Lula - um novo Getúlio, vivo

247 – Há um clima de suspense nos meios políticos sobre o que pode acontecer nesta segunda-feira. O motivo: desde que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, enviou ao juiz Sergio Moro, do Paraná, a investigação sobre o ex-presidente Lula, muitos trabalham com a hipótese de que ele venha a ser preso nesta segunda-feira.

Essa especulação foi feita na noite do último sábado pelo telejornal do grupo Bandeirantes. Neste domingo, advogados do ex-presidente Lula também apresentaram, em conjunto com alguns dos juristas mais renomados do País, um pedido de habeas corpus ao STF, alegando que Gilmar usurpou poderes do ministro Teori Zavascki – como relator da Lava Jato no Supremo, só Teori poderia decidir sobre o caso.

Além disso, militantes e apoiadores do ex-presidente se mobilizam para evitar que Lula seja alvo de qualquer arbitrariedade judicial. No dia 4 de março, quando houve sua condução coercitiva, muitos foram às ruas, assim como na última sexta-feira, quando centenas de milhares de pessoas saíram em defesa da democracia.

Novo Getúlio?

Se Lula será preso ou não, só se saberá nos próximos dias. A questão, que poucos se colocam, é: quais seriam as consequências para o País da eventual prisão daquele que aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas como o melhor presidente de todos os tempos?

O mais provável é que Lula seja visto por grande parte da população como um novo Getúlio Vargas, só que com uma diferença essencial: ainda vivo.

Em 1954, quando Getúlio sofreu uma campanha de ódio semelhante à atual, e que culminou com seu suicídio em 24 de agosto de 1954, milhões saíram às ruas em comoção nacional. O golpe tramado para aquele ano teve que ser adiado por uma década e só se consumou em Primeiro de Abril de 1964.

Sobre as consequências do sacrifício de Getúlio, vários depoimentos merecem ser lidos (confira aqui). Em relação a Lula, as próximas horas serão decisivas.

O fator Povo

 PT mostrou que tem povo e forças próprias para por esse povo na rua. Isso deve ser levado em consideração pelos que tomam decisões, principalmente se forem decisões baseadas na força.

Por Sérgio Saraiva

O que menos importa neste instante é saber com exatidão quantas pessoas foram à Avenida Paulista no domingo 13 de março de 2016 protestar contra o governo e quantas foram na sexta-feira seguinte defender o governo. A única resposta sensata é: muita gente, nos dois casos.

Todo o mais, os números em si e o mostrar uns e esconder outros, fica por conta do respeito que cada um tem em relação a sua própria credibilidade.

Outro fato relevante é em relação a quantas pessoas atenderam à chamada da Rede Globo na noite de quarta-feira 16 de março de 2016 e saíram às ruas para derrubar o governo.  Fora o pequeno grupo reunido em torno da FIESP, ninguém. Na manhã do dia seguinte, o Brasil saiu para trabalhar.

As multidões que teriam acorrido ao chamado ficam por conta do senso de ridículo de cada um.  E fica a FIESP a responsabilidade moral de dizer que povo era aquele que estava autorizado a usar seus banheiros e refeitórios e que, nas ruas, perseguia e surrava meninas. Jagunços portando bandeirinhas do Brasil fabricadas na China. Jagunços de quem?

O povo.

Esse talvez seja o fator mais relevante para os desdobramentos da atual crise política. Um lado botando seu povo nas ruas aos domingos, o outro botando o seu povo nas ruas em dia de semana.

Ninguém derruba governo em domingueiras.

A resposta de sexta e a não resposta de quarta trazem em si recados claríssimos para quem tiver ouvidos para escutar.

A começar pelo tratamento dado a Aécio Neves e Geraldo Alckmin pelo povo de amarelo e o tratamento dado a Lula pelo povo de vermelho. Mostram quem é líder.

O PT mostrou que tem povo e forças próprias para por esse povo na rua. Isso deve ser levado em consideração pelos que tomam decisões, principalmente se forem decisões baseadas na força.

O outro lado também põe povo nas ruas, mas precisa aguardar até o próximo fim de semana.

PS: a Oficina de Concertos Gerais e Poesia apoia o Movimento Golpe Nunca Mais.

