Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

Mostrando postagens com marcador Operação Condor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Operação Condor. Mostrar todas as postagens

Começa nesta quarta a exumação, no Rio Grande do Sul, do corpo do ex-presidente João Goulart

Seus restos mortais serão levados de São Borja a Brasília, onde uma equipe internacional de peritos investigará se de fato Jango morreu de “doença”, como diz o atestado feito na Argentina, onde o ex-presidente brasileiro se encontrava, ou se foi envenenado pela Operação Condor quando se preparava para retornar ao Brasil em 1976.
Se se consumassem, a volta de Jango e o exercício dos seus direitos políticos retomados dariam um xeque-mate na ditadura empresarial-militar que o depôs em 1 de abril de 64 e nove dias depois o cassou por 10 anos.
Ao se abrir o caixão pela primeira vez (a urna chegou lacrada, sem que a própria família pudesse ver Goulart), dúvidas cruciais poderão ser sanadas. Há de fato um corpo dentro da urna funerária? É o de Jango? Ele foi assassinado pela Condor, uma rede de repressão política que os governos do Cone Sul montaram com apoio dos EUA?
Porém, por mais importantes que sejam as respostas a estas perguntas, elas ainda estão longe de esgotar as questões levantadas pela morte de Goulart. À Justiça cabe autorizar o interrogatório no presídio de segurança máxima em Charqueadas (RS), onde se encontra há mais de 10 anos, de Mário Neira Barreiro, do ex-agente secreto uruguaio que diz ter informações sobre a morte de Jango.
O Judiciário também precisaria inquirir, nos EUA, o ex-Secretário de Estado Henry Kissinger e os agentes da CIA Frederick Latrash e Michael Townley, que alimentaram a caça articulada aos opositores políticos na América do Sul. E à Dilma cabe solicitar aos Estados Unidos os documentos secretos daquele país que ajudem a explicar a morte de Goulart.
Movimentos do mesmo naipe fez o juíz espanhol Garzón, que mandou prender o ex-ditador chileno Pinochet pelas mortes de cidadãos espanhóis após o golpe que assassinou Allende no Chile. O general desfrutava na Inglaterra das benesses proporcionadas pela corrupção que engordou toda a alta cúpula militar das ditaduras da região.
E, para realmente seja consequente uma ampla revisão da historiografia e da Lei que Anistiou os torturadores do Estado, deve-se exumar também o corpo de outro presidente, Juscelino, que em agosto daquele fatídico 1976 faleceu em um mal esclarecido acidente automobilístico.
Urge, portanto, caminhar a passos largos para desmentir a história oficial de que o golpe foi dado por militares com apoio civil; que começou naquele 64; e que foi tramado por nacionalistas.
Documentação farta prova que empresas participaram da concepção do golpe e do financiamento à tortura e que golpistas se articulavam desde 54; pesquisas de opinião agora reveladas indicam apoio popular a Jango superior a 60%; e documentos desclassificados como secretos nos EUA mostram que Lyndon Johnson e seus maiores grupos econômicos foram tão protagonistas dessa história quanto Castelo Branco e a Fiesp.

Carlos Tautz, jornalista, é coordenador do Instituto Mais democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas