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Carta de promotores e promotoras à Lula


Ao senhor Luis Inácio Lula da Silva
Respeito
Escrevemos esta carta para manifestar a você, primeiramente, respeito. Respeito por ter nascido num local simples, vindo de uma família pobre, obrigada a batalhar duro para sobreviver. Respeito por ter se retirado, ainda muito cedo, de sua terra natal, em busca de uma vida melhor. Respeito por representar os milhões de brasileiros que, durante a história, trilharam o mesmo caminho à procura de dignidade.
Respeito por ter tido que escolher o trabalho à custa dos estudos. Por ter sacrificado parte importante da vida para angariar alguns trocados – naquele momento, imprescindíveis. Respeito por ter iniciado, ainda quando adolescente, o exercício da profissão que o acompanharia por quase toda a vida. Respeito por mostrar – para quem quer e consegue enxergar – que a meritocracia, no Brasil, é uma ideia falaciosa (quantos companheiros tiveram o mesmo sucesso que você, não é mesmo?).
Respeito por ter perdido sua primeira esposa e filho de forma trágica. Respeito por sua intensa atividade sindical. Respeito por reafirmar o fato de que direitos hoje conquistados e absorvidos por ordenamentos jurídicos de todo o mundo somente se tornaram realidade em razão de muita luta, suor, sangue e lágrimas. Respeito por mostrar que a luta é parte indissociável da evolução da humanidade.
Admiração
Expressamos também nossa admiração. Admiração por ter atuado no sindicato de um dos maiores polos industriais do Brasil. Admiração por ter sido eleito presidente da agremiação por duas vezes. Por ter participado, durante a ditadura militar, da organização de greves históricas e memoráveis. Por levar a luta a suas últimas consequências – até mesmo à prisão. Admiração por demonstrar que a prisão sempre foi e sempre será instrumento de controle social.
Admiração por ter sido um dos fundadores daquele que viria a ser o maior partido do Brasil em número de filiados, e que chegaria à presidência da República por quatro vezes consecutivas. Admiração por ter lutado pelo fim do período de exceção e integrado a frente suprapartidária formada com esse objetivo. Admiração por ter sido o deputado federal constituinte mais votado do país, e por ter feito parte do pacto constitucional que rege o Estado e a sociedade brasileira até os dias atuais – apesar dos constantes ataques contra seus princípios basilares.
Admiração por ter se tornado, apesar de todo o preconceito, o primeiro presidente da República vindo da classe operária, reelegendo-se de forma inquestionável. Admiração por ter implantado – e isso é reconhecido internacionalmente – importantes programas de distribuição de renda, de diminuição da desigualdade, de combate à fome e à pobreza (objetivos do milênio), de incentivo à educação, à cultura e ao esporte. Por ter procurado governar para todos. Por ter acreditado na paz e na união como nortes.
Solidariedade
Necessário, por fim, externar nossa solidariedade. Solidariedade por ter sido atingido pelo que entendemos serem equívocos jurídicos. Equívocos jurídicos como sua condução coercitiva ilegal e a divulgação ilegal de conversas particulares suas e de seus familiares (a ilegalidade dessas práticas foi reconhecida pelo STF). Solidariedade por ser um símbolo da injustiça que se pratica contra acusados e condenados negros e pobres do país, presos sem fundamento, em locais degradantes, sem culpa definitivamente reconhecida.
Solidariedade por ter perdido sua segunda esposa em meio à perseguição judicial e midiática levada a efeito contra sua família. Solidariedade por nos demonstrar que não podemos mais contemporizar com o processo penal do espetáculo, em que pessoas são expostas, acusadas, julgadas e condenadas sem o sagrado direito de defesa. Solidariedade por não poder estar com sua família durante o velório do seu irmão Vavá.
Solidariedade por não mais ter seu querido Arthur. Por não ter podido ficar ao seu lado em seus últimos dias de vida. Arthur partiu cedo, mas talvez tenha sido dele a missão de frear o ódio, o rancor, o ressentimento e a violência jogada em nossas faces cada vez que entramos em redes virtuais e até mesmo nas ruas. Seu sorriso marcante há de demonstrar que “a pureza da resposta das crianças” é um caminho que pode ser alcançado. E que não podemos parar de caminhar.
Subscrevem:
Afrânio Silva Jardim – Procurador de Justiça aposentado
Plínio Antonio Britto Gentil – Procurador de Justiça
Jacson Rafael Campomizzi – Procurador de Justiça
Margaret Matos de Carvalho – Procuradora Regional do Trabalho
Jacson Luiz Zilio – Promotor de Justiça
Gustavo Roberto Costa – Promotor de Justiça
Roberto Tardelli – Procurador de Justiça aposentado
Romulo de Andrade Moreira – Procurador de Justiça
Haroldo Caetano da Silva – Promotor de Justiça
Sueli de Fátima Buzo Riviera – Procuradora de Justiça aposentada
Inês do Amaral Buschel – Promotora de Justiça aposentada
Luiz Henrique Manoel da Costa – Procurador de Justiça
Walter Moraes – Promotor de Justiça
Andrea Beatriz Rodrigues de Barcelos – Promotora de Justiça
Lucia Helena Barbosa de Oliveira – Promotora de Justiça
Wagner Gonçalves – Procurador da República aposentado, ex-Sub-Procurador Geral da República, ex-Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, ex-Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República
Álvaro Augusto Ribeiro da Costa – Procurador da República aposentado, ex-Sub-Procurador Geral da República, ex-Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, ex-Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, ex-Advogado-Geral da União
Vida que segue

