Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

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Turismo

Paris é sempre uma festa
Paris está linda, ensolarada e quente. E cheia de gente. De todo tipo, de todos os cantos do mundo, em grande quantidade. Sem qualquer exagero: Paris está lotada!

Boa parte disso se deve ao fato de ter sido um inverno muito rigoroso este que acabou agora, e os parisienses comemoram a primavera na rua: até nas margens do Sena, onde acampam em piqueniques que entram noite adentro. Estão até bem humorados!
E como tem brasileiro! Ouve-se a toda hora gente que passa, no meio da turistada que invade as calçadas, o falar brasileiro em famílias e grupos que passam ou sentam nas mesas dos cafés e restaurantes. A turma veio, e veio em peso.
Tem sempre alguma coisa acontecendo a céu aberto: nas pontes sem trânsito surgem cantores, acrobatas, mágicos, dançarinos, palhaços, todo tipo de perfomers.
Ontem, numa ponte, um grupo tocava jazz: corneta, sax alto, banjo e contrabaixo. O líder era o da corneta: americano, idoso, apresentava as músicas, contava quem as costumava tocar e sabia do que falava. A audiência era grande, de turistas e também de parisienses, e a música era excelente.
Paris tem um caso de amor com o jazz, e os americanos têm um caso de amor com Paris.
Eles se conheceram no final da Primeira Grande Guerra, quando as tropas americanas vieram lutar e aprender coisas aqui. Já nos anos vinte se apaixonaram, escritores, artistas e músicos americanos, brancos e negros, se instalaram aqui e divulgaram para o mundo toda a aura de encanto, do charme da cidade, da beleza, da cultura e – por que não? – da elegância e beleza de suas mulheres, da livre licenciosidade de sua vida e costumes.
Paris ficou “chic”, ditava a moda, e os americanos iam aprendendo que nem tudo é criar boi, matar índio ou fabricar automóvel e geladeira.
E assim reproduziram a cidade na literatura, na música e no cinema, e foi nessa onda que os EUA, na Segunda Guerra Mundial, vieram libertar a França e se entregar de vez aos braços de Paris.
De origem negra, nascido na América, adotado por Paris, o jazz se espalhou pelo mundo. E uma nova estética musical operou radical transformação na cultura branca e ocidental. Caducaram as mazurcas, as polcas, as valsas e quejandos.
A nova música, trazida pelas tropas negras do exército americano, deu origem às músicas que ouvimos hoje, em vários e diversos gêneros e estilos.
Como se diz por aí, Paris “repercutiu”: divulgou e o mundo topou. E lá na tal ponte, ao som do jazz, tudo isso acontecia, num lindo pôr-do-sol com o Hôtel de Ville ao fundo.
Edgar Flexa Ribeiro 

Turismo

[...] Viagem no tempo
Há, em Paris, mil maneiras de viajar no tempo.

A mais evidente é passear em qualquer um dos museus da cidade. Do gigantesco Louvre à deliciosa Maison de Balzac, com o mínimo de sensiblidade qualquer visitante é rapidamente abduzido para uma época distante.
No fundo, em Paris nem é preciso entrar em lugar algum para se viajar no tempo. Basta andar pelas ruas: as fachadas de seus grandes boulevares, as placas na porta de cada escola em homenagem às crianças judias entregues aos nazistas, as estátuas degoladas na Notre-Dame, seus paralelepípedos que viraram armas em 1968 - tudo conta uma história.
Mas recentemente encontrei um novo DeLorean (para quem não lembra, era o carro do filme De volta para o futuro): os sebos de livros e, principalmente, de jornais e revistas.
Os primeiros já eram velhos conhecidos - é difícil ignorá-los, especialmente os do Boulevard Saint Michel. Imagine: livros em bom estado por dois euros. Alguns por vinte centavos. E não pense que é qualquer livro, não: Beauvoir, Proust, até mesmo os latino-americanos Cortázar e García Marquez são figurinhas fáceis por ali.
Visitar esses sebos - nutrindo aquela duvidazinha gostosa, será que hoje encontro uma preciosidade? - é perigoso à beça. Já vi (de perto) gente se viciar ao ponto de não sobrar uma prateleira vazia em casa.
Minha nova diversão são os sebos de jornais e revistas. Sempre é divertido ler notícias velhas - mas por aqui é ainda melhor. Sobejam publicações não de 1960 ou 1970, mas do século XIX...
Revistas parentais sugerindo punições impublicáveis, de ciências prevendo inventos nunca realizados, de fofoca com a Brigitte Bardot na capa, sem falar nas revistas Playboy com mulheres vestidas...
Meu mapa da mina fica na rue des Archives, em pleno Marais - a loja batizada de Les Archives de la Presse, organizada mas empoeirada, tem até um site na internet.
Único porém: não espere encontrar grandes pechichas. Por lá, só (alguns) almanaques e livros de suspense de quinta categoria custam ninharias. Uma revista com a Audrey Hepburn na capa, por exemplo, passa dos 20 euros. Mas, pensando bem, para uma viagem no tempo, até que não é caro.

Carolina Nogueira