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Jânio de Freitas: na frente de combate

no Folha de São Paulo

Nada é mais relevante na política brasileira, desde a noite de domingo, do que os gestos de Gilberto Kassab para concretizar a criação do PL que ele pretende incorporar ao seu PSD, para formar um numeroso partido governista. Logo, nenhum político é hoje mais valioso do que o próprio Kassab, agora portador de um potencial que nem o governo tem, para alterar o panorama político resultante da presidência de Eduardo Cunha na Câmara.

O que Marina Silva e Gilberto Kassab tem em comum


Marina Silva é igual a Gilberto Kassab. Pode, à primeira vista, não parecer: ela tem uma história de vida respeitabilíssima, um passado glorioso. Mas Marina, hoje, é igual a Kassab.
Exatamente como Kassab, Marina vai fazer um novo partido.
O país não precisa de mais um partido político. Quem precisa é Marina. Marina não quer um partido para defender uma plataforma, um ideário – quer um partido para chamar de seu.
Marina se revela uma caudilha. Caudilhinha verde, com passado de glória e cara de pureza angelical cuidadosamente ensaiada, mas caudilha.
Há no Brasil 30 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, todos com direito ao fundo partidário (pago com o nosso dinheiro) e horário na TV e no rádio (dito gratuito, mas na verdade pago com o nosso dinheiro).
Há vários partidos que se dizem socialista, comunista, verde, “dos trabalhadores” – as áreas em que Marina transitou ao longo da vida. Mas nenhum deles serve para ela. Quer um só dela. Afinal, ela teve uns 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010.
Na época, estava no Partido Verde, após ter abandonado o PT porque o PT não dava a menor pelota para ambiente. Como acha que é muito maior do que o PV, vai criar um novo.
Ainda não se definiu pelo nome. Poderia ser Partido da Marina Silva, PMS – será que já existe uma sigla PMS entre as 30 registradas? –, mas aí talvez fosse dar bandeira demais. Poderia, talvez, ser PN, de Partido Natureza, ou Partido Natureba, ou Partido Natura.
Nome é de somenos importância. Algum ela haverá de achar.
Mas, e assim propriamente quanto às ideias, à posição ideológica, aos princípios, às propostas para o Brasil?
Ah, mas esse negócio de princípio interessa a alguém?, ela poderá perguntar, com aquela carinha estudadamente cândida. Se o Kassab pôde criar do nada um partido que não é de esquerda, nem de centro, nem de direita, e obter a terceira maior bancada da Câmara de Deputados, por que Marina, tão mais pura, história de vida muito mais rica do que aquele sujeito que começou a carreira política na Associação Comercial de São Paulo, não poderia?
Marina tem o mesmo sobrenome do presidente mais popular de todos os tempos e de todas as latitudes e longitudes. O partido dela poderia se chamar PS – Partido dos Silva.
Ao fundar um partido só para chamar de seu, Marina Silva dá uma força imensa ao movimento suprapartidário que visa a tornar a política partidária brasileira cada vez mais pobre – e cada vez mais desprezada pela população.
É de fato um movimento suprapartidário. Os 30 partidos políticos brasileiros formam hoje um Senado e uma Câmara de uma indignidade como nunca se viu nesta República, e provavelmente em nenhuma outra.
As duas casas estão para eleger como presidentes homens cuja biografia está mais para folha corrida policial do que currículo.
Como mostrou pesquisa do Ibope feita para O Estado de S. Paulo, de 1988 para cá caiu de 61% para 44% o número de brasileiros que dizem preferir alguma das tantas siglas partidárias.
Trinta partidos parecem unidos na perseguição de um único ideal: o de disseminar entre os eleitores um profundo nojo pela política.
Não é um belo cenário. Na verdade, é um cenário suicida.
 Sérgio Vaz 

Prefeito eleito de SP rejeita a possibilidade de abrigar partidos no secretariado em troca de voto na Câmara


