Por que Ciro Fujão Gomes, o supra-sumo da inteligência do universo teme enfrentar Lula nas urnas?

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Enquanto isso na América Latina

Que golpe militar que nada.
Somos uma democracia plena.

Artigo do dia


Lula, a lenda, está livre. Volta como o astronauta de mármore, por Armando Rodrigues Coelho Neto
Foi um julgamento teatral e empolado para discutir o óbvio cinicamente adiado, por várias vezes. Para quem não é do ramo, costumo dar como exemplo o seguinte: o Artigo 283 do Código de Processo Penal diz “A Paz é Branca”. Já o Artigo 5º da Constituição diz: “A Paz é Branca”. Mas, onze ministros se reuniram para decidir se era isso mesmo que estava escrito. Vergonhosamente, cinco ministros acharam que é mais ou menos cinza e que, branco não quer dizer branco (há uma ameaça vermelha no ar). Mas, seis outros magistrados, para tristeza da TV Globo, reconheceram: o que está escrito é mesmo, “A Paz é Branca”. Para vergonha da história da dita Suprema Corte, o placar foi de 6 x 5.
Falo de vergonha por que cinco ministros usaram como argumento a opinião pública, opinião esta que o ex-juiz Sérgio Moro fez questão de formar, enquanto fraudava a Justiça. Num conluio com a TV Globo, Veja, Jovem Pan, Folha, Estadão et caterva, o escambista Sérgio Moro trabalhou para que a sua própria opinião, sobre o que é ou não branco, se tornasse opinião pública. Entre cheques, chantagens, pressões de militares e das cadelas fascistas no cio, tribunais quiseram transformar em lei tudo o quanto o Marreco de Maringá pensa. Resultado, “A paz é branca” não queria dizer o que é.
A Globo deu dois mais dois ao povo, que fez a soma e deu quatro.
Foi assim que, “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, previsto no Art. 5º da Constituição, deixou de ser o que é. Tentaram sepultar a ideia de Estado como sociedade política e juridicamente organizada.
Entretanto, mudou o momento, e não sei se trato essa mudança como modulação do golpe. Chamo de modulação tudo o quanto calculadamente a cozinha do golpismo flexibilizou, como por exemplo, reduzir a pena de Lula e impedir a prisão de Dilma Rousseff (em mais uma palhaça policialesca da capitã do mato – Polícia Federal). Modulação da ópera bufa é meio pelo qual, para esfriar a oposição, o golpismo arrefece ânimos, sinalizando com boas perspectivas disso e daquilo.
Mudou o momento. Como diz um amigo, o conservadorismo perdeu a rua, e ninguém pode mais sustentar o discurso (falso) moralista na política, porque a “Bolso Family” abriu a latrina da hipocrisia elitista. O “bolso-fascismo” fez o favor de esmaecer o (falso) moralismo como arma política do arcaísmo brasileiro. O aparato midiático, militar, de justiça e de segurança no Brasil está associado ao golpe (ainda que o povão não saiba dar nomes às coisas). O que fica claro é que o STF passou a agir de acordo com a Constituição Federal, porque os cheques sem fundo do golpe estão voltando.
A prova inconteste é que Joyce já briga com Frota, que assaca filhotes do Bozo, os quais sublimavam suas taras sexuais assistindo filmes do parlamentar pornô, que de quebra, ironizou: “Você gostava, né?”, resumindo o “décadence sans élégance” do golpe.
O novo momento coincide com manifestações nos países vizinhos. Sobre o exemplar Chile já se concluiu: não era do modelo que gostavam, mas sim da paralisia dos chilenos que resolveram ir às ruas. O burburinho na América aqueceu com o fracasso do Macri (Argentina), enquanto a vitória de Morales abre espaço para mais um golpe. Ferve a América de Bolivar, Marti, San Martin e Atahualpa, do “Quando será esse quando, senhor Fiscal, que a América seja um só pilar” (Violeta Parra). Nesse novo momento, o golpe no Brasil já acabou com direitos trabalhistas, previdenciários, entregou Alcântara, vendeu Embraer e nosso petróleo na bacia das almas.