Cláudio Botelho anuncia que fará musical sobre Lobão

Após ter uma sessão do musical “Chico Buarque em 90 minutos” interrompida pela plateia por alterar o texto da peça inserindo críticas à presidente Dilma e ao ex-presidente Lula, vazou mais um áudio onde Cláudio Botelho anuncia que seu próximo espetáculo será um musical sobre a vida e obra do cantor Lobão. 
Segundo o ator, diretor e produtor o musical sobre Lobão estaria mais alinhado com sua forma de pensar e com sua posição política. “Pelo menos quando eu cantar ‘Dilma bandida’ tenho certeza que serei aplaudido”, declarou Botelho.
A peça contará com recursos captado pela Lei Rouanet e deverá ser patrocinada pelo Banco do Brasil ou por alguma outra estatal.
do Sensacionalista

Ciro Gomes - sindicato de ladrões querendo derrubar uma presidente honesta

Ex-ministro do governo Lula e presidenciável pelo PDT, Ciro Gomes, voltou a classificar como golpe o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff; Ciro chamou de "sindicato de ladrões" os líderes do PSDB e PMDB que estão se alinhando para garantir a aprovação do processo na Câmara.

"O sindicato de ladrões agora é uma coalizão PMDB/PSDB, acertada em jantares em Brasília. Com detalhes de como vão repartir o governo, como o Michel Temer tem que assumir anunciando que não é candidato à reeleição. Como vão desarmar a bomba da Lava Jato, porque começou a sair do controle. Porque os políticos começaram a ver que pode sobrar para o lado deles. Isso é o que tá apalavrado, num jantar em Brasília, pelos cleptocratas do Brasil", afirmou.

Crônica dominical de Luis Fernando Veríssimo


O primeiro morto

É preciso reconhecer que a camiseta do Bolsonaro tem razão. Se o que acontece no Brasil hoje significa alguma coisa, é o triunfo da direita no nosso embate político

Calma, gente. Do jeito que vão as coisas e as pessoas, entramos num período de expectativa tétrica: quem será o primeiro cadáver dessa guerra? Na convulsão que toma as ruas, nos enfrentamentos constantes e nos choques de ódios que se repetem, está se gerando o primeiro morto. Não se sabe como ele será. Por enquanto, é apenas uma suposição do que ainda não aconteceu, um fantasma precoce do que ainda não existe. Não se sabe seu gênero, sua idade, sua raça ou o que o matará — mas ele toma forma, e vem vindo. Depois, os dois lados se culparão mutuamente pela sua morte, ele virará símbolo ou mártir, e todos lamentarão a tragédia — o que para ele não fará a menor diferença. Ele será apenas alguém que estava no lugar errado quando o estilhaço, o tiro, o sarrafo, a bala perdida, o soco mortal o atingiu. O primeiro morto pode ter sorte e não morrer. Ele pode estar andando por aí neste momento sem saber como chegou perto de virar defunto e notícia internacional. Até o momento em que escrevo, escapou. Mas, do jeito que vão as coisas e as pessoas, tudo indica que ele está condenado.

TRIUNFO

As manifestações do último domingo foram impressionantes. Foram tão grandes que englobaram várias causas e broncas, do horror sincero a Dilma e ao PT ao clamor pela volta da ditadura militar. As duas coisas não são, necessariamente, complementares; os queremistas da intervenção militar são uma minoria na multidão, mas uma minoria cada vez mais ostensiva. A camiseta que vestia o Jair Bolsonaro tinha "Direita já" escrito na frente. Deu para ver com clareza porque, na foto, ele estava sendo carregado nos ombros de admiradores. E é preciso reconhecer que a camiseta do Bolsonaro tem razão. Se o que acontece no Brasil hoje significa alguma coisa, é o triunfo da direita no nosso embate político. Direita agora, direita já, a ser carregada em triunfo. O que a camiseta do Bolsonaro diz não é uma reivindicação, nem uma ordem. É uma constatação.

TUDO

Para os leitores que não concordaram comigo que a condução coercitiva do Lula por ordem do Moro foi uma ilegalidade: a opinião não é só minha, um leigo em tudo, da alma humana aos meandros da lei. É de vários juristas que se manifestaram a respeito. A condução coercitiva é para ser usada quando uma intimação é desobedecida, o que não foi o caso com o Lula. Usada sem esta justificativa, é inconstitucional, logo ilegal. Mas da condução coercitiva do Lula até hoje aconteceram tantas coisas que o assunto tornou ­se acadêmico. Mesmo porque, as leis brasileiras foram simplificadas a uma só diretriz: o Moro pode tudo.