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Carta aberta a Carlos Bolsonaro,

Nobre vereador, foi com amargura, dor, tristeza e profunda decepção que li nesta rede social  sua opinião sobre a liberação do ex-presidente  Lula para comparecer ao velório e cremação do corpo de seu neto Arthur,  uma criança de apenas sete anos,  vítima da Meningite Meningocócica.

Quando li sua frase dizendo que "a saída de Lula para o enterro do neto ( aquele mesmo neto que a juíza Gabriela Hardt impediu de abraçar o avô no último Natal,  abraço esse que nunca mais poderá acontecer) o coloca na condição de coitado", vi o quanto o senhor e sua família são pobres. Vocês são tão pobres que só  têm dinheiro, enquanto Lula é SIMPLESMENTE ADMIRÁVEL! Porque mesmo com toda a injustiça e perseguição que vem sofrendo nunca teve pressão alta, não simulou doença,  não pediu para ser levado a nenhum hospital,  não pegou atestado médico para fugir de nada e muito menos inventou algum tipo de falcatrua para depois usar a nossa bandeira para enxugar lágrimas de crocodilo como fez o seu irmão Flávio Bolsonaro! Mantém o andar firme, a cabeça erguida,  a expressão serena e continua dono absoluto da maior de todas as riquezas que o senhor e sua família jamais terão: O AMOR E O RESPEITO DE MILHÕES DE BRASILEIROS.

Heloisa de Carvalho Arribas: Carta aberta a Olavo de Carvalho, meu pai

Estou escrevendo essa carta aberta por que você só sabe ficar xingando daí dos Estados Unidos, já que nunca teve a decência de enfrentar as pessoas cara a cara. E, quando digo enfrentar, é encarar que tudo o que falo sobre sua vida é a mais pura verdade. Não adianta mais o seu hábito de criar medo nas pessoas, o que fez com que seus filhos e esposas não abrissem a boca nem mesmo para Deus. Sempre foi sua tática chamar os outros daquilo que você é, e depois se sair de vítima quando é desmascarado ou ficar ironizando como uma forma de mascarar a verdade.

Você não se lembra das inúmeras vezes em que você me pegou para passar o final de semana com você, e você nem me respeitava, ficando na sala ao lado enquanto eu dormia na sala do Bolla e era acordada no meio da noite com os gemidos das suas farras?
Lembra-se de que, quando minha mãe, meus irmãos e eu fomos despejados e passamos a morar em um quarto com banheiro nos fundos da sua escola de astrologia, a Escola Júpiter, enquanto você fazia uma farra com a sua segunda esposa, a Silvana, minha mãe tentou o suicídio e, se não fosse por mim, ela teria morrido? Já se esqueceu também de que, quando eu fui morar com você e a Silvana, meus irmãos foram morar com a nossa avó materna, mas você nunca foi visitá-los?
Esqueceu que, quando fomos morar na casa perto do aeroporto, você e sua esposa Silvana me largavam sozinha enquanto você ia dar aula de astrologia, e que depois saíam para jantar fora e chegavam de madrugada enquanto eu, com apenas 13 anos, ficava lá sozinha e sem comida?
Aliás, as suas casas, apesar de ter mais de uma esposa, sempre foram imundas, e as suas esposas faziam questão de ficar a madrugada toda acordadas, batendo papo furado com você, e depois dormiam o dia todo. A sua mãe nunca ia visitá-lo, pois tinha nojo! E eu, quando morei com você, acabei tendo de aprender todo o serviço de casa, já que nunca gostei de sujeira.
E já que estou falando da sua mãe, lembra-se que ela morreu recentemente sem ao menos receber um único telefonema seu enquanto estava consciente, apesar de ter pedido tanto que você entrasse em contato? Essa minha avó, com quem você tantas vezes brigou e deixava com enxaquecas, passando mal por sua causa, sendo que quem estava ao lado dela, muitas dessas vezes, era eu.
E era eu também que, quando você foi internado na clínica psiquiátrica, ia te visitar, apesar de você ter internado minha mãe em um hospício por duas vezes só para que a sua vida ficasse mais fácil, já que assim ela não podia cobrar nada de você.
Nós sempre vivemos contando com a ajuda de familiares. Ou se esqueceu de que minha mãe deu a guarda judicial dos filhos para parentes, para que assim nós pelo menos tivéssemos acesso a tratamento médico, já que você não dava assistência aos próprios filhos?

Carta aberta de Marcia Tiburi ao ministro Marco Aurélio de Mello


Editora Brasil 247 | Divulgação

​Escrevo essa carta porque insisto em acreditar no Brasil e confio que o Senhor também acredita na democracia, esse valor tão em baixa no Estado brasileiro. No julgamento do Habeas Corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senhor foi um dos que tiveram a dignidade de reconhecer uma garantia constitucional que atende a todos os brasileiros e a coragem de expor que, no que deveria ser uma Corte comprometida com a Constituição, uma manobra político-midiática foi adotada para levar um cidadão à prisão.
​Agora, por uma obra do destino, está em suas mãos a chance de reverter esse tratamento casuístico que apequenou o Supremo Tribunal Federal. O pedido de uma liminar em uma Ação Declaratória de Constitucionalidade está nas suas mãos. Se no julgamento recente, diversas teorias e teses foram distorcidas para afastar um direito constitucional, se recorreram a uma retórica populista no campo penal que, por vezes, era explicitamente sem sentido, cabe ao senhor a chance de demonstrar que a Constituição da República de 1988 ainda está viva. Poder geral de cautela? Antecipação dos efeitos do julgamento do mérito? Suspender as prisões até o que se julgue a ADC? Não importa. A sua decisão deve ser voltada ao restabelecimento do projeto constitucional de vida digna para todos e todas, inclusive o ex-presidente Lula. A decisão deve por fim ao arbítrio, que vai da pressa em prender e humilhar à manipulação das pautas de julgamento, e que se origina de sanha punitiva com finalidade política.
​Caro Ministro Marco Aurélio, coragem é uma virtude esquecida em tempos de espetacularização autoritária. Percebi, e espero não me enganar, que não falta coragem a você. Por isso, escrevo essa carta. Qual o sentido de deixar um homem ser preso se todos sabemos que essa prisão viola a Constituição? Por que não impedir, desde logo, todas (eu disse: todas) as antecipações de penas enquanto ainda não forem julgados os recursos pendentes? Homens e mulheres ao julgar os outros erram, embora muitos juízes e jornalistas tenham imensa dificuldade de reconhecer isso. Erram, às vezes por ignorância, às vezes por má-fé ou covardia, não seria, então, o caso de respeitar a opção constitucional de que é melhor um possível culpado aguardar o julgamento definitivo solto do que um inocente ser preso? Luiz Inácio, mas não só ele, os Joões e as Marias são pessoas de carne e osso: não podem ser instrumentalizadas para qualquer fim. Espero, sinceramente, que não deixe isso acontecer.
​Saudações cordiais e democráticas,
***

A carta da senhora presunção de inocência dirigida ao STF. Por Leonardo Isaac Yarochewsky


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Remetente: Presunção da Inocência
Destinatário: STF - Supremo Tribunal Federal -
Exma. Dra. carmen lúcia antunes rocha - é em minúsculo mesmo revisor -
Publicado em primeira mão no Empório do Direito
Venho a presença de Vossa Excelência e dos demais ministros desta Corte Constitucional expor e afinal requerer o seguinte:
Sou uma velha senhora, minha origem remonta ao direito romano. Na Idade Média fui afrontada em razão, principalmente, dos procedimentos inquisitoriais que vigoravam na época, chegando mesmo a ser invertida já que a dúvida poderia levar a condenação. Contudo, sabiamente e felizmente, fui consagrada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 refletindo uma nova concepção do direito processual penal. Uma reação dos pensadores iluministas ao sistema persecutório que marcava o antigo regime, no qual a confissão – “rainha das provas” – era obtida através da tortura, de tormentos e da prisão.
Segundo o jurista italiano Lugi Ferrajoli, sou correlata do princípio da jurisdicionalidade (jurisdição necessária). Para Ferrajoli se é atividade necessária para obter a prova de que um sujeito cometeu um crime, desde que tal prova não tenha sido encontrada mediante um juízo regular, nenhum delito pode ser considerado cometido e nenhum sujeito pode ser reputado culpado nem submetido a pena”. Mais adiante o respeitável jurista italiano assevera que o princípio da presunção de inocência é um princípio fundamental de civilidade “fruto de uma opção garantista a favor da tutela da imunidade dos inocentes, ainda que ao custo da impunidade de algum culpado

Carta de Lula ao jornalixo Josias de Souza

(...) O senhor tem feito declarações que transitam entre a ironia e a baixaria, cheias de desrespeito e mentira contra a memória da ex-primeira-dama Dona Marisa Letícia. O objetivo é o mesmo já há alguns anos: ter protagonismo profissional em uma imprensa parcial — a mesma que apoiou um golpe parlamentar rejeitado pela população — e perseguir politicamente o ex-presidente Lula, talvez pelo temor e inconformismo diante de sua liderança nas pesquisas eleitorais. Mas mesmo neste jornalismo parcial seria importante algum limite ético e humano, por exemplo, não desrespeitando com mentiras pessoas que já faleceram.
Lula jamais acusou ou usou sua esposa de "álibi". Quem acusou, injustamente, sua esposa foram os procuradores da Lava Jato chefiados por Deltan Dallagnol, que o fizeram em processos sem sentido sobre pedalinhos e imóveis que jamais foram da família Lula, para tentar atingir o ex-presidente. Nem Lula nem Dona Marisa cometeram qualquer crime. Errada foi a divulgação de conversas telefônicas privadas da primeira-dama para fins políticos e midiáticos.
O ex-presidente tem muito orgulho de Dona Marisa, do apoio que ela dava para que ele pudesse lutar pelo Brasil, sendo pai e mãe dos seus filhos ao mesmo tempo e cuidando das contas da família desde os tempos do sindicalismo.
Essa é a verdade dos fatos. E é assim há muito tempo, como prova uma declaração de Lula de 2008 registrada no livro "Dicionário Lula" do chefão do jornalismo da Globo, Ali Kamel, que poderia encaminhar para os seus subordinados de Curitiba, que editam matérias desequilibradas sobre os processos da Lava Jato contra Lula para os telejornais da emissora. Kamel também poderia presentear com seu livro outros funcionários das Organizações, como Cristiana Lobo e Thais Heredia, que já desrespeitaram Dona Marisa dentro da sanha da Globo contra Lula.
Trecho do livro "Dicionário Lula", de 2008
Na fala de 19 de fevereiro de 2008, em Cachoeiro do Itapemirim, registrada no primeiro parágrafo da página 445 do livro, Lula diz que Marisa é quem cuida do dinheiro do casal "desde 1975". Essa é a verdade dos fatos. E fatos, em tese, para jornalistas, deviam importar mais que maledicências falaciosas. Mas o jornalista deve achar melhor servir maledicências falaciosas contra Lula do que fatos aos seus leitores.
Assessoria de Imprensa do ex-presidente Lula

Eugênio Aragão: Meu caro colega Deltan Dallagnol, pare de fazer teatro com PowerPoint

"Denn nichts ist schwerer und nichts erfordert mehr Charakter, als sich in offenem Gegensatz zu seiner Zeit zu befinden und laut zu sagen: Nein."
(Porque nada é mais difícil e nada exige mais caráter que se encontrar em aberta oposição a seu tempo e dizer em alto e bom som: Não!) Kurt Tucholsky
Acabo de ler por blogs de gente séria que você estaria a chamar atenção, no seu perfil de Facebook, de quem "veste a camisa do complexo de vira-lata", de que seria "possível um Brasil diferente" e de que a hora seria agora. Achei oportuno escrever-lhe está carta pública, para que nossa sociedade saiba que, no ministério público, há quem não bata palmas para suas exibições de falta de modéstia.
Vamos falar primeiro do complexo de vira-lata. Acredito que você e sua turma são talvez os que têm menos autoridade para falar disso, pois seus pronunciamentos têm sido a prova mais cabal de SEU complexo de vira-lata. Ainda me lembro daquela pitoresca comparação entre a colonização americana e a lusitana em nossas terras, atribuindo à última todos os males da baixa cultura de governação brasileira, enquanto o puritanismo lá no norte seria a razão de seu progresso. Talvez você devesse estudar um pouco mais de história, para depreciar menos este País. E olha que quem cresceu nas "Oropas" e lá foi educado desde menino fui eu, hein... talvez por isso não falo essa barbaridade, porque tenho consciência de que aquele pedaço de terra, assim como a de seu querido irmão do norte, foram os mais banhados por sangue humano ao longo da passagem de nossa espécie por este planeta. Não somos, os brasileiros, tão maus assim, na pior das hipóteses somos iguais, alguns somos descendentes dos algozes e a maioria somos descendentes das vítimas.



Carta aberta para Aécio Neves da Cunha

Por Fátima Miranda

Caro senador Aécio Neves da Cunha

Vou usar o pronome de tratamento V. Ex.ª (vossa excelência) para me referir ao senhor. Não farei isso por protocolo, como fazem os políticos. Farei isso pura e simplesmente por ironia e sarcasmo. Se eu pudesse escolher o pronome correto para me referir à sua pessoa, usaria um pronome que, na língua inglesa, se refere a coisas. É uma pena que esse pronome (it) não tenha uma palavra semelhante em nossa língua portuguesa.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sempre fui sua eleitora. Votei várias vezes em V. Ex.ª, inclusive nas últimas eleições de 2014. Portanto, me poupe de ser taxada como petista, petralha, comunista ou qualquer outro adjetivo semelhante.

Resolvi lhe escrever essa carta aberta porque a atual situação do meu estimado Brasil tem me incomodado bastante, assim como tem incomodado a grande maioria da população brasileira.

Nós perdemos as eleições meu caro Aécio. Eu fui uma das mais de 51 milhões de pessoas que votaram em V. Ex.ª. Eu também amarguei o sentimento de fracasso junto com V. Ex.ª.

A única diferença entre nós dois é que eu consegui aceitar esse contratempo, enquanto V. Ex.ª transformou todo esse episódio de derrota em raiva, ódio, mágoa, despeito e hipocrisia.

Nosso país tem tomado alguns rumos que, talvez, não sejam os melhores. Algumas decisões da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff tem sido precipitadas e, certamente estão em desencontro com tudo aquilo que ela pregou durante a campanha de 2014.

Mas isso é motivo para o comportamento agressivo, mesquinho, egoísta, individualista e infantil que V. Ex.ª tem manifestado diante da mídia e das redes sociais?

Qual a proposta que o senhor tem a oferecer para ajudar a conter atual crise política e econômica pela qual o meu país está atravessando?

