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GoodGuide

[...] um serviço gratuito de comparação de produtos, pretende forçar os fabricantes a ser mais transparentes com os consumidores
Arquivo / Época
Francine Lima 
Repórter de ÉPOCA, escreve às quintas-feiras sobre a busca da boa forma física
Esta semana conversei com o pessoal do GoodGuide, um site americano que avalia e compara, gratuitamente, três aspectos da qualidade dos produtos que normalmente o consumidor não consegue avaliar sozinho. Eles avaliam os mais diversos tipos de produtos, de biscoitos a desinfetantes, passando por papinhas de bebê. A partir das informações na embalagem e de algumas pesquisas feitas por terceiros, eles pontuam em que medida cada produto afeta nossa saúde, o meio ambiente e o bem-estar social. 

Para saber o que o sistema “pensa” de um produto, basta digitar o nome desse produto no campo de busca do site, ou mesmo no Google. Ou então procurá-lo dentro de sua categoria num dos menus da página inicial. Se o produto estiver cadastrado no GoodGuide, a foto dele aparecerá ao lado de três notas, que correspondem a quão bom ou quão ruim ele é nesses três aspectos que mencionei acima. No caso dos alimentos, ele dá as notas mais altas aos itens mais saudáveis e discrimina os alimentos inegavelmente piores para a saúde. O sistema também faz comparações ótimas dentro de cada categoria de produto e fornece listas do tipo “as piores opções para o café da manhã”, que é para não ter dúvida, por exemplo, de que tipo de pedido do seu filho você deveria recusar prontamente. 

Na avaliação nutricional, o GoodGuide é parecido com o NuVal, sistema que apresentei numa matéria recente aqui na revista. Só que o NuVal está sendo usado por supermercados. O GoodGuide está na internet e num aplicativo para o iPhone, ou seja, pode ser consultado de qualquer lugar, a qualquer hora. 

O GoodGuide surgiu em 2007 como um projeto acadêmico liderado pelo professor Dara O’Rourke, que dá aulas de políticas ambientais e laborais na Universidade da Califórnia. Hoje é uma empresa com fins lucrativos, com menos de 30 funcionários, que batalha para conseguir lucrar em cima de um serviço baseado em apontar o dedo para o que toda a indústria americana faz – de bom e de ruim. Segundo Josh Dorfman, responsável pelo marketing do GoodGuide, com quem conversei na terça-feira, o site já tem 100.000 produtos avaliados segundo 1.500 atributos e recebe 600.000 visitas por mês. Que eu saiba, não existe nada parecido no Brasil. 

A seguir, ofereço a você duas entrevistas, que transcrevi quase na íntegra. A primeira é com Sheila Viswanathan, nutricionista do GoodGuide, que falou comigo sobre as avaliações dos alimentos. Em seguida, Josh Dorfman fala das dificuldades de transformar o site num serviço realmente útil, transformador da sociedade e também lucrativo. Boa leitura. 

Entrevista com Sheila Viswanathan, nutricionista do GoodGuide: 

Como começa o trabalho? Vocês compram todos os produtos que avaliam? Éssa é uma ótima pergunta, que raramente nos fazem. Não, nós não compramos os produtos. A quantidade de produtos que avaliamos torna impossível comprar tudo. O que fazemos é colecionar dados. 

As informações sobre os produtos vocês obtêm na internet? A maioria. Em aguns casos, telefonamos para as fábricas pedindo mais dados. No caso dos alimentos, conseguimos tudo online. 

Então os dados que vocês usam são aqueles que qualquer um pode ler no rótulo dos produtos? Nada mais? Para calcular a nota do alimento, nós usamos a tabela nutricional, a lista de ingredientes e as alegações que aparecem na frente da embalagem. Por exemplo, consideramos se é um produto orgânico. Existe nos Estados Unidos uma organização que verifica quais produtos usam ingredientes geneticamente modificados, e nós usamos as informações deles também. 

Análises laboratoriais para verificar a composição química dos produtos vocês não fazem? Não. 

Logo, para dar nota aos produtos vocês têm de partir do princípio de que o que está escrito na embalagem é verdade? Nós consideramos que o que está escrito na tabela nutricional é legalmente considerado verdadeiro (pois segue o que a legislação manda). Mas as alegações de marketing na frente da embalagem são outra história. Nós não confiamos nelas para dar as nossas notas. 

Que tipo de alegações de marketing são essas? 
Frases como “melhora sua imunidade” ou “é saudável para o coração”. Não encaramos essas frases como fatos, e elas não intereferem na nossa avaliação de quão saudável ou nutritivo o produto é. Eu acredito que nossas notas ajudam justamente a desmascarar as alegações de marketing que tentam confundir o consumidor. 

Há regras claras para essas alegações nos Estados Unidos? Certamente há regras, mas também há brechas para que as fábricas consigam enganar os consumidores. As normas não são fortes o bastante para evitar isso. A regulação não é amigável ao consumidor; é amigável às indústrias. 

Em quem o consumidor americano mais confia? No governo, nas indústrias, em programas como o Smart Choices (espécie de certificação de produtos “saudáveis”criado por um grupo de indústrias de alimentos, atuante no Brasil com o nome Minha Escolha) ou no GoodGuide? Acredito que o Smart Choices estava indo bem até que alguns problemas aconteceram. Eles deram o selo para produtos claramente não saudáveis (como o colorido cereal Froot Loops, da Kellogg’s), e isso abalou sua credibilidade. Neste momento, me parece que o governo e as tabelas nutricionais são as referências mais confiáveis para o consumidor americano. Já os usuários do GoodGuide eu diria que confiam mais em nós do que no governo e nas tabelas nutricionais. Nós oferecemos um pouco mais de transparência. Mas ainda não somos conhecidos no país inteiro. Estamos trabalhando para isso. 

E o que o GoodGuide faz que os outros não fazem e que o torna mais transparente? Há dois motivos para considerar que proporcionamos mais transparência. Em primeiro lugar, nós olhamos para além dos nutrientes. Nós avaliamos os ingredientes, verificamos se é orgânico, se usa ingredientes modificados, quais os impactos do produto no meio ambiente e na questão social. Ou seja, avaliamos mais do que o impacto do alimento na saúde. O segundo motivo é que nosso serviço está todo online. Você pode pesquisar sobre qualquer produto às 3h da manhã. Não precisa esperar ninguém ligar de volta para você com a informação que você quer. E você pode saber na hora por que um determinado produto levou determinada nota no nosso sistema. 

Não sei se o caso do Froot Loops foi um erro, mas já que agora sabemos que esse tipo de coisa pode acontecer, como nós, consumidores, podemos nos guiar melhor diante de tantas fontes de orientação do nosso modo de consumir alimentos? Como posso me certificar de que o GoodGuide não vai errar também? Nesse contexto, escolher alimentos saudáveis é realmente desafiador. O Smart Choices dava um OK para, por exemplo, produtos cujo conteúdo de açúcar estivesse abaixo de um determinado limite, ou que contivesse um nutriente bom, como a vitamina C. O problema é que, quando você avalia um produto com base em um único nutriente, você fecha os olhos para os outros atributos desse produto. O GoodGuide avalia essencialmente a densidade de nutrientes. Nós comparamos tudo que o produto tem de bom com tudo que ele tem de ruim, e isso nos dá uma visão mais abrangente de quão saudável o alimento é. 

Como os usuários têm reagido às avaliações do GoodGuide? Bem, eu sou uma cientista por natureza. Adoraria poder fazer uma ampla pesquisa para verificar como os consumidores compram, como usam as notas, como o GoodGuide pode ajudá-los a melhorar a saúde. Mas infelizmente ainda não temos recursos para fazer isso. Por enquanto, temos algumas respostas qualitativas que mostram que pelo menos alguns usuários estão aprendendo um pouquinho mais sobre o que procurar nos alimentos. Até mesmo para quem, por exemplo, quer comprar batata chips, nós ajudamos a escolher a que é melhorzinha. Há pessoas que visitam nosso site que são completamente desligadas do que é um alimento saudável. Eles podem usar o sistema para começar a entender que os alimentos minimamente processados são melhores que os ultraprocessados. Também há aqueles que já sabem disso e estão procurando conselhos mais específicos. Entre os cereais matinais, por exemplo, há escolhas ótimas e outras muito ruins. Você pode usar o GoodGuide para encontrar o melhor. 

Alguém já se sentiu ofendido com alguma avaliação de vocês? Sempre aparece alguém que discorda, sim. Mas é mais comum que os usuários se sintam surpresos com algo que eles não imaginavam ser ruim – e gratos por ajudá-los a descobrir isso. Claro que há empresas que reclamam que deveriam ter recebido uma nota maior por seu produto. Também há consumidores que acreditam que deveríamos ter acrescentado atributos para alguns itens, normalmente atributos que nosso grupo de cientistas considera que ainda não estão comprovados. 

Que tipo de informação as pessoas costumam achar mais difícil avaliar por conta própria – e que o GoodGuide ajuda a interpretar? Acredito que o conceito de densidade de nutrientes, que mencionei anteriormente, é nossa maior contribuição na área de alimentos. Há muitos supermercados nos Estados Unidos agora com avisos nas prateleiras chamando atenção para o teor de ferro ou vitamina A nos alimentos, e dando destaque para produtos que alegam fazer bem para o coração. E o que acontece comumente é que o cliente vê aquilo, pensa ‘oh, isso faz bem para meu coração’, e leva o produto. Infelizmente, um produto bom para o coração pode conter também algo que não é tão legal e que não vai aparecer na chamada do supermercado. Há muita informação nutricional chegando até o consumidor, e as coisas mudam muito frequentemente. Fica mais fácil focar num nutriente só do que visualizar o conjunto todo. É o que estamos tentando mudar. 

Como vocês avaliam os orgânicos? Eles necessariamente levam nota maior só por serem orgânicos? Na comparação com os não orgânicos, sim. Por exemplo, um salgadinho orgânico pode ter nota maior do que um salgadinho não orgânico, mas nunca será mais saudável do que uma maçã não orgânica. Porque para nós o que mais conta é a densidade nutricional. Esse é o tipo de coisa que confunde muito os consumidores. Li um estudo que mostra que, para muita gente, o termo orgânico parece dar ao produto um efeito curativo. Mas só o fato de ser orgânico não torna o alimento automaticamente saudável nem dá motivos para consumi-lo a todo momento. Um biscoito orgânico será sempre um biscoito. 

