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Ladeira abaixo


Com a renúncia do vice-governador Paulo Octávio, a crise política do Distrito Federal dá mais um passo rumo à intervenção federal. É aquela história: ninguém quer, mas qual a saída? Não há. A intervenção é uma medida drástica, de alto custo político, mas está prevista na Constituição e serve para isso mesmo: emergências.
O governador José Roberto Arruda está preso. O vice Paulo Octávio renuncia. O primeiro presidente da Câmara Legislativa já caiu fora. O que restou é Wilson Lima (PR), nada mais, nada menos do que unha e carne com Arruda e com Joaquim Roriz, a origem de tudo. Mais cedo ou mais tarde, pode apostar que lá vem chumbo e denúncias contra Lima, que só pensa naquilo: mudar com a família para a residência oficial de Águas Claras! Pode?!
O último dos moicanos, ou o derradeiro na linha sucessória, é o presidente do Tribunal de Justiça do DF, Níveo Gonçalves, que já teve a lucidez de dizer, em entrevista ao jornalista Lucas Ferraz, da Folha, que não tem nada a ver com política e não aceita assumir o governo.
Enfim, gente, não sobrou viv'alma para assumir o governo e descascar o abacaxi até as eleições de outubro -- quando, aliás, a agonia continua.
Com os quadros da direita na lama e com a esquerda aturdida e frágil, o risco é a roda girar e a capital voltar ao ponto de partida com a volta de Roriz, que teve um mandato nomeado e três por eleição e, depois, foi obrigado a sair rapidinho do Senado para não ser cassado por desvios e corrupção. Ele é o pai de Arruda, de Paulo Otávio, de Wilson Lima...
Em sendo assim, o Supremo Tribunal Federal vai chegar a março, na hora de votar o pedido de intervenção feito pela Procuradoria Geral da República, com muitos dados gritantes a favor da medida. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se prepare: ele vai acabar tendo de nomear um interventor.
E seja o que Deus quiser!
Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.

Aparelhamento do Estado



A crise que atingiu o governo do DEM no DF, provocado pelo escândalo da corrupção do alto escalão, permite que alguns fatos venham a luz e iluminem algumas questões de importância política.
Este é o caso com a questão do loteamento da máquina pública para apadrinhados, correligionários e afins, objeto de inúmeros artigos em jornais e revistas, em se tratando do governo Lula e do PT, mas completamente silenciosos sobre às administrações estaduais da oposição.
Com o escândalo no DF, começaram a aparecer nomes de políticos do DEM, incluso de outros Estados, que recebiam por diversos serviços, remuneração do governo de Brasília.
Hoje, o jornal O Estado SP, nos mostra como esse loteamento no DF, utilizando os cargos comissionados, ou seja de livre provimento, está sendo movimentado para tentar salvar Arruda.
Agora ficamos sabendo que esses cargos de confiança no governo DEM-PSDB-PPS do DF atingem o fabuloso número de 18.368 cargos.
Esse gigantesco loteamento da máquina pública, agora exposta a luz do dia, é quase o equivalente a todos os cargos de livre provimento do governo federal espalhados em todo o país.
Um verdadeiro exercito de nomeações, loteando o governo do DF, suas empresas e autarquias, mas que não é uma exceção nos governos da oposição.
A exceção é a imprensa noticiar esse fato.
No caso do governo do Estado de São Paulo, há 16 anos nas mãos do PSDB, estes cargos de livre provimento são mais de 40.000, incluindo suas empresas e autarquias. Ou seja mais que o dobro dos cargos semelhantes do DF.
Nenhum jornal até agora fez qualquer levantamento, nem questionamento, deste fabuloso loteamento de cargos públicos, sem concurso, definidos pelo único critério da “confiança” dos que governam. salvo quando se trata do governo Lula.
No caso da oposição -e o DEM era um dos que mais apontava o dedo sobre o suposto loteamento de petistas- os jornais e revistas ficam calados. Eles só acabam aparecendo quando, como é o caso agora com o “panetonegate”, o escândalo atinge proporções impossíveis de serem ignoradas.
Porque não aproveitar a atualidade e por na pauta um levantamento sobre esses números nos diferentes Estados?
Ja temos os do governo federal, que segundo o artigo, é de 21.000, em todo o país. 


Já temos os do DF, mais de 18 mil. 


Que tal publicar os do Estado de São Paulo?