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No País de Lula, o grande conciliador

por Paulo Moreira Leite - Brasil 247

Os leitores do Brasil 247 tem o direito de festejar um fato raríssimo em nossa vida pública: um debate político franco, travado com ideias e argumentos, no qual a intenção de esclarecer se sobrepõe ao esforço nocivo de ganhar uma discussão de qualquer maneira. Estou me referindo a polêmica aberta por Breno Altman, um bom amigo, articulista claro e corajoso, a respeito de meu artigo “Dilma tenta evitar armadilha de Jango.” Breno comentou com o texto “Dilma está diante da armadilha de Getúlio.” Estamos falando de lutadores, no sentido figurado e no literal.  Admirei Waldemar Zumbano, avô de Breno, que era técnico de boxe. Assisti a muitas lutas de seus tios, inclusive Eder Jofre, campeão mundial. Também li muitos textos de Breno, referência em diversos debates. Tudo está disponível no Brasil 247. Aqui vai meu comentário:

Concordo com grande parte das afirmações de Breno Altman. Temos a mesma visão sobre a necessidade de proteger o bem estar dos trabalhadores e dos brasileiros mais pobres. No passado e no presente, nenhum de nós teve receio de assumir bons combates pela liberdade, pela Justiça, contra a criminalização das lideranças populares.
Mas creio que Breno Altman comete um erro essencial ao apontar a lógica da conciliação como uma espécie de desvio fundamental de grandes homens públicos brasileiros, como Getúlio Vargas e João Goulart.
Referindo-se ao Getúlio que deu o tiro no peito em 1954, ele escreve que, “mentor da estratégia” de conciliação, Vargas não entendeu, ou não quis entender, “talvez por sua origem de classe, que era preciso se preparar para um choque frontal contra os grupos reacionários” e “terminou isolado e enfraquecido, vítima da sanha dos homens oligarcas da terra, do dinheiro e da informação, mas também do tabuleiro político que havia desenhado, no qual a intervenção dos trabalhadores e do povo tinha somente papel eleitoral.”
Quanto a Goulart, também conciliador, “manteve-se preso a determinados paradigmas herdados de Getúlio.” O problema de Jango, explica, era resistir em se preparar para uma “uma situação de ruptura, na qual as contradições costumeiramente se resolvem pela vitória da revolução ou da contrarrevolução.”
LULA, O GRANDE CONCILIADOR
Acho que é impossível debater conciliação politica, no Brasil de 2014, sem discutir Luiz Inácio Lula da Silva, cujo espírito conciliador é um traço essencial de sua personalidade política.
Lula e seu espírito para negociar, ceder, avançar e ir em frente são parte inseparável dos progressos que o país obteve nos últimos doze anos, quando o Brasil deu passos importantes — ainda que limitados — na formação de um Estado de Bem-Estar Social.
Estamos falando de acordos nascidos de vários pactos de conciliação — alguns selvagens, outros elegantes, muitos desastrados — entre a classe dominante tradicional e a direção do Partido dos Trabalhadores, onde Lula sempre assumiu um papel destacado e único.
Palavra associada, erradamente, a capitulação e recuo, a conciliação é um exercício fundamental na prática cotidiana das democracias, onde as instituições existem para conciliar — compatibilizar, harmonizar, as palavras são muitas — os direitos da maioria e proteger a minoria.
A adaptação fácil a essa situação ajuda a entender o desempenho fora do comum de Lula na presidência da República. Sem perder sua referência de classe, que lhe garantiu o reconhecimento do eleitorado, ele não deixava de dialogar e mesmo fazer concessões a aliados, adversários e até inimigos.
Antes mesmo de vestir a faixa presidencial já se tornara amigo de infância de George W. Bush.
Refazendo um percurso ocorrido em vários países ao longo do século XX, autores como Tony Judt e Adam Przeworski relatam o que se pode chamar de grande conciliação universal desde a emergência dos trabalhadores na cena política européia.
Num processo diferenciado de um país a outro, a classe dominante aceitou abrir mão de uma parte de seus lucros para fazer concessões e benefícios aos assalariados, num grau de conforto que nenhum de seus profetas seria capazes de imaginar. Em troca, os trabalhadores concordaram em respeitar a propriedade privada, trocando a ideia de mudanças revolucionárias pelo respeito às regras do regime democrático.
Vivemos um país que, foi capaz de evoluir por negociação e também por ruptura. Um dos méritos da obra de Lira Neto sobre Vargas é mostrar que tivemos uma revolução de verdade em 1930, ao contrário do que sustenta uma historiografia da cordialidade. Boa parte de nossa legislação social é fruto desse período. Mas o país chegou a um momento essencial de sua história republicana, a Constituição de 1988, pela negociação democrática.
NOSTALGIA AUTORITÁRIA
Olhando o ministério que foi empossado por Lula em 2003, com Antonio Palocci e Henrique Meirelles nos postos principais, Joaquim Levy no Tesouro, alinhados pela Carta ao Povo Brasileiro que falava em elevar o superávit primário até onde fosse necessário — como sugeriu o empresário João Roberto Marinho, da TV Globo — é obrigatório falar em conciliação.
Olhando os resultados, cabe perguntar: conciliação entre quem?
Era possível, na época, ler jornais que diziam que o medo tinha vencido a esperança.
Economistas ligados ao PT diziam que Lula havia superado o presidente argentino Carlos Menem na fidelidade ao Consenso de Washington.
Impaciente com a demora na reforma agrária, a CNBB anunciou sua ruptura com o governo.
Um grupo importante de parlamentares e de organizações que atuavam no PT aproveitou a reforma da Previdência para denunciar o governo e fundar o PSOL.
Hoje reconhecido como um dos maiores programas de distribuição de renda do planeta, o Bolsa Família era criticado como “política compensatória”, uma espécie de esmola institucional propagandeada pelo Banco Mundial. Também foi acusado — internamente — como fonte de corrupção, prestação de favores e clientelismo.
Maior feito econômico do governo Lula, a resposta a crise de 2008 foi um carrossel de negociações com empresários, sindicalistas, banqueiros e políticos. Conciliação pura.
No Brasil dos anos 1950 e 1960, a democracia não era vista como um regime respeitável por si — mas como caminho para uma revolução socialista ou uma sala de espera para golpes de Estado.
Considerava-se que, em função de seu atraso econômico e perfil sociológico, o país não era capaz de alimentar regimes democráticos estáveis — nem possuía políticos à altura das necessidades da população. Lideranças populares, comprometidas com causas democráticas, eram tratadas com desprezo por estudiosos influentes de nossa vida pública. O professor Octavio Ianni, conceituado autor de O Colapso do Populismo no Brasil , costumava se referir ao sistema político como “democracia populista” — conceito-avô do “bolivarianismo” empregado hoje pelos adversários do PT.
Estudioso de uma geração posterior, em O Populismo na Política Brasileira Francisco Weffort, que anos mais tarde seria um dos fundadores do PT, escreveu: “Na impotência histórica da pequena burguesia está a raiz da demagogia populista. (…) por limitar-se às formas pequeno-burguesas de ação, o populismo traz em si a inconsistência que conduz inevitavelmente à traição.”
Essa visão mudou. A fraqueza da democracia liberal do pós-Guerra tinha a ver com suas origens — um golpe de Estado que derrubou um ditador popular — e também em seu pouco interesse para atender reivindicações das grandes camadas da população.
A democracia que vivemos nasceu nas campanhas de rua contra a ditadura, que envolveram estudantes e trabalhadores, a classe média liberal e mesmo empresários. Sofrida, difícil, a eleição direta não foi uma dádiva, mas uma conquista e isso é reconhecido pela memória da população, que despreza os movimentos de nostalgia autoritária



