo com que atuam verdadeiros fariseus travestidos de articulistas e blogueiros.
Zé Dirceu


Ex-blog do Cesar Maia



Folha de coca

Ex-Blog do Cesar Maia

Cesar Maia

linha

          
1. A publicidade do governo boliviano diz que "folha de coca não é droga". E que droga é sua transformação química em cocaína. O uso da folha de coca vem de longe. Nem sempre seu uso foi considerado assim, trivial. Bartolomé Arzáns em seu "Relatos de la Villa Imperial de Potosí" (Plural Editores, Bolívia), escrito no início do século 18, num capítulo, destaca a folha de coca e seus efeitos, ("1674 - Da erva chamada coca", pág. 353). Potosí pertencia ao vice-reino do Peru. Sua montanha de prata financiou a Europa por uns cem anos. Arzáns fala do "enorme mal que afeta o Peru: possuir a erva chamada coca, que usam os ministros do diabo para seus vícios".
            
2. Cita Pedro Cieza, que dizia ("Crônica del Peru") que, em todo lado que ia, via os índios se deleitarem em trazer nas bocas a erva de coca, em pequenos bolos de onde sacam uma certa mistura. "Trazem essa coca na boca desde a manhã até dormir". Cieza perguntou aos índios qual a razão e eles disseram que, com isso, "não sentem fome e ganham grande força e vigor". Arzáns diz que a coca no Peru é "apreciada" pelo menos desde 1548 e "hoje" em Cuzco, La Paz e La Plata. E que na Espanha se enriquece vendendo coca.
          
3. Por acabar com a fome e dar grande força e vigor, nenhum índio entra em uma mina ou faz obras "sem levá-la na boca, mesmo que reduza a sua vida". Índio não podia entrar em mina sem estar mascando folha de coca.  Arzáns diz que experimentou e sua língua ficou "gorda, áspera e abrasada". Essa erva tira o sono dos índios, segue Arzáns, e com ela não sentem frio, fome ou sede. Os índios não podem trabalhar sem ela.  "Moída e em água fervendo, abre os poros, esquenta o corpo e abrevia o parto". Mas seu uso vira vício e o "demônio, que é o inventor dos vícios, faz notável colheita de almas".
            
4. A coca é usada pelas feiticeiras. "Os que se viciam se perdem e vivem de esmolas para manter esse infernal vício, que lhes priva do juízo, como bêbados, e lhes dá terríveis visões". Usá-la dá excomunhão. A famosa feiticeira Claudia a aplica e faz um homem deitar com uma velha pensando que é uma jovem, conta Arzáns. E que um espanhol rico foi morar com Claudia e comeu tortas pensando que eram as de sua terra.
            
5. Um músico convidado para uma casa viu que serviam coca em bandeja de prata e para, não falar sobre os viciados que vira, esses lhe suplicaram que a usasse. O músico saiu à 19h, vagando, e só chegou em casa à meia-noite. E segue contando Arzáns: "Um enfermo, ao beber a erva com licor, ficou bom. Mas morreu um ano depois. Uma mulher pediu a criada que lhe desse coca. Com a negativa, ela levantou-se furiosa e meteu um punhado da erva na boca e, dizendo disparates, caiu morta". Nem tão trivial assim.

                                                * * *

O SALÁRIO MÍNIMO DE 545 REAIS!
            
1. Um cafezinho custa, num botequim, R$ 1.
            
2. Uma família padrão -pai, mãe e dois filhos- acorda e cada um toma um cafezinho. São 4 reais. No almoço cada um toma um cafezinho. São mais 4 reais. No lanche cada um toma um cafezinho. São mais quatro reais. E no jantar outra vez e mais 4 reais.
            
3. Portanto, café da manhã, almoço, lanche e jantar são 4 reais x 4 = 16 reais por dia.
            
4. Em 30 dias são 30 x 16 = 480 reais. Isso corresponde a 88% do salário mínimo que querem dar, de 545 reais.
            
5. Se a família usa ônibus, só um poderá sair de casa por dia. E, assim mesmo, só durante 27 dias.  Confira as contas. 545 - 480 = 65. Dividindo pela passagem mais barata de ônibus, de 2,35 = 27,3.