Por enquanto, tudo que vocês podem avaliar dos produtos industrializados é o que as indústrias divulgam. Vocês têm projetos de incluir nessa nota dados que não estão disponíveis para qualquer um? Por exemplo, sobre como são as estratégias de marketing? Já pensei em incluir de alguma forma o marketing voltado para crianças na nossa avaliação, mas não na parte da saúde. Eu o incluiria na parte social, porque o impacto desse marketing é mais social. Mas esbarramos de novo na disponibildade de informações. Para caracterizar as práticas de marketing das empresas, precisaríamos ter informações sobre um grande número deles. Além disso, precisaríamos de uma pesquisa muito limpa sobre o que é o marketing bom ou ruim. Nos Estados Unidos, todas as empresas poderão dizer que suas ações de marketing seguem as normas do setor, e isso será verdade. Então nosso primeiro passo é distinguir o que é bom e ruim nas informações dos rótulos, e o segundo passo será coletar informações mais abrangentes de todas as empresas. 

Você acredita que depende do governo facilitar que esse entendimento do que são os produtos seja mais preciso? 
O governo poderia fazer mais. Em alguns países o governo trabalha mais nesse sentido. Não é o caso dos Estados Unidos. 

Entrevista com Josh Dorfman, do marketing 

Como o GoodGuide se sustenta? Vocês têm patrocínios e espaço para propaganda? 
Somos uma empresa com fins lucrativos cuja missão é direcionar os consumidores para as boas empresas e facilitar que essas empresas contem sua história. Nós nos vemos como uma plataforma a ser estabelecida entre os consumidores interessados em fazer compras de acordo com os valores da responsabilidade ambiental, social e de saúde e as empresas que estão crescentemente comprometidas com serviços que atendem essas necessidades. E, sim, damos às empresas com melhores notas no GoodGuide a oportunidade de anunciar no nosso site. Frequentemente dizemos a essas companhias, especialmente aquelas que anualmente publicam seus relatórios de sustentabilidade e responsabilidade social, que elas gastam milhões de dólares por ano com esses relatórios que ninguém lê. Nós queremos que elas abram as informações mais relevantes desses relatórios para o público, de uma forma que os consumidores possam aproveitar na hora da compra. 

Quem é que está gostando do que vocês estão fazendo e quer dar dinheiro para o GoodGuide? 
Fabricantes de produtos orgânicos, por exemplo. A Phillips, fabricante de lâmpadas, cujo maior concorrente é a GE, ainda não é nosso anunciante, mas nos procurou bem feliz por ter levado uma nota maior que a GE no nosso site. Se eles quiserem anunciar conosco, ficaremos bem contentes. O que não aceitamos é dinheiro de empresas que pretendam, com isso, influenciar nossas avaliações. Quer dizer, não vendemos notas. Temos uma barreira de fogo nesse aspecto. 

Além dos anúncios, temos investidores. Nossa empresa é uma de capital de risco (venture capital). Há seis meses, um novo time de administadores chegou aqui. Temos um novo CEO, um novo vice-presidente de desenvolvimento de negócios, um novo vice-presidente de marketing. Eles estão transformando o GoodGuide num negócio. O GoodGuide começou em 2007 essencialmente como um projeto acadêmico na Universidade da Califórnia, em Berkeley. No começo, a prioridade era fazer o trabalho científico funcionar, com precisão e credibilidade. Agora é que estamos indo atrás do faturamento. 

O que é preciso fazer para esse empreendimento dar certo? 
É um desafio. Em primeiro lugar, temos o desafio de oferecer um serviço útil. Nós vivemos num mundo não transparente. As empresas, mais do que frequentemente, não querem revelar o que está em seus produtos, quais são suas práticas de rotulagem, onde estão localizadas as suas fábricas. E, muito frequentemente, a legislação não as obriga a revelar essas coisas. Nós nos posicionamos bem em cima desses limites, tentando tornar o mundo mais transparente. Isso é muito desafiador. Com relação às nossas avaliações, podemos dizer com segurança que são precisas no sentido de apontar quais empresas estão fazendo os melhores produtos. Mas não podemos garantir com 100% de certeza que temos a nota exata para todos os produtos, pois não temos todas as informações necessárias para fazer uma análise completa. Em alguns casos, o produto pode levar uma nota baixa justamente por percebermos que o fabricante não está sendo transparente nas informações que disponibiliza. 

Vocês já compararam as notas dos produtos com o quanto eles vendem? Não exatamente. O que fazemos é procurar avaliar os produtos mais vendidos no mercado nacional. Temos de ter pelo menos os produtos que correpondem a 80% de market share em cada categoria. Mas é difícil avaliar todos os produtos. Há muitos produtos no mercado, e não temos dinheiro para contratar centenas de pessoas para fazer as análises. Procuramos na medida do possível incluir produtos de empresas menores e crescentemente estamos aceitando sugestões dos usuários e de empresas. Começamos recentemente a abrir votações no site para que as pessoas decidam se um determinado tipo de produto deve ser incluído nas avaliações. Estamos animados com essa novidade. 

O GoodGuide é visto pelas empresas como uma ameaça? 
Bem... Sim. Temos usuários fiéis que adoram o GoodGuide. Mas somos pouco conhecidos entre os consumidores. Até porque, até poucos meses atrás, não tínhamos departamento de marketing – eu vim para assumir essa parte aqui. Mas nas empresas nós somos bem conhecidos e vistos como um tipo de ameaça porque estamos forçando que elas sejam transparentes mais rapidamente do que elas se sentem confortáveis em ser. Elas têm medo de escancarar as informações porque, por muito tempo, o importante era guardar tudo em segredo. Mas o que temos visto é que, quando a empresa torna públicas as informações sobre seus produtos, só coisas boas acontecem. O market share não cai e os consumidores gostam. A SC Johnson, fabricante de produtos de limpeza muito conhecida no mercado americano, recentemente anunciou que abriria para o público os ingredientes que ela usa nos produtos, coisa que até agora ela não fazia por medo de ser copiada pela concorrência. A postura da empresa agora é de não ter nada a esconder. Essa é uma tendência que está começando. As empresas querem ser mais transparentes, mas se sentem ameaçadas pelo GoodGuide porque preferem fazer isso no ritmo delas, sem ser forçadas a agilizar o processo antes que estejam prontas. E nós dizemos: pior para vocês, pois a hora é agora e já estamos fazendo. 

Turismo

[...] Viagem no tempo
Há, em Paris, mil maneiras de viajar no tempo.

A mais evidente é passear em qualquer um dos museus da cidade. Do gigantesco Louvre à deliciosa Maison de Balzac, com o mínimo de sensiblidade qualquer visitante é rapidamente abduzido para uma época distante.
No fundo, em Paris nem é preciso entrar em lugar algum para se viajar no tempo. Basta andar pelas ruas: as fachadas de seus grandes boulevares, as placas na porta de cada escola em homenagem às crianças judias entregues aos nazistas, as estátuas degoladas na Notre-Dame, seus paralelepípedos que viraram armas em 1968 - tudo conta uma história.
Mas recentemente encontrei um novo DeLorean (para quem não lembra, era o carro do filme De volta para o futuro): os sebos de livros e, principalmente, de jornais e revistas.
Os primeiros já eram velhos conhecidos - é difícil ignorá-los, especialmente os do Boulevard Saint Michel. Imagine: livros em bom estado por dois euros. Alguns por vinte centavos. E não pense que é qualquer livro, não: Beauvoir, Proust, até mesmo os latino-americanos Cortázar e García Marquez são figurinhas fáceis por ali.
Visitar esses sebos - nutrindo aquela duvidazinha gostosa, será que hoje encontro uma preciosidade? - é perigoso à beça. Já vi (de perto) gente se viciar ao ponto de não sobrar uma prateleira vazia em casa.
Minha nova diversão são os sebos de jornais e revistas. Sempre é divertido ler notícias velhas - mas por aqui é ainda melhor. Sobejam publicações não de 1960 ou 1970, mas do século XIX...
Revistas parentais sugerindo punições impublicáveis, de ciências prevendo inventos nunca realizados, de fofoca com a Brigitte Bardot na capa, sem falar nas revistas Playboy com mulheres vestidas...
Meu mapa da mina fica na rue des Archives, em pleno Marais - a loja batizada de Les Archives de la Presse, organizada mas empoeirada, tem até um site na internet.
Único porém: não espere encontrar grandes pechichas. Por lá, só (alguns) almanaques e livros de suspense de quinta categoria custam ninharias. Uma revista com a Audrey Hepburn na capa, por exemplo, passa dos 20 euros. Mas, pensando bem, para uma viagem no tempo, até que não é caro.

Carolina Nogueira

Justiça



por Patcia Benvenuti, do Jornal Brasil de Fato


O fim de um processo, mas não o fim de uma prisão. Para Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, não há sentença que apague as recordações dos oito anos em que foi acusado de um crime que jamais cometeu.

Um dos líderes do Movimento de Moradia do Centro (MMC), Gegê foi absolvido em um julgamento realizado nos dias 4 e 5 de abril, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. Ele era acusado de ser mandante do assassinato de José Alberto dos Santos Pereira Mendes, morto em agosto de 2002 em um acampamento do MMC na capital paulista.

De 2002 até o dia de seu julgamento, Gegê foi preso, enfrentou rebeliões e chegou a ser considerado foragido da Justiça. Para o militante, o período representou um corte em sua vida. “Foram oito anos sem ter o direito de viver”, resume.

A sessão permaneceu lotada durante os dois dias de julgamento. Políticos e representantes de várias entidades prestavam solidariedade ao líder e denunciavam perseguição política contra Gegê e criminalização contra os movimentos sociais.

Gegê tem um longo histórico de militância social e sindical. O militante participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de movimentos de moradia. Além disso, integrou entidades como Unificação das Lutas de Cortiço (ULC), Movimento de Moradia do Centro (MMC), União dos Movimentos de Moradia, Fórum Nacional de Reforma Urbana e Central de Movimentos Populares (CMP).
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Gegê fala sobre a criminalização das lutas políticas e afirma que pretende processar o Estado. “Não vou descansar enquanto o Estado não for para o banco dos réus”, garante.

Brasil de Fato – Qual era sua expectativa em relação ao julgamento?

Gegê – Eu vou ser sincero, não tinha nenhuma esperança. Eu não falava isso, mas minha esperança era a mínima possível, porque para mim a questão não estava em julgar o crime, por que quantos milhares de pais de família são assassinados todos os dias nessa cidade de São Paulo e são enterrados na vala do esquecimento? Mataram alguém, tem um assassino, o sistema penitenciário sabe quem foi, sabe o nome, e não procurou. Com isso posso dizer que eu sentia completamente vulnerável, exposto a sair dali com, no mínimo, 12 anos de prisão. Era o mínimo que eu esperava.


O resultado te supreendeu então?
O resultado final não me surpreendeu na medida em que o júri foi acontecendo, os interrogatórios, e a discriminação foi vindo mais à tona. “Eu discrimino porque você é um negro, pobre, um sujeito abusado na sociedade e ao mesmo eu criminalizo a sua luta política”. Foi caindo essa máscara, como um tabuleiro de xadrez em que você vai desmontando peça por peça, até chegar ao ponto em que um dos promotores mais duros da história recente do Brasil [Roberto Tardelli] ser obrigado a pedir minha absolvição. Ele pediu porque se sentiu um homem impotente diante dos fatos e dos acontecimentos nesses dois dias [de julgamento], aquele plenário cheio o tempo todo. Eles perceberam, ali, que estavam lidando com um movimento social, que não estavam julgando a pessoa do Gegê.


Como foi esse período de oito anos em que o processo se arrastou?
Foram oito anos sem ter o direito de viver, pagando por uma pena, julgado e condenado já. Penalização total, sem emprego, sem vida familiar, sem vida pública, sem uma vida digna como qualquer cidadão tem direito. Um dia eu estava aqui, no outro dia não sabia onde podia amanhecer. Foram oito anos que, para mim, por conta de uma tragédia e de uma irresponsabilidade de um ser humano, eu fui acusado de um crime do qual jamais seria cúmplice. E eu paguei por esses oito anos, e aliás eu continuo pagando. Mesmo no dia 5, sendo dito “você está livre”, eu continuo pagando, e mais caro inclusive porque agora vem a censura, “você não pode falar isso”, “você não pode falar aquilo”. Terminou uma fase, um processo no dia 5, mas vem outra fase mais dura, que são as preocupações que eu vou ter na minha vida. Eu vou ter que sair em busca de uma forma de sobrevivência. Esses oito anos foram um corte total na minha vida. Foram anos que me impediram de fazer o que eu queria, era um direito meu, viver minha vida. E eu fiquei preso nesses oito anos. Convivi com tentativas de fuga em DP, com três rebeliões. Eu não posso esquecer essas coisas, e ninguém pode exigir isso de mim. Por pior que tenham sido esses oito anos, tenho a obrigatoriedade de lembrá-los a cada segundo daqui pra frente.

Petrobras

Dedico esta notícia ao amigo Laguardia [ um entreguista de 4 costados, tipo o tucademo-mor FHC ].  


A turma da mídia e do PSDB, que gosta de acusar a Petrobras de ser uma empresa “jurássica”, deve estar botando a viola no saco.

Pesquisa da consultoria Economática, feita a partir dos balanços de 2.107 companhias latino-americanas e dos EUA, mostrou que a brasileira é a segunda mais lucrativa das Américas, só perdendo para a americana Exxon Mobil , a estatal brasileira registrou lucro de US$ 21,12 bilhões no ano passado, contra US$ 30,46 bilhões da multi americana.
A nossa Petrobras ficou à frente da gigante Microsoft, a terceira empresa mais lucrativa, com lucro acumulado de US$ 20,56 bilhões em 2010.
Entre as 20 empresas mais lucrativas do continente americano, 18 são americanas e duas são empresas brasileiras: a Petrobras, e a Vale (sexta mais lucrativa), com um lucro de US$ 18,04 bilhões.

FHC

[...] desperta oposição com velhas novas receitas

Despertada do sono profundo em que se encontrava, a oposição reagiu de forma confusa às palavras de ordem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que acha melhor esquecer o “povão” para investir na classe média, como se isso fosse uma grande novidade para os seus aliados.
Desde que nasceu de uma costela do antigo MDB dominado por Orestes Quércia, o PSDB sempre foi um partido das classes médias, distanciado do movimento social, dos sindicatos e dos setores mais populares. A única diferença é que agora FHC propõe o uso da internet e de uma seleta equipe de blogueiros para conquistar o eleitorado.
No manifesto “O papel da oposição”, que escreveu para a revista “”Interesse Nacional”, a ser publicada esta semana, FHC incomodou alguns líderes oposicionistas ao constatar que “enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os movimentos sociais ou o povão, isto é, sobre as massas carentes, e pouco informadas, falarão sozinhos”.
Os tucanos, pelo jeito, continuam achando que Lula e Dilma só se elegeram graças aos pobres ignaros que não lêem jornal e recebem alguma ajuda do governo. Esquecem-se que FHC ganhou duas eleições presidenciais graças ao Plano Real, que beneficiou a maioria da população, brasileiros de todas as classes sociais.
Por mais que o sociólogo FHC possa ter razão na sua análise, esta afirmação incomodou até os seus mais fiéis seguidores na elite paulistana. “Ele pode até pensar isso, mas jamais escrever”, comentou comigo um grande empresário, antigo eleitor tucano, que não se conformava com o que chamou de “tremenda bola fora”.
Com todo cuidado, líderes tucanos procuraram explicar o que FHC quis dizer, como o ex-governador de São Paulo José Serra. “O problema do PSDB e da oposição é de rumo, de clareza, de coerência. Como um todo, não se sabe o que o partido defende, nem de que lado está”.
Pelo jeito, está surgindo a oposição da oposição. O sempre bem humorado jornalista Carlos Brickmann comentou logo que o problema da oposição não é encontrar um rumo. “Primeiro, é preciso encontrar a oposição”, sugeriu ele.
O deputado Roberto Freire(PPS-SP), até outro dia abrigado numa boquinha em conselhos municipais paulistanos, antes de o prefeito Gilberto Kassab resolver criar um novo partido, sentiu-se à vontade para corrigir o ex-presidente:
“Não vejo na política quem abandone qualquer segmento da sociedade. Há 17 anos, ele foi o candidato que recebeu os votos dos setores pobres”.
Leia a íntegra do artigo Aqui

Arte

[...] Salão de Abril chega amanhã a sua 62ª edição com o tema "Subjetividades das Formas do Eu". A mostra homenageia o artista cearense Zé Tarcísio, que terá um espaço exclusivo para exposição de seus trabalhos


A partir de amanhã, às 19 horas, na Galeria Antônio Bandeira, localizada no Centro de Referência do Professor (CRP), onde funcionava o antigo Mercado Central da cidade, será aberta mais uma edição do Salão de Abril. Em seu 62º ano, o evento traz para o debate o tema "Subjetividades das Formas do Eu" e presta homenagem ao artista plástico cearense Zé Tarcísio, que terá um espaço reservado para a exposição de suas obras.

Com ênfase na arte contemporânea, o Salão de Abril compartilha diferentes poéticas artísticas abrangendo pinturas, fotografias, instalações, intervenções urbanas, esculturas, desenhos, performances, objetos e vídeos. De 30 artistas selecionados, dos quais apenas dois são cearenses: Diego dos Santos e o Grupo Acidum. Fato nunca antes ocorrido nesses anos de trajetória do evento.

"Ao todo, foram inscritas 613 obras de artistas de 14 estados. 79 foram do Ceará. O maior número de inscritos foi de São Paulo. Acredito que os artistas locais não estão muito acostumados com o Salão de Abril, pois ficam com aquela expectativa de que o prazo de inscrição possa vir a prorrogar. Além disso, nesta a edição as inscrições foram on line , o que pode ter feito com que as pessoas confundissem as datas. Lembro que recebi muitas ligações de fora, artistas querendo tirar dúvidas, mas daqui quase nada", explica.

Presídio

A exposição, que segue aberta à visitação pública até o dia 31 de maio, abriga ainda trabalhos escolhidos participando de ações paralelas, como a mostra "Qual é o lugar da arte?", a ser desenvolvida em espaços públicos da cidade, como o Passeio Público e as ruas Senador Alencar e Major Facundo, no Centro. Uma novidade para essa 62ª edição é a apresentação de seis obras de arte na área interna do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), localizado em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza.

A ampliação das atividades do Salão, já trabalhada no projeto há três anos, é resultante das reflexões desencadeadas pela expansão territorial de ocupação de seus espaços expositivos, aproximando-se mais do público não especializado.

No caso específico do IPPOO II, a proposta é ocupar o cárcere, sob a perspectiva da arte, levando ações com plotagens, fotos e pinturas como as da artista carioca Clarisse Campelo. Tudo com o intuito de provocar inquietações, por meio do conhecimento do sistema operacional dos presídios. Levantar questões relacionadas diretamente ao cárcere, a partir de sua própria sistemática, o conceito de espaço, de ocupação, o dentro e o fora, de corpo e movimento. Além de servir para endossar as discussões inseridas no projeto do Salão, que tratam do espaço e do lugar da arte, consolidando a iniciativa como um lugar aberto e instigador de reflexões sobre o fazer artístico.

Segundo a coordenadora de Artes Visuais da Secultfor, Maíra Ortins, para esta ação, o evento conta com o apoio da Secretaria de Justiça do Estado do Ceará (Sejus) e da Defensoria Pública do Ceará. "Não vamos mais fazer a visita guiada como pretendíamos no início, pois a Sejus, por motivos de segurança, achou melhor que não tivesse. No entanto, para aqueles que se interessarem em ver os trabalhos no IPPOO II, aconselhamos que entrem no site do Salão (http://www.salaodeabrilfortaleza.com.br), e envie um e-mail para a coordenação de artes visuais, explicando os motivos da visita, junto ao seu currículo", diz.

Trabalhos

A programação de atividades do Salão de Abril tem sequência no sábado, das 14 horas às 17 horas, no Centro de Referência do Professor (CRP), com uma oficina aberta ao público sobre arte urbana, com o Grupo Acidum. Neste mesmo dia, também no CRP, às 10 horas, a artista plástica Ana Tomimori (SP) fará a performance "Bar".

Já no domingo, o Grupo Acidum retorna a programação com o trabalho "Ciclocor", das 14 horas às 16 horas, saindo da Praça do Passeio Público, seguindo em direção às ruas Senador Alencar e Major Facundo, chegando no Centro de Referência do Professor.

Cada um dos selecionados do Salão de Abril receberá um prêmio de incentivo à produção no valor de R$ 2,5 mil, conforme previsto no seu Edital. Além disso, os três curadores da mostra, Agnaldo Farias (SP), Andrés Hernandez (SP) e Ana Valeska Maia (CE), se reunirão na abertura da mostra para decidir o nome dos dois artistas que irão receber da Prefeitura de Fortaleza, por meio de sua Secretaria de Cultura, bolsas de formação no valor individual de R$ 12 mil (doze mil reais).

MAIS INFORMAÇÕES
62º Salão de Abril - Subjetividades das Formas do Eu, abertura amanhã, às 19 horas, na Galeria Antonio Bandeira (Centro de Referência do Professor - Rua Conde D´eu, 434 - Centro). Em cartaz até 31 de maio.Contato: (85) 3253.0377

ANA CECÍLIA SOARES

Comércio exterior

[...] Na China tudo é grande e, para nós, do outro lado do mundo, tudo meio estranho. Na visita da presidente Dilma Rousseff à China, essas duas características chinesas marcaram presença.
Esse investimento de US$ 12 bilhões em cinco anos, na montagem de displays digitais, com a absorção de 100 mil novos empregos, divulgado pelo ministro Aloizio Mercante, é muito grande e muito estranho.
Leva um jeito de negócio da China – na verdade, um negócio de Taiwan, pois a empresa que supostamente fará os investimentos, a gigante Foxconn, maior fabricante mundial de componentes eletrônicos, com quase 1,5 milhão de empregados, em 14 países, tem sede em Taiwan, embora empregue mais de 250 mil trabalhadores na China e seja a maior exportadora chinesa.
A ver, então, no que vai dar esse negócio – que, aliás, nada tem com a anunciada produção de IPads no Brasil, pela mesma Foxconn, já a partir de novembro, desde que sejam superados alguns nós tributários, envolvendo, inclusive, o processo produtivo básico (PPB), que exige contrapartidas de aquisição local em troca de benefícios fiscais.
Mesmo sem considerar esses lances mais espetaculares, os resultados comerciais da visita são, numa primeira olhada, positivos. A começar do destravamento, já na prorrogação do tempo de jogo, da produção na fábrica chinesa da Embraer.
Sócia, na China, de uma concorrente, a Embraer só tinha autorização para produzir um avião de pequeno porte, sem demanda no mercado local, e enfrentou dificuldades até para manter um contrato de exportação, atropelado por sua sócia-concorrente (algo só compreensível numa “economia de mercado” como a chinesa).
Agora, além da liberação da exportação de 10 aeronaves E-190, de 120 lugares, fechadas em janeiras, mas bloqueadas até aqui pelas autoridades chinesas, a Embraer obteve licença para produzir, na fábrica de Harbin, nordeste da China, seus jatos executivos Legacy.
Leia a íntegra do artigo Aqui

Paixão de Cristo

[...] no Ceará

A Semana Santa se aproxima e a religiosidade parece invadir os corações da comunidade cristã. É tempo de reviver a Paixão de Cristo em espetáculos recheados de emoção e realismo que são encenados durante os dias santificados

Os últimos momentos de Jesus Cristo na Terra, lembrados com fé e devoção pelos cristãos, são revividos por profissionais das artes cênicas. A santa ceia, o sermão da montanha, com o ensinamento do Pai Nosso, a condenação, o martírio na cruz, a ressurreição são apresentados em montagens grandiosas durante a Semana Santa.

A representação da Paixão de Cristo mais tradicional do Ceará é encenada em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, que este ano chega à 37ª edição. O espetáculo deverá reunir um público de cerca de 15 mil pessoas, na Praça da Matriz, onde está erguido o anfiteatro da Paixão, com um total de sete cenários. Atores e figurantes prometem o maior espetáculo desde o início das apresentações, em 1974, repleto de beleza cênica e emoção.

No município de Aracati, a mais consagrada e emocionante história da humanidade é contada na praia de Quixaba. O espetáculo "Paixão de Cristo, uma paixão em nossos corações", tem um cenário especial: as dunas e o mar de Quixaba. São 13 anos de história.

No elenco da Paixão em Quixaba, crianças, atores e pescadores da comunidade, numa montagem com duração de, aproximadamente, duas horas, que será apresentada nos dias 21, 22 e 23 deste mês. O principal objetivo é fortalecer a produção de espetáculos de grandes plateias ao ar livre, trazendo para o povo do lugar e turistas a conscientização para a preservação das tradições religiosas.

Ainda em Aracati, a Paixão de Cristo é encenada também junto ao Rio Jaguaribe e pelas ruas históricas da cidade. O espetáculo tem seu ponto culminante no largo da Igreja Matriz e, este ano, acontecerá nos dias 21 e 22 deste mês. A encenação, que já acontece há 23 anos, incentiva o turismo cultural durante a Semana Santa em Aracati, além de chamar atenção para a defesa dos ecossistemas do Rio Jaguaribe e para a preservação do patrimônio histórico do município.

Novo espetáculo mostra fé e emoção em Pacatuba

Para a edição 2011 da Paixão de Cristo, a promessa é oferecer a melhor apresentação do espetáculo desde a sua criação, em 1974

A cidade de Pacatuba, situada na Região Metropolitana de Fortaleza, é palco, há 37 anos, da maior encenação da Paixão de Cristo do Ceará. Realizado pela Fundação de Turismo e Cultura (Funtec), o espetáculo é um marco das encenações das últimas horas de Jesus Cristo.

Este ano, as apresentações ocorrerão nos dias 21 e 22 deste mês, às 19 horas, na Praça da Paixão, um espaço de 8 mil metros quadrados localizado sob o sopé da Serra da Aratanha.

A expectativa é de um público de 15 mil pessoas. Na produção, são mais de 300 profissionais. Destes, cerca de 200 são atores e figurantes, todos selecionados na própria comunidade. Detalhe: em 2008, a encenação passou a ser Ponto de Cultura do Estado, ganhando o repasse de R$ 180 mil em até três anos para a capacitação dos alunos.

A 37ª apresentação da Paixão de Cristo de Pacatuba promete ser a melhor já realizada no município. Quem garante é a presidente da Funtec, Marluce Rodrigues. "Estamos programando novas cenas e caprichando nos efeitos especiais. Nesta edição, a gente estreia mais duas passagens bíblicas: a tentação de Cristo no deserto e a passagem de João Batista e Salomé na festa de Herodes", diz Marluce.

No espetáculo, serão gastos aproximadamente R$ 200 mil. O valor já está no orçamento anual da Prefeitura. O objetivo é garantir a realização de uma iniciativa que partiu da comunidade, pois trata-se de uma manifestação de caráter endógeno. Além disso, a Paixão de Cristo fortalece o turismo na região.

Empregos

Apesar de não haver uma mensuração em números totais, a avaliação procede. Segundo dados da Funtec, pelo menos 200 empregos informais são gerados durante o evento. Os reflexos são percebidos no artesanato, no comércio de ambulantes, na venda de materiais religiosos, entre outros. Quanto ao comércio formal, idem, como comprova a proprietária de uma pousada local, Maria do Socorro Mota da Ponte, 61 anos. "Toda Paixão de Cristo é a mesma coisa: pousada lotada. As pessoas conhecem a região e voltam outras vezes", comenta.

Estátua

Ao dar destaque ao município, a Paixão de Cristo abre caminho para outras ações. Uma novidade este ano é uma estátua de mais de 15 metros em homenagem à Nossa Senhora da Conceição, fortalecendo o caráter de turismo religioso. Por se tratar também de uma localidade serrana próxima à capital, ter vertente cultural e ser palco de esportes radicais, o município criou uma programação anual que conta com festivais de literatura e gastronomia, hip hop, voo livre e uma série de outras atividades, sempre com a participação da comunidade. Em maio, haverá a III edição do Festival de Literatura e Gastronomia - Saberes e Sabores. A principal atração será o escritor Ariano Suassuna.

História

A Paixão de Cristo de Pacatuba teve origem em 1974, nas ruas da cidade, quando a população local acompanhava o pároco na celebração das Doze Estações, simbolizadas através de quadros colocados nas residências. De lá para cá, com o apoio da Funtec e a coordenação da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Ossip) Serra da Paixão, a peça ganhou ares de superprodução. "Hoje, está tudo mais fácil. Mas, no início, há 37 anos, era complicado", diz o diretor da peça, Antony Fernandes, 74 anos.

Segundo Antony, as ideias para a montagem partiam da análise de fotografias e filmes. Para o capacete dos soldados romanos, por exemplo, eram utilizados, à época, baldes de lixo devidamente adaptados e cobertos com esponja. "Mas, tinha aquela pluma que ficava em cima. Para sustentar, eu comprava saltos de sapatos Luís XV", comenta o diretor.

A recompensa do esforço vem da receptividade do público. "A plateia grita, aplaude. A gente vai acompanhando e todos choram com as cenas. Até os soldados romanos, que não podem chorar, se seguram para não fazer feio", comenta Elizete Maria Maia de Freitas, 66 anos, esposa do diretor e há mais de 20 anos atuando como a personagem Marta.

Para a pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maryvone Moura, a representação simbólica da Paixão de Cristo remete a uma afirmação coletiva. "As imagens, os ritos, a teatralização de passagens bíblicas, as orações e a devoção são exemplos de elementos que compõem estratégias que se articulam com a noção de permanência dos envolvidos com os festejos", conclui Moura.

Paixão de Cristo de Pacatuba
Dias: 21 e 22 deste mês, às 19 horas
Funtec: (85) 3345.2317

Desmatamento

[...] e o novo Código Florestal

Sem anistia e sem brechas para desmatamento
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Excelente que os parlamentares, os integrantes de comissões atinentes ao assunto, as lideranças partidárias, os ambientalistas e o governo busquem um acordo para votação o quanto antes do novo Código Florestal para o país.

É ótimo que depois de um tempo de radicalismos e da manutenção de posições inarredáveis, agora ambientalistas e ruralistas (que constituem numerosas e poderosas bancadas) consigam discutir a questão entre si. E que se reúnam com o governo e o relator, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) e busquem um acordo que contemple, se não tudo - porque, impossível - pelo menos minimamente o que reivindica cada uma das partes.

Agora, vamos ficar alertas: em todo esse processo de negociação pode haver tudo, menos anistia para os desmatadores e brechas para desmatamento. Não, depois da vitória que foi reduzir o desmatamento na Amazônia - que vai chegar a zero nos próximos anos - nos cerrados e em outras áreas ameaçadas que constituem o bioma brasileiro.

Repor matas ciliares nas nascentes, encostas, morros...

Não se discute que já é hora de recompor nossas matas ciliares e a vegetação nas nascentes dos rios, nas encostas e morros. Este é ponto pacífico, temos de começar já este trabalho. Mas, por outro lado, reconheçamos, é preciso viabilizar a compensação ao que já foi desmatado e não tem como recompor sem reduzir drasticamente a produção agrícola e/ou bancar seus custos.

Precisamos, assim, inexoravelmente, de financiamento e alternativas para os produtores, para que possam compensar o que foi desmatado no passado. Mas, insistamos: sem anistias e sem qualquer espaço para novos desmatamentos “legalizados”.
Se não, teremos simplesmente o pior dos mundos e o país e nosso meio ambiente já não podem mais - e de novo - arcar com isto! Com a palavra o nosso relator, deputado Aldo Rebelo.

Dança

[...] Clássica


pinçado do 

Lula

"Eu sinceramente não sei o que ele quis dizer. Nós já tivemos políticos que preferiam cheiro de cavalo que o povo...”

“...Agora tem um presidente que diz que precisa não ficar atrás do povão, esquecer o povão...”
“...Eu sinceramente não sei como é que alguém estuda tanto e depois quer esquecer do povão".
"O povão é a razão de ser do Brasil, e dele fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres. Todos são brasileiros..."
"...O povo brasileiro não aceita mais uma oposição vingativa, com ódio, negativista...”
“...O que o povo brasileiro quer é gente que pense com otimismo no Brasil, afinal de contas conquistamos um estágio de autoestima que já não podemos voltar atrás" Lula.