Carta aberta ao companheiro José Dirceu

Nós, que conhecemos e acompanhamos sua história, sabemos das lutas travadas durante o regime militar para o restabelecimento da democracia no Brasil. Sabemos que poucos tiveram a coragem de enfrentar a ditadura doando sua vida e juventude em defesa das grandes causas, para benefício da maioria de um povo invisível e sem sobrenome. Sua vida foi prova de suas lutas e vitórias, contra o Estado ditatorial e contra uma elite que mantinha sob seu jugo o pobre, o preto e o miserável.

Não podemos esquecer que, se hoje nossa juventude – que provavelmente não conhece sua história – ocupa praças e espaços públicos para reivindicar seus direitos, deve muito a sua luta por um Brasil menos desigual, melhor e mais justo.

Nós, que vivenciamos, ou os filhos daqueles que vivenciaram um momento sombrio de nosso país, “páginas desbotadas da memória”, sabemos que sua ousadia, junto à de muitos companheiros e nossa militância, em construir o caminho que culminou com a eleição do primeiro operário para governar o Brasil, dando voz e dignidade aos excluídos, jamais será perdoada pela elite raivosa, que nos últimos meses manifesta claramente seu ódio ao nosso projeto político.

Esse pavor, “Zé”, é a prova de que estamos no caminho certo e que se hoje o Brasil está melhor que ontem, deve-se muito a sua luta. Temos certeza que as pessoas que conhecem sua história sabem, sim, das fraquezas do homem, do político e do ser humano, mas reconhecem seu valor, na história e na luta pela redemocratização do nosso País.

Seu encarceramento, de forma arbitrária e orquestrada, é a clara demonstração que novamente vivemos tempos sombrios, onde a atuação das instituições que deveriam zelar pelo respeito às leis e aos direitos do cidadão, efetuam a prisão de um homem que já está preso, com base, tão somente em ilações de delatores presos, num claro desrespeito à Constituição, ao Estado Democrático de Direito e ao princípio da presunção da inocência.

Não nos intimidaremos diante dos instrumentos golpistas das forças conservadoras, que ameaçam a democracia, o PT e o nosso governo.

Não nos intimidaremos diante da intolerância e do ódio de uma elite antidemocrática, com pensamento opressor e reacionário.

Nós, que vivenciamos o processo de construção de nosso partido, o PARTIDO DOS TRABALHADORES e conhecemos suas batalhas em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito, nos indignamos com aqueles que comemoram sua prisão e manifestamos nossa solidariedade ao companheiro, ao pai de família e ao militante de tantas batalhas, com a certeza que sua estrela jamais deixará de brilhar.

Continuaremos nossa luta em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores, dos direitos humanos e do povo brasileiro.
Os que assinaram esta carta dão uma prova de coragem e dignidade. Parabéns. Com prazer assino embaixo. Se você concordar, curta, compartilhe e também assine.


João Batista – Ex-Presidente PT/PA
Mônica Valente – Secretária de Relações Internacional do PT
Gleide Andrade – Vice-Presidente Nacional do PT
Milton Zimmer – Presidente PT/PA
Francisco Rocha da Silva (Rochinha) — PT/SP
Lindbergh Farias – Senador PT/RJ
Paulo Rocha – Senador PT/PA
Humberto Costa – Senador PT/PE
Anne Karoline – Executiva Nacional do PT
Jefferson Lima – Secretário Nacional da Juventude do PT
Antonio Santos – Executiva Estadual PT/SP
De Assis Diniz – Presidente PT/CE
Regina Sousa – Senadora PT/PI
Vivian Farias – Executiva Nacional do PT
Laisy Moriére – Secretária Nacional de Mulheres do PT
Dirceu Tem Catten – Deputado Estadual PT/PA
Luiz Carlos da Silva (Prof. Luizinho) – Ex-Deputado Federal
Zé Geraldo – Deputado Federal PT/PA
Beto Faro – Deputado Federal PT/PA
Joel Leonidas Teixeira Neto - Blog do Briguilino -

Pragmatismo político


marcha família 2014

Carta aos organizadores da Marcha da Família com Deus 2014

De última hora, uma sugestão de mudança de pauta para os marchadores. Por que, ao invés de marcharem “pela Família”, “contra o comunismo” e “contra a ditadura gay”, não marcham por Cláudia Ferreira Silva?
Caros organizadores da Marcha da Família 2,
Embora falte pouco para o evento, vou cometer a ousadia, um tanto romântica, de sugerir uma mudança na pauta. Por que não marcham pela Cláudia Ferreira Silva, a auxiliar de serviços gerais morta em um tiroteio no Rio de Janeiro e arrastada enquanto era socorrida pela viatura da PM?
A morte de Cláudia foi emblemática. Combinou pobreza, truculência policial, racismo e violência contra a mulher. O mais horrível é que se não fosse filmado o caso seria mais um a engrossar estatísticas da criminalidade.
Cláudia é mártir e merece que marchem por ela. Como vocês já estarão nas ruas, nada mais justo que homenageá-la. Você poderiam, também, marchar em homenagem às 16,9 mil mulheres assassinadas no país entre os anos de 2009 e 2011.
Marchem para denunciar o racismo endêmico que garante dois pretos ou pardos em cada três vítimas de homicídio, marchem contra a posição do país no topo do ranking de desigualdade social, marchem pelos aposentados que depois de trabalhar a vida inteira ainda precisam puxar um carro de picolé ou de pipoca para complementar a renda.
Mas por favor, não digam que Dilma ou o PT querem implantar no Brasil uma “ditadura comunista” o que todas as mazelas do Brasil são de responsabilidade deles. Isso é coisa de conversa de botequim, de gente mal informada. Vocês sabem muito bem que os problemas do nosso país não foram causados só pelas duas letrinhas ou pelos dois últimos presidentes da república. Não sou petista, sequer voto no partido, só não tolero bitolação e falatório sem fundamento.
Os problemas vêm de séculos, dos tempos da colonização, de uma formação econômica baseada na escravidão e de um sistema político feito por e para favorecer a elite. Tem causas múltiplas, não se restringe ao PT ou ao PSDB, ao DEM ou ao PSOL. Nosso empresariado tem uma boa parcela de responsabilidade ao financiar políticos em benefício próprio ou empreender visando apenas o lucro, sem responsabilidades sociais.
Por que não protestam contra o dono da Rede TV, que inaugurou uma mansão de 17 800 metros quadrados enquanto funcionários da emissora estavam com salários atrasados?
Ou então pelo caso de sonegação de impostos da Rede Globo, conhecem essa história? O “cidadâo de bem” que vocês tanto defendem vai se horrorizar com ela.
Marchem pelas vítimas dos “justiceiros”. Ano passado, um caminhoneiro atropelou e matou uma criança de dois anos, aqui no Espírito Santo. Foi linchado e morto. João Querino de Paula era o nome dele. Marchem por ele, que não teve direito a ampla defesa e contraditório. Marchem pela menina atropelada, vítima da falta de infraestrutura das periferias, onde a combinação de vias sem sinalização de trânsito com a ausência de áreas de lazer contribui para ceifar vidas.
Marchem pelo tenente Leidson Acácio Alves Silva, morto com um tiro na cabeça durante patrulha no Rio.
Mas deixem os militares de fora do protesto. Vocês sabem que eles ficaram no poder entre 1964 e 1985, sentem até saudade dessa fase, mas talvez tenham se esquecido que esse regime ditatorial catalisou as desigualdades sociais e deixou a economia brasileira em frangalhos.
Enfim, há muitos motivos para marchar. Daria para encher parágrafos e mais parágrafos de motivos nobres para vocês irem às ruas. Deixem essa paranoia de que estamos a beira de uma ditadura comunista para os hang outs de Lobão e Olavo de Carvalho. Quem acredita nisso crê até no Walter Mercado, aquele do “ligue djá”, lembram?
Abandonem a logorreia beligerante à Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino e combatam o bom combate, a busca por um país mais justo, sem desigualdades.
O filme “Gran Torino” pode ser uma boa lição para vocês. Ele conta a história de um veterano da Guerra da Coréia coberto de preconceitos e ressentimentos com orientais. Até que as circunstâncias o levam a salvar um vizinho asiático. Walt, personagem de Clint Eastwood, escolheu seguir o caminho do bem e combateu o bom combate.
Vocês também são capazes disso, acreditem.