                                                * * *

EVO MORALES QUER DENUNCIAR A 'CONVENÇÃO DE VIENA DE 1961' PARA GARANTIR O CONSUMO DE FOLHA DE COCA!

(La Razon, 01)  1. O presidente Evo Morales abriu a possibilidade de denunciar a Convenção de Viena, de 1961, sobre drogas, depois que sua cruzada para legalizar internacionalmente o consumo de folha de coca fracassou. Evo Morales anunciou sua decisão durante a saudação protocolar de início de ano, ao corpo diplomático acreditado na Bolívia.
        
2. A mastigação de folha de coca foi penalizada em 1961 pela "Convenção Única das Nações Unidas sobre Estupefacientes", que a classificou como "estupefaciente" e que deveria ser eliminada em um prazo não maior que 25 anos. Morales lamentou que seu governo não tenha logrado informar sobre os benefícios médicos da folha de coca a toda comunidade internacional e disse que "por falta de informação nossa não conseguimos evitar a objeção que alguns estão fazendo". O "Conselho Econômico e Social" da ONU não aprovou a emenda proposta pela Bolívia.

                                                * * *

EFEITOS DA "REFORMA ELEITORAL" PROPOSTA POR MICHEL TEMER!
            
(Estado SP, 06) 1. O vice-presidente Michel Temer propôs na "TV Estadão" uma reforma eleitoral onde seriam eleitos os deputados federais mais votados em cada estado, independente de votos na legenda. Isso acabaria com o puxador de legenda, que elege micro-deputados.
            
2. Aplicando esta regra às eleições de 2010 as bancadas federais mudariam. O PSDB ganharia 12 deputados federais. O PMDB 10, o DEM 7, o PT 3, o PSOL 2.
            
3. As perdas ficariam com o PV (-6), PSB (-5), PDT (-4), PTdoB (-2), PHS (-2), PCdoB (-1) PRTB (-1) e PSL (-1)
            
4. Obs.: Em resumidas contas, as coligações nos estados feitas pelos que ganham deputados, os prejudicaram, e pelos que perdem, os ajudaram. Por outro lado, perdem os partidos que têm muito voto na legenda.

                                                * * *

GLOBO: ENQUANTO HOMICÍDIOS DIMINUEM NO RJ/SP, VIOLÊNCIA CRESCE NO NORDESTE!

1. Na última quinta-feira, o Globo encaminhou perguntas ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre a violência no país. O jornal quis saber qual seria a explicação do governo federal para a diminuição dos homicídios no Rio de Janeiro e em São Paulo no mesmo período em que a violência aumenta de forma assustadora no Nordeste, inclusive em capitais com alto fluxo de turistas.
                        
2. Este Ex-Blog já explicou várias vezes que a razão disto está no deslocamento do corredor de exportação de cocaína para a África Ocidental. Antes, a via era apenas aérea e marítima pelos grandes aeroportos e portos internacionais em direção à Europa. Agora, são principalmente avionetas e barcos de porte médio que depositam a cocaína na costa ocidental da África e, em especial, da Guiné Bissau, hoje um narco-estado.
                        
3. Veja só o mapa.

                                                * * *

RIO URBE, A PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS E A CIDADE DO SAMBA!
          
(Riourbe)  O sistema de reaproveitamento de águas de chuva, outra novidade do projeto, é composto por dois reservatórios com capacidade para 300 mil litros cada e fornece água para limpeza interna e externa e para o sistema de combate a incêndio, outra grande preocupação na concepção do projeto. O sistema de combate a incêndio também inclui mais de 7 mil sprinklers distribuídos em todos os barracões. Os perfis metálicos das  estruturas dos prédios possuem uma proteção especial anti-fogo, garantindo ainda mais segurança na confecção dos materiais.

                                                * * *  

PRIVATIZAÇÃO DAS EMERGÊNCIAS SERÁ O CAOS NOS HOSPITAIS DA PREFEITURA DO RIO!
            
