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Joaquim Barbosa

" Não participarei destas eleições. Depois não sei "

Depois ele pode até participar - o que duvido -, mas candidato a...Saiba

A Veja e seu presidente

O que era solução virou problema, é a realidade da revista. Desde 2003 jogou sujo contra o governo Lula e o PT.
Hoje sai com oito páginas defendendo a compra da refinaria Pasadena, por que?
O atual presidente da revistinha era conselheiro da Petrobras quando o negócio foi realizado.
Isso explica tudo? Não!
É que eles sabem que Dilma será reeleita - provavelmente no primeiro turno - e desde já estão pedindo arrego.
Simples assim.
Corja!

Declaração de amor

- ...Eu queria que você pudesse vê o sol nascer, o sol se por...Eu queria que você pudesse ver a lua, as estrelas, o firmamento...

- Amor, eu queria apenas ver o teu rosto!

Joel Neto

Poesia

Todas as vidas

Cora Coralina

Vive dentro de mim 
uma cabocla velha 
de mau-olhado, 
acocorada ao pé do borralho, 
olhando pra o fogo. 
Benze quebranto. 
Bota feitiço... 
Ogum. Orixá. 
Macumba, terreiro. 
Ogã, pai-de-santo...

Vive dentro de mim 
a lavadeira do Rio Vermelho. 
Seu cheiro gostoso 
d'água e sabão. 
Rodilha de pano. 
Trouxa de roupa, 
pedra de anil. 
Sua coroa verde de são-caetano.

Vive dentro de mim 
a mulher cozinheira. 
Pimenta e cebola. 
Quitute bem-feito. 
Panela de barro. 
Taipa de lenha. 
Cozinha antiga 
toda pretinha. 
Bem cacheada de picumã. 
Pedra pontuda. 
Cumbuco de coco. 
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim 
a mulher do povo. 
Bem proletária. 
Bem linguaruda, 
desabusada, sem preconceitos, 
de casca-grossa, 
de chinelinha, 
e filharada.

Vive dentro de mim 
a mulher roceira. 
- Enxerto da terra, 
meio casmurra. 
Trabalhadeira. 
Madrugadeira. 
Analfabeta. 
De pé no chão. 
Bem parideira. 
Bem chiadeira. 
Seus doze filhos, 
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim 
a mulher da vida. 
Minha irmãzinha... 
tão desprezada, 
tão murmurada... 
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim: 
Na minha vida - 
a vida mera das obscuras.


Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou Cora Coralina(Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi poeta e contista brasileira. Produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Começou a escrever poemas aos 14 anos, porém, Publicou seu primeiro livro em 1965, aos 76 anos. 

Gushiken e o preço de uma tripinha

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:


A vitória da família de Luiz Gushiken numa ação contra a Veja é real mas precisa ser vista em sua devida medida.

Ao lado de outros ministros do governo Lula, em 2006 Gushiken foi acusado de possuir uma conta bancaria num paraíso fiscal. Entrou com uma ação na Justiça e, num primeiro momento, foi humilhado com uma multa de R$ 10.000. Em outra ação, que acaba de chegar ao fim, multa foi elevada para R$ 100.000. 

Mesmo reconhecendo que era um conflito inteiramente desigual, o que valoriza a importância do resultado, cabe registrar que são números bastante relativos. 

Na última versão disponível na internet, o preço de anúncio de uma página na Veja está tabelado em R$ 311.000 – três vezes mais do que a multa. Se for anúncio de 2/3 de página, o preço é R$ 286.000, ou 2,8 vezes. Se for de meia página, R$ 221.000. Se for 1/3, anuncio que nas redações é chamado de “tripinha,” R$ 152.000. 

Ou seja: a multa não daria para pagar uma “tripinha.” 

Não estamos falando de um episódio qualquer nem de uma “tripinha” do jornalismo. 

Em maio de 2006, com uma reportagem de capa, a revista participou de uma operação que pode ser definida como um plano Cohen da década passada. 

Publicou, como se pudessem ser verdadeiros, documentos falsos sobre contas de ministros do governo Lula em paraísos fiscais.

O Plano Cohen, nós sabemos, foi um documento forjado para justificar o golpe do Estado Novo, em 1937. Pretendia denunciar uma falsa conspiração comunista no país. 

Os papéis sobre contas no exterior, que Veja admitiu ter recebido do banqueiro Daniel Dantas, alimentavam uma nuvem conspiratória, cuja finalidade era derrubar um governo eleito, produzindo o impeachment do governo Lula. 

Mas as contas eram grosseiramente falsos, grotescas, sem um grama de credibilidade. A própria revista admitia, na reportagem que não tinha condições de provar o que estava publicando. 

O que era para ser um escândalo do governo transformou-se num escândalo do jornalismo, gerando uma onda de repúdio e indignação. 

Gushiken entrou com um pedido de indenização contra a revista. 

Durante vários anos, seus filhos enfrentaram aquela situação vergonhosa e inaceitável de ouvir acusações graves e falsas – como a própria Justiça reconheceu – contra o pai. Apareceu até professor para fazer críticas em sala de aula, levianamente, sem saber do que estava falando – e a revista contribuiu para isso. 

É curioso observar que, através daquele vexame, o Plano Cohen 2006 poderia ter ajudado o país a debater o trabalho da imprensa. 

Mas o efeito foi inverso. 

Em abril de 2009, o Supremo Tribunal Federal aceitou uma ação carregada no colo pelos meios de comunicação e aboliu a Lei de Imprensa. A partir de então, os descontentes caíram numa espécie de Estado Mínimo, devendo apresentar queixas e reclamações nos despachos do Direito Comum.  

O argumento teórico era que o país precisava livrar-se de um “entulho” autoritário – e a Lei de Imprensa era um deles, já que fora criada em 1967, durante o regime militar. 

A realidade era muito mais complicada. A lei deveria ser abolida. Mesmo sem autorizar a censura previa, o que levou a ditadura a baixar o AI-5 quando quis controlar a imprensa de uma vez, criava instrumentos de tutela sobre o trabalho do jornalismo. 

O problema é que também foram abolidos todos artigos que se referiam ao direito de resposta, eliminando-se a única garantia oferecida ao cidadão que se julgasse vítima de um erro – e também da má fé – do jornalismo. 

Imagine quem ganhou e quem perdeu com isso. 

Para dar um exemplo. 

Em 1994, Leonel Brizola conquistou na Justiça um direito de resposta de 3 minutos, onde pode devolver, com pena afiadíssima, na voz de Cid Moreira, varias acusações que o Jornal Nacional lhe fizera. 

Inesquecível, como você pode comprovar no Youtube. 

Gushiken pediu o direito de resposta, em 2006. O caso levou três anos para ser julgado em primeira instância. A lei continuava em vigor – seria abolida meses depois – mas a solicitação foi rejeitada. 

Se é difícil demonstrar, por qualquer critério objetivo, que o jornalismo brasileiro tenha ficado mais “livre” e menos “oprimida” com o fim da Lei de Imprensa, é fácil sustentar que se tornou menos responsável e mais leviano – para empregar palavras suaves, certo? 

Mais do que multas, o direito de resposta sempre representou uma punição mais grave. 

Permitia colocar a credibilidade do negócio em risco, funcionando como um estimulo poderoso para uma postura de maior responsabilidade. 

Para fugir de punições legais, vários veículos publicavam voluntariamente correções sobre determinadas matérias. Ampliavam o espaço das cartas. Levavam as redações a serem mais cuidadosas em ouvir “o outro lado.” 

Sem o direito de resposta, pagando multas irrisórias – o valor original era R$ 10.000, convém não esquecer – a maioria dos meios de comunicação passou a exercer a liberdade de expressão – que é um direito de toda sociedade – de modo arrogante e mesmo perverso.

É difícil sustentar que a imprensa brasileira tenha se tornado mais livre depois da decisão de 2009. Com certeza tornou-se pior.

Tomate "vilão da inflação"

Eu o cidadão, peço uma explicação aos economistas sobre a metodologia que mede a inflação no Brasil. No ano passado, aqui em Fortaleza - Ceará, neste mesmo período - começo do ano - a vilã tomate chegou a 5 reais o quilo. Pois bem, esse ano, até hoje sábado 22/2014, ainda não chegou a isso. Ontem pesquisei, e encontrei preço da tomate, para todos os bolsos, de 2 a 4 reais.

  • Pois bem, dá para explicar como o IBGE tabula a vilã com aumento se, comparado com o pico de preço do ano anterior, ela está 25% mais barata?
  • Por que produtos sazonais não tem seus preços medidos e comparados pelo prazo de pelo menos hum ano?
  • Quem se beneficia com essa metodologia de medição de inflação atual?
Aguardo resposta deitado, porque sentado canso.


Artigo semanal de *Cristovam Duarte

A privatização da política

A política democrática era o caminho para atender os interesses comuns da sociedade, no presente e no futuro, ouvindo a voz de cada cidadão. Mas nas últimas décadas tem havido um processo de privatização da política para atender objetivos individuais, sem grandes preocupações com o conjunto da sociedade, nem seu futuro. Democracia da soma das pessoas, não necessariamente do conjunto do país no futuro.
A pior forma de privatização da política é a corrupção por políticos que consideram que a eleição permite apropriação de recursos públicos sob a forma de propinas.
Esta privatização maléfica não é a única. Ultimamente vem sendo praticada a privatização da política de forma benéfica para pessoas e grupos sociais, sem levar em conta o bom funcionamento da sociedade de hoje e do futuro, sem exigir retorno de cada um dos beneficiados para o país.
A mais evidente manifestação desta privatização é a recente política de tarifas no setor de energia elétrica. A redução da tarifa beneficia milhões de famílias consumidoras, mas ao custo de ameaçar o futuro do sistema elétrico. Beneficia os brasileiros, sem beneficiar o Brasil.
Porque o Brasil é mais do que a soma de todos os brasileiros, é a soma deles hoje e no futuro, e o futuro não tem como ser privatizado e seus custos serão socializados.
Ao reduzir as tarifas sem ganhos anteriores na produtividade do setor, o governo está sendo obrigado a financiar as perdas das empresas. É um exemplo de benefícios privados, criando custos públicos.
O financiamento do benefício significará um rombo nas contas públicas que deverá ser coberto pelo sacrifício de outras prioridades, por endividamento ou por inflação, que é a mais comum das publicizações de custos para atender a privatização dos benefícios.
Nestes programas de privatizações benéficas da política estão diversos outros programas do governo; bons para milhões de beneficiados, mas insuficientes ou negativos para o país.
Ao não se preocupar com a qualidade e o tipo dos formandos, o “PROUNI” se transforma em um excelente programa para os jovens beneficiados, ainda que não necessariamente para o Brasil.
O “Ciências Sem Fronteiras”, que deve ser defendido e ampliado, é outro bom programa, mas devido à falta de cuidado na seleção do candidato e à falta de infraestrutura para aproveitamento dele no regresso, termina beneficiando mais ao jovem que recebe a bolsa, do que a construção de um sólido sistema de ciência e tecnologia para o Brasil.
A própria “Bolsa Família”, magnífico programa de generosidade social que o Brasil tem a obrigação de fazer, ao não educar as famílias e seus filhos, termina sendo também um amplo programa de privatização benéfica da política.
O pior da privatização da política é que, ao beneficiar cada pessoa sem um sentimento de futuro nacional, o que conduz o eleitor a votar por seu interesse pessoal, sem preocupação maior com o país, ela impede a criação de uma base social para apoiar as reformas que o Brasil necessita.
Cristovam Duarte - professor, senador (PDT) e tucano inrustido