O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse ontem ao Estado que não vai abrigar partidos no secretariado apenas para obter votos na Câmara. Ele afirmou desejar apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do PSD de Gilberto Kassab. E negou que vá ceder a pressões políticas. Questionado se poderia recorrer ao toma lá dá cá, foi taxativo: “A resposta é não. Não faço isso”. Haddad disse que as pressões por cargos não o afetam. “A ansiedade, até chegar a mim, vai se diluindo”, comentou. “Começa em alto-mar e, quando chega na praia, que é onde estou, chega rasa.” Para ele, o PT tem todo o direito de produzir uma nota em defesa dos réus do mensalão, e espera que o STF julgue o “mensalão tucano”.

Parceria com o Estado
Fernando Haddad pediu ontem ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) cessão de terrenos para construção de creches.

José Serra cresceu

[...]Pode não ter sido nas pesquisas, mas evoluiu politicamente. Sua fidelidade a Gilberto Kassab (PSD) é de fazer inveja aos tucanos. Sua disposição para elogiar a gestão do prefeito nos erros e nos acertos é rara na política. O candidato Serra mudou 180 graus em comparação à eleição presidencial de 2002. Tornou-se um campeão da continuidade com continuísmo. Era tudo o que Fernando Henrique Cardoso queria dez anos atrás. Alguém que defendesse seu governo e sua imagem com gana. Que falasse seu nome e mostrasse suas obras na TV. Leia mais>>>

Não!

O não como regra

Por Bruno Ribeiro

Em São Paulo foi criada a Lei Antifumo, que se alastrou pelo Brasil como um câncer. O argumento de que a fumaça do cigarro alheio em ambientes fechados causaria malefícios à saúde do “fumante passivo” esbarra no direito individual quando regulamenta valores por meio da lei. Por que alguém não tem o direito, por exemplo, de abrir um bar exclusivo para fumantes ou de manter uma área reservada para eles? Em São Paulo é proibido fumar até na calçada, se houver um toldo ou cobertura sobre vossa cabeça.

Anúncios de outdoors foram vetados. A Lei Cidade Limpa é positiva quando objetiva reduzir a poluição visual na capital. O problema é o modelo de implantação desta lei, pois hoje qualquer cidadão está proibido de estender à frente de sua casa uma placa ou faixa com qualquer mensagem, inclusive (e a meu ver principalmente) de protesto contra o descaso do governo. Se alguém quiser protestar contra buracos na rua do bairro terá que pedir autorização da prefeitura. O que será negado, por óbvio, constituindo assim um veto indireto à liberdade de expressão.

Chegou a ser proibida a circulação de motos com mais de uma pessoa. O argumento para vetar o “carona” na garupa é de que este poderia ser um assaltante. Como os assaltos praticados por duplas sobre motos são comuns, decidiu-se proibir duas pessoas de dividirem a mesma moto ao mesmo tempo. A iniciativa lembra aquela piada do marido que pegou a mulher com outro no sofá e, para se livrar do problema, vendeu o sofá. Felizmente a lei foi derrubada: feria o direito de ir e vir assegurado pela Constituição Federal.

Outra envolvendo motos: veículos de duas rodas foram proibidos de circular na Avenida 23 de Maio, sem justificativa plausível. A decisão foi revogada pouco tempo depois porque não tinha consistência.

Também foi proibida a circulação de caminhões nas marginais. Agora, esses veículos precisam usar o Rodoanel da CCR (empresa de amigos de José Serra) e pagar o pedágio, se quiserem trabalhar. Recentemente, caminhões proibidos de circular pela Marginal Pinheiros pararam temporariamente de fornecer combustível para os postos de gasolina de São Paulo, como forma de protesto.

A paranóia com os assaltos fez com que o uso de celular fosse vetado dentro de agências bancárias .

A paranóia com a saúde proibiu médicos de usarem jaleco fora do hospital .