1. A prefeitura do Rio anunciou que privatizará, entregando à OSs, suas 4 grandes emergências dos maiores hospitais: Souza Aguiar, Miguel Couto, Salgado Filho e Lourenço Jorge. Essa é uma reação impulsiva e absurda aos problemas que vem enfrentando nos últimos meses, com as faltas de pessoal e materiais nos hospitais e, em especial, nas emergências, acentuadas nos fins de semana.
            
2. Esse caminho será o caos. Num grande hospital se terá duas cabeças de comando do mesmo espaço: público nos atendimentos ambulatoriais, cirurgias e internações e privado na emergência. A emergência não é um setor à parte. Ao contrário. É totalmente integrada ao hospital e, nos casos mais delicados, depende do setor de cirurgias. Além disso, se terá dois regimes salariais. Será impossível administrar maqueiros, enfermeiros e médicos que no mesmo corredor têm salários e direções diferentes. E sem servidor concursado, a memória da experiência, fundamental nas emergências, se esvai. É o caos anunciado.
            
3. (Globo, 06) Prefeitura entregará setores de 4 hospitais e 2 PAMs a organização social, para agilizar atendimento e evitar falta de médicos. As organizações sociais (OS) ampliarão sua atuação no setor. Uma delas ficará a cargo da gerência e do atendimento nas emergências dos quatro grandes hospitais da prefeitura: Souza Aguiar (Centro), Miguel Couto (Gávea), Lourenço Jorge (Barra da Tijuca) e Salgado Filho (Méier). Além deles, dois PAMs (Del Castilho e Irajá) serão incluídos no projeto de terceirização das emergências. O programa é uma tentativa da prefeitura de reorganizar o sistema, para agilizar o atendimento a pacientes e evitar a falta de especialistas.  O projeto foi batizado de Programa de Emergência e Urgência de Pronto Atendimento. As seis emergências serão monitoradas por uma base operacional.












Tejuçuoca e o Bolsa Cactus

Depois de criar o Bolsa Bode que ganhou dimensão nacional, o Município de Tejuçuoca, localizado a 155 quilômetros de Fortaleza, localizado no Vale do Curu, inova e cria o Bolsa Cactus, um projeto que tem como finalidade a ocupação e renda da comunidade de Riacho das Pedras a 12 quilômetros da sede. Inicialmente dez pessoas fazem parte do Teju Cactus, que produzirá espécies nativas e exóticas.

O lançamento da produção está previsto para o mês de julho, quando a cidade realiza a festa agropecuária Tejubode, um verdadeiro festival da culinária nordestina, este ano, com a presença já confirmada do cantor Leonardo.

Remuneração
Os bolsistas do programa recebem R$ 100,00 mensalmente para que possam custear despesas com as capacitações e dedicação permanente ao projeto pioneiro no Ceará. Quem participa do Bolsa Cactus não esconde a alegria de poder assegurar uma econômia a mais na renda familiar. É o caso de Antônio Evaldo Henrique da Silva que aposta na nova modalidade.

"Esse programa irá modificar o meio ambiente e fortalecer a cadeia produtiva, além de garantir mecanismos para o negócio fora do Estado. Estou muito feliz em poder estar entre os beneficiados desse grande empreendimento que só nos garante cidadania", comemora seu Evaldo da Silva.

Quem também não pensou duas vezes para ingressar na produção das espécies nativas, foi Maria Edilane Barbosa da Silva, que já está no Bolsa Bode. "São ideias que mudam a nossa vida e tornam-se economicamente importante, porque só depende dos nossos esforços e dedicação. Sou otimista com o que chega de bom a nossa região", elogia Edilane Barbosa.

"Mesmo com o projeto em fase inicial, todos os envolvidos já têm um grande acervo de matrizes de cactáceas, que servirão de apoio e ampliação do programa em outras regiões", lembra o secretário de Desenvolvimento Rural, Paulo César. Continua>>>

por Delfim Neto

Terrorismo Financeiro

Na medida em que se consolidam os dados sobre o comportamento de nossa economia em 2010, e se divulgam os números relativos às demais economias, torna-se cada vez mais claro que o Brasil soube enfrentar com muito mais competência os problemas da crise financeira nos últimos três anos do que a grande maioria dos paí-ses, notadamente os mais desenvolvidos.