Pragmatismo político


marcha família 2014

Carta aos organizadores da Marcha da Família com Deus 2014

De última hora, uma sugestão de mudança de pauta para os marchadores. Por que, ao invés de marcharem “pela Família”, “contra o comunismo” e “contra a ditadura gay”, não marcham por Cláudia Ferreira Silva?
Caros organizadores da Marcha da Família 2,
Embora falte pouco para o evento, vou cometer a ousadia, um tanto romântica, de sugerir uma mudança na pauta. Por que não marcham pela Cláudia Ferreira Silva, a auxiliar de serviços gerais morta em um tiroteio no Rio de Janeiro e arrastada enquanto era socorrida pela viatura da PM?
A morte de Cláudia foi emblemática. Combinou pobreza, truculência policial, racismo e violência contra a mulher. O mais horrível é que se não fosse filmado o caso seria mais um a engrossar estatísticas da criminalidade.
Cláudia é mártir e merece que marchem por ela. Como vocês já estarão nas ruas, nada mais justo que homenageá-la. Você poderiam, também, marchar em homenagem às 16,9 mil mulheres assassinadas no país entre os anos de 2009 e 2011.
Marchem para denunciar o racismo endêmico que garante dois pretos ou pardos em cada três vítimas de homicídio, marchem contra a posição do país no topo do ranking de desigualdade social, marchem pelos aposentados que depois de trabalhar a vida inteira ainda precisam puxar um carro de picolé ou de pipoca para complementar a renda.
Mas por favor, não digam que Dilma ou o PT querem implantar no Brasil uma “ditadura comunista” o que todas as mazelas do Brasil são de responsabilidade deles. Isso é coisa de conversa de botequim, de gente mal informada. Vocês sabem muito bem que os problemas do nosso país não foram causados só pelas duas letrinhas ou pelos dois últimos presidentes da república. Não sou petista, sequer voto no partido, só não tolero bitolação e falatório sem fundamento.
Os problemas vêm de séculos, dos tempos da colonização, de uma formação econômica baseada na escravidão e de um sistema político feito por e para favorecer a elite. Tem causas múltiplas, não se restringe ao PT ou ao PSDB, ao DEM ou ao PSOL. Nosso empresariado tem uma boa parcela de responsabilidade ao financiar políticos em benefício próprio ou empreender visando apenas o lucro, sem responsabilidades sociais.
Por que não protestam contra o dono da Rede TV, que inaugurou uma mansão de 17 800 metros quadrados enquanto funcionários da emissora estavam com salários atrasados?
Ou então pelo caso de sonegação de impostos da Rede Globo, conhecem essa história? O “cidadâo de bem” que vocês tanto defendem vai se horrorizar com ela.
Marchem pelas vítimas dos “justiceiros”. Ano passado, um caminhoneiro atropelou e matou uma criança de dois anos, aqui no Espírito Santo. Foi linchado e morto. João Querino de Paula era o nome dele. Marchem por ele, que não teve direito a ampla defesa e contraditório. Marchem pela menina atropelada, vítima da falta de infraestrutura das periferias, onde a combinação de vias sem sinalização de trânsito com a ausência de áreas de lazer contribui para ceifar vidas.
Marchem pelo tenente Leidson Acácio Alves Silva, morto com um tiro na cabeça durante patrulha no Rio.
Mas deixem os militares de fora do protesto. Vocês sabem que eles ficaram no poder entre 1964 e 1985, sentem até saudade dessa fase, mas talvez tenham se esquecido que esse regime ditatorial catalisou as desigualdades sociais e deixou a economia brasileira em frangalhos.
Enfim, há muitos motivos para marchar. Daria para encher parágrafos e mais parágrafos de motivos nobres para vocês irem às ruas. Deixem essa paranoia de que estamos a beira de uma ditadura comunista para os hang outs de Lobão e Olavo de Carvalho. Quem acredita nisso crê até no Walter Mercado, aquele do “ligue djá”, lembram?
Abandonem a logorreia beligerante à Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino e combatam o bom combate, a busca por um país mais justo, sem desigualdades.
O filme “Gran Torino” pode ser uma boa lição para vocês. Ele conta a história de um veterano da Guerra da Coréia coberto de preconceitos e ressentimentos com orientais. Até que as circunstâncias o levam a salvar um vizinho asiático. Walt, personagem de Clint Eastwood, escolheu seguir o caminho do bem e combateu o bom combate.
Vocês também são capazes disso, acreditem.