Clik no anúncio que te interessa, o resto não tem pressa...

Crucificadas



Clique na imagem para ampliar

por Carlos Chagas


SOB A ÉGIDE DA DECEPÇÃO

Uma decepção.  À  expectativa otimista seguiu-se uma impressão frustrante por parte do governo  brasileiro, quanto à visita de Barack Obama a Brasília, sábado.
Dilma Rousseff fez o dever de casa, falou o que precisava em defesa de nossos interesses. Com educação, mas com firmeza, criticou as barreiras alfandegárias erigidas pelos Estados Unidos diante de nossas exportações de etanol, aço, algodão, carne e suco de laranja, entre outras.  

O visitante ficou nas generalidades, elogiando nosso crescimento econômico, nossa democracia, o combate à pobreza, a liderança que exercemos na América do Sul e a  necessidade de uma atuação global entre os dois países, mas nenhuma garantia de que nossas reivindicações específicas serão atendidas. Também a respeito do ingresso do Brasil  como membro permanente do Conselho de Segurança, apenas o comentário de que a  ONU  precisa ser aprimorada e que via a hipótese com apreço e simpatia.  

Não deixou de registrar-se  um certo mal-estar quando, pouco depois de anunciar a seus jornalistas que havia autorizado ataques militares à Líbia, Obama ouviu, num encontro reservado  com a presidente, que o Brasil defende uma solução pacífica para a crise no Norte da África. 

Para culminar, veio o clímax das baixarias já praticadas pela segurança americana há  algumas semanas: os gorilas exigiram revistar os ministros brasileiros que iriam dialogar com ministros e empresários dos Estados Unidos, num dos últimos compromissos do dia. Recusaram-se os nossos ministros a ser apalpados em pleno território nacional, retirando-se sem participar do encontro.

Melhor assim à  enganação que poderia ter-se repetido desde que o primeiro presidente americano nos visitou, Herbert Hoover, em 1928, no governo Washington Luís.  

O  cerco à Cinelândia, ontem, não foi aliviado pelo cancelamento do discurso que Obama faria das escadarias do Teatro Municipal, transferido para o interior daquela casa de espetáculos.  Mas perdeu para o fechamento do Cristo  Redentor.  Terão adiantado as promessas de um novo ciclo nas relações entre os dois países? Tomara.  

por Zé Dirceu

"Zona de exclusão", novo nome de invasão

É, invasão e bombardeio, agora, mudaram de nome e chamam-se "zona de exclusão aérea". Refiro-me, obviamente, àquela história de "zona de exclusão aérea" apovada 6ª feira pp. pelo Conselho de Segurança da ONU, pura balela, mera chancela da Organização para a invasão e bombardeio da Líbia, decididos já muitos dias antes.

Desde sábado, não há mais como esconder o óbvio: "zona de exclusão aérea" é eufemismo puro, o que as potências desenvolvidas querem - EUA à frente - é bombardear a Líbia. O presidente Muamar Kaddhafi anunciou, na 6ª feira mesmo, haver adotado o cessar-fogo e até pediu uma comissão internacional para fiscalizar a medida.

O que vimos? EUA e potências não quiseram nem saber. Despejaram bombas e mísseis na Líbia - 110 mísseis só no sábado, nas primeiras horas do ataque desfechado por EUA, França, Inglaterra, Itália e Canadá. Ontem (domingo), Kaddhafi garantiu que adotava novo cessar fogo. Que nada, sem inspeção externa ou destes próprios aliados, eles continuam despejando bombas por mar e ar na Líbia.

Obama interrompe reunião com Dilma para ordenar bombardeio

Aliás, o presidente dos EUA, Barack Obama autorizou o início dos bombardeios - decididos há muito tempo, independente do que Kaddhafi fizesse - exatamente no momento em que tinha a única audiência reservada de uma hora com a presidenta Dilma Rousseff e recebeu um bilhete de sua assessoria.

A secretária de Estado, Hillary Clinton, em Paris, ao lado de governantes da França, Inglaterra, Itália e Canadá animava o circo. Obama pediu um minuto à presidenta brasileira e na volta disse que autorizara o bombardeio da Líbia.

O resultado é trágico: a morte de civis. A ponto de a Liga Árabe - integrante da coalizão de países aliados - protestar. Algo mais ou menos na linha "êpa, a morte de civis não estava no combinado..."

Direitos humanos no Bahrein, Iêmen e Síria, como ficam?

Vale lembrar que o Bahrein continua invadido; o Iêmen rebelado e reprimido; e na Síria, 10 mil manifestantes protestaram no sepultamento dos 5 rebeldes mortos num ato da semana passada, numa cidade a 100 km de Damasco.

Assim, e a propósito: o Conselho de Segurança, EUA e aliados vão aprovar "zona de exclusão aérea" para proteger os direitos humanos da oposição e da população civil no Bahrein, no Iêmen e na Síria?

Lula recebe mais um prêmio

Abaixo uma babaquice sem nenhuma graça
Os fatos desmentem este argentino tucademopiganalha


Lula recebe mais um prêmio na Europa

FotoEX-PRESIDENTE LULA

O prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa, será concedido a Lula, no próximo dia 29 de março em Lisboa. 
Fontes oficiais informam que Lula foi escolhido por sua luta contra a pobreza e pela promoção do desenvolvimento econômico e da igualdade social no Brasil.
 A presidente Dilma deverá comparecer à entrega do prêmio na Assembleia da República Portuguesa.

Verbo

Pretérito perfeito

Baseado na vida real.
"É difícil diferenciar passado do presente, mas quando a gente sempre vive no presente e no passado é legal. Quando temos a experiência de ontem, a expectativa de hoje e do desejo de saber amanhã."

Por que digo isso? 

R: Hoje, quando acordei, tudo estava normal e que ele acreditava que tudo o que tinha planejado para hoje, dificilmente ocorrerá. certamente era um pensamento muito negativo. Quando me olho no espelho, notei que o meu corpo, rosto e até mesmo a alma, não eram como tinham sido antes. ambos tinham cicatrizes no meu rosto como o meu corpo e tinha amargura em minha alma.
Procure por algo que poderia explicar como ele deixar isso acontecer comigo, rapidamente explorar o meu passado, tentando encontrar aquelas ações que eu tinha feito esse mal, responsável por marcas e da amargura, tentar culpar alguma coisa, mas houve uma quem, ou talvez sim, talvez eu pudesse ser eu mesma, mas a palavra culpado é um termo muito forte para passar em você Você não acha?.
com a frustração, eu me perguntei isso é tudo?, não haviam culpados? "Ninguém para olhar com desagrado? ... e novamente eu me respondeu: sim, não e sim.

Sim, isso era tudo, sobre a culpa acabou, não tinha culpa, mas culpado (singular) de tais mudanças e marcas.
Se você tem um responsável, quem deveria ser era alguém que vivia em um corpo com marcas de amargura e tristeza no Álamo, um que eu não sabia bem, aquele que estava mais perto do que eu pensava, que era eu.

Por que temos dificuldade em aceitar que o que foi feito no passado estava sempre presente, quando estávamos em que queríamos isso, tanto ou mais do que quando um dia eu desejo fortemente para o futuro. ?

Então ... Vamos ter orgulho de cada marca e amargura que está em nosso ser, que é um grande exemplo de quem somos. Cada sinal que existe em nosso ser tem um teor elevado de experiência e de experiências obtidas no passado que nós usamos no presente e no futuro. Vamos ter orgulho de ter tido um passado, se foi ruim, porque muitos não têm sido capazes de viver o presente e mais do que um mate para viver sua não importa "como é ruim."

Vamos ter orgulho de ser uma história, lembre-se que nada acontece, porque se tudo é perfeita ordem. você, ele, ela e eu tenho um passado que poderíamos chamá-la perfeita.

Rede Social

O Orkut é um fenômeno. Só no Brasil. Trata-se de um daqueles casos que merece estudos mais profundos para encontrar as razões pelas quais a rede social (que aliás chegou ao mercado bem antes do Facebook) só faz sucesso por aqui. Um pouco também na Índia. Mas, nos chamados "mercados centrais" da Europa e Estados Unidos, o Orkut não decolou. Na terra do tio Sam, inclusive, a rede chegou a ser rejeitada justamente porque tratava-se de um território eminentemente tupiniquim. Dadas essas e outras circunstâncias, o Orkut ficou mínimo no jogo mundial, perto do verdadeiro fenômeno Facebook.


O Google demorou a ensaiar uma resposta à altura e acabou ficando a ver navios, numa seara em que eles mesmos foram pioneiros. Agora, pelo que se ouve e se lê de rumores, o pessoal de Moutain View quer voltar à arena e criar uma nova rede social. Essa nova ferramenta deve ser mais "vitaminada", mais global e com uma aposta maior na questão da privacidade, tudo para tentar abocanhar um pedaço do mercado em que o Facebook nada de braçada, amplia sua influência, arrecada milhões e joga uma sombra na soberania do Google como empresa onipotente no jogo do mundo virtual.



O movimento do Google é lógico. A empresa não pode se dar ao luxo de simplesmente não existir no terreno das redes sociais. E é sempre bom haver competição. Se a nova rede vai dar certo ou não, é exercício de futurologia. Do cenário todo, resta outra pergunta: 
e o Orkut, Como fica no meio de toda essa movimentação?

Patativa do Assaré

O Sertão dentro de mim", livro que será lançado hoje na Livraria Cultura, reúne experiências, em textos e imagens, da convivência do jornalista Gilmar de Carvalho e do fotógrafo Tiago Santana com o poeta


Poderia ser um bate-papo comum entre dois amigos que se admiram, respeitam e costumam tergiversar amenidades. Seria, se o encontro agendado em um final de tarde, no café da Livraria Cultura, em Fortaleza, não envolvesse dois dos mais atuantes profissionais da cultura cearense contemporânea: o jornalista e pesquisador Gilmar de Carvalho e o fotógrafo Tiago Santana.



Entre cafés, troca de livros, atualização de boas novas, um motivo especial justificava aquele encontro ímpar entre cearenses tão ilustres: os ajustes finais para o lançamento de "Patativa do Assaré - O Sertão dentro de mim". Organizado e produzido em parceria, o livro narra, em textos e imagens, a vida de outro cearense iluminado, seu Antonio Gonçalves da Silva, que, como o título da obra prenuncia, Patativa do Assaré.



Mas o livro que será lançado hoje, às 19 horas, nessa mesma livraria, com palestra informal, seguida de sessão de autógrafos dos autores, não é só mais uma pesquisa que vem à baila para homenagear nossa ave canora, em mais um de seus aniversários, já que o dia 5 de março marcou 102 anos da chegada ao mundo de Patativa, na Serra de Santana, em Assaré, sul do Ceará, em 1909.



Esse livro é quase íntimo, pessoal mesmo. Os envolvidos em sua concepção, Gilmar e Tiago, conheceram Patativa em seus silêncios, suas rotinas, construíram amizade, cultivaram convivência e privaram de momentos pessoais e intransferíveis. Nesse trabalho, textos e imagens transbordam de afeto pelo poeta que passou pela Terra cantando em versos as misérias do seu povo e a luta do seu tempo.



"Tive muito cuidado com o texto para não me repetir, pois já escrevi muito a respeito de Patativa. Daí veio a ideia do ABC, que é uma estrutura poética muito antiga, onde cada estrofe começa com uma letra do alfabeto. O resultado foram 23 textos na sequência alfabética. Devo dizer que não são textos acadêmicos, no sentido de ter auxilio de autores que ajudem a definir conceitos, com notas de rodapé e tudo mais", antecipa Gilmar de Carvalho.



A arte do povo



Tem mais. As letras que iniciam cada texto foram cortadas em xilogravura pelo artista da tradição João Pedro do Juazeiro, que, aliás, também colabora com seu entalhe peculiar, trazendo, na abertura do livro, uma bela imagem do homem do campo, com seu cigarrinho, sol a pino, casinha ao fundo, só esperando a chuva chegar.



"Esses são textos de minha relação afetiva com ele", diz Gilmar. "Das idas e vindas em aviões e carros, das dificuldades em chegar lá, do hotel ruim, da comida péssima, e do prazer em reencontrá-lo. Nesse trabalho conto momentos de iluminação e alegria quando o encontrava, e da consciência de saber que estava diante de uma pessoa tão especial. Tenho mais de 600 páginas transcritas de entrevistas realizadas com Patativa. Um dia vou ver como posso trabalhar isso", revela o pesquisador.



E se o jornalista Gilmar de Carvalho se mostra na intimidade do demiurgo sertanejo, o fotógrafo Tiago Santana reflete fragmentos da convivência de uma vida inteira, no ensaio realizado na virada do milênio, em 2000, dois anos antes do vôo final, ainda aos 93 anos, do menino violeiro.



"Nasci naquela região e, desde criança, mantive uma relação muito próxima com Patativa. Ele estava sempre na nossa casa, era amigo de meus pais (Eudoro Santana e Emengarda), que na década de 70 foram parar no Cariri por conta de perseguições da ditadura. Ele era muito politizado, conversavam longamente, ele me colocava no colo. Aliás, também segurou meu filho, João, nos braços. Posso dizer que as tardes de conversas em casa, tanta prosa, tanta poesia, me ensinaram a olhar o Sertão diferente. A poesia dele é repleta de imagens", diz Tiago.