Levantamentos recentes mostram que o mundo está longe de poder "fechar o balanço" da tragédia social representada pelo fato de que 30 milhões de trabalhadores perderam seus empregos e que a pobreza relativa voltou a níveis indecentes, como não se viam desde os anos 30 do século XX. Hoje já se contabiliza a perda impressionante de 5% do PIB mundial nesses três últimos anos, um recuo inimaginável até se entender a profundidade da patifaria que dominou os mercados financeiros na primeira década deste novo século.

Uma característica particularmente dramática em toda essa crise é que, mesmo nas economias que registram algum tipo de reativação nos meses finais de 2010, os índices de emprego não reagem ou se recuperam muito pouco. Nos Estados Unidos, por exemplo, o nível de desemprego se mantém muito próximo dos 10% da força de trabalho, isso apesar dos sinais de retomada do crescimento do PIB acima de 2%, e até uma expectativa de atingir 3% em 2011.

Nos países da Comunidade Europeia, com exceção da Alemanha, cuja economia retomou um ritmo mais vigoroso de crescimento em 2010, e da França, com expectativas mais moderadas, mas com previsão de maior crescimento em 2011, o panorama geral é desanimador. Sem contar as dificuldades que se renovam, mostradas a cada tentativa de previsão relativa às economias da Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal, as mais citadas.

Perfil totalmente diferente é o do Brasil, que mostra melhores resultados à medida que os números relativos ao PIB e aos níveis de emprego em 2010 vão sendo fechados: no setor trabalho, o ano vai registrar números finais com uma taxa de desemprego menor que 5% (na verdade a estimativa é de 4,9%, nas seis principais capitais). Significa que o Brasil ultrapassou a crise mundial, chegando a seu final com uma economia de pleno emprego e ainda mantendo no último semestre do ano a tendência de continuar evoluindo positivamente, com o aumento da oferta de postos de trabalho. Em termos mundiais, é o país que melhor derrubou as taxas de desemprego, num conjunto selecionado das 20 mais importantes economias desenvolvidas ou emergentes.

Uma comparação simples mostra como o problema do emprego caminhou nos EUA e no Brasil, com o agravamento da crise em 2008: entre janeiro e junho daquele ano a taxa de desemprego média americana era 5,2%, e subiu para 9,7% no primeiro semestre de 2010; o desemprego brasileiro, que era 8,2% naquele primeiro período, reduziu-se para 7,3% no segundo e continuou caindo até o fim do ano. É possível  identificar dois caminhos: Obama não conseguiu "fazer a cabeça" do consumidor americano nem reconquistar a confiança do setor produtivo, submetido ao jugo do poderoso sistema financeiro. Aqui, o nosso Lula sacou rápido o problema e, praticamente numa única e inspirada mensagem, convenceu o seu povo (trabalhadores e empresários da produção) de que a solução estava neles próprios: comprem e garantam seus empregos.

Pleno emprego, crescimento do PIB muito próximo de 8% em 2010, uma política econômica e social que perseguiu de modo crível o objetivo de dar igualdade de oportunidades a todos e melhorar a distribuição da renda entre as pessoas e regiões e mais a execução de programas de envergadura como o Bolsa Família, Luz para Todos e Minha Casa Minha Vida são marcas inegáveis do sucesso do metalúrgico de São Bernardo, um improvável estadista que se mostrou um líder mundial de real estatura.

Quem assina embaixo é o povo brasileiro, ao final desses oito anos de consumo em alta e redescoberta da autoestima: 87% declaram seu apoio ao presidente, 80% aprovam o seu governo e mais de 60% revelam suas esperanças na administração da presidenta que ele ajudou a eleger. Apesar disso, o povo é obrigado a conviver com o bombardeio meio terrorista de sociólogos, economistas e todo tipo de analistas financeiros que se julgam intelectuais de grande sabedoria e insistem em ocupar espaços na mídia para desmerecer os êxitos do antigo governo e disseminar a descrença e a desconfiança sobre o novo.