Briguilinks

Talvez sem volta

por Janio de Freitas
Se fosse preciso, para o combate à corrupção disseminada no Brasil, aceitar nos Poderes algumas ilegalidades, prepotência e discriminações, seria preferível a permanência tolerada da corrupção. Os regimes autoritários são piores do que as ditaduras, ao manterem aparências cínicas e falsos bons propósitos sociais e nacionais, que dificultam a união de forças para destituí-los.
A corrupção é um crime, como é um crime o tráfico de drogas, como o contrabando de armas é crime, como criminoso é –embora falte a coragem de dizê-lo– o sistema carcerário permitido e mantido pelo Judiciário e pelos Executivos estaduais. Mas ninguém apoiaria a adoção de um regime autoritário para tentar a eliminação de qualquer desses crimes paralelos à corrupção.
A única perspectiva que o Brasil tem de encontrar-se com um futuro razoavelmente civilizado, mais organizado e mais justo, considerado entre as nações respeitáveis do mundo, é entregar-se sem concessões à consolidação das suas instituições democráticas como descritas, palavra por palavra, pela Constituição. Talvez estejamos vivendo a oportunidade final dessa perspectiva, tamanhas são a profundidade e a extensão mal percebidas mas já atingidas pela atual crise.
Apesar desse risco, mais do que admiti-las ou apoiá-las, estão sendo até louvadas ilegalidades, arbitrariedades e atos de abuso, inclusive em meios de comunicação, crescentes em número e gravidade. Os excessos do juiz Sergio Moro, apontados no sensato editorial "Protagonismo perigoso" da Folha(18.mar), e os da Lava Jato devem-se, em grande parte, à irresponsabilidade de uns e à má informação da maioria que incentivam prepotência e ódio porque não podem pedir sangue e morte, que é o seu desejo.
Moro e seus apoiadores alegam que as gravações clandestinas foram legais porque cobertas por (sua) ordem judicial, válida até 11h12 da quinta 17. Dilma e Lula foram gravados às 13h32. Esta gravação sem cobertura judicial foi jogada para culpa da telefônica. Mas quem a anexou como legal a um inquérito foi a PF, em absoluta ilegalidade. E quem divulgou a gravação feita sem cobertura judicial foi o juiz Sergio Moro, cerca de 16h20.
Na sua explicação que seguiu a divulgação, porém, Moro deixou a evidência que desmonta seu alegado e inocentador desconhecimento daquele "excedente" gravado. Ao pretender justificá-lo como informação aos governados sobre "o que fazem os governantes" mesmo se "protegidos pelas sombras", comprovou que sabia da gravação sem cobertura ilegal, de quem estava nela e do seu teor. E tornou-a pública, contra a proibição explícita da lei.
A ilegalidade foi ampliada com a divulgação, em meio às gravações, dos telefones particulares e das conversas meramente pessoais, que Moro ouviu/leu e, por lei, devia manter em reserva, como intimidades protegidas pela Constituição. E jornais em que a publicação de pornografia e obscenidades está liberada, para pasmo da memória de Roberto Marinho, atacam a "falta de decoro" das conversas pessoais.
O STF decidiu desconectar as ações sobre contas externas de Eduardo Cunha e de Cláudia Cruz: a dela foi entregue a Moro. No mensalão, em 38 julgados no STF só três tinham foro privilegiado. Os demais foram considerados conexos. Há duas semanas, o STF manteve em seu âmbito, como conexos, os processos do senador Delcídio e o do seu advogado. Por que a decisão diferente para Cruz? A incoerência não pode impedir suposições de influência da opinião pública, por se tratar de Cunha e sua mulher.
Ainda no Supremo, Gilmar Mendes, a meio da semana, interrompeu uma votação para mais um dos seus costumeiros e irados discursos contra Dilma, o governo, Lula e o PT. Seja qual for a sua capacidade de isenção, se existe, Mendes fez uma definição pessoal que o incompatibilizaria, em condições normais, para julgar as ações. Assim era.
Muitos sustentam, como o advogado Ives Gandra, que "a gravação [a ilegal] torna evidente que o intuito da nomeação [como ministro] foi proteger Lula", o que justificaria o impeachment. Foi o mesmo intuito da medida provisória de FHC que deu ao advogado-geral da União título de ministro para proteger Mendes, com foro especial, contra ações judiciais em primeira instância. Uns poucos exemplos já mostram a dimensão do que se está arruinando no Brasil, talvez sem volta. 
na Folha de São Paulo

Fernando Brito - já que não pode cassar o voto, cassa-se o candidato

Lula tem, segundo o Datafolha, 57 % de rejeição.