“NADA VIAM ALÉM DA REVOLUÇÃO
Apesar de uma imensa votação popular, Getúlio foi emparedado por uma conspiração de políticos, empresários conservadores e aliados locais do governo norte-americano, inconformados com a criação da Petrobrás, na época em que, no Irã, a CIA promovia — às claras — um golpe de Estado para derrubar um primeiro-ministro nacionalista e restaurar a monarquia.
Getúlio foi combatido, também, por quem poderia ter-lhe dado apoio e sustentação, pois falava em nome de uma parcela importante dos trabalhadores e da população pobre do país, o PCB, uma das principais organizações populares de então.
Alinhado com uma perspectiva ultra-esquerdista de expandir a revolução a qualquer custo, típica dos anos inciais da Guerra Fria, o PCB considerava Getúlio mais do que um inimigo de classe: um aliado do imperialismo, recusando-se até a fazer campanha por sua eleição, em 1950. Pregou o voto branco. Graças a esse comportamento, que auxiliava a elite que tentava derrubar Getúlio de qualquer maneira, após o tiro no peito, em 1954, a multidão que saiu às ruas para defender suas conquistas e esperanças empastelou as redações dos jornais do partido.
Jango tomou posse em função de uma luta democrática que chegou às fronteiras de uma guerra civil — quando Leonel Brizola mostrou que a democracia nem sempre pode ser defendida de mãos vazias. Procurando enfrentar uma inflação de 25% anuais, Jango não conseguiu apoio para o Plano Trienal de Celso Furtado, projeto que implicava num pacto social que previa o controle de preços, que os empresários não apoiavam, e de salários, que os sindicatos combatiam.
O esvaziamento desse possível acordo de conciliação foi seguido pela nomeação de Carvalho Pinto, político com fortes ligações com o empresariado paulista e também com a esquerda católica. Um de seus principais assessores na época era Plínio de Arruda Sampaio, que ajudou a levar o PDC para a base de apoio de Goulart e, décadas depois, seria dirigente do PT e, após nova mudança, candidato a presidente pelo PSOL.
Após a queda de Carvalho Pinto ocorre uma nova mudança no governo Goulart, que abandona projetos de acordo político para uma ação de ruptura. “Vendo que seu governo acabaria sem realizar as reformas, o presidente aderiu a proposta de enfrentamento pregada pelas esquerdas,” avalia Jorge Ferreira, na espetacular biografia João Goulart. “Mesmo contrariado, fez tudo o as esquerdas quiseram. Todos os projetos de lei exigidos foram enviados ao Congresso Nacional.”
Mas a cena política mudava rapidamente, liberando forças que pareciam mais importantes do que se pensava. Jango fora ultrapassado — embora não fosse fácil distinguir o rumo dos acontecimentos. Ferreira avalia que, diante do motim dos marinheiros — liderados pelo sempre obscuro Cabo Ancelmo — “as esquerdas, embriagadas pela arrogância e autossuficiência, nada viam além da revolução.”
A BUSCA DE UM NOVO GOVERNO
Dilma venceu as eleições mais apertadas ocorridas depois da democratização do país. Comprou e venceu o debate politico, o mais claro de nossas eleições recentes.
Mas Dilma foi derrotada em urnas de forte presença operária e tradição de voto no PT, como aconteceu no ABC paulista. Enfrentou uma campanha atroz por uma parte da elite de grandes empresários e da cúpula do aparelho de Estado, que terminou numa inaceitável tentativa de intervenção no resultado da eleição. Antes que seus eleitores fossem as ruas para celebrar a vitória, em várias cidades do país ocorreram manifestações de cunho fascista a favor de um golpe militar.
É nesse ambiente que Dilma tenta construir um novo pacto político, mais amplo do que o governo de 2010-2014. Convencida de que os problemas econômicos tem uma raiz política, quer ampliar a base do governo. Em sintonia com Lula, seus movimentos tem como objetivo aproximar-se dos mercados, que em vários momentos do primeiro mandato mostraram disposição de sabotar as medidas do governo.
É uma decisão que implica em alguma dose de risco para Dilma. Não se sabe até onde ela irá, para encontrar novos caminhos em relação ao modelo atual.
Pode-se apostar que, em breve, será pressionada a entregar plenos poderes a Joaquim Levy, afastando-se da área econômica. Qualquer senho franzido será motivo de crise midiática.
Esses movimentos fazem parte do jogo político. Mas temos o direito de duvidar que a presidente irá ceder.
Dilma também trouxe o empresário Armando Monteiro Neto, responsável pela campanha vitoriosa no Recife, e que foi duas vezes presidente da Confederação Nacional da Industria, CNI. Está comprando uma briga para nomear Katia Abreu, que foi presidente da Confederação Nacional da Agricultura, é inimiga número 1 do MST e dos movimentos sociais ligados a terra — mas tem uma boa relação pessoal com a presidente e, numa eleição disputadíssima, ajudou na vitória em Tocantins. Num movimento para o outro lado, Dilma recebeu o teólogo Leonardo Boff e Frei Betto, a quem disse que fará dos movimentos sociais a prioridade de seu governo.
Cumprindo o que disse, terá mais facilidades para enfrentar turbulências que certamente virão.
O reconhecimento popular pela importância da vitória se manifesta na empolgação pela cerimonia de inauguração do segundo mandato. As notícias são de uma grande mobilização rumo a Praça dos 3 Poderes.