Não ganham, obviamente, a opinião popular, mas com certeza realizam alguns trocados na defesa do aumento da taxa de juros, objetivo principal que mal conseguem disfarçar…

PM do Rio ocupa 9 favelas

Bandidos fogem antes da chegada dos policiais...

 Forças de segurança do Rio e federais levaram menos de duas horas para ocupar nove favelas do Complexo de Sâo Carlos, no Estácio, e de Santa Teresa, ontem, de manhã.

Na operação, que reuniu as polícias Militar e Civil, fuzileiros navais, Polícia Federal e Polícia Rodoviária, nenhum tiro foi disparado. Blindados da Marinha deram apóio à ação.

A Secretaria de Segurança avisara com antecedência sobre a ocupação.

Traficantes das áreas fugiram para outra favelas, como Rocinha e Morro da Pedreira, em Costa Barros.

Para marcar a retomada do território, policiais soltaram sinalizadores com fumaça azul.

A operação antecede a instalação de três UPPs.


por Pedro Porfírio

Porque estou completando meio século como jornalista de carteira assinada


Naquele tempo, não havia faculdade de comunicação e os profissionais eram pinçados por sua vocação

 "Se é justo fazer as leis com maturidade, para fazer bem a guerra serve o entusiasmo... Audácia, ainda audácia e sempre audácia".

Georges Jacques DANTON, advogado e revolucionário francês (1759-1794)


 

 

 

 

 

 

 

 

Minha carteira de trabalho foi assinada em fevereiro.
Mas já em junho estava partindo para
trabalhar na Rádio Havana, em Cuba


 Lembrei-me que no próximo dia 16 de fevereiro estarei completando 50 anos de carteira assinada como jornalista.




Isto mesmo, meio século desde aquele dia em que a ÚLTIMA HORA, um trincheira daqueles idos, decidiu formalizar o contrato de trabalho. Fazia tempo, aliás, que eu trabalhava como estagiário, fazendo tudo o que um repórter faz. E quando digo repórter, falo de uma geração para a qual o jornalismo investigativo não era uma especialidade rara. Era a própria rotina.Para minha alegria, estão aí, ativos e lúcidos, os dois profissionais que me abriram as portas de uma redação-escola: Milton Coelho da Graça, hoje com 84 anos, que me pegou pelo braço e me levou ao jornal de Samuel Wainer, na Rua Sotero dos Reis, junto à Praça da Bandeira. E Pinheiro Junior, meu primeiro chefe de Reportagem, que sabia tudo de jornal e mais alguma coisa.


A data de 16 de fevereiro ape nas formalizava um contrato, quando eu ainda não havia completado 18 anos (nasci em 18 de março de 1943).


A bem da verdade, como cearense inquieto, sentei à máquina de escrever de um jornal, pela primeira vez, quando tinha 13 anos. Foi lá em Fortaleza, na TRIBUNA DO CEARÁ, que ainda usava máquinas planas de impressão. Na época, as primeiras referências naquela redação eram Tarcísio Holanda, hoje na TV em Brasília, e Osmar Alves de Melo. Eu escrevia dia sim, dia não, uma coluna chamada TRIBUNA DO ESTUDANTE.