O livro "Patativa do Assaré - O Sertão dentro de mim", de 144 páginas, editado pela Tempo d´Imagem e publicado pelas Edições Sesc São Paulo, também traz um primoroso texto do cabra que mais tem orgulho em ser do Crato, o jornalista Xico Sá. O relato de sua experiência pessoal com Patativa do Assaré é impagável, cheio de personalidade e trejeitos hilários, bem ao gosto do povo do Cariri.



A triste partida



A noite chegou rápida e após algumas poucas horas de conversa, compartilhada também, embora rapidamente, pelo fotógrafo Celso Oliveira, que registrou o encontro da dupla com sua Canon, e pelo ex-secretário de Cultura, Auto Filho, era hora da despedida. O professor Gilmar se ausentou primeiro, mas não sem antes fazer os devidos agradecimentos e despedidas, quase formais, mas elegante e cheio de altivez, como sempre. Tiago se demorou um pouco mais e, enquanto descia as escadas rolantes que deságuam no trânsito intenso do cruzamento das avenidas Dom Luís e Virgílio Távora, deixou transparecer a alegria quase infantil pela realização do novo trabalho.



"Sempre tive vontade de falar, utilizando as imagens, dessa experiência em conhecer o Sertão através de Patativa, porque ele foi muito importante no processo de aproximação com aquela região. Patativa é apaixonante, cativante e o material do livro muito rico de informações, vai permitir leituras diversas, tanto do ponto de vista das imagens, quanto dos textos. E estou satisfeito também por esse livro ter saído pelas edições Sesc SP, pois, acredito, proporcionará uma dimensão mais ampla, um alcance de distribuição nacional. Afinal, o Ceará e Patativa merecem", finaliza o fotógrafo Tiago Santana.



O livro foi viabilizado através da Lei de Incentivo à Cultura, do Minc, Banco do Nordeste, Instituto Agropolos e BSPAR.



ANÁLISE



Patativa, poesia, Juazeiro, cafés e cigarros



Conheci Patativa do Assaré ainda criança, em Juazeiro do Norte, quando era comum nossa ave canora participar de encontros e eventos populares que acontecem por lá durante todos os meses do ano. Mas, apesar do magnetismo que sua presença exercia, e do talento extraordinário em recitar, de memória, poemas extensos e complexos, Patativa em nada se diferenciava dos milhares de romeiros-sertanejos que determinavam até nossos calendários escolares. Mas, quando vim me dar conta da dimensão da sabedoria daquele senhorzinho de chapéu de massa, óculos rayban, camisa e calça de poliester, e, claro, com seu cigarrinho que permanecia eternamente apoiado no canto da boca, já frequentava os bancos da faculdade de Letras, na Urca. Aquele sertanejo tão comum nas escadarias da Matriz de Nossa Senhora das Dores, estava presente em diversos livros que passei a manusear desde então. 



Lembro de Patativa, sempre aos sábados, indo e vindo pela Rua São Pedro, se demorando na esquina das Lojas Masa, de seu Ivan Gondim, conferindo os últimos lançamentos em LPs e fitas cassetes. Ele vinha com seu matulão carregado de gêneros alimentícios e ´mezinhas´, e retornava no começo da tarde, ´amuntado´ nas rurais de lotação estacionadas na esquina das Casas Pernambucanas. Nosso derradeiro encontro, ele já aos 90 anos, se deu em sua casa, em Assaré, em um escaldante domingo. Nesse dia, sentados em cadeiras de balanço, conversamos e silenciamos muito, à base de cafés, cigarros e poesias. E como a vida mudou depois daquele dia.


LIVRO 



Patativa do Assaré - O Sertão dentro de mim Gilmar de Carvalho e Tiago Santana



TEMPO D´IMAGEM/SESC SP

2011
144 PÁGINAS
R$ 95
Lançamento, amanhã, às 19 horas, na Livraria Cultura (Av. Dom Luís, 1010 - Aldeota) . Contato: (85) 4008.0800



Trecho de "Cabra da peste"



"Eu sou de uma terra que o povo padece

Mas nunca esmorece, e procura vencer.
Da terra adorada, que a bela cabôca
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: o que há?
Eu sou brasileiro, fio do Nordeste, Sou cabra da peste, sou do Ceará".



NATERCIA ROCHA

REPÓRTER