Briguilinks


A terra e o vento Eu me apaixonei pela terra,Mas eu não sabia que essa união não seria bem vinda... Fato dos fatos é que eu era vento! E como tal tormento causei um redemoinho lindo e espetacular... Trouxe a terra para me enamorar e pude leva-la até aos seus com meu sopro de ar...Mas a terra quis novamente a terra voltar, e eu não pude a ela me agarrar. Como vento soprei-a com carinho aos
Um certo dia, estava a tia do Briguilino se arrumando para ir a uma festa, toda animada sonhando em arranjar um namorado. Pó, rímel, batom, cremes e tudo mais que tinha de maquiagem ela colocava. O sobrinho curioso, perguntou: - Tia pra quê tudo isso? Ela toda faceira e vaidosa responde: - É para ficar mais bonita! - E por que a senhora não fica?
“Não tem choro nem vela”.A primeira vez em que Marcos ouviu a expressão favorita de seu pai, ele sequer havia balbuciado a primeira palavra. Fosse uns anos mais velho, a resposta não mudaria muito: a única manifestação que era aceita pelo velho era um aceno de cabeça silencioso, daqueles que só se vê quando um erro é admitido.Para um perfeccionista, como Seu Atílio, encarar de frente o menino que
do site de Leonardo Boff Nós, participantes do Grupo Emaús abaixo relacionados, queremos parabenizá-la por seu esforço e desempenho durante a árdua campanha eleitoral, bem como pelas conquistas de seu primeiro mandato. Somos um grupo de teólogos/as de várias Igrejas cristãs, sociólogos/as, educadores/as e militantes que nos encontramos regularmente há quatro décadas. Estamos todos
Nós, a parte menos dinâmica e ilegitima - na impressão - de Fhc - temos certeza que: Fernando Henrique Cardoso é um legítimo FHC - Farsante, Hipócrita, Canalha - corrupto, corruptor e golpista. A seguir a frase desse imundo: “Vê-se neste momento a dificuldade que tem a presidente da República, recém eleita, quando devia ter toda
Quem não tem votos apela pru tapetão (Judiciário) que só condena ladrão de galinhas e protege tucano em extinção.
Zoologico - Com dificuldade para acomodar no Psdb todos os aliados de sua base de oposição, Aécio Never deve anunciar amanhã a extinção de 24 partidos. A notícia virá no dia da Black Friday, a liquidação importada que está se firmando no calendário do varejo brasileiro. A medida foi aplaudida pela Confederação Nacional do Comércio: “Os novos ministérios vão estimular a circulação de quadros nos
Jornalistas, colunistas, economistas e demais istas que afirmam, insinuam que nosso governo rendeu-se ao mercado, estão falando bobagens. Distribuição de renda através da valirização do salário mínimo, emprego, geração de renda e inclusão social com prioridade em educação, saúde, segurança pública e investimentos na infraestrutura é nosso objetivo.

A peça decisiva do quebra-cabeça brasileiro

por Saul Leblon - Carta Maior

Articulações em marcha, entre centrais e autoridades econômicas, para evitar um ciclo de demissões no setor automobilístico, sinalizam uma avenida a percorrer
O quebra-cabeça brasileiro inclui uma peça-chave cuja movimento no tabuleiro pode mudar o desfecho do jogo.


O nome dessa peça é repactuação política do desenvolvimento.

Seus atores são os movimentos sociais organizados, as centrais sindicais, as entidades empresariais --sobretudo as da indústria, e o governo.
Articulações em marcha, ainda restritas a sondagens entre centrais e autoridades econômicas, para evitar um ciclo de demissões no setor automobilístico, sinalizam uma avenida a percorrer.

Se é possível negociar metas, concessões, salvaguardas para barrar o desemprego, por que não o seria também, em um fórum ampliado, para reordenar  a velocidade, a destinação, as condicionalidades e garantias  de um novo ciclo de desenvolvimento?

Estamos falando de uma lógica alternativa a dos centuriões do mercado que se avocam o apanágio ‘técnico’ para agendar quem pagará a conta do ajuste necessário à retomada do crescimento.

Insista-se: macroeconomia não tem ideologia.

Responsabilidade fiscal, controle da inflação e câmbio competitivo não distinguem a coloração de um projeto histórico.

São obrigações de qualquer governante; interessam a toda a sociedade.

Mas desenvolvimento é outra coisa.

Desenvolvimento é transformação.

É romper estruturas anacrônicas e construir outras novas, ao mesmo tempo e com igual intensidade. Quase como atravessar um rio de dupla correnteza, uma puxando para cada lado.

Quem acha que pode haver ‘solução técnica’ para essa travessia, açoitada por ventos e tempestades em litígio, acredita em ‘mãos invisíveis’ a costurar a sociedade humana.

A mão dos mercados autorreguláveis, por exemplo, cujos porta-vozes alardeiam as virtudes do desenvolvimento a salvo de um protagonismo social que o conduza.
Mais que nunca o Brasil necessita de um protagonista social capaz de pavimentar o passo seguinte do seu desenvolvimento.

Não é apenas a mudança no calendário a registrar um novo governo Dilma.

É mais que isso.

Vive-se, grosso modo, um interregno entre dois ciclos.

Um, que parece ter se completado com a consolidação de políticas sociais e salariais, que remodelaram a dinâmica da cidadania e do consumo em largas fronteiras da América Latina.

Em graus distintos, esse estirão foi favorecido pelo afrouxamento do gargalo externo, marcado por uma década de forte alta nos  preços  das commodities.

Atenção porém: não há automatismos na história.

O Brasil já cresceu antes, mais até do que no período recente, sem distribuir renda; ao contrário, concentrando-a à base de arrocho salarial e repressão política. 

A história latino-americana registra outros ciclos de valorização de produtos primários sem uma contrapartida social equivalente a atual.

O que se fez no Brasil e na AL nos últimos anos, portanto, foi uma ação política deliberada.

Subtraiu-se espaço da ‘mão invisível’ para  destinar um pedaço da riqueza corrente ao resgate mínimo da exclusão secular, aprofundada pela hegemonia livre mercadista dos anos 90.

O fôlego dessa indução enfrenta agora o ar rarefeito da estagnação planetária escavada pela desordem neoliberal.

Um descompasso entre aspirações histórias e fluxos de receitas está em curso.
O Brasil depende de investimentos pesados que liguem o impulso original do consumo a uma inadiável adequação da oferta e da logística à escala ampliada da demanda e das expectativas sociais.

É imperativo regenerar a musculatura de sua base industrial.

Não por qualquer fetiche ‘desenvolvimentista’; reside aí a principal usina de irradiação de produtividade de que a economia necessita para lastrear novos saltos em direitos, cidadania, empregos qualidade e soberania externa.

O desafio histórico consiste em erguer os pilares dessa transição num ambiente internacional que deixou de favorecê-lo.

Sem a participação ativa da sociedade nessa travessia, a lógica neoliberal ocupará o vácuo para empurrar sua ‘agenda técnica’ goela abaixo da nação.

Em que direção?

A do afável México, talvez.


 

Já tivemos paradigmas em melhor situação: cerca de 2/3 dos 2.500 municípios mexicanos estão dominados por gangues sanguinárias do circuito drogas/crimes.
O México foi o único país da América Latina, ao lado da pequena Honduras, que registrou aumento da pobreza e da miséria na década passada.

É verdade: o ‘ajuste técnico’ de sua economia conseguiu a elevar a produtividade mexicana num ritmo duas vezes superior à correção dos salários, a partir de 2005.

O país é hoje o segundo maior fornecedor de carros para os EUA (à frente do Japão, abaixo do Canadá).

É o maior exportador de TVs de tela plana do mundo, informa a agencia Bloomberg nesta 5ª feira (27/11).

A que preço?

Ao preço de alguns ‘colaterais’, diz um estudo do insuspeito Bank of América citado pela mesma Bloomberg.

A saber:

a) o salário mínimo mexicano perdeu 70% do poder de compra real nas últimas décadas (o do Brasil cresceu 70% acima da inflação desde 2003);

b) as exportações mexicanas cresceram uma média de 7% por ano desde 2001; mas as vendas no mercado interno aumentaram  apenas 2% em média no período ( contra 5%  da média brasileira);
c) O ganho médio do assalariado mexicano cresceu 0,6% em termos reais na década terminada em 2012 (no Brasil foi duas vezes maior, diz a OIT). 


