PAULO FREIRE E A QUESTÃO DO DIALOGO PAULO FREIRE E A QUESTÃO DO DIALOGO PAULO FREIRE E A QUESTÃO DO DIALOGO

Os períodos antecedentes ao método e a visão Freireiana, são de repressão, pois é a herança do período da educação Jesuítica, que formou o nosso processo educativo, onde o professor impunha e o aluno seguia as normas, sendo apenas receptor. Um período onde não havia dialogo, liberdade de decisão, opiniões e idéias defendidas pelos alunos, o conhecimento é caracterizado inato, só alguns o possuíam e tinham a condição de absorvê-lo. Portanto a tendência tradicional era repressora causando uma educação que era influenciada e não influenciadora; produzindo critica e não criticidade. Neste caos educacional, surge Paulo Freire, com uma proposta de uma “educação libertadora”, para causar um novo enfoque a valorização da criticidade, como elemento produtor de uma “consciência critica” e esta ação causadora de uma liberdade temida pelo sistema. Pois, para este autor “Não poderá a consciência critica conduzir a desordem?”                                                                           (Freire, 1984, p.11) 
                         
O sistema tem temor pela manifestação consciente, da sua participação e valorização, o questionamento é produtor de confrontos, onde os dominantes nem sempre estão prontos para a refutação as suas defesas; surgindo assim as represálias aos que conhecem e que inculca na massa o conhecimento. As descobertas produzidas pelo conhecimento podem trazer certos conflitos existenciais, mas é preciso, pois abri uma nova oportunidade, a de vir a existir ocupando um espaço. A conscientização mesmo evidenciando uma conquista de um espaço, causa uma ameaça ao sistema, portanto muitos ao conquistá-la, preferem não torná-la perceptível, não lutando por sua emancipação, mas sujeitando-se ao silencio, para o direito às vezes ate a própria vida.   É preciso enxergar a liberdade, como uma conquista possível de todos os proletários, pois todos têm o direito ao senso critico; quebrando assim os paradiguimas dos princípios das classes dominantes. Vindo a incorporar o radicalismo, pois a radicalização é construtora de ideologias, que no divergir com a ortodoxia do sistema, visualiza um novo circulo de vida para a classe dominada, a de defesa e lutas pelos seus ideais. Sair de um sectarismo é um impasse muitas vezes para quem se apóia em uma segurança aparente, o revolucionário é um sonhador? Não, mas sim alguém que defende os direitos de manifestação verbal, como uma oportunidade para se construir o progresso de uma sociedade. Paulo Freire (1984, p.16) nos alerta para que "Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos”.


Os considerados fracos ou insuficientes podem fortalecer-se apartir de uma consciência das possibilidades que pode produzir o conhecimento e as descobertas das realidades que lhe são excluídas, pelo sectarismo. A manifestação de uma classe conhecedora de seus direitos é temida, por isso que o conhecimento é reprimido pelos que tem o domínio e costumam monopolizar a sociedade. O educador assim não deve impor, mas sim compor e construir ideais em uma classe, não limitar a esfera do saber, mas apresentar elementos que produzam um aperfeiçoamento, uma nova concepção de visibilidade, a de uma proposta emancipadora, pois que desenvolve sua intelectualidade se emancipa, surgindo assim um novo Ser, um humano que argumenta, por que sabe questionar, possuidor de convicções. Deste modo, a “liberdade, que é uma conquista, e não uma doação exige uma permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz”. 
(Freire, 1984, p.17)


No ato da busca, a dialética surge como fator preponderante, pois é conciliadora e interativa. Um Ser precisa interagir com outro, para que ocorra uma troca de idéias, propostas, sugestões e por fim uma educação construída com o ambiente em que se convive, onde no relacionamento os homens desenvolvem seus pensamentos, produzindo uma ideologia consistente, porque é fruto de um consenso e não de uma opinião e conclusão única. No dialogo as duvidas são extraídas, e o conhecimento é construído, é preciso interagir na dimensão da busca do saber. Quando a repressão não existe dialogo, pois se tem medo de manifestar as idéias expondo o que pensa e sabe, mas para a educação libertar, é preciso se comunicar, trocar informações, debater e confrontar, construindo uma idéia e desenvolvendo uma abordagem, fruto de um questionamento para se chegar a um consenso. É preciso praticar a solidariedade, pois a educação é solidaria, quem possui o conhecimento necessita compartilhar, e neste ato esta construindo o conhecimento, ninguém aprende sozinho, na visão de Freire o conhecimento não é inato, mas sim desenvolvido no contato com o ambiente físico e social em que se vive. A sociedade não é formada de um só enfoque, proposta e idéia; mas é preciso compartilhar as idéias, para que o que se propõe seja coerente saindo da subjetividade para uma objetividade que é progressista. A educação é fruto do meio, portanto o ambiente precisa ser produtivo para que na conciliação de idéias sejam construídos os ideais de uma sociedade, que necessita de uma educação que envolva as classes sem distinção, para que ocorra uma troca de saberes.


Nenhuma pedagogia ira produzir liberdade se estiver excluída das classes populares, as praticas culturais das classes reprimidas precisam ser estudadas, é preciso se interagir, esta é a proposta da dialética. O dialogo é libertador, construtivista e interacionista, três dimensões primordiais para uma educação eficiente e futurista. O dialogo porque produz a troca e conciliação, constrói uma nova consciência social, nesta conscientização surge à liberdade e a redenção dos que se encontram reprimidos pela opressão do sistema que é exclusivista. Assim, o autor realça que                                       “... Somente os oprimidos, libertando-se, podem libertar os opressores. Estes enquanto classe que oprime, nem libertam, nem se libertam.” (Freire, 1984, pg.23)
Danilo Sergio Pallar Lemos.
wwwsabereducar.blogspot.com

Mulher descobre em rede social que o marido casou-se com outra


Um americano de 41 anos será julgado no tribunal de Pierce County, em Washington, por bigamia - sua mulher descobriu por meio do Facebook que ele mudou de nome e casou-se com outra.

Em 2001, Alan O’Neil se casou com sua primeira mulher. Em 2009, ele abandonou a companheira, mas não se divorciaram. Em dezembro de 2011, mudou seu nome para O’Neill e casou-se com a outra – sem que a primeira soubesse.



A primeira mulher descobriu a existência da nova esposa quando o Facebook a recomendou como uma nova “amizade” na rede social, na opção “Pessoas que você pode conhecer”. Ao clicar na foto, a ex-mulher viu seu marido com a nova parceira, usando trajes de festa, ao lado de um bolo de casamento. 
por Guilherme Abati

Bichado, Carlinhos Cachoeira negocia delação premiada

O bicheiro preso no dia 29 de Fevereiro negocia com o Ministério Público um acordo de delação premiada. 

Nas investigações feitas pela PF - Polícia Federal - foram reveladas a relação do contraventor com políticos de vários partidos. 

Os mais importantes e conhecidos destes políticos são o Governador Marconi Perillo [PSDB] e o senador Demóstenes Torres [DEM]. 

Jovair Arantes [PTB e Carlos Alberto Léreia [PSDB] também conversavam muito com bicheiro.

O deputado federal por Goiás Rubens Otoni [PT] aparece em dois vídeos conversando com Carlinhos Cachoeira sobre doação de campanha [caixa 2].

Torço para que o acordo seja selado e o bicheiro revele os nomes de todos que fazem parte da sua extensa quadrilha. 

Quem for honesto se aguente. Quem é desonesto que se arrebente.

Salmo do São Briguilino

Para aliviar a alma

1 Responde-me quando eu clamar, Ó São Briguilino da minha justiça! Na angústia me consola; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração.
2 Filhos dos homens, até quando convertereis a minha glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira?
3 Sabei que o Sinhô separou para si aquele que é piedoso; o Sinhô me ouve quando eu clamo a ele.
4 Irai-vos e não pequeis; consultai com o vosso coração em vosso leito, e calai-vos.
5 Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Sinhô.
6 Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Lança Sinhô, sobre nós a luz do teu rosto
7 Puseste no meu coração mais alegria do que a deles no tempo em que se lhes multiplicam o pão e o leite.
8 Em paz me deitarei e dormirei, porque só tu, Sinhô, me fazes habitar em segurança.

Concurso da PF

A PF - Polícia Federal] abriu inscrições para preencher 100 vagas de papilocopistas e 500 de agentes federais. 

Poderão participar quem tiver curso superior e também tecnólogos. 

O salário é de R$ 7.515,33. 

Mais informações Aqui

O governo Dilma quer que a Petrobrás cumpra meta de produção e refino

Graça Foster, presidente: “Não adianta sonhar, sonho não constrói sondas”, afirmou, referindo-se à crise no EAS
Por Cláudia Schüffner, Heloisa Magalhães e Francisco Góes | VALOR
A nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês, deixou claro em entrevista ao Valor que pôs um fim à sua trégua com os estaleiros, aos quais a estatal tem encomendas de navios, sondas e plataformas. O principal alvo da executiva à frente da empresa, onde está há 32 anos, é atingir a meta de produção de petróleo, em 2020, de 6 milhões de barris por dia. A entrevista de Graça Foster ao jornal foi feita antes da decisão da saída da companhia coreana Samsung da associação no Estaleiro Atlântico Sul (EAS) com Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. A executiva teve reunião com a fabricante coreana na quarta-feira, na sede da companhia, e, na sua opinião, ou a Samsung tinha uma participação expressiva no EAS ou não fazia sentido ficar apenas na associação com apenas 5%, 6% ou 10%.
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
Valor: A Petrobras é criticada por descumprir as próprias metas de produção. Porque esse atraso?
Maria das Graças Foster: Nós estamos fazendo o que é previsível e, é um fato, a revisão do plano de negócios todos os anos. O plano de negócios termina e, em seguida, está sendo avaliado novamente. É nesse processo que nos encontramos. Na próxima semana vamos terminar toda a análise de 2012. Estamos pegando o plano de E&P [exploração e produção], abrindo completamente, olhando o que é eficiência operacional e começando a abrir [os números] como se fosse uma cebola, em cascas.
Valor: Há alguma boa notícia na área de produção?
Graça Foster: O que tem de muito bom acontecendo em 2012 é que começamos o ano com 16 sondas de perfuração operando. Ao longo de 2011 chegaram 10 sondas. Ao todo, são 26 sondas. E este ano chegarão mais 14 sondas, totalizando 40 [encomendadas].
Valor: A senhora pode falar sobre a visita que fez ao estaleiro EAS?
Graça Foster: Posso falar daquilo que cabe à Petrobras. Não posso falar das empresas porque não seria ético. Na quarta-feira, a Samsung [acionista do EAS, com 6% ]esteve aqui o dia inteiro reunida conosco.
Valor: A presidente Dilma pediu para a senhora auxiliar na negociação entre os sócios?
Graça Foster: Não recebi da presidenta nenhum pedido para tratar desse assunto. Como controlador desta empresa [Petrobras], o governo quer que a gente cumpra metas de produção, de refino, em relação ao etanol. Para produzir 6 milhões de barris de petróleo por dia [em 2020], tenho que resolver problemas de estaleiro. Nós contratamos a Sete Brasil e eu não vou ficar esperando a empresa resolver problemas que são muito maiores do que ela, pois sei de um problema que é claro de desempenho, abaixo da expectativa do mercado, por parte do Estaleiro Atlântico Sul.
Valor: E por que aconteceu?
Graça Foster: Porque não adianta sonhar, sonho não constrói sonda. Tem duas empresas brasileiras que têm tradição, empresas de envergadura que são Camargo Corrêa e Queiroz Galvão e outra empresa espetacular, a Samsung, que produziu o maior número de sondas de perfuração do mundo. Não adianta vir com 5%, 6% ou 10% [de participação societária] para o Brasil. Isso não funciona, não prospera. Não será possível fazer se a Samsung não crescer em participação societária. Não se pode imaginar que a Samsung, que tem um mercado lá fora que é todo dela, vem para cá com 6%. Ou ela vem para cá gostando do Brasil, dos sócios e de fazer dinheiro aqui… Eu, como não sou a Samsung, só posso dizer que acho que não viria por 5% ou 10%.
Valor: Qual é a solução?
Graça Foster: Que venha e cresça em participação societária e é isso que a gente espera.
Valor: E já há acordo?
Graça Foster: Eles estão discutindo o acordo. Nessa discussão, a Graça só fica olhando e provocando para que eles discutam.
Valor: Mas o acordo seria para a Samsung assumir o controle acionário?
Graça Foster: Não é assumir o controle. Até onde eu sei, veja bem, eu não tenho os detalhes porque eu não sou parte desse jogo, nem a Petrobras nem a Sete Brasil. Então, o que eu faço é [perguntar] se já teve a reunião com a Samsung. Se não teve, chamo a Samsung. Eu esperava que o seu CEO [da Samsung] viesse. Não veio? Veio quem? O vice? Então vamos conversar. Chego, vejo reunião morna entre Petrobras e Samsung e aí digo: “não vai embora não, vou chamar a Sete Brasil, vou chamar as duas empresas para sentarem”. Aí saio da sala porque não sou sócia. Depois da reunião, volto para saber quando vai ser o novo prazo.
Valor: Poderia ser um terço de participação cada um?
