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Eleitores do Bolsonaro, bem-vindos à política

Deixa eu explicar uma coisa para todos: Oposição não é para sabotar o governo como Aécio Neves fez com Dilma Roussef depois que foi derrotado na eleição de 2014. A oposição serve para equilibrar, corrigir, por limites. Um governo sem oposição flerta com o autoritarismo. Pelo histórico de Jair Bolsonaro, desde sempre temos de vê-lo como é, autoritário, ditadorial.
Por isso, quando as pessoas se colocam como oposição, elas não estão torcendo para que dê tudo errado. Política não é futebol. Se esse governo for muito ruim, todos perdemos.
Ser oposição é fiscalizar, observar e apontar excessos ou negligências do governo para que ele corrija. É preciso haver oposição em uma Democracia, se não vira Ditadura.
Então, preparem-se para as críticas, porque agora vocês são situação e haverá uma oposição. Assim ocorreu nos governos do PT. Assim funciona em qualquer governo democrático.
[Walnysse Gonçalves]
Recebido por e-mail

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A peça decisiva do quebra-cabeça brasileiro

por Saul Leblon - Carta Maior

Articulações em marcha, entre centrais e autoridades econômicas, para evitar um ciclo de demissões no setor automobilístico, sinalizam uma avenida a percorrer
O quebra-cabeça brasileiro inclui uma peça-chave cuja movimento no tabuleiro pode mudar o desfecho do jogo.


O nome dessa peça é repactuação política do desenvolvimento.

Seus atores são os movimentos sociais organizados, as centrais sindicais, as entidades empresariais --sobretudo as da indústria, e o governo.
Articulações em marcha, ainda restritas a sondagens entre centrais e autoridades econômicas, para evitar um ciclo de demissões no setor automobilístico, sinalizam uma avenida a percorrer.

Se é possível negociar metas, concessões, salvaguardas para barrar o desemprego, por que não o seria também, em um fórum ampliado, para reordenar  a velocidade, a destinação, as condicionalidades e garantias  de um novo ciclo de desenvolvimento?

Estamos falando de uma lógica alternativa a dos centuriões do mercado que se avocam o apanágio ‘técnico’ para agendar quem pagará a conta do ajuste necessário à retomada do crescimento.

Insista-se: macroeconomia não tem ideologia.

Responsabilidade fiscal, controle da inflação e câmbio competitivo não distinguem a coloração de um projeto histórico.

São obrigações de qualquer governante; interessam a toda a sociedade.

Mas desenvolvimento é outra coisa.

Desenvolvimento é transformação.

É romper estruturas anacrônicas e construir outras novas, ao mesmo tempo e com igual intensidade. Quase como atravessar um rio de dupla correnteza, uma puxando para cada lado.

Quem acha que pode haver ‘solução técnica’ para essa travessia, açoitada por ventos e tempestades em litígio, acredita em ‘mãos invisíveis’ a costurar a sociedade humana.

A mão dos mercados autorreguláveis, por exemplo, cujos porta-vozes alardeiam as virtudes do desenvolvimento a salvo de um protagonismo social que o conduza.
Mais que nunca o Brasil necessita de um protagonista social capaz de pavimentar o passo seguinte do seu desenvolvimento.

Não é apenas a mudança no calendário a registrar um novo governo Dilma.

É mais que isso.

Vive-se, grosso modo, um interregno entre dois ciclos.

Um, que parece ter se completado com a consolidação de políticas sociais e salariais, que remodelaram a dinâmica da cidadania e do consumo em largas fronteiras da América Latina.

Em graus distintos, esse estirão foi favorecido pelo afrouxamento do gargalo externo, marcado por uma década de forte alta nos  preços  das commodities.

Atenção porém: não há automatismos na história.

O Brasil já cresceu antes, mais até do que no período recente, sem distribuir renda; ao contrário, concentrando-a à base de arrocho salarial e repressão política. 

A história latino-americana registra outros ciclos de valorização de produtos primários sem uma contrapartida social equivalente a atual.

O que se fez no Brasil e na AL nos últimos anos, portanto, foi uma ação política deliberada.

Subtraiu-se espaço da ‘mão invisível’ para  destinar um pedaço da riqueza corrente ao resgate mínimo da exclusão secular, aprofundada pela hegemonia livre mercadista dos anos 90.

O fôlego dessa indução enfrenta agora o ar rarefeito da estagnação planetária escavada pela desordem neoliberal.

Um descompasso entre aspirações histórias e fluxos de receitas está em curso.
O Brasil depende de investimentos pesados que liguem o impulso original do consumo a uma inadiável adequação da oferta e da logística à escala ampliada da demanda e das expectativas sociais.

É imperativo regenerar a musculatura de sua base industrial.

Não por qualquer fetiche ‘desenvolvimentista’; reside aí a principal usina de irradiação de produtividade de que a economia necessita para lastrear novos saltos em direitos, cidadania, empregos qualidade e soberania externa.

O desafio histórico consiste em erguer os pilares dessa transição num ambiente internacional que deixou de favorecê-lo.

Sem a participação ativa da sociedade nessa travessia, a lógica neoliberal ocupará o vácuo para empurrar sua ‘agenda técnica’ goela abaixo da nação.