Esse, o farol do ajuste ‘técnico’ que muitos apregoam para a economia brasileira no segundo governo Dilma.

Se hesitar ou se acanhar, se renunciar, enfim, ao papel indutor do desenvolvimento, o movimento social brasileiro deixará aberto o espaço para ser conduzido por essa coleira, ao invés de conduzir o timão da sociedade.

Dilma é a fiadora inconteste das urnas. Mas o que as urnas disseram em 26 de outubro não pode silenciar.

A repactuação política do desenvolvimento não se confunde com a ingerência burocrática no dia a dia da gestão do Estado.

Sua agenda deriva de princípios que distinguem a construção de uma sociedade convergente, da receita conservadora através da qual a riqueza talvez cresça até mais depressa. Mas  em estruturas circulares de desigualdade e marginalização crescentes. 

Três  diretrizes  são indissociáveis da luta por uma repactuação do desenvolvimento que preserve a construção de uma democracia social, ainda que tardia, no Brasil:

a) buscar o pleno emprego e rechaçar  qualquer ‘ajuste técnico’ que se proponha a ‘pavimentar’ um novo ciclo  com base em demissões e descarte de trabalhadores;

b) buscar políticas de renda (reforma tributária), de salários (ganho real) e de serviços públicos –educação de qualidade, mas também saúde e mobilidade-- que fixem metas e prazos para a redução da desigualdade brutal vigente no país; não se trata apenas de definir um piso à pobreza, mas de galgar novos degraus para longe dela;

c) maior democracia participativa para ampliar os canais de decisão econômica e de expressão política dos interesses majoritários da sociedade.

Qualquer repactuação histórica implica concessões e modulações de metas e prazos, desde que não violentem as  balizas do objetivo mais geral.

O objetivo estratégico do movimento social brasileiro  é construir uma resposta política para a crise, a contrapelo da receita ortodoxa.

A desordem financeira mundial não cederá tão cedo, nem tão facilmente.

A consciência dessa contingencia histórica é um dado fundamental para a ação política nos dias que correm.

Recuos e derrotas acumulados pela esquerda mundial desde os anos 70, sobretudo a colonização de seu arcabouço programático pelos valores e interditos neoliberais, alargaram os vertedouros para o espraiamento de uma dominância financeira,  cuja presença tornou-se ubíqua em todas as esferas da economia e do imaginário social.

O arcabouço institucional que cedeu a soberania das urnas ao suposto poder autorregulador dos mercados perdeu a capacidade de gerar antídotos às degenerações intrínsecas a essa renúncia.

A democracia terá que reinventar-se para que essa possibilidade se recoloque no horizonte da ação política do nosso tempo.

A luta pela repactuação do desenvolvimento brasileiro é um pequeno passo nessa direção.

Mas pode definir uma grande mudança de rumo na construção do Brasil.

O PT quebrou a Petrobras

25,6 bilhões é o lucro médio (anual) da empresa durante os governos do PT

4,2 bilhões foi o lucro médio (anual) da empresa durante os governos do Psdb

Bons tempos bicudos que não voltarão nunca mais...

Poesia do dia

A terra e o vento
Eu me apaixonei pela terra,Mas eu não sabia que essa união não seria bem vinda...
Fato dos fatos é que eu era vento!
E como tal tormento causei um redemoinho lindo e espetacular...
Trouxe a terra para me enamorar e pude leva-la até aos seus com meu sopro de ar...Mas a terra quis novamente a terra voltar, e eu não pude a ela me agarrar.
Como vento soprei-a com carinho aos caminhos que ela bem quis.
Mesmo dentro do peito querer me tornar furacão, brisa serei para ti.
Sei terra que não mais te terei, mas bem sei que a modifiquei...


Tia se maquiando

Um certo dia, estava a tia do Briguilino se arrumando para ir a uma festa, toda animada sonhando em arranjar um namorado. Pó, rímel, batom, cremes e tudo mais que tinha de maquiagem ela colocava. O sobrinho curioso, perguntou:

- Tia pra quê tudo isso? Ela toda faceira e vaidosa responde:

- É para ficar mais bonita!

- E por que a senhora não fica?

Papo de homem - sobre Pais e Filhos

“Não tem choro nem vela”.
A primeira vez em que Marcos ouviu a expressão favorita de seu pai, ele sequer havia balbuciado a primeira palavra. Fosse uns anos mais velho, a resposta não mudaria muito: a única manifestação que era aceita pelo velho era um aceno de cabeça silencioso, daqueles que só se vê quando um erro é admitido.
Para um perfeccionista, como Seu Atílio, encarar de frente o menino que trocava o verde pelo vermelho, não conseguia sequer aprender a ler as horas e tropeçava assim que avistava uma bola de futebol sempre fora um problema. Até por isso, o silêncio sempre fora a verdadeira casa de Marcos, dentro e fora da edícula de dois quartos que ele, os dois irmãos e o pai viúvo ocupavam na cidade baixa de Salvador.
Ainda criança, o menino encontrara um sonhado refúgio nas folhas de papel. Ainda embaralhava as letras, mas se sentia calmo quando conseguir desenhar nas últimas folhas do caderno enquanto a professora não estava de olho. A cada noite, desde que se lembrava, Marcos fazia questão de dormir cedo. Olhava para o teto imaginando um mundo mais colorido que o seu e não gostava muito de refletir sobre isso, mas sabia que, no fundo, era para ver se amanhã chegava logo.
Não foi na primeira infância, nem na adolescência. Nem naquela segunda que prometia, na quarta em que quase tomou coragem ou no outubro seguinte, mas esse dia chegou.
Já trabalhava há três anos no escritório de contabilidade do pai quando deixou que sua pasta de desenhos, escondida dentro de um livro da faculdade, escorregasse de dentro da mochila. De tão intenso, o acesso de raiva de Atílio parecia estar guardado desde a tarde em que jogara as canetinhas coloridas do filho descarga abaixo nos tempos da 1ª série. A diferença foi que, desta vez, o sermão que o pai lhe passava na frente dos outros sete funcionários encontrou o vazio. Marcos levantou-se, pegou a mochila e saiu, de uma só vez, da saleta com ar-condicionado no bairro da Ribeira.





