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Siga em frente





Não percas a tua fé entre as sombras do mundo. 


Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue  


para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima

de ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e 


espera com paciência. Tudo passa e tudo se

renova na terra, mas o que vem do céu 


permanecerá. De todos os infelizes os mais 


desditosos são os que perderam a confiança em 


Deus e em si mesmo, porque o maior infortúnio é  


sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo.

Eleva, pois, o teu olhar e caminha. Luta e serve. 


Aprende e adianta-te. Brilha a alvorada além da 


noite. Hoje, é possível que a tempestade te 


amarfanhe o coração e te atormente o ideal, 


aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te 


com a morte... Não te esqueças, porém, de que 


amanhã será outro dia.

por Leonardo Boff

 

Educar para a celebração da vida e da Terra

Dada a crise generalizada que vivemos atualmente, toda e qualquer educação deve incluir o cuidado para com tudo o que existe e vive. Sem o cuidado, não garantiremos uma sustentabilidade que permita o planeta manter sua vitalidade, os ecossistemas, seu equilíbrio e a nossa civilização, seu futuro.

Somos educados para o pensamento crítico e criativo, visando uma profissão e um bom nível de vida, mas nos olvidamos de educar para a responsabilidade e o cuidado para com o futuro comum da Terra e da Humanidade. Uma educação que não incluir o cuidado se mostra alienada e até irresponsável.

Os analistas mais sérios da pegada ecológica da Terra nos advertem que se não cuidarmos, podemos conhecer catástrofes piores do que aquelas vividas em 2011 no Brasil e no Japão. Para se garantir, a Terra poderá, talvez, ter que reduzir sua biosfera, eliminando espécies e milhões de seres humanos.

Entre tantas excelências, próprias do conceito do cuidado, quero enfatizar duas que interessam à nova educação: a integração do globo terrestre em nosso imaginário cotidiano e o encantamento pelo mistério da existência. Quando contemplamos o planeta Terra a partir do espaço exterior, surge em nós um sentimento de reverência diante de nossa única Casa Comum.

Somos inseparáveis da Terra, formamos um todo com ela. Sentimos que devemos amá-la e cuidá-la para que nos possa oferecer tudo o que precisamos para continuar a viver.

A segunda excelência do cuidado como atitude ética e forma de amor é o encantamento que irrompe em nós pela emergência mais espetacular e bela que jamais existiu no mundo que é o milagre, melhor, o mistério da existência de cada pessoa humana individual.

Os sistemas, as instituições, as ciências, as técnicas e as escolas não possuem o que cada pessoa humana possui: consciência, amorosidade, cuidado, criatividade, solidariedade, compaixão e sentimento de pertença a um Todo maior que nos sustenta e anima, realidades que constituem o nosso Profundo.

Seguramente não somos o centro do universo. Mas somos aqueles seres, portadores de consciência e de inteligência pelos quais o próprio Universo se pensa, se conscientiza e se vê a si mesmo em sua esplêndida complexidade e beleza. Somos o universo e a Terra que chegaram a sentir, a pensar, a amar e a venerar. Essa é nossa dignidade que deve ser interiorizada e que deve imbuir cada pessoa da nova era planetária.

Devemos nos sentir orgulhosos de poder desempenhar essa missão para a Terra e para todo o universo. Somente cumprimos com esta missão se cuidarmos de nós mesmos, dos outros e de cada ser que aqui habita.

Talvez poucos expressaram melhor estes nobres sentimentos do que o exímio músico e também poeta Pablo Casals. Num discurso na ONU nos idos dos anos 80 dirigia-se à Assembleia Geral pensando nas crianças como o futuro da nova humanidade. Essa mensagem vale também para todos nós, os adultos. Dizia ele:

A criança precisa saber que ela própria é um milagre, saber, que desde o início do mundo, jamais houve uma criança igual a ela e que, em todo o futuro, jamais aparecerá outra criança como ela. Cada criança é algo único, do início ao final dos tempos. E assim a criança assume uma responsabilidade ao confessar: é verdade, sou um milagre. Sou um milagre do mesmo modo que uma árvore é um milagre. E sendo um milagre, poderia eu fazer o mal? Não. Pois sou um milagre. Posso dizer Deus ou a Natureza, ou Deus-Natureza. Pouco importa. O que importa é que eu sou um milagre feito por Deus e feito pela Natureza. Poderia eu matar alguém? Não. Não posso. Ou então, um outro ser humano que também é um milagre como eu, poderia ele me matar? Acredito que o que estou dizendo às crianças, pode ajudar a fazer surgir um outro modo de pensar o mundo e a vida. O mundo de hoje é mau; sim, é um mundo mau. E o mundo é mau porque não falamos assim às crianças do jeito que estou falando agora e do jeito que elas precisam que lhes falemos. Então o mundo não terá mais razões para ser mau.

Aqui se revela grande realismo: cada realidade, especialmente, a humana é única e preciosa mas, ao mesmo tempo, vivemos num mundo conflitivo, contraditório e com aspectos terrificantes.

Mesmo assim, há que se confiar na força da semente. Ela é cheia de vida. Cada criança que nasce é uma semente de um mundo que pode ser melhor. Por isso, vale ter esperança.

Um paciente de um hospital psiquiátrico que visitei, escreveu, em pirografia, numa tabuleta que me deu de presente: "Sempre que nasce uma criança é sinal de que Deus ainda acredita no ser humano". Nada mais é necessário dizer, pois nestas palavras se encerra todo o sentido de nossa esperança face aos males e às tragédias deste mundo.



por Luis Fernando Verissimo



Milagre

Deus colocou uma barra de ouro na cabeceira de um rabino, que quando acordou e viu o que Deus tinha feito ergueu as mãos para o alto e disse:
— Senhor, quem sou eu para receber esta dádiva?
E diante do silêncio de Deus, o rabino continuou:
— Quem sou eu para ser distinguido desta maneira?
E:
— Quem sou eu para enriquecer assim, da noite para o dia?
E disse mais:
— Quem sou eu, pobre de mim, para merecer um presente tão precioso, quando tantos mais necessitados do que eu não receberam?
E mais:
— Quem sou eu, Senhor, na minha humildade, para ser abençoado por este milagre?
E Deus ficou tão impressionado com os protestos reincidentes do rabino que falou:
— Talvez eu tenha mesmo me enganado, e essa barra de ouro seja para outro rabino...
Ao que o rabino escondeu a barra de ouro dentro da camisola, rapidamente, e disse:
— Quem sou eu para ser a prova de que Deus se engana?

PERFUMES
E tem a parábola do mendigo cego que todos os dias recebia uma esmola de uma mulher que passava, e que ele reconhecia pelo perfume. Cada dia um perfume diferente.
— Mmmm. Violeta — dizia o mendigo, depois de ouvir o tilintar da moeda no seu chapéu.
— Acertou — dizia a mulher.
No outro dia:
— Mmmm. Jasmim. Maravilha.
— Obrigada.
— Mmmm. Rosa.
— Acertou de novo.
Todos os dias a mesma coisa.
— Mmmm. Lírio.
— Mmmm. Cravo.
— Mmmm. Dracena.
Um dia a mulher disse ao mendigo que não tinha nenhuma moeda para lhe dar.
— Não importa — disse o mendigo. — Só o seu perfume de gardênia já me enche de prazer.
— Obrigada!
Até que um dia a mulher resolveu testar o mendigo. Perfumou-se de enxofre e amoníaco e despejou muitas moedas no seu chapéu. E o mendigo ouviu o tilintar das muitas moedas, aspirou fundo e exclamou:
— Mmmm. Flor de laranjeira!


DECIDIDO

(Da série “Poesia numa hora dessas?!”) 
Encoste o ouvido num tronco e ouça o sangue do mundo rodando. Encoste o ouvido no chão e ouça o mundo ronronando. O mundo funciona sozinho e com destino decidido. Recolha-se ao seu cantinho 
e, claro, limpe o ouvido.

Oposição tucademopigniana sem rumo

Enquanto o Brasil avança com o PT no governo federal, a oposição demo-tucana permanece inerte, saudosa de um passado distante e perdida em seus próprios dilemas.

Sem propostas viáveis para o crescimento do Brasil, os velhos mandatários centralizam seus esforços em inúteis tentativas de desestabilizar o governo e o país, por meio de ataques sem provas ao PT e a seus militantes.

No último dia 23, fui grosseiramente atacado, nesta Folha, em artigo assinado pelo cientista político Eduardo Graeff, secretário-geral da Presidência da República no governo FHC. Graeff tomou versões mal-intencionadas e sem compromisso com a verdade para reembalar teses que há muito não encontram eco na sociedade.

Seu artigo "Aliados e companheiros" é uma coletânea desatualizada de equívocos e hipocrisias. Graeff chega a dizer que, em 1998, eu teria arrecadado recursos em prefeituras para financiar campanhas do partido. Trata-se de uma mentira, de uma acusação que não se sustenta caso seja questionada judicialmente. O episódio fantasioso se tornou público na investigação do assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, e seu autor se retratou em juízo pelas falsas alegações. O ex-assessor tucano vai ao fundo do poço ao dar conotação política a um caso que, por duas vezes, ficou comprovado em inquéritos policiais se tratar de crime comum. Na tentativa de provocar estragos, investe até mesmo contra a imagem de Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.

Graeff critica as alianças do governo Dilma. E parece se esquecer de que o PSDB se alinhou com essas mesmas siglas nos Estados que governa. 

O PMDB não está na base de sustentação da gestão de Geraldo Alckmin em São Paulo?

Antonio Anastasia não levou o PDT e o PSB para a base de seu governo em Minas Gerais?

E mais, o tucano mineiro não desmontou a oposição a seu governo ao tirar primeiro o PR da frente parlamentar Minas sem Censura, e agora o PMDB? José Serra, quando assumiu a Prefeitura de São Paulo, não nomeou prefeitos derrotados no Estado para as administrações regionais da cidade? Quer maior aparelhamento e uso da máquina do que esse?

Quando secretário-geral da Presidência, na hoje longínqua era FHC, parte das tarefas de Graeff não era ouvir reivindicações da base aliada a respeito da ocupação dos cargos públicos e de emendas parlamentares?

E agora vem o próprio Graeff questionar a legitimidade da participação dos partidos que apoiam o governo. Quanta hipocrisia!
Estamos dispostos a um debate mais profundo do que esse. Já realizamos as reformas da Previdência e do Judiciário e colocamos na pauta a Tributária e a do Código Civil.

Nos oito anos em que governou o país, o PSDB não foi capaz nem de apresentar uma proposta de reforma que pudesse corrigir erros históricos e estruturais de nosso sistema político-eleitoral e conter a forte influência do poder econômico em nossas eleições.

O tema também já está lançado com a reforma política. Nós, do PT, defendemos o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais, de forma a acabar com a contribuição direta a partidos ou candidatos e a anular a força do poder econômico na eleição. Somos favoráveis ao sistema proporcional misto, no qual o eleitor votará duas vezes: primeiro, na lista do partido de sua preferência, e depois em um candidato da própria lista.
Nossa posição é clara. Surpreende a fuga do PSDB a esse debate.

Para eles, talvez seja melhor atacar a honra alheia do que discutir questões realmente importantes para o país.

JOSÉ DIRCEU 


A confraria dos agiotas

 A decisão do Banco Central de reduzir a taxa Selic em meio ponto desmascarou pela primeira vez um dos mais deletérios e antigos personagens da vida econômica brasileira: a "confraria dos juristas", um grupo que inclui de algumas consultorias econômicas, alguns economistas ligados a bancos, aliados a alguns comentaristas econômicos formadores de opinião na velha mídia, que nos últimos anos conseguiu se apropriar completamente da política monetária do BC.

Não se trata do mercado como um todo, mas de um grupo que jogou com informações privilegiadas, ganhando em cima dos demais segmentos do mercado.

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Vamos por partes.

O mercado futuro de qualquer ativo embute uma aposta e dois apostadores. Digamos que o preço futuro esteja em 100. O apostador que acha que o preço vai para 105 "compra" o contrato a 100; o que acha que o preço vai cair, "vende" o contrato a 100. Se o preço for a 105, o que "comprou" a 100 ganha a diferença de 5; o que vendeu a 100, perde a diferença. Portanto, há sempre um lado que ganha e outro que perde.

O ponto central desse jogo, a ser garantido pelas autoridades reguladoras (BC), é a isonomia das informações. Ou seja, todos os agentes têm que ter acesso às mesmas informações. A desobediência a essa regra caracteriza o "insider information", a informação privilegiada, tipificada como crime financeiro, obrigando à interferência do Ministério Público e da Polícia Federal.

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Nos últimos dias houve uma grita infernal da "confraria dos juristas", sustentando que o BC tinha perdido a credibilidade, que não conseguiria mais articular as expectativas do mercado.

Como assim? Antes da reunião do Copom houve queda nas taxas futuras de juros, significando que o mercado, por maioria, havia assimilado os sinais do BC e apostado na queda de juros. Quem não apostou foi um segmento específico que poderia ter ganhado milhões caso o BC tivesse mantido a taxa Selic. E ganhado milhões em cima dos que achavam que a taxa ia cair.

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Por que essa minoria barulhenta achava que os juros permaneceriam imóveis, se a maioria do mercado, analisando os sinais do BC, apostava na queda? Porque essa minoria julgava ter informações que a maioria do mercado não tinha. Na verdade, sempre trabalhou com informações privilegiadas do BC.

No período de Henrique Meirelles, denunciei algumas vezes reuniões de diretores do BC com economistas de mercado. Não eram reuniões abertas a todo o mercado. Participavam dela o mesmo conjunto de economistas que têm mais vocalização na velha mídia, as fontes preferenciais, justamente aqueles que estão berrando contra a decisão do BC.

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Com a decisão do Copom desta segunda-feira, desnudou-se o jogo. Há o mercado em si e, nele, a confraria dos "juristas". E os ganhos desse pessoal se dava em cima dos demais agentes do mercado, baseados em informações privilegiadas que recebiam do BC.

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Portanto, a partir de agora não se fale mais do "mercado" genericamente, nem de "porta-vozes". Todo esse coro de lamentações ouvido nos últimos dias ajuda a mapear os elos dessa confraria de "juristas".

Seria bom que autoridades em geral começassem a olhar com mais presteza esse jogo.