Em que direção?

A do afável México, talvez.


 

Já tivemos paradigmas em melhor situação: cerca de 2/3 dos 2.500 municípios mexicanos estão dominados por gangues sanguinárias do circuito drogas/crimes.
O México foi o único país da América Latina, ao lado da pequena Honduras, que registrou aumento da pobreza e da miséria na década passada.

É verdade: o ‘ajuste técnico’ de sua economia conseguiu a elevar a produtividade mexicana num ritmo duas vezes superior à correção dos salários, a partir de 2005.

O país é hoje o segundo maior fornecedor de carros para os EUA (à frente do Japão, abaixo do Canadá).

É o maior exportador de TVs de tela plana do mundo, informa a agencia Bloomberg nesta 5ª feira (27/11).

A que preço?

Ao preço de alguns ‘colaterais’, diz um estudo do insuspeito Bank of América citado pela mesma Bloomberg.

A saber:

a) o salário mínimo mexicano perdeu 70% do poder de compra real nas últimas décadas (o do Brasil cresceu 70% acima da inflação desde 2003);

b) as exportações mexicanas cresceram uma média de 7% por ano desde 2001; mas as vendas no mercado interno aumentaram  apenas 2% em média no período ( contra 5%  da média brasileira);
c) O ganho médio do assalariado mexicano cresceu 0,6% em termos reais na década terminada em 2012 (no Brasil foi duas vezes maior, diz a OIT). 


Esse, o farol do ajuste ‘técnico’ que muitos apregoam para a economia brasileira no segundo governo Dilma.

Se hesitar ou se acanhar, se renunciar, enfim, ao papel indutor do desenvolvimento, o movimento social brasileiro deixará aberto o espaço para ser conduzido por essa coleira, ao invés de conduzir o timão da sociedade.

Dilma é a fiadora inconteste das urnas. Mas o que as urnas disseram em 26 de outubro não pode silenciar.

A repactuação política do desenvolvimento não se confunde com a ingerência burocrática no dia a dia da gestão do Estado.

Sua agenda deriva de princípios que distinguem a construção de uma sociedade convergente, da receita conservadora através da qual a riqueza talvez cresça até mais depressa. Mas  em estruturas circulares de desigualdade e marginalização crescentes. 

Três  diretrizes  são indissociáveis da luta por uma repactuação do desenvolvimento que preserve a construção de uma democracia social, ainda que tardia, no Brasil:

a) buscar o pleno emprego e rechaçar  qualquer ‘ajuste técnico’ que se proponha a ‘pavimentar’ um novo ciclo  com base em demissões e descarte de trabalhadores;

b) buscar políticas de renda (reforma tributária), de salários (ganho real) e de serviços públicos –educação de qualidade, mas também saúde e mobilidade-- que fixem metas e prazos para a redução da desigualdade brutal vigente no país; não se trata apenas de definir um piso à pobreza, mas de galgar novos degraus para longe dela;

c) maior democracia participativa para ampliar os canais de decisão econômica e de expressão política dos interesses majoritários da sociedade.

Qualquer repactuação histórica implica concessões e modulações de metas e prazos, desde que não violentem as  balizas do objetivo mais geral.

O objetivo estratégico do movimento social brasileiro  é construir uma resposta política para a crise, a contrapelo da receita ortodoxa.

A desordem financeira mundial não cederá tão cedo, nem tão facilmente.

A consciência dessa contingencia histórica é um dado fundamental para a ação política nos dias que correm.

Recuos e derrotas acumulados pela esquerda mundial desde os anos 70, sobretudo a colonização de seu arcabouço programático pelos valores e interditos neoliberais, alargaram os vertedouros para o espraiamento de uma dominância financeira,  cuja presença tornou-se ubíqua em todas as esferas da economia e do imaginário social.

O arcabouço institucional que cedeu a soberania das urnas ao suposto poder autorregulador dos mercados perdeu a capacidade de gerar antídotos às degenerações intrínsecas a essa renúncia.

A democracia terá que reinventar-se para que essa possibilidade se recoloque no horizonte da ação política do nosso tempo.

A luta pela repactuação do desenvolvimento brasileiro é um pequeno passo nessa direção.

Mas pode definir uma grande mudança de rumo na construção do Brasil.

por Carlos Chagas


O DEMOCRATAS ACUSA O PALÁCIO DO PLANALTO DE ARTICULAR O PSD.

Grave denúncia foi formulada pelo presidente do Democratas, senador José Agripino. Para ele, vem sendo articulada no palácio do Planalto a criação do novo partido liderado pelo   prefeito Gilberto Kassab.  A intenção do governo seria desconstruir a oposição, atingindo o seu partido e, também, o PSDB. Como reação, o senador pelo Rio Grande do Norte passou a admitir a hipótese da fusão do DEM com os tucanos, ainda que com a ressalva da necessidade de consultas prolongadas às bases de ambos.

Falar em palácio do Planalto e em governo constitui um eufemismo para designar Dilma Rousseff. Porque se verdadeira a denúncia, não há como argumentar que ela  não sabia de nada e que tudo se passa sem o seu conhecimento.