Ao mesmo tempo, colaborava no Departamento de Esportes da Rádio Verdes Mares, então dirigido por Blanchard Girão, uma legenda do jornalismo cearense.
Preocupada com esse envolvimento precoce com o trabalho, minha família optou por internar-me no Ginásio Salesiano de Baturité, que outro dia fui ver, numa visita sentimental. Não adiantou. Lá, indignado com o sistema repressivo e com as simpatias dos padres pelo integralismo de Plínio Salgado ( só se lia o semanário A MARCHA e o mensário católico do comendador Arruda), juntei uma meia dúzia de três ou quatro colegas e fiz do giz ferramenta de comunicação rebelde. Dei trabalho ao padre Antônio Melo, diretor do colégio, ao padre Nazareno, o "prefeito" e a todos os que se surpreendiam com minhas pichações irreverentes e minhas blasfêmias.
No ano seguinte, em 1958, me levaram de volta à Fortaleza. E aí fui trabalhar, primeiro, no Departamento de Esporte da Rádio Iracema, com Francisco Alves Maia. Passei pela Gazeta de Notícias, com Dorian Sampaio, e voltei ao convívio com Blanchard Girão, agora no jornalismo político da Rádio Dragão do Mar.
Finalmente, antes de viajar sozinho para o Rio de Janeiro, pouco depois de completar 16 anos, mantive a COLUNA DO TRABALHADOR, no matutino UNITÁRIO, dos Diários Associados, indicado ao se cretário João Montalverne pelo amigo Carlos Jereissati, então deputado e presidente do PTB cearense.

No Rio, depois de passar um ano como secretário de Intercâmbio da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, fui levado pelo Milton Coelho da Graça para a ÚLTIMA HORA.


Foi passagem rápida. Já em junho de 1961 fui convidado para implantar o Departamento de Língua Portuguesa da Rádio Havana, em Cuba. O convite, quando eu ainda tinha 18 anos, pegou de surpresa os comunistas brasileiros do velho "partidão", que se consideravam mais aptos a indicar quem deveria trabalhar na ilha, que tinha apenas dois anos de regime revolucionário.

Mal sabiam eles que a lembrança do meu nome saiu de uma conversa entre Che Guevara e Carlos Olivares Sanchez, este, então, vice-ministro de Relações Exteriores.
É o que legendário guerrilheiro ficara impressionado com meus discursos no I Congresso Latino-Americano de Juventudes, realizado em Havana, em julho de 1960. Então, eu representava a UBES, juntamente com seu presidente, o maranhense Raimundo Nonato Cruz. A UNE era representada pelo vice-presidente Arnaldo Mourhté, mineiro, e Silvio Lins, da UEE de Pernambuco.
Já então, eu també m não aceitava a tutela dos "camaradas" do partidão, que queriam me dizer o que devia dizer naquele plenário. Também não era pra menos: os representantes do PCB eram o Salomão Malina, combatente da guerra civil espanhola em 1936, e Lindolfo Silva, presidente da ULTAB, União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil, fundada por ele em 1954. Ambos podiam ser figuras respeitáveis, mas já tinham passado da idade de participar de um congresso juvenil.
Voltei de Cuba um ano depois com a ilusão de que Francisco Julião iria promover a reforma agrária no Brasil "na lei ou na marra". Troquei o Hotel Havana Livre (antigo Hilton) pelas choupanas de Itereré, onde havia algumas usinas de açúcar, das quais a mais importante era a Santa Cruz, do inglês Mister Pitmann.
Ali também passei a desenvolver um sistema de comunicação ao nível dos camponeses e virei um colaborador do jornal O SEMANÁRIO, de Otávio Costa, patrimônio das lutas nacionalis tas daquela época.

Era muito sonhador, acho. Ao organizar uma liga camponesa na região, fiz um discurso em que citava a frase de Danton: "Se é justo fazer as leis com maturidade, para fazer bem a guerra serve o entusiasmo... Audácia, ainda audácia e sempre audácia".


Mandei essa frase na mateéria publicada pelo SEMANÁRIO. Resultado: quando fui submetido a sessões de tortura a Ilha das Flores, em 1969, o torturador Solimar, mais sádico do que investigador, com o recorte do jornal na mão, me fazia repetir a frase do Danton. E cada vez que pronunciava a palavra AUDÁCIA, levava uma chapuletada que me fazia ver estrelas.
Quando estava organizando camponeses no Mato Grosso, houve uma crise entre os editores do jornal LIGA e o comando da organização - Julião e Clodomir Morais. O semanário ia bem, nas mãos de intelectuais respeitadíssimos, como Wanderley Guilherme dos Santos e Luciano Martins, contado com colabora dores como Zuenir Ventura, Ferreira Gullar e outras estrelas que não me lembro agora.