Graça Foster: Poderia, mas não sei se será assim. Só sei que do jeito que está não sai sonda.
Valor: Para a Petrobras há um atraso no contrato das primeiras sete sondas com o EAS?
Graça Foster: Parece que não, porque a primeira sonda está prevista para 2015 e como a Sete Brasil tem uma estratégia de contratação já contratou outras sondas, então ela insiste e a gente não tem porque não acreditar, até agora, que vai nos entregar em 2015 a primeira sonda.
Valor: Quando a Petrobras assina contratos das sondas com a Sete Brasil e com a Ocean Rig?
Graça Foster: Aí é diferente. Quero ver onde vai construir, quem são os sócios que estão lá. Eu vou assinar com a Sete Brasil, mas saberei o que estou assinando. Vou assinar porque estou vendo que essas três [sondas] vai fazer ali, duas aqui. Não é ali no meio do mato, sem plano.
Valor: Como vai ficar isso?
Graça Foster: Terão de fazer.
Valor: Alguns dos estaleiros ainda não existem.
Graça Foster: Não tem problema não existir, não pode é não ficar existindo por muito tempo. Os projetos têm um tempo. Não há problema de o estaleiro ser virtual. Só vai ter assinatura de contrato na hora em que a Sete Brasil demonstrar por A mais B mais C mais D mais E que vai construir ali e que aquele estaleiro tem toda a condição de receber a encomenda porque tem um plano B, um plano C. Então a pressão junto à Sete é verdadeira. Não fui nomeada pela presidente [neste assunto]. A presidente me cobra meta e segurança operacional.
Valor: As sondas no Brasil serão construídas com custo em bases internacionais?
Graça Foster: Não tem no contrato com a Sete Brasil, nas sete primeiras [unidades], espaço para aumentar de preço. Se aumentar, está na conta da Sete.
Valor: Qual é o tempo de atraso das sondas?
Graça Foster: Essas sondas atrasaram 36 meses no total e não tem nenhuma brasileira. São todas feitas no exterior. A Petrobras pode fazer um trabalho na frente de que essas sondas vão funcionar este ano. E vão trazer grandes resultados a partir de 2013 e 2014. Depois, vem as unidades de produção. Começamos 2011 com 111 unidades e chegaram mais duas, depois chegaram mais cinco, e este ano, mais duas. Ao final de 2013, teremos 127 unidades de produção. Então teremos as sondas de perfuração, as sondas de produção e o óleo descoberto. Não tem como dar errado.
Valor: Mas trata-se de um atraso de três anos.
Graça Foster: Não é atraso de três anos. É atraso de 36 meses. Uma sonda atrasou três meses, outra cinco meses, outra quatro. Quando soma, tem 36 meses no conjunto. Este ano temos planejamento para fazer 42 poços e estão em harmonia com a chegada das sondas.
Valor: Dá para dizer que atrasou o pré-sal?
Graça Foster: Atraso do pré-sal não. Mas essas sondas que atrasaram 36 meses causam impacto na carteira toda. Você tem recursos e movimenta esses recursos em direção ao que há de maior volume potencial de produzir. Não há correlação direta: atrasou a sonda, atrasou o pré-sal.
Valor: A queixa é que a empresa gasta demais e não produz. Aí vem um outro tema, que é o preço cobrado dos combustíveis. O preço interno inferior ao internacional não é um problema?
Graça Foster: A Petrobras tem um plano de negócios, um pré-sal pela frente, um plano de refino, de novas refinarias, uma série de compromissos já iniciados no que se refere ao investimento e a construção dos ativos. A Petrobras investe US$ 225 bilhões [até 2015], olha para dez anos à frente e para 2020 com uma meta de produção de 6 milhões de barris de óleo equivalente [por dia] ou 4,67 milhões de barris de óleo líquido de gás [por dia]. O fato é que o nosso investimento é de longo prazo e a política de preços também é de longo prazo.
Valor: Qual o benefício?
Graça Foster: Entendemos que é bastante favorável que esse mercado novo vingue. Essas refinarias, no passado, eram todas para a exportação. E reverteu o quadro por conta da inclusão social, da fatia nova de consumidores. Temos noventa e tantos por cento do consumo de gasolina e de diesel no país. Produzimos e consumimos aqui. Temos a produção doméstica, as refinarias e o consumidor aqui. O custo de logística é mínimo comparado com o custo de colocar [os derivados ou petróleo] em um mercado que está a cinco mil milhas e que tem outros ofertantes.
Valor: E as perdas?
Graça Foster: O nosso investimento é de longo prazo, o resultado é de longo prazo e a política de preços também. Esse mercado novo, que cresce em torno de 40% a 50% – essa é a projeção para até 2020 -, é muito interessante. Estados Unidos, Japão e Coreia não ficam dependentes em mais do que 10% da importação de líquidos. No caso da Petrobras, se não tivéssemos esse parque de refino, estaríamos com 40% de importação de derivados e exportando mais petróleo com a volatilidade contra nós na exportação e na importação.
Valor: Mas, e as perdas?