Vem então a pergunta: para que a presidente da República se empenharia em enfraquecer ainda  mais uma oposição  debilitada? Ou, no reverso da medalha: de que adiantaria ao governo  dispor de mais alguns deputados e senadores na base oficial, se há número mais do que suficiente para não sofrer derrotas no Congresso?

José Agripino chama de trânsfugas seus ex-companheiros do DEM já de malas prontas para o PDS. Reconhece o impacto que está sendo a debandada de perto de 30 deputados, sem esquecer o governador de Santa Catarina e provavelmente dois senadores. Daí o contra-ataque que seria a união com o PSDB, tanto faz se denominada de fusão ou de incorporação. Significativa foi a adesão do ex-presidente Fernando Henrique ao casamento das duas legendas, ainda que a maioria dos tucanos rejeite qualquer mudança de sigla.

por Alon Feuerwerker

[...] Ou todos, ou ninguém

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem o mérito de não esconder as ideias, e mantém o fio condutor a ligá-las ao longo do tempo. É um caso de intelectual que virou político e na volta à planície consegue combinar bem as duas maneiras de interpretar o mundo.

Errando ou acertando, FHC oferece matéria prima de qualidade para o debate.

O mais recente artigo do ex-presidente, publicado na revista Interesse Nacional, trouxe notícia. FHC prega a inutilidade de o PSDB disputar os movimentos sociais e o povão com o PT. É a notícia no texto, apesar de não ser talvez o "mais importante", ou o que FHC gostaria de destacar.

Notícia é sinônimo de novidade. Esprema-se o longo texto de FHC e sairá essa única novidade. As outras coisas todas ele já havia dito, algumas mais de uma vez.

Eis um detalhe que políticos têm muita dificuldade para compreender: jornalismo trata de notícias, não de informações organizadas por critérios, também subjetivos, de importância.

Se não houvesse no texto de FHC a referência ao povão, provavelmente a obra teria passado despercebida. Seria mais um texto, só que caudaloso.

Mas o debate em torno da notícia oferecida por FHC é bom. Num certo sentido, FHC ajudou a oposição. Expôs a principal dificuldade dela.

Desde sempre, o PT consolida a hegemonia ao operar a conexão entre o geral e o particular. Uma esfera faz concessões à outra, mas elas dançam juntas. Luta pelo salário mínimo, para redistribuir renda. Não é só para ajudar quem ganha o mínimo.

Quando é para arrochar o salário mínimo, explica pela necessidade de preservar a estabilidade e combater a inflação.

O PSDB ou o Democratas provavelmente dariam a mesma explicação. Por que então o PT consegue arrochar sem praticamente provocar reação? Por que tem mais legitimidade para pedir sacrifícios?

A tese mais simplista é a cooptação dos líderes dos movimentos sociais. Mas os líderes não vivem num universo paralelo. Se podem apoiar quase qualquer coisa que o governo petista faz é porque a base está de acordo.

Ou pelo menos a base acha que não seria boa a relação custo-benefício de trocar o comando.

Pois o PT tem crédito, acumulou crédito. Por ter defendido ao longo dos anos, com razão ou sem, com lógica ou sem, com oportunismo ou sem, com patriotismo ou sem, reivindicações setoriais, localizadas, fragmentadas.

Juntou assim seu capital político, fez a conexão entre, de um lado, o empenho para melhorar a vida de cada um e, de outro, a visão partidária de mundo.

O PT falava do grande milagre, mas não esperava sentado por ele.  Buscava no meio tempo pequenos milagres para melhorar o aqui e agora da turma que o apoiava.

Mas o PT só conseguiu o grande salto quando substituiu o "cada um" por "todos". Quando juntou todos os "cada um". Quando conseguiu dizer coisas não apenas para alguns pedaços, mas para todos os pedaços. Pobres e ricos, além das diversas cores do arco-íris da classe média.

Pois talvez seja impossível falar para o conjunto da sociedade sem conseguir falar para cada pedaço dela, sem exceção. Ainda que o pedaço não goste do partido. Ainda que ele hoje não vote no partido.

Isso vale sempre. E vale mais ainda num país marcado pela desigualdade, e no qual a busca da igualdade é um valor prático, e também simbólico.

No Brasil não há como ser nacional sem ser popular. Talvez um dia haja. O que quer o PSDB? Esperar sentado a chegada desse dia?

Esperar o PT completar a obra de inclusão para, a partir daí, do adensamento final das classes médias, buscar a volta ao poder com base na insatisfação dessas classes médias com o PT?

Precisaria combinar com o adversário, como disse um dia Garrincha sobre os russos/soviéticos.

Pois o PT não está dormindo. O governo Dilma Rousseff vai claramente orientado a reduzir a resistência nas classes médias.

Infelizmente para o PSDB, a vida não vai esperar o PSDB acordar.

Os sinais já são claros. Marina Silva teve 20 milhões de votos, mesmo com um tempo de televisão mixuruca. E o PSB se alimenta pelas beiradas, acumulando musculatura.

do Leitor

Fernando Henrique está errado. No Brasil não há oposição. Todos os partidos, inclusive o PT adotam uma posição social democrata.


Não temos no Brasil nem um partido sequer que defenda os interesses do povo. Não temos nem um partido sequer que entre os interesses do partido e do povo escolha os interesses do povo.