Até hoje não sei o porque do racha. Mas aceitei a tarefa de não deixar o jornal parar. Para isso, contei com a ajuda de colegas da UH, como Victor Cavangnari, Vinicius Paulo Seixas, do diagramdor Jorge Brandão (depois artista plástico famoso) e daquele Osmar Alves de Melo, que me viu de calças curtas na TRIBUNA DO CEARÁ.


Em 1963, deixei a LIGA porque resolvi casar da noite para o dia e a "organização", já rachada, achava aquilo uma maluqice. O coração falou mais alto, quando tina 20 anos, e voltei para a ÚLTIMA HORA, dessa vez convidado pelo Teodoro Barros, outro excelente caráter, por muitos anos professor da UFF.
Por falar em racha nas ligas camponesas, uma curiosidade: no grupo dissidente estava o já advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo juntamente com seu pai, também advogado. Era uma fi gura admirada por sua integridade e por sua coragem. Carlos Araújo veio a ser mais tarde marido de DILMA VANIA ROUSSEFF LINHARES, que conheceu durante sua militância na luta armada. Ambos, depois da anistia, aliás, seguiram o mesmo caminho que escolhi - o PDT (e não o PT), mas essa é outra história.
O golpe de 64 me pegou em duas redações: na ÚLTIMA HORA, que apoiava (e se apoiava em) João Goulart; e no CORREIO DA MANHÃ, cujos editoriais BASTA e FORA, pesaram na deposição do presidente constitucional. Isto é, trabalhava para gregos e troianos.
Já no dia 24 de abril de 1964, com Samuel Wainer e Bocaiúva Cunha asilados em duas embaixadas, 22 jornalistas de UH foram sacrificados, numa limpa destinada a garantir a sobrevivência do jornal. Entre eles, lá estava eu, juntamente com João Saldanha, o Barão de Itararé, Otávio Malta e outros menos cotados.
Em compensação, o CORREIO DA MANHÃ se arrependeu do apoio ao golpe e passou a ser a trincheira contra os abusos dos militares. Aí tiveram liberdade de escrever contra o regime nomes como Carlos Heitor Cony, Otto Maria Carpeaux, Márcio Moreira Alves, Hermano Alves, Maurício Gomes Leite, Paulo de Castro, Antônio Houaiss e José Louzeiro. Incorporaram-se à resistência do CORREIO e pagaram caro por isso nomes como Artur Poerner (cassado porque seria eleito deputado em 1966), Alberto Rajão, Fabiano Vilanova (este dois cassados como deputados estaduais, juntamente com Márcio e Hermano Alves, federais).
Bem, eu só queria escrever para dizer que me sinto muito feliz em completar MEIO SÉCULO de carteira assinada como jornalista sempre fiel aos meus sonhos daqueles idos. Nada me fez mudar. Nem as perseguições, as demissões políticas nos jornais, nem a tortura de 16 dias, nem o ano e meio de cárcere, nem a marginalização profissional depois da libert ação.
Não me fizeram mudar, nem mesmo e principalmente, o convívio com o poder, os cargos que exerci na administração pública e os mandatos eletivos.

Nada. Continuo sonhando com o mundo melhor, que, para ser melhor, tem que ser justo com dirigentes livres de todo e qualquer desvio de conduta, principalmente a corrupção, a enganação e a hipocrisia.


Para registrar a passagem desse meio século de jornalismo, estou oferecendo meu livro CONFISSÕES DE UM INCONFORMISTA aos amigos que me escreverem manifestando interesse por ele. Uma certa vez, já fiz chegar o livro a muitos amigos. Tenho agora poucos exemplares: por isso, darei prioridade aos que escreverem por ordem de chegada.

No mais, devo dizer que, às vésperas dos 68 anos, ofereço como legado a mesma frase de Danton, que me custou tantos pescoções. E a certeza de que o sentimento rebelde, (a rejeição da inércia, do fato consumado, do arrivismo canalha), é o verdadeiro elixir da juventude.

 

 

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