Passaram-se 13 anos até que Marcos voltasse a se postar nos degraus à porta do número 42 onde o pai morava, finalmente disposto a vê-lo. Com os braços rabiscados pelas mesmas ilustrações que agora era pago para fazer nos outros, ele só foi entender o preço que o pai pagara pela perda da esposa no parto que o fez nascer quando uma ex-namorada bateu à porta de sua casa, seis meses antes, com o pequeno Joaquim.
A dureza do velho patriarca não significava que era incapaz de amar o terceiro filho. Só queria dizer que ele não sentia que havia comprado o ingresso para a partida que as circunstâncias o obrigaram a jogar.
O dedo tremeu, mas a campainha soou dentro da casa.
Atílio, ainda meio sonolento após o aniversário de 70 anos na noite anterior, foi à porta de samba-canção e pés descalços. Ao encarar o filho e o garotinho magricela que segurava um bolo diante de si, ouviu antes de amassá-los em um abraço apertado que há muito não distribuía:
- Fala pro vovô o que papai acabou de te ensinar: “Hoje tem choro. E vela”.



por Ismael dos Anjos

Grupo Emaús: Carta à Presidenta Dilma Roussef

do site de Leonardo Boff

Nós, participantes do Grupo Emaús abaixo relacionados, queremos parabenizá-la por seu esforço e desempenho durante a árdua campanha eleitoral, bem como pelas conquistas de seu primeiro mandato. Somos um grupo de teólogos/as de várias Igrejas cristãs, sociólogos/as, educadores/as e militantes que nos encontramos regularmente há quatro décadas. Estamos todos comprometidos na construção de um Brasil, social e economicamente mais justo, solidário e sustentável.
A maioria batalhou, desde o início, em favor do PT e de seu projeto de sociedade. Nessas eleições de 2014, muitos de nós expressamos publicamente nosso apoio à sua candidatura. Discutimos e polemizamos, pois, percebíamos o risco de que o projeto popular do PT, representado pela Senhora, não pudesse se reafirmar e consolidar. Para nós cristãos, especialmente nas milhares de comunidades de base, tínhamos e temos a convicção de que a participação política, de cunho democrático, popular e libertador, se apresenta como um instrumento para realizar os bens do Reino de Deus.
Esses valores são a centralidade dos pobres, a conquista da justiça social, a mútua ajuda, a busca incansável da dignidade e dos direitos dos oprimidos, a valorização do trabalhador e da trabalhadora, a justa partilha e o respeito pela Mãe Terra. Por isso, na linha do diálogo que a Senhora propôs à sociedade, queremos apresentar algumas sugestões para que seu governo continue implementando o projeto que tanto beneficia a sociedade brasileira, especialmente os mais vulneráveis.
O BRASIL QUE QUEREMOS
Estas são as grandes opções que, acreditamos, devem estar presentes na construção do Brasil que queremos:
PROMOVER UMA REFORMA DO SISTEMA POLÍTICO. Uma reforma que acabe com o financiamento de campanhas eleitorais e partidos políticos por empresas privadas, e estabeleça o financiamento público. Uma reforma que possibilite a participação dos cidadãos e cidadãs no processo de tomada de decisões:
– sobre a política econômica;
– sobre todo e qualquer projeto que tenha forte impacto social e ambiental;
– sobre a privatização de empresas estatais e de serviços públicos.
Uma reforma que contemple também a democratização do Poder Judiciário, pois ele é, hoje, o menos controlado dos três poderes.

Só assim poderemos dizer que caminhamos para uma democracia política, econômica, social e cultural, num diálogo efetivo entre membros da sociedade política e da sociedade civil, que signifique governo do povo, pelo povo, para o povo.
REFORÇAR UM MODELO ECONÔMICO MAIS SOCIAL E POPULAR. Repensar criteriosamente a privatização de serviços públicos e de nossas riquezas naturais (entre as quais o petróleo). Orientar um modelo econômico centrado nas pessoas, na realização de seus direitos e numa relação harmoniosa com a natureza, no “bem viver” – como condição para enfrentar a grave crise ecológica na qual estamos imersos. Deve ficar claro para todos, assim o desejamos, que o governo Dilma governa todo o País, mas privilegiando os pobres e aqueles que não são capazes se manter por sua própria conta.
REALIZAR UMA AUDITORIA DA DÍVIDA PÚBLICA, externa e interna, conforme exigência de nossa Constituição (Constituição Federal, Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, art. 26, 1988).
Precisamos saber a quem deve e quanto deve realmente o Brasil, e de que forma foi feita esta dívida. A única auditoria que o Brasil fez, em 1931, constatou que 60% da dívida eram irregular, legalmente inexistentes. Em 2000, tivemos um Plebiscito Popular sobre a Dívida Externa, do qual participaram 6 milhões de pessoas, e 95% votaram pela realização da auditoria da dívida. O Equador realizou uma auditoria da dívida pública em 2009, e descobriu que 70% da dívida eram irregulares. A partir de então, passou a pagar apenas 30%, o restante foi investido em saúde e educação.