Mas a melhor foi a proibição do ovo mole nos botecos da cidade . Para evitar que o cliente contraia uma intoxicação causada pela salmonela.

Cúmulo da falta do que fazer, o molho à vinagrete foi proibido nas pastelarias. Para não contaminar o pastel com bactérias malvadas.

A paranóia com o silêncio levou à proibição do tradicional pregão nas feiras livres . Os comerciantes não podem mais divulgar suas ofertas em voz alta, como é costume no Brasil desde 1500.

Da mesma forma, cobradores de lotação não podem mais informar o destino do veículo gritando para fora da janela, atitude que facilitava a vida de deficientes visuais e de analfabetos.

Por incrível que pareça, não são mais permitidas bancas de jornal no centro de São Paulo, pois, segundo a prefeitura, as banquinhas poderiam ser usadas como “fortalezas e esconderijos de assaltantes em fuga”.

Proibiu-se o uso de câmeras fotográficas nos terminais de ônibus.

As câmeras estão proibidas também no metrô.

Também proibiram a venda de quentão e vinho quente nas festas juninas das escolas.

Para salvaguardar a saúde de nossos jovens, refrigerantes e frituras foram vetados nas cantinas dos colégios.

Pobres estudantes: matar aula está proibido em São Paulo . Com ordem da prefeitura, PM sai à caça de alunos gazeteiros, que acabam dentro do camburão, como marginais.

Não se pode mais beber cerveja nos estádios de futebol e nem levar bandeiras para torcer pelo seu time .

Recentemente, a paranóia com o meio ambiente proibiu o uso de sacolas plásticas nos supermercados. A lei foi derrubada porque contrariava os direitos do consumidor.

Mais: está proibida a doação de material reciclável para catadores. Isso mesmo: doação!

Os artistas de rua estão proibidos de se manifestar na Avenida Paulista e em outras regiões nobres da cidade. Os que ousam mostrar sua arte em público, dos malabaristas às “estátuas vivas”, são violentamente reprimidos pela PM.

A última da onda repressiva é a lei, já aprovada pela assembléia legislativa, que proíbe o consumo de bebida alcoólica em áreas públicas , como bares, calçadas, praças e praias. Se for sancionada pelo governador – e tudo indica que será – ninguém poderá beber sua cervejinha despreocupadamente na rua.

Isso sem falar nas vergonhosas rampas antimendigo instaladas sob os viadutos e pontos estratégicos para impedir que moradores de rua durmam naqueles locais.

Também foi proibida, pelo então governador José Serra, a venda de bananas por dúzia , como sempre foi feito nas feiras. Agora, em todo o Estado, a banana só pode ser vendida por peso. Quem insistir, poderá ter seu comércio multado.

A prefeitura de São Paulo se meteu ainda em uma cruzada contra as bancas de jornais. Isso mesmo: para forçar o fechamento das bancas na Praça da Sé e outros pontos da cidade, Gilberto Kassab está proibindo os donos de vender produtos como guarda-chuvas, chocolates e publicações “atentatórias à moral”. Não acreditam? Leiam aqui .

Kassab também não gosta que pobres socializem em espaços culturais criados por eles. Por isso tem proibido os saraus nas periferias . Um dos mais antigos e tradicionais, o Sarau do Binho, na região do Campo Limpo, foi fechado recentemente, à exemplo de espaços culturais semelhantes no Bixiga e na Brasilândia. Todos tinham uma característica em comum: eram espaços de resistência do movimento hip-hop.

O trabalhador informal também é tratado como criminoso em São Paulo. Kassab cancelou as permissões de trabalho de todos os camelôs da cidade.

Proibição das mais cruéis é a que pretende proibir a distribuição de comida para moradores de rua. As entidades assistenciais que entregam todas as noites o “sopão” para pessoas que não têm nada na vida, são os alvos preferenciais. Kassab espera, com isso, forçar os mendigos a saírem das ruas e se internarem nos albergues da prefeitura, que são péssimos e oferecem comida de baixa qualidade.