Temos uma corrupção endêmica, que fica impune. Todos os nossos políticos se julgam donos do Brasil e defendem seus interesses pessoais em detrimento do povo.

Precisamos de partidos comprometidos com a justiça social e o bem estar do povo a começar do mais humilde.
por Laguardia 

FHC

[...] a Ofélia da política brasileira, mostra outra vez, novamente, de novo rsss que é errando que ele continua a errar


Num instante em que a oposição roda como parafuso espanado em busca do discurso perdido, Fernando Henrique Cardoso sugere um caminho.
Para ele, "enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, falarão sozinhos".
Acha que a oposição precisa redirecionar seus esforços para conectar-se com a nova classe média, içada da pobreza pelo crescimento econômico dos últimos anos.
Deve-se à repórter Daniela Lima a revelação do receituário de FHC, hoje o principal –talvez o único— ideólogo da oposição.
Em notícia pendurada na manchete da Folha, ela antecipa o teor de um artigo escrito por FHC, presidente de honra do PSDB.
O texto será veiculado no próximo número da revista “Interesse Nacional”, que circula nesta quinta (14). Estará disponível também na web.
Conforme noticiado aqui, no final de semana, o desempenho de Dilma Rousseff nos primeiros 100 dias de governo alterou o conceito que FHC fazia dela.
Durante a campanha, ele a apelidara “boneca de ventríloquo”. Nos últimos dias, passou a reconhecer, em privado, que Dilma o surpreendeu positivamente.
No texto que virá à luz em dois dias, FHC revela o receio de que a nova presidente se mostre mais sedutora à classe média do que Lula:
"Dilma, com estilo até agora contrastante com o do antecessor, pode envolver parte das classes médias. Estas [...] mantiveram certa reserva diante de Lula".
Para se contrapor a Dilma, tenta ensinar FHC, as legendas de oposição terão de alterar o modo de agir, modernizando-se.
Ele escreve que essa classe média tão almejada não participa da vida política do país como no passado.
Acompanha o desenrolar dos fatos em lugares onde os partidos praticamente inexistem. As redes sociais da internet, por exemplo. FHC anota no artigo:
“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesses dessas camadas".
Ele insinua no texto que, em vez de buscar os culpados de seus infortúnios em terrenos vizinhos, a oposição deve olhar para o próprio umbigo:
"Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno ‘do outro'."
Ex-presidente da República por dois mandatos, FHC realça num pedaço do artigo o cativeiro a que os aliados o condenaram nas últimas disputas presidenciais:
"Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência".
O texto é até delicado. Em verdade, não houve dor de consciência, mas vergonha. FHC e seu legado foram trancafiados no fundo do armário.
FHC deu ao seu novo artigo o mesmo título de um velho texto que escrevera na década de 70: "O papel da oposição".
Naquela época, ele se opunha à ditadura militar. "Diante do autoritarismo era mais fácil fincar estacas em um terreno político", comparou.
Considerando-se o nanismo de ideias que infelicita a oposição, o texto de FHC ganha a aparência de um oásis em meio ao Saara.
Porém, a peça perde-se em equívocos rudimentares. O primero deles é a premissa de que Lula não se conectou à classe média.
Lula ultrapassou esse cercadinho já na eleição de 2002, quando bateu José Serra. Reforçou os laços em 2006, ano em que moeu Geraldo Alckmin.
Outro equívoco é o de considerar que Dilma pode se achegar a esse nicho do eleitorado. Tomada pela primeira rodada de pesquisas, ela já chegou lá.
Para desbancá-la, a oposição depende de uma competência que ainda não foi capaz de exibir e de eventuais tropeços de Dilma.
De resto, a chamada nova classe média credita sua ascenção social à Era Lula. Daí a popularidade que rendeu a ele a reeleição e a “construção” da sucessora.
Só os especialistas ainda enxergam no processo evolutivo as digitais de ex-gestores como Itamar Franco e o próprio FHC.
Num ponto, o ex-presidente tucano tem razão. Ao envergonhar-se de seu legado, os “amigos” da oposição permitiram que Lula se apropriasse do passado, reciclando-o.
Difícil pedir ao “ex-povão” que recorde agora que a estabilidade econômica traz na sua gênese o Plano Real, que FHC costurou como ministro de Itamar.
Muito difícil emplacar a tese de que Lula apenas manteve conquistas que o petismo rejeitara no passado. Coisas como a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Dificílimo convencer os 'neo-incluídos' de que o Bolsa Família não é senão a versão aprimorada de programas de transferência de renda nascidos lá atrás.
Não há debate em rede social capaz de devolver à oposição o passado que ela própria permitiu que passasse.
Como escreve FHC, oposição que perde três eleições presidenciais não achará escusas no terreno do outro. Deve o infortúnio à sua própria incompetência.
No mais, a reiteração da divisão interna do PSDB e o derretimento do DEM revelam uma oposição convencida de que é errando que se aprende... a errar.
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Dilma Roussef

Cem dias de governo

a mulher é o estilo

 
 Foto: Roberto Stuckert Filho /PR 
No pós-Lula, a primeira presidente a comandar o Brasil consolida sua marca ao imprimir pulso forte, porém discreto, à gestão; ajuste das contas e ameaça de inflação ainda são desafios
O Estado de S. Paulo
Dilma Rousseff completa neste domingo, 10 de abril, 100 dias no cargo de presidente da República com o feito de ter dirimido a dúvida mais mordaz lançada contra ela por seus opositores durante a campanha eleitoral do ano passado: seria Dilma, criada à imagem e semelhança de Lula, capaz de comandar o País sozinha?
Para silenciar os críticos nesse quesito, a primeira mulher a ocupar a Presidência fez questão de imprimir a marca de uma governante austera e discreta.
Tais características provocaram comparações inevitáveis com seu antecessor e padrinho, um político afeito aos discursos e ao embate direto com a oposição, a mesma oposição que, para fustigá-lo e tentar enfraquecer seu mito, passou a elogiar o jeito de Dilma comandar o País.
A presidente, no entanto, nunca incentivou de público esse paralelismo, ainda que na política externa e na questão dos direitos humanos tenha adotado medidas frontalmente contrárias à atuação de Lula na área.
Os afagos da oposição se restringiram à forma. No PSDB e no DEM, ganham corpo as críticas ao conteúdo: "gastança" do governo, desaceleração do PAC e ameaça de inflação.
O corte de R$ 50 bilhões no Orçamento não convenceu o mercado e os opositores de que as contas públicas estão sob controle. Dúvidas de gestão à parte, resta ao fim dos 100 dias a certeza de que Dilma se impôs.
Parafraseando o francês conde de Buffon (1707-1788), para quem "o estilo é o homem", hoje "a mulher é o estilo".

Administração

[...] no varejo


Desde que foi privatizada, a Companhia Vale do Rio Doce, hoje simplesmente Vale, é uma empresa privada. Com participação acionária do governo, por meio dos braços estatais deste.

Nas semanas recentes, um acordo entre os acionistas deu na troca do executivo-chefe da Vale. Para chegar ao acordo, cada acionista desembainhou as armas disponíveis. No fim o banco privado achou por bem atender ao desejo do sócio poderoso.

Deu prioridade à convivência frutífera, em vez de se agarrar ao poder absoluto na Vale. Havia outros -e tão significativos quanto- interesses em jogo.

Não sou acionista da Vale, e portanto prefiro não opinar se o presidente deveria ter permanecido ou se a troca foi boa. Afinal, a empresa é privada e, portanto, a administração é assunto dos acionistas.

Consumado o desfecho interno, o debate talvez devesse buscar outro ponto. O que é melhor para o Brasil? A Vale buscar principalmente lucratividade? Ou ajudar a melhorar o valor do produto, a agregar valor, inclusive às exportações?

É um debate complexo. Agora mesmo a Petrobras está às voltas com uma função de duas variáveis. Como atingir as metas de aumento da produção e combinar isso com a desejada participação nacional nos meios produtivos da cadeia do petróleo.

É bom que a Vale exporte minério? É ótimo, ajuda a balança comercial, rende impostos, cria empregos. É bom que a empresa agregue valor ao produto? É excelente, o Brasil precisa disso para ficar menos vulnerável às flutuações das commodities. E o Brasil precisa de mais indústria, não menos.

Onde está então o problema? Ele aparece quando as ideias e declarações de intenções precisam ser concretizadas em atos. A palavra está desgastada, mas o desafio está na gestão.

O que os acionistas querem da Vale? Esse sim é um assunto de dimensão nacional.

Sobre gestão, aliás, os últimos dias na economia transmitem a impressão de um gerenciamento caso a caso, uma administração no varejo. 

O ministério da Fazenda corre atrás do câmbio, sem grande sucesso. O Banco Central trava o cabo de guerra com o mercado financeiro em torno das expectativas para a inflação, com resultados ainda em aberto, na melhor das hipóteses.

Agora é o etanol, e o governo acena com a taxação das exportações de açúcar. Para não faltar o álcool, que até ontem era a salvação da pátria.

por Zé Dirceu

Oposição anunciada não passa de factóide

Anfitrião ao lado do governador de Minas, Antônio Anastasia (PSDB), do encontro que reuniu em Belo Horizonte no fim de semana os 8 governadores tucanos eleitos em 2010, o senador Aécio neves (PSDB-MG) aproveitou para adiantar à mídia o tom da "oposição propositiva" de que tem falado e que detalhará em pronunciamento programado para a próxima 4ª feira no Senado.

Mais do mesmo, nada de novo. A repetição de velhos ataques ao PT e à presidenta Dilma Rousseff, agora pela criação do Ministério da Micro, Média e Pequena Empresa. Um factóide, puro discurso para a mídia. A chefe do governo, como candidata, firmou o compromisso de criar esse ministério e simplesmente o resgata agora.

O senador mineiro defende, também, a elevação do teto do sistema Simples (que rege o pagamento de impostos da micro, média e pequena empresa). O teto já está sendo elevado - leiam a matéria Exportador terá teto maior no Supersimples (para assinantes), publicada no jornal Valor Econômico de hoje.

Nomeação é de competência da presidenta, governador...

Assim, resta à questão da nomeação ou não para o ministério criado de um petista, um dos motivos dos protestos e o centro da crítica do senador Aécio ao surgimento da pasta da Micro, Média e Pequena Empresa.

Ora, tanto a criação de ministérios, quanto a nomeação de membros do partido da presidenta, quanto dos governadores de Estado - destes, nos casos de secretarias de Estado e seus titulares - são práticas comuns, inerentes aos cargos e funções que ocupam e desempenham.

Aliás, estas foram práticas comuns registradas tantos nos 8 dos 2 governos tucanos de Aécio, quanto nesse início de governo Antônio Anastasia. E como houve essa prática! É só conferir em Minas nos dois governos (vejam a nota Vazio, falta de propostas, nada nesse campo).


por Ilimar Franco

A oposição está satisfeita com Dilma

Apesar das críticas de praxe ao governo, a oposição está satisfeita com o desempenho da presidente Dilma Rousseff. Com uma atuação mais discreta do que o ex-presidente Lula, é como se o governo tivesse descido do palanque. Isso faz com que os ânimos estejam menos exaltados. “Isso pode melhorar a qualidade do debate”, diz o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).
Tirando esse raro momento de refresco, a oposição não perde a oportunidade de lembrar que a presidente Dilma afirmou, durante a campanha eleitoral, que não era necessário fazer ajuste fiscal.
Ao mesmo tempo, o PSDB e o DEM acusam o governo de fazer um arremedo de ajuste fiscal com o corte anunciado de R$ 50 bilhões no Orçamento.
Também criticam o salário mínimo de R$ 545 e o reajuste por decreto nos próximos quatro anos. Guerra elogia, no entanto, a defesa dos direitos humanos na política externa, a tentativa de passar imagem de austeridade fiscal e a revisão da decisão de compra dos caças para a Aeronáutica.

por Alon Feuerwerker

Chance Zero

Não vai bem a relação entre o governo e o movimento sindical. E o diagnóstico é anterior aos atritos sobre o salário mínimo. A encrenca está na deformação das atribuições. Ou melhor, na maneira deformada como um vê as atribuições do outro.

Na preliminar do debate é preciso afastar certo viés antissindical, que enxerga graves problemas em o Estado transferir recursos para as entidades de trabalhadores mas não exibe o mesmo grau de revolta quando o dinheiro vai para as organizações patronais.

Se é possível falar em peleguismo, é pouco razoável olhar só para um lado do problema.

O movimento político-sindical que resultaria no PT alimentou-se, na nascente, de ideias renovadoras. Uma delas ensaia ressuscitar pelas mãos da CUT: o fim do chamado imposto sindical, a doação compulsória de cada um para financiar as entidades.

Pena que a CUT só lembre dessas coisas, que remetem ao seu passado combativo, quando interessa ao governo ameaçar o sindicalismo com o fechamento das torneiras.

Na teoria, a CUT tem mais enraizamento e melhores condições de sobreviver só às custas da contribuição voluntária dos associados.

A principal ideia inovadora da CUT lá atrás era construir um movimento sindical independente dos patrões e do governo. Navegou o quanto deu nas águas do antigetulismo e do antipeleguismo, estimulando inclusive a divisão de sindicatos na base.

No fim das contas resultou em nada. O sindicalismo nunca dependeu tanto do governo, ou dos governos. Com uma diferença, para pior.

O modelo getulista pelo menos preservava a unicidade orgância, que é boa para o trabalhador. Por facilitar a unidade na ação, desde que haja democracia.

É possível o pluralismo na unicidade, se as diversas forças políticas e propostas encontram mecanismos proporcionais de representação. Como por exemplo na UNE.

Mas democracia interna nunca foi o forte do sindicalismo brasileiro, do getulismo ao petismo. E os filhos do casamento entre as tendências centrífugas e o autoritarismo secular são a fragmentação e o enfraquecimento.

A conjuntura de razoável expansão da economia e do emprego também contribui para arrefecer. Atrapalha, além disso, uma debilidade cada vez mais estrutural. No mundo inteiro o sindicalismo só cresce mesmo no setor público.

Onde tem que forjar musculatura enfrentando patrão a coisa vai de mal a pior.

O movimento sindical que deve se reunir com Dilma Rousseff é um retrato das circunstâncias. Fraco, dividido, dependente. Vulnerável portanto a duas tentações.

Segundo a lógica do poder, não faz sentido um sindicalismo tão carente de músculo e tão escravo dos cofres públicos criar problemas para um governo que o prestigia com gestos de apreço e espaços, além das verbas.

Segundo a lógica do movimento sindical, não faz sentido um governo aliado e fortemente apoiado desconsiderar as legítimas reivindicações.

A pauta dos sindicatos está no limbo. Um sintoma? O governo não quer nem ouvir falar em impor via legislação o corte na jornada de trabalho.

É a deformação das atribuições, de que tratou o começo da coluna. Cada lado deseja, no fundo, que o outro simplesmente adira.

O governo quer apoio incondicional, nos moldes do exigido da base aliada no Congresso. E as centrais sindicais querem que o governo as atenda sem que precisem lutar.

O cartaz sobre o caixa da padaria bem que dizia: “Já que banco não faz pãozinho, aqui não vendemos fiado.” Sábio.

Talvez esteja na hora de esse matrimônio de conveniência produzir um divórcio amigável. Seria bom para todos. Nem o governo estaria obrigado a fingir que dá importância ao sindicalismo nem este precisaria continuar no papel de partido da base.

O governo cuidaria de governar e os sindicatos, de mobilizar e pressionar. Seria bem mais saudável. E que as coisas se resolvessem conforme a força de cada um.

A chance de esse meu cenário idílico emplacar? Perto de zero.

Dilma desorienta a oposição

As diferenças de métodos e de modos entre Dilma Rousseff e Lula ganham um componente novo, e impressentido pelas inúmeras comparações feitas dos dois. Decorre de particularidade pessoal da presidente, mas, não menos, de uma condição especial que distingue politicamente sua Presidência de todas as anteriores, não só de Lula. 

O desejo de Dilma Rousseff de reuniões desarmadas com oposicionistas, bem simbolizado na cordialidade do encontro e do seu convite a Fernando Henrique Cardoso, contrasta com a rigidez atribuída, naquelas comparações, a seu temperamento e a sua atitude política na Presidência. Até aí, uma novidade interessante. A partir dela, porém, projeta-se um elemento indigesto a mais no embaraço em que a oposição está desde que o governo Lula começou a construir fisionomia própria, não mais apenas de constrangida prorrogação do antecessor.

A satisfação com a política econômica, nas classes média e alta, e a recepção das medidas populares deixaram a oposição, no governo Lula, sem matéria substancial para fazer o seu papel.

Ir além do governo, com propostas mais avançadas, era inconcebível pelo conservadorismo que impregnava, e impregna, a oposição. Restou o oposicionismo superficial, aos modos pessoais de Lula, às práticas permanentes de populismo, e a uma ou outra posição na política externa -as relações com Chávez, com a complicada Bolívia de Evo Morales, com o Equador, mais tarde com o Irã, nada que desse forças à oposição.

O embaraço oposicionista se repete. O oposicionismo em meios de comunicação martela no alarmismo, com os dados insatisfatórios, e produz sempre um "mas" para juntar aos dados positivos. Entre deputados e senadores, até agora a oposição limitou-se à cômoda hipocrisia de defender um salário mínimo que sabia não ser aprovável e contrário a tudo o que sempre disse e fez, quando governo. Os ataques pesados emitidos por José Serra caíram no vácuo, nem os parlamentares do seu partido o embalaram.

Nesse embaraço revestido de falta de criatividade, a tendência de uma relação cordial entre a presidente e lideranças oposicionistas é estender-se, forçosamente, dos modos pessoais aos modos políticos. O que funcionará, em silêncio, como uma restrição aos ataques exaltados que, incidentes embora em aspectos superficiais ou de expressão limitada, constituem o oposicionismo. O embaraço do embaraço.

Fernando Henrique e Lula gostariam muito de ter conseguido algum grau de convívio amistoso, pessoal e político, com lideranças das respectivas oposições. Não esconderam esse desejo, nem conseguiram dar um passo na direção dele. Dilma Rousseff desfruta de uma condição que faltou aos dois, como é próprio das Presidências.

Sua origem e seu percurso para chegar ao Planalto não se fizeram na vida política, nas disputas partidárias, nos embates parlamentares, nas lutas entre oposição e governo. Dilma Rousseff não traz, nem deixou nas eminências partidárias, ressentimentos e idiossincrasias que podem ser disfarçados, mas não são inativos. Conduzem, mesmo, grande parte da política. Não, até agora, em relação a Dilma Rousseff.

Em efeito extremo e, sobretudo, improvável, relações positivas entre a presidente e lideranças oposicionistas poderiam resultar em ambiente e reordenação política, ou partidária, de importância até imprevisível. Mas levar as coisas a tal ponto conflita com as ambições pessoais, que se juntam sob a máscara de objetivo ou interesse partidário. Se, no entanto, do propósito manifestado por Dilma Rousseff surgir algo novo, já será avanço. Qual e quanto, importa menos.

por Alon Feuerwerker

Um favor para o Brasil

A política de Dilma Rousseff para o tratamento do Congresso Nacional vai delineando. Separar imediatamente os amigos dos inimigos. E aprovar o que der na telha, sem abrir espaço para qualquer negociação.

A oposição? Se assim desejar, que reclame no Judiciário. E segure a onda, pois vai ser acusada de “judicialização”.

O novo governo está no ápice do poder e parece ter gosto pelo exercício. Mais que isso, gosto por exibir. Um êxtase.

Na votação do salário mínimo montou uma armadilha para as centrais sindicais. Chamou ao palácio e permitiu a foto regulamentar, apenas para, na sequência, humilhá-las ao definir que nada havia a negociar. Uma crueldade.

O governo pôde fazer isso porque é quem mais conhece a real força — ou fraqueza — dos parceiros sindicalistas. E dos políticos. Sabe que não precisa, se não quiser, deixar espaço para o teatro. Não quis e não deixou.

E não deixou tampouco espaço para qualquer protagonismo da própria base. O papel dela é votar e agradecer a Deus o fato não estar na oposição.

Quem pode pode. O governo Dilma pode não apenas por causa da inédita maioria numérica no Congresso. Pode também por operar, em muitas frentes sensíveis, políticas que agradam demais aos aparelhos hegemônicos de produção e reprodução das ideias. Tão atacados num passado recente.

No salário mínimo, por exemplo, não dá para dizer que houve debate. Pareceu mais uma exibição de nado sincronizado.

Partiu-se de uma verdade absoluta, que não permitia contestação: o governo estava impossibilitado de dar mais do que o próprio governo decidisse que deveria dar. Qualquer outra coisa seria irresponsabilidade, populismo.

Mas essa linha de Dilma e do governo é boa ou ruim para o país?

Tem um lado muito bom. Pois obriga os agentes políticos e os críticos a buscar nitidez. Força a existência de uma oposição nítida. Maior ou menor, precisará buscar o tempo todo a construção do contraditório.

Precisará correr atrás de interlocução social. Precisará fazer força, intelectual e operacional.

Um pouco como a boa oposição feita pelo PT no passado. A cada projeto vindo do governo, achar os defeitos, as mistificações, as enganações numéricas, as picaretagens doutrinárias. Sempre há. E concentrar fogo nesses pontos.

E aguentar firme  as críticas ao “irrealismo”, ao “antipatriotismo” e à “irresponsabilidade”.

Freio

Até onde a maioria parlamentar pode ir? Saberemos, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir a constitucionalidade da lei que permite ao governo fixar por decreto nos próximos anos o valor do salário mínimo.

O governo argumenta que a Constituição manda a lei fixar o valor do mínimo, não manda fazer isso todo ano.

A oposição argumenta que a Constituição manda a lei fixar o valor do mínimo, não um mecanismo para calcular o valor dele.

Como sempre lembra o ministro Marco Aurélio, a Constituição é o que o Supremo decide que ela é. O debate terá um viés técnico, mas o significado será político.

Saberemos se há nos poderes algum vetor de resistência ao Executivo. Com o Congresso anulado, vai ser um parâmetro para o futuro.

O day after

A partir de hoje segunda-feira [01/11/2010] dois tipos de reunião estão acontecendo no país inteiro. De um lado, os vitoriosos, planejando o futuro. De outro, os derrotados, lamentando o passado.

Quem ganhar a eleição evitará ilações sobre a formação do ministério, mas não deixará, no recôndito da euforia, de estar escalando em silêncio a equipe que o acompanhará a partir do primeiro dia de janeiro.


Quem perder buscará garantir espaços para incluir-se  na linha de frente da oposição naturalmente formada pela voz das urnas. Sobreviver será sua  preocupação maior.


Os partidos estarão em efervescência, com vistas a aglutinar-se no próximo Congresso. Os governadores, de seu turno, pensarão em  acomodar-se diante do novo quadro nacional, influindo ou insinuando-se.


Quanto aos integrantes do governo atual, já então arrumando as malas para voltar à planície ou conseguir permanecer no alto da montanha,  precisarão aguardar com ansiedade redobrada. Em suma, nada de novo debaixo do sol.
Carlos Chagas


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Lula - Governar é percorrer o País para conhecer os principais problemas e soluções

O único jeito de governar e não errar é ouvindo o povo, percorrendo o País pelos quatro cantos para conhecer as dificuldades e peculiaridades da população. A receita foi dada pelo presidente Lula nesta quarta-feira (29/9), na cerimônia de entrega de obras de três viadutos do Complexo Rótula do Abacaxi – Via Expressa Baía de Todos os Santos, em Salvador (BA). Lula afirmou que mesmo após deixar a Presidência vai continuar percorrendo o Brasil.
Só tem um jeito de governar e não errar: ouvir as pessoas. Um governante não pode esquecer seu povo. Quando tudo estiver dando errado, aí é o momento de andar pelo país, de ouvir a demanda da população. Um governante tem que saber que é preciso ouvir mais para fazer mais e fazer certo.
Lula afirmou ainda que aVia Expressa Baía de Todos os Santos é a maior obra viária que está em execução atualmente no País e a maior realizada em Salvador nos últimos 30 anos. Trata-se de um empreendimento que facilitará o acesso dos veículos de carga ao Porto de Salvador e que contribuirá para escoar a produção da região metropolitana e também de cidades do interior do Estado.
“A Via Expressa dinamizará o comércio da região e ao mesmo tempo melhorará, e muito, o cotidiano das pessoas que enfrentam o trânsito pesado dessa área”, disse ele.
As obras na Via Expressa Baía de Todos os Santos foram divididas em sete frentes de trabalho. Os três novos viadutos integram as frentes I e II do projeto que faz a ligação direta e exclusiva entre o Porto de Salvador e a BR-324. As frentes I e II representam 54% do projeto e o investimento nas duas primeiras etapas é de R$ 120 milhões. A construção da Via Expressa Baía de Todos os Santos compreende 14 viadutos, quatro passarelas, três túneis e ciclovia. O investimento total é de R$ 381 milhões.
Ouça aqui a íntegra do discurso:

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Recorde - Quase 300 mil empregos em Agosto

Enquanto a cachorrada tucademopigolpista late, o governo Lula trabalha e cria empregos. Dia 03 de Outubro daremos nossa resposta [nas urnas] a esta matilha de incompetentes bicudos e zuadentos.
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