Nesse novo momento, o golpe no Brasil está escancarado para o mundo, com Moro desmoralizado. O Toffoli que protege (legalmente ou não) o filho do “Bolsonaro” é o mesmo que desempata um tribunal vergonhosamente dividido. O repórter Gleen Greenwald, que abriu a sarjeta do golpe, é agredido por fascista covarde. Há um surto psicótico no ar: quem se queixa de Lula livre cala com a família Marinho solta. Idem Aécio Neves, Cunha e Queiróz… Enquanto isso, um certo Coronel Curi, cujo nome ninguém sabe sequer como se se escreve, nem se existe, prega o terrorismo por meio de áudios. A PF não sabe, é claro!
Nesse contexto sem generosidade, de aparente retorno da legalidade, não há mesmo clima para manter Lula preso. A corja golpista precisou se livrar do abacaxi. Acuado pelo clima, Tantã Dinheirol e sua corja ministerialesca se apressaram em propor o semiaberto para Lula. Ah, vá! Lá pra suas “nega”, cambada de fascistóides!
Há nesse novo momento gente com ou sem gabarito cheia de certezas. Sofro por ter apenas dúvidas. Se Lula solto é bom para o golpe, não pode ser bom para o Brasil. Não sei por quanto tempo, acho que Lula Livre é bom, indiscutivelmente bom para o próprio ex-presidente. Há um ser que aceitou a regra do jogo para acabar com a fome e reedificar o humano. Há um guerreiro ferido com sucessivas perdas humanas: amigos, esposa, irmão, neto. Que apesar das cicatrizes da história, ainda que possa ter cometido erros, emerge gigante do sequestro político. Lula está livre com uma tornozeleira invisível. Cabe ao povo arrancar.
Mesmo assim, Lula Livre é esperança de novo nas ruas, mas não arrisco dar palpites. Sei que para o golpe, a sua grande sorte é que o maior líder deste País é um pacifista, que sequer permitiu que os que o aclamavam, na euforia da liberdade, mandasse o Bozo tomar… (Deixa que eu mando!).
Nesse contexto sem generosidade, de aparente retorno da legalidade, não há mesmo clima para manter Lula preso. A corja golpista precisou se livrar do abacaxi. Acuado pelo clima, Tantã Dinheirol e sua corja ministerialesca se apressaram em propor o semiaberto para Lula. Ah, vá! Lá pra suas “nega”, cambada de fascistóides!
Há nesse novo momento gente com ou sem gabarito cheia de certezas. Sofro por ter apenas dúvidas. Se Lula solto é bom para o golpe, não pode ser bom para o Brasil. Não sei por quanto tempo, acho que Lula Livre é bom, indiscutivelmente bom para o próprio ex-presidente. Há um ser que aceitou a regra do jogo para acabar com a fome e reedificar o humano. Há um guerreiro ferido com sucessivas perdas humanas: amigos, esposa, irmão, neto. Que apesar das cicatrizes da história, ainda que possa ter cometido erros, emerge gigante do sequestro político. Lula está livre com uma tornozeleira invisível. Cabe ao povo arrancar.
Mesmo assim, Lula Livre é esperança de novo nas ruas, mas não arrisco dar palpites. Sei que para o golpe, a sua grande sorte é que o maior líder deste País é um pacifista, que sequer permitiu que os que o aclamavam, na euforia da liberdade, mandasse o Bozo tomar… (Deixa que eu mando!).
Lula livre! Para quem sonhou com matar ideias, deter a Primavera pisoteando flores, não conseguiu sequer destruir o homem Lula. Menos ainda a lenda Lula, posto que este, enquanto “Força da Natureza” e gênio da raça, Lula é como cana de açúcar. Por mais que se esprema, se bata ou se entorte, sempre fica um pouco de doçura. É como massa de pão: quanto mais se bate mais cresce. Como Joana de Gota D’Água, está tão forte quanto o imaginavam fraco. Ressurge como “O Astronauta de Mármore” (Starman, de David Bowie, versão da banda Nenhum de Nós): “Estar lá, viver, voltar… Desculpe estranho eu voltei mais puro do céu…”
Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol em São Paulo.