Graça Foster: O que acontecem são perdas reais em determinado mês, em determinado trimestre, como aconteceu no último trimestre de 2011, quando a gente importou muito mais derivados e não teve a paridade exata de preços com o mercado interno. Agora, esse mercado novo para nós é muito valioso. Então, neste mês perdemos, no [quarto] trimestre nós perdemos, mas no conjunto do ano tivemos o segundo melhor resultado da Petrobras – o melhor foi o de 2010 e o de 2011 foi R$ 3 bilhões menor no resultado líquido. Além do que, em 2008, 2009 e parte de 2010 estávamos vendendo mais caro aqui do que estava lá fora. O que queremos é que haja estabilidade econômica, que esse mercado cresça. Em determinado momento vamos ter que ajustar, isso é inexorável. Estou dizendo com todas as letras que vai ter de ajustar em determinado momento.
Valor: Em que momento?
Graça Foster: O momento será aquele necessário para não perdermos a capacidade de investir. O mercado cresce e vai chegar um certo momento em que vai aumentar o preço e ficar mais caro aqui do que lá fora. Não sei que momento é esse, se é em três anos ou daqui a dois ou um. Então, vamos estar com um volume maior que é todo nosso e vou ganhar esse dinheiro de volta.
Valor: O conteúdo nacional é uma política do governo, mas há preocupações com aumentos de custos. Como a sra. vê esse assunto, que é muito sensível, dado o tamanho das encomendas?
Graça Foster: O que me preocupa não é a questão do conteúdo nacional. Todos os números foram apresentados pela Petrobras ao governo. Então não me venha chorar que não dá [para cumprir os compromissos], porque foi você [a empresa] que levou o número. Digo isso porque já estive do lado de lá. Eu montei, com a colaboração da Petrobras, o primeiro Prominp [Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural]. José Eduardo Dutra [diretor da estatal] era presidente da Petrobras, a presidenta Dilma, ministra de Minas e Energia, e, eu, secretária de petróleo e gás [do Ministério de Minas e Energia]. Foi feita uma conta e foi apresentada ao governo 60%, por exemplo, para o conteúdo local de uma sonda de perfuração. O número que é fechado é de total e absoluta responsabilidade da Petrobras, foi a Petrobras que concordou.
Valor: E outras operadoras também.
Graça Foster: E outras tantas operadoras.
Valor: Há entre as empresas quem diga que achava que conseguiria cumprir o conteúdo local, mas não tinha certeza.
Graça Foster: O que havia talvez fosse a possibilidade de que o governo recuasse, mas o governo não vai abrir mão, é política de governo. Acontece na Noruega e em tantos países defender que a indústria de petróleo e gás passe também pelo desenvolvimento da indústria de bens e serviços. Existe uma questão fundamental que cada empresa tem que cuidar que é documentar porque o dia vai chegar. Vai chegar o dia em que [a empresa] terá que ir lá provar [na ANP] que fez o conteúdo local.
Valor: Mesmo que onere custos?
Graça Foster: As 40 sondas que comentei foram feitas fora e estão em valores de mercado. E a gente só assina o contrato [com Sete Brasil e com Ocean Rig ] se o preço estiver dentro das métricas internacionais porque não tem como contratar com valor maior.
Valor: E a questão dos minoritários no conselho de administração. Como a senhora vê a reclamação?
Graça Foster: É algo que a Petrobras não tem poder. Vejo os minoritários tomando posição a favor da companhia no entendimento deles, das melhores práticas [de gestão], das questões de mercado. Vejo com satisfação o movimento a favor da companhia no sentido de observá-la, de participar mais dedicadamente da gestão da companhia através de seu representantes de ações ordinárias e preferenciais. Mas deixo claro, conheço o Josué [Gomes da Silva, presidente da Coteminas, cuja indicação vem sendo criticada], ele é um excelente quadro técnico. Antes de vocês chegarem, eu estava usufruindo do conhecimento do conselheiro [Jorge] Gerdau. Conversamos sobre Petrobras, sobre a indústria. É fantástico ter o minoritário participando da minha vida, de minha gestão, dando ideias.
Valor: Mas há insatisfação dos minoritários em relação a sua representação…
Graça Foster: É algo que não tenho que opinar, é sobre o processo de eleição.
Valor: Quando vão anunciar o plano de desinvestimento?
Graça Foster: Esse ano tem uma programação relevante de desinvestimento. Não posso falar, mas posso dizer que inclui ‘farm-outs’ [venda de participações em campos de petróleo].
Valor: A Argentina está cobrando mais investimentos da Petrobras nas operações locais?
Graça Foster: A reunião acho que será na semana que vem. Eu ainda não sei qual é a agenda. Não vamos investir mais para perder, mas para ganhar, então tenho que conhecer as regras. A depender das regras, a gente pode se interessar mais ou menos pelo negócio.

Samsung deixa de ser sócia do EAS

Por Ivo Ribeiro | VALOR
De São Paulo
Depois de fortes pressões, inclusive da direção da Petrobras, a maior cliente do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), a companhia coreana Samsung Haevy Industriais deixou ontem, após frustradas negociações, a associação que tinha com Camargo Corrêa e Queiroz Galvão no estaleiro, localizado dentro da área do porto de Suape, em Pernambuco.
As duas sócias brasileiras do EAS, que exerceram o direito de preferência na compra da participação de 6% da coreana, já negociam com dois grupos estrangeiros um novo parceiro tecnológico para o estaleiro. A escolha por um deles deverá sair logo, apurou o Valor com uma fonte que acompanha as negociações.
A avaliação de um dos sócios é que a Samsung trabalhava contra o EAS o tempo todo, querendo levar a produção para a Coreia e inviabilizar o EAS.
A Samsung foi escolhida desde o início do projeto, sete anos atrás, para ser a fornecedora de tecnologia ao EAS na construção de navios, sondas de perfuração de petróleo e plataformas. O EAS, o maior e um dos mais modernos do país, no entanto, vinha enfrentando uma série de problemas, como atraso nas entregas, problema na construção do primeiro navio, o “João Cândido”.
O navio é primeiro petroleiro a ser lançado ao mar no âmbito do Programa de Modernização da Frota da Transpetro (Promef), mas até agora não foi entregue à subsidiária da Petrobras. Ao todo, as encomendas da Transpetro ao EAS somam 22 petroleiros e R$ 7 bilhões, dos quais cerca de 90% financiados pelo BNDES. Além de navios, há pedidos de sondas.
A saída repentina da Samsung vai na direção oposta do que desejava o governo. Nos últimos dias, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, seguindo orientação da presidente Dilma Rousseff, que está preocupada com atrasos na entrega de encomendas e com problemas tecnológicos do estaleiro, vinha negociando o aumento da fatia dos coreanos no EAS.