O jornalista Rodrigo Martins, da Carta Capital, foi muito feliz quando definiu, em seu artigoCervejaço contra a caretice : “São Paulo é uma cidade de loucos exatamente pelo fato de negar a seus habitantes o direito à cidade”.

Entrevista do pré-candidato Serra

A maioria das perguntas foi se caso eleito cumpriria o mandato e se tinha desistido do sonho presidencial. 

“Vou cumprir os quatro anos”, disse Serra. Não promete?, insistiu o repórter. “Eu vou cumprir os quatro anos, isso é mais que uma promessa.” Quanto ao sonho presidencial, Serra não repetiu o aliado Gilberto Kassab, que dissera que ele havia abandonado as pretensões. Preferiu dizer que o projeto está “adormecido”.
Pode disputar o Planalto na sucessão da sucessão de Dilma Rousseff?, quis saber um dos entrevistadores. Serra absteve-se de especular. Alegou que 2018 é um ponto muito longínquo no calendário (assista abaixo).
Serra foi inquirido também sobre uma indiscrição de Kassab. Conforme noticiado aqui, o mandachuva do PSD disse, em diálogos privados, que Serra trocará o PSDB por um novo partido caso seja eleito prefeito. Serra negou. Não poderia admitir. Sob pena de tocar fogo no tucanato.
Negou, de resto, que sua entrada em cena tenha produzido um “racha” no PSDB. Realçou que entrou na briga a pedidos. Incluiu entre os tucanos que o instaram a disputar o governador Geraldo Alckmin. Citou-o duas vezes.
Disse que, se tivesse assumido a candidatura em dezembro, provavelmente nem haveria prévias no PSDB. Uma vez desencadeado o processo, submeteu-se às regras da disputa.
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Perguntou-se a Serra se partiu dele o pedido para que as prévias fossem adiadas de 4 de março para 25 de março. Ele respondeu que não. Lorota. Em conversa com seus rivais partidários –José Anibal e Ricardo Tripoli— Geraldo Alckmin deixara claro que Serra ansiava pelo adiamento.
Durante a entrevista, Serra disse duas vezes que antevê uma eleição “difícil”. Perguntaram se se acha possível reverter a rejeição de parte do eleitorado (mais de 30% declaram que jamais votariam em Serra, segundo o Datafolha). O candidato disse que o percentual não o impressiona.
Atribuiu o índice a três fatores. Primeiro, insinuou que o questionário da pesquisa pode ter induzido as respostas. Depois, disse que o percentual de rejeição aproxima-se do patamar histórico de votos do PT, ao redor dos 30%. Por último, disse que um pedaço da população o identifica como personagem mais voltado para a temática nacional.
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Serra pôs em dúvida a tese segundo a qual a rejeição ao seu nome se deve ao fato de ter abandonado a prefeitura, em 2006, depois de ter assumido o compromisso de cumprir o mandato até o final. Recordou que, depois disso, foi eleito governador e prevaleceu sobre Dilma Rousseff no Estado e na cidade de São Paulo.
O candidato tucano declara-se preparado para debater qualquer tema que os adversários levantem, inclusive assuntos nacionais. Mas reconhece: “O que vai decidir a eleição são os temas da cidade. Disse [na carta de inscrição para as prévias] que era uma eleição nacional no sentido de que São Paulo é uma cidade nacional. É inútil negar isso, são quase 12 milhões de habitantes.”
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O que achou do fato de o antagonista Fernando Haddad ter declarado que está aliviado por não ter de celebrar um acordo com Kassab? Serra ironizou: se tivesse o acordo, ele iria elogiar a gestão do Kassab, disse.
Não declarou, mas poderia ter realçado outro aspecto relacionado a Kassab. Em São Paulo, o prefeito migrou do flerte ao petismo para o apoio a Serra. Mas, em Brasília, continua apoiando o governo de Dilma Rousseff.
Quer dizer: assim como Haddad soará esquisito quando criticar a gestão municipal de Kassab, Serra não parecerá menos estranho ao vergastar o governo federal ao lado do personagem que torce pelo êxito de Dilma. Coisas da política brasileira.
por Josias de Souza