Portanto 43% de potencial aprovação, até porque 35% seguem achando que ele foi o melhor presidente que o país já teve.

Nada mau para um sujeito que só falta ser apontado como ladrão de picolé de criancinha, todos os dias.

Todos os dias, e em todos os jornais e em todas as tevês, a começar pela Globo.

Horas e horas dizendo que roubou triplex, pedalinho, puxadinho.

O Jornal Nacional faz uma hora de "horário eleitoral" todo santo (ou diabólico) dia contra ele.

É como você jogar baldes e baldes de lama sobre uma pessoa, durante meses e então perguntar às pessoas: ele é limpinho? ele está  bonito?

Qualquer avaliação eleitoral sobre Lula está, evidentemente, contaminada pelo processo imundo que se vem realizando contra uma pessoa que é acusada de…ainda não se sabe do quê.

No máximo, até agora, de ter falado alguns palavrões em conversas privadas por estar, como diz ele, "puto com esta sacanagem"

A imensa matilha judicial-policial-midiática atirada. em horário integral e sem qualquer limitação, não possui nada que indique que ele tenha favorecido alguma empresa  em troca de vantagens.

Nada, a não ser a ilógica suposição que quem comandava um Governo que contratava centenas de bilhões em obra tenha recebido de propina um puxadinho ou um apartamento de 200 metros quadrados na simplória praia do Guarujá, que poderia ter comprado com duas palestras para as quais era contratado, inclusive pela própria Globo, que martela estas acusações.

Portanto, do futuro eleitoral de Lula de Lula só três coisas pode-se afirmar: a) que ele dispõe de uma parcela do eleitorado capaz de resistir aos mais demolidores ataques; b) que depende do fim da loucura judicial com que se o ataca, com o exame um pouco mais sereno do STF, porque de Sérgio Moro não há ninguém que possa dizer mais que é um juiz imparcial e c) da recuperação do Governo Dilma, paralisado e impossibilitado de agir em meio à crise real da economia e ao caos criado na política.

Não é por eleições que se trama e executa o golpe, é na conspiração já nem escondida e de que tratarei no próximo post.

Mas a pesquisa serve para outras observações.

Marina, a quem o jornal trombeteia "liderar em todos os cenários" não cresceu ou só o fez dentro da margem de erro. Continua sendo "cavalo matungo", serve para ocupar a raia do lado popular e atrapalhar a carreira, esperando que avance alguém pela direita. Já foi assim duas vezes e será a terceira.

Marina tem, no máximo, o benefício do "efeito redoma": como não aparece, não se desgasta. Mas como não aparece, senão vez por outra pra grasnar sua pureza, também não cresce.

Já sobre Aécio, como explicar que o autoproclamado "presidente moral" do país só encolha, encolha e encolha?

Há dois fatores mais destacados.

O primeiro deles é que se formou uma corrente de extrema-direita a quem ele não basta: é preciso alguém mais truculento. A sua expulsão, aos berros, pelos manifestantes da Paulista no domingo passado é sua evidenciação.

O outro, é que sua pequenez política vai ficando patente e, mesmo entre seus apoiadores, não se lhe reconhecem as virtudes de liderança que o país precisa.

Aliás, entre os três principais competidores da pesquisa, é evidente que só a parcela que está firme com Lula vê em seu escolhido estas qualidades. De Marina, a principal virtude é que "não fede nem cheira". De Aécio, ohexadenunciado que "não vem ao caso" na Lava Jato, nem isso talvez se possa dizer.

É o que se presta á análise no Datafolha, de resto só parte da imensa campanha de destruição da imagem de Lula que o golpismo põe em curso desde a campanha eleitoral de 2014.

Se há aquela famosa frase de Joseph Goebbels de que uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade, o que esperar quando as mil vezes tornam-se um milhão, sustentada por gente de muitos bilhões, que controla a mídia brasileira.

PS. E o "herói nacional", o salvador da pátria Sérgio Moro, hein? 8% para o homem que se anuncia capaz de abrir as águas do Mar Vermelho e conduzir o Brasil para a Terra Prometida da Moralidade? É melhor chamarem de volta o Joaquim Barbosa.