REAVALIAR OS MEGAPROJETOS À LUZ DE CRITÉRIOS ECOLÓGICO-AMBIENTAIS E SOCIAIS para que não ameacem o meio ambiente e o habitat de povos indígenas, quilombolas e populações ribeirinhas. Investir nas energias renováveis, especialmente na energia solar – visto que somos um dos países mais ensolarados do mundo. Estabelecer uma estratégia para o gradual fim da utilização de fontes de energia prejudiciais ao meio ambiente e perigosas à vida, como a energia nuclear e as termelétricas.
PROTEGER O MEIO AMBIENTE: Há anos, cientistas, movimentos sociais, entidades ambientalistas e muitas ONGs vêm advertindo para os sérios problemas climáticos que o Brasil teria se mantiver o tipo de desenvolvimento predatório implementado até agora. O que era uma previsão está ocorrendo diante de nós: a crise mais séria de falta de água de que já ouvimos falar, com riscos evidentes para a população, e a ocorrência de chuvas torrenciais, verdadeiras tempestades, em diferentes lugares do País, que causam destruição e mortes.
A desconsideração para com a Amazônia e o Cerrado, com a continuidade do desmatamento – mesmo que o ritmo do desmatamento tenha diminuído -, é o principal fator para as chuvas desmedidas no Norte e a seca no Sudeste. O Brasil precisa assumir a meta do “desmatamento zero”.
A falta d’água é fruto de vários fatores, entre os quais a desatenção para com as condições de vitalidade dos nossos rios, a realização de megaprojetos, a destruição das matas ciliares, a poluição das águas e a ausência de infraestrutura sanitária e tratamento de esgotos. O Brasil tem uma situação privilegiada no mundo: 13,8% da água doce estão aqui. O maior aquífero, o Alter do Chão, se encontra em nosso País. E, no entanto, vários de nossos rios estão secando, e começa a faltar água em muitos lugares. A segunda maior reserva subterrânea de água doce do mundo, o aquífero Guarani, vem sendo contaminado pela infiltração de agrotóxicos. Vemos como urgente uma política que privilegie uma mudança da nossa matriz energética em direção a energias mais limpas (solar e eólica), com menor impacto ambiental (grandes hidrelétricas) ou agravamento da contaminação ambiental e do aquecimento global (térmicas a carvão, petróleo e gás).
DEFENDER OS DIREITOS DE POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: Os primeiros habitantes desta terra foram os povos indígenas. Quando os portugueses aqui chegaram, calcula-se que havia cerca de cinco milhões, repartidos em mais de 600 povos, com suas diferentes culturas e línguas. A colonização provocou um verdadeiro genocídio: povos inteiros desapareceram, restando, hoje, menos de um milhão e pessoas. Muitos deles não têm mais terra onde morar – eles que eram os donos milenares destas terras – e estão sendo dizimados, como é o caso dos Guarani-Kaiowá. Outros estão perdendo suas terras e, sobretudo, seus rios, para megaprojetos, para o agronegócio, para mineradoras. O mesmo acontece com comunidades quilombolas.
É urgente garantir os direitos constitucionais desses povos, restabelecer suas condições de vida, fazendo florescer toda a riqueza de sermos um País pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico, se é que queremos chamar a nossa sociedade de civilização: uma civilização que não faz respeitar os direitos humanos não tem direito a este nome.
REALIZAR A REFORMA AGRÁRIA. Esta é uma reivindicação dos trabalhadores rurais que data da primeira metade do século XX, e que foi um dos motivos para o golpe militar de 1964. A ditadura impediu a reforma agrária, mas os governos posteriores também não a realizaram.
É uma reforma estrutural necessária para acabar com a concentração da propriedade da terra – onde 1% dos proprietários detém quase metade da terra -, para democratizar o seu acesso, fazendo com que a terra se destine a quem nela queira trabalhar e produzir alimentos para a população. E garantir condições favoráveis para as pessoas poderem se manter no campo.
PROMOVER A REFORMA URBANA, para democratizar o direito à cidade. Que as cidades sejam feitas para as pessoas e não para os automóveis; investir no transporte público de qualidade, priorizar o uso dos trilhos (metrô, trens), reduzir o tempo de deslocamento entre casa e trabalho. No que diz respeito à habitação, conter a especulação imobiliária e garantir que todos tenham condições de morar dignamente, com pleno acesso aos serviços públicos.
RESTRINGIR TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS. Até há alguns anos, havia dúvidas sobre se os transgênicos faziam mal à saúde. Este ano, um manifesto de 815 cientistas de todo o mundo alertou os governos de que os transgênicos representam um perigo e que se deveriam estabelecer uma moratória de cinco anos sem transgênicos, até que pesquisas independentes comprovem que fazem bem ao ser humano. É urgente uma política para reduzir, controlar e acabar com este tipo de plantio que está prejudicando a geração atual, mas prejudicará, ainda mais, as gerações futuras. E pior que isso, permite o controle de nossa agricultura por grandes multinacionais desta área, cujo único interesse são os lucros cada vez maiores, pondo em risco nossa soberania alimentar.
O mesmo se pode dizer sobre o uso de agrotóxicos: nós somos o maior consumidor de agrotóxicos em nível mundial. Nos países desenvolvidos, vários dos agrotóxicos que aqui ainda são usados foram proibidos há mais de 20 anos. Como chamou nossa atenção o cineasta Sílvio Tendler, “o veneno está na mesa”. É absolutamente fundamental estabelecer uma política de estrito controle sobre as substâncias que entram nos nossos alimentos, e reduzir sistematicamente o seu uso.
REFORMA TRIBUTÁRIA. Reformar o nosso sistema tributário para que ele seja progressivo, isto é, para que pague mais quem ganha mais, e pague menos (ou nada) quem ganha menos, o que implica que o imposto sobre a renda tenha mais peso que o imposto sobre o consumo.
Introduzir o imposto sobre as grandes fortunas, de modo a reduzir a enorme desigualdade social que caracteriza nosso País. Aumentar o imposto sobre a propriedade territorial rural, para acabar com o privilégio dos latifundiários. Introduzir a taxação sobre o capital financeiro (bancos e investimentos): “taxa sobre transações financeiras” (a famosa Taxa Tobin). Esta reforma é fundamental para reverter o atual sistema tributário, gerador de desigualdade.

POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA. Precisamos, urgentemente, de uma nova política de segurança pública e de reforma de nosso sistema prisional, para que se torne regenerativo e não apenas punitivo. Estão encarcerados/as, hoje, no Brasil, cerca de 550 mil presos/as. A maior parte destes/as se encontram ali por crimes contra o patrimônio ou por tráfico de drogas, não por crimes letais. No Brasil, ocorrem cerca de 50 mil homicídios dolosos por ano. A maioria das vítimas é jovem, pobre, negra, e do sexo masculino. Este genocídio precisa acabar, e temos meios para isso. Que a segurança pública seja exercida para proteger a vida e os direitos dos cidadãos, e não apenas a propriedade.
DEMOCRATIZAR OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. É necessária uma legislação que torne a liberdade de informação e de expressão uma realidade para todos os brasileiros (e não apenas para a elite que controla a grande mídia), e que abra o espectro da comunicação, quebrando o atual oligopólio – que favorece unicamente a um pequeno grupo de grandes proprietários, em detrimento dos direitos da maioria.
UNIVERSALIZAR OS DIREITOS HUMANOS, políticos, civis, econômicos, sociais, culturais e ambientais, com respeito à diversidade. Garantir um sistema de saúde pública de qualidade, assim como de educação, transporte, saneamento básico. Que se combata, com todo o rigor, a violência policial, o emprego da tortura contra presos comuns e a situação degradante dos presídios superlotados.
VALORIZAR O TRABALHADOR E A TRABALHADORA: Garantir trabalho para todos/as. Trabalho digno e não precarizado. Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução dos salários, como repartição dos abusivos ganhos de produtividade do capital. Reaparelhamento do aparato fiscalizador do Ministério do Trabalho. Combate à terceirização.
O CONTROLE SOCIAL DA GESTÃO PÚBLICA, para garantir um serviço público voltado para os interesses dos cidadãos. É fundamental que estes possam exercer o controle da atividade parlamentar, assim como o controle dos governos (municipais, estaduais, federal). Reapresentar o projeto de Participação Social. Criar Observatórios de Controle Social (OCS) em todos os municípios brasileiros, formados por representantes da sociedade civil.
A ÉTICA NA POLÍTICA E DA POLÍTICA. O comportamento ético é essencial para a vida do cidadão e, especialmente, para aquele/a que pretende se dedicar ao serviço da sociedade, do bem comum, ao serviço público. Nenhuma política baseada na corrupção levará a uma sociedade justa, democrática, solidária e equitativa. Uma outra política é possível, com punições exemplares e reforma de nossas instituições, de modo a coibir a impunidade.
Aproveitamos para afirmar que nos empenharemos em colaborar, através dos meios de que dispomos, para que essas sugestões se tornem possíveis e façam avançar o projeto de sociedade que todos almejamos.
Desejamos sucesso em sua nova gestão, invocamos sobre a Senhora a lucidez e coragem do Espírito Criador e, sobre seu governo, todas as bênçãos divinas de luz, paz e amor solidário.

Josias de Souza: Fhc vê um quê de..."ilegitimidade" na Dilma 2ª

Nós, a parte menos dinâmica e ilegitima - na impressão - de Fhc - temos certeza que:

Fernando Henrique Cardoso é um legítimo FHC - Farsante, Hipócrita, Canalha - corrupto, corruptor e golpista.

A seguir a frase desse imundo:



“Vê-se neste momento a dificuldade que tem a presidente da República, recém eleita, quando devia ter toda força possível, mas tenho a impressão de que há um sentimento de ilegitimidade. Ganhou, é legal. Mas sem uma parte mais dinâmica do país e por outro lado com um sistema de apoios que não se expressa realmente no Congresso atual nem no futuro porque a forma de eleição não foi baseada propriamente num fator político ideológico.''