Apenas o sorriso de José Serra não ganha eleição

Ao contrário do que diz o senso comum, de que não existe páreo para José Serra nas eleições de outubro, o fato é que a candidatura do tucano está longe de ser um passeio. A aliança com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), serve para não rachar o eleitorado conservador - e era isso que o PT queria quando negociava com o prefeito a adesão à candidatura de Fernando Haddad. O PSD, todavia, não agrega voto não conservador. PSDB e PSD bebem do mesmo copo. A opção de Kassab não divide, mas também não acrescenta.
Era tentadora para o PT a adesão de Kassab à candidatura petista de Fernando Haddad. Pelos cálculos do partido, ela poderia balançar a hegemonia tucana na capital, mantida pela alimentação do conservadorismo de uma classe média facilmente influenciável por um discurso de caráter udenista - que colou no PT a imagem da desonestidade, pelo menos em redutos conservadores -, e que tem uma certa aversão a mudanças. Rachar o eleitorado conservador e agregar a ele o voto não conservador aumentariam, em muito, as chances de vitória do PT. A ausência do apoio do PSD, todavia, não definem a derrota do PT antes mesmo que se inicie, de fato, o processo eleitoral. Votos conservadores do PSDB, somados aos votos conservadores do PSD, podem manter o status quo dos dois grupos junto à direita paulistana, mas não bastam para arregimentar o eleitorado de centro que, em polarizações recentes, tem se inclinado favoravelmente a candidaturas tucanas (ou antipetistas).
O jogo só começou. O PT tem dificuldades na capital paulista, mas Serra não nada em águas calmas. Kassab sai do governo desgastado por sete anos de gestão que não provocaram grandes entusiasmos no eleitorado paulistano (inclusive no que votou nele). A única utilidade do pessedista nessas eleições, estrategicamente, é somar (ou não) o seu eleitorado conservador ao eleitorado conservador de Serra.
O desgaste não é unicamente de Kassab. Serra disputa essa eleição por uma questão de sobrevivência e aposta numa vitória que o fará novamente influente no PSDB, a sigla que deseja para concorrer à Presidência em 2014. Pode perder a aposta, e com isso se inviabilizar por completo no partido. Seu Plano B, o PSD, não o contém mais - para lá afluíram lideranças políticas de oposição que queriam aderir ao governo da presidenta Dilma Rousseff (há uns tempos, Serra encontrou num evento um articulador do PSD e perguntou como ia o "nosso partido". O político respondeu polidamente, mas quando conta a história não consegue evitar um 'nosso de quem, cara pálida. Nós somos Dilma'). Serra leva o PSD para o seu projeto de poder municipal na capital paulista; não o leva para um projeto nacional de disputar novamente a Presidência da República.
O candidato tucano também vai ter de lidar com o fato de que foi eleito prefeito em 2004, ficou dois anos no poder para se candidatar a governador e, eleito em 2006, abandonou o cargo para disputar a Presidência. Isso não é muito simpático para o eleitorado: é vender uma mercadoria e entregar outra. Tem ainda que resolver, do ponto de vista do marketing político, o que pode colar no adversário, sem lançar mão do discurso anticorrupção. Vai ser muito complicado para o candidato tocar nesse assunto com o livro de Amaury Ribeiro Jr., “Privataria Tucana”, ainda na lista dos mais vendidos. A soma dos problemas que Serra terá numa campanha não autorizam, portanto, apostar que um simples discurso antipetista resolva uma rejeição que já é grande e tende a aumentar.
O quadro eleitoral paulistano, antes da definição da candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura, era de absoluta fadiga de material. Existiam dois candidatos "naturais", Serra, pelo PSDB, e Marta Suplicy, pelo PT, ambos com alto grau de rejeição. A vitória se daria pela polarização, que chegou ao limite nas últimas eleições, ou se abriria espaço para novas lideranças que fugissem do clima de radicalização, mantido na conservadora capital paulista como uma caricatura da polarização nacional.
Se a adesão de Kassab pode evitar o racha da classe média conservadora paulistana nas eleições, o que favorece Serra, sua adesão aos tucanos tem o seu efeito colateral: permite que não se dividam os votos do PT na periferia, que são Marta (que não queria dormir e acordar de mãos dadas com Kassab) e família Tatto (cujo membro mais importante, Jilmar, ganhou a liderança na Câmara dos Deputados depois que desistiu de sua pré-candidatura). No dia seguinte ao recuo de Kassab, que já estava quase no barco petista remado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT tinha mais chances de reunificar o seu eleitorado de periferia. Haddad não pode prescindir de Marta e Tatto na sua campanha. E ambos não podem achar que o candidato neófito em política não tem chances. 
Haddad tem índices pequenos de declarações de voto nas pesquisas até agora feitas, mas jamais disputou eleição. O processo eleitoral o definirá como candidato do PT e, principalmente, de Lula. E ele não tem rejeição própria, como é o caso de Marta Suplicy, que já se expôs muito à classe média paulistana, que tem com ela grandes diferenças. A vantagem de Haddad é que, na primeira disputa eleitoral, terá apenas a rejeição que já é do seu partido. Não agregará a ela nenhuma outra que lhe seja própria. Pelos índices de rejeição exibidos até agora por Serra e Marta (que foi incluída nas pesquisas feitas até agora), isso já é uma grande vantagem.
A hipótese de que surja um terceiro nome, no espaço aberto pela rejeição a Serra e pelo antipetismo, é altamente improvável. O PMDB de Gabriel Chalita não existe há muito tempo na capital e no Estado. Celso Russomano (PRB) tem maior exposição que Haddad, mas não tem partido. O eleitorado que era malufista não foi herdado pelo PRB, mas incorporado pelos políticos petistas, que ganharam a periferia com políticas sociais do governo Marta Suplicy, em São Paulo, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e com o método tradicional de arregimentação usado pela família Tatto.
O voto conservador é forte em São Paulo, mas não faz milagre. Apenas o sorriso de Serra não ganha uma eleição.

por Inês Nassiff na CartaMaior

por Zé Dirceu

O uso descarado do governo, cargos e obras por Alckmin e Kassab
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Kassab e Alckmin
As ameaças do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de retaliações a prefeitos que analisaram a possibilidade de trocar de partido e ir para o PSD, e a cláusula de incentivo à infidelidade partidária incluída pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB) no estatuto do novo partido em formação são dois exemplos explícitos de como caminham a oposição e a futura legenda pessedista.

Para conter a debandada de prefeitos do interior que ameaçavam ir para o PSD - na prática substituto do DEM - o governador mandou avisar ao de Mogi das Cruzes, Marco Bertaiolli, que se ele trocasse o DEM pelo novo partido, cancelaria a instalação da unidade do Poupatempo na cidade e a instalaria em Suzano. Também avisou à prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Veras, que se ela fosse para o PSD transferiria a nova escola técnica estadual (ETEC) para Franca ou Barretos. Os dois prefeitos recuaram.

Para engrossar as fileiras de seu novo partido, o prefeito paulistano Gilberto Kassab incluiu no estatuto do PSD dispositivo que representa expressamente a garantia de que não irá exigir na Justiça o mandato dos parlamentares que, futuramente, trocarem a legenda por outra. O PSD institucionaliza, assim, a possibilