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Menos coisas mais qualidade

Tenho amigos que adotam filosofias de simplificação da vida e percebem dedos apontados para alguns bens de maior qualidade que estão sob sua guarda.
Vamos imaginar um cara que decidiu ter menos coisas. mas ele, como a maioria das pessoas hoje em dia, tem um computador. precisa dele para trabalhar, para se divertir e para se comunicar com os amigos. resolveu que se trata de uma coisa de que precisará para ter qualidade de vida neste momento.
Por acaso esse computador se trata de um mac, um exemplo que uso por se tratar de uma marca notavelmente mais cara que os computadores em geral.
Ter menos coisas não significa gastar necessariamente menos naquelas poucas que você tem. ao contrário: investir menos em quantidade pode ser uma oportunidade para investir mais em qualidade.
Tenha poucas, mas as melhores possíveis de acordo com suas possibilidades e necessidades. escolha aquelas que você mais quer, aquelas que vão durar mais e que vão precisar de menos manutenção, complementos e substituições.
Trata-se de fazer escolhas.
Para ter um mac (não necessária e exclusivamente para ter um mac), esse meu amigo decidiu que não precisava ter uma dezena de outras coisas.
Meu amigo preferiu não ter uma tevê de quarenta polegadas. ele decidiu, aliás, sequer ter uma tevê. consequentemente, não tem assinatura de tevê a cabo.
Ele também não tem carro, porque para o que ele precisa, o transporte público é suficiente.
Para isso, ele preferiu direcionar a sua vida para um tipo de trabalho e uma localização que permitissem esse tipo de deslocamento. assim, não gasta com combustível, impostos e a cara manutenção de um veículo.
(claro, não é simples assim escolher um tipo de trabalho específico ou uma localização específica e abrir mão de certo tipo de transporte. esculpir a vida para a simplicidade é ainda mais difícil que esculpir mármore. exige um tipo produtivo de esforço)
O que quero dizer com tudo isso é que talvez você não precise de dez camisas meia-boca. possivelmente, duas ou três de excelente qualidade sejam suficientes. você não precisa de 10 ternos, mas dois ou três muito bons para cada tipo de ocasião.
Eu, por exemplo, só tenho um, feito sob medida no melhor tecido que pude pagar na ocasião e com o melhor alfaiate que encontrei. não preciso de três, pois não sou um executivo ou coisa assim, nem quero ser. é lindo, eu o adoro e se eu conseguir manter a silhueta deverá durar ainda uns 10 anos ou mais, pois pedi um corte bem clássico.
Esse é mais um caso em que menos é mais: menos quantidade é igual a mais qualidade.
E, quanto a esse meu amigo que tem um mac, ora, ter um mac é problema dele. pare de falar das escolhas dos outros.

8 vantagens de ter poucas coisas

  • organização: menos coisas são mais fáceis de serem organizadas
  • limpeza: mais fácil limpar um ambiente com menos coisas
  • espaço: você precisa de menos espaço para guardar coisas; com menos espaço você aprende a escolher o que entra e o que sai de sua vida
  • agilidade: maior facilidade de deslocamento. numa mudança ou numa viagem tudo fica mais fácil
  • prioridade: você aprende a escolher aquelas coisas que realmente importantes; isso é físico, mas acaba se transferindo para áreas emocionais e mentais da sua vida
  • economia: você precisa de menos dinheiro para manter e comprar coisas novas e, portanto, precisa vender menos de seu tempo (em troca de dinheiro) para adquiri-las; talvez você precise trabalhar apenas duas horas por dia em vez de oito; talvez você possa trabalhar 15 horas por dia em algo que não pague tão bem (em dinheiro), mas que seja mais significativo para você
  • qualidade: em vez de ter 10 camisas, você pode ter duas de excelente qualidade, de uma marca realmente boa; economizando em móveis, talvez você possa adquirir um computador cuja configuração dure mais que apenas dois anos ou um celular que possa servi-lo por mais tempo
  • tempo: gastando menos tempo em organização, limpeza e gerenciamento de coisas e na aquisição de coisas, sobra mais tempo para aquilo que você considera realmente importante, seja lá o que for
Tempo é o único bem realmente importante que você tem e, agora mesmo enquanto lê este texto, ele está acabando. Dar uma finalidade significativa a esse bem exige esforço (do tipo importante) e autoconhecimento. tenho a impressão que preenchemos esses dois itens com a quantidade enorme de coisas que possuímos. talvez por medo, talvez por ignorância, talvez por não saber direito para onde queremos ir. o motivo da troca de nosso tempo por coisas é, no entanto, razão para outro artigo.

Menos de si

José Angelo gaiarsa fala de um conceito muito importante: o de que a pele é o limite físico do eu. uma metáfora real, física e eficiente dos limites do eu psíquico.
Por sermos tão fracos quanto ao conhecimento de nossa própria pele - por uma falta absoluta e cultural de toques e carícias - , não temos plena consciência desse limite. tanto física quanto psiquicamente.
Um parêntese meu: somos a única espécie que acaricia animais de outras espécies sistematicamente. não é comum na natureza um urso acariciando um antílope, por exemplo. comportamento social e neurótico fruto de nossa carência de toque certamente. no entanto, somos cheios de dedos quanto a algo tão simples quanto ao abraçar os outros.
Como consequência de não saber o limite do eu, voltando às palavras do gaiarsa, é comum que facilmente saiamos de nós mesmos.
É daí que vem a expressão "sair de si".
Se eu não sei onde eu começo e onde eu acabo, saio de mim e projeto meus sentimentos, desejos, medos e expectativas - coisas que pertencem só a mim e dizem respeito só a mim e a mais ninguém - nos outros.
Ultimamente, quando alguém tenta interferir em algum aspecto de minha vida ou sempre que eu sou convidado a interferir no modo de agir de outro (sempre que tenho a felicidade de estar atento quanto a isso), mostro a pele de minha mão.
- Está vendo isto aqui? isto aqui é minha pele. pra dentro dela, sou eu. Pra fora dela, é outra coisa.

by alessandro martins

As pessoas querem ser populares. as pessoas querem ser celebridades. sei lá por quê

Menos celebridade
Recentemente, decidi que não faço questão de ser conhecido por quem, de fato, não me conhece. E, sempre que me flagro em algum devaneio de grandiosidade, boto meus pés fincados na minha nova ambição. A de ser conhecido por quem de fato me conhece.
Muito embora, por escrever na internet, em certo grau seja inevitável (e, hoje em dia, todo o mundo escreve na internet) que pessoas que não me conhecem, me conheçam e, portanto, conheçam apenas a ideia que de mim fazem.
E não eu de fato. Não sei se estou sendo claro. estou?

Não falar das pessoas

Meu *Vô Joel era muito conhecido em Iguatu, Centro-Sul do Ceará.

Entendia de ervas e de pessoas, fazendo as vezes de médico e psicólogo.
Toda a tarde, ficava na varanda de sua casa e, não raro, recebia alguém que queria desfrutar de sua agradável companhia.
Sabia ouvir.
Eu não sei como era a paisagem, mas gosto de imaginar que ele via o pôr-do-sol.
Se uma de suas visitas, por acaso, começava a falar de outra pessoa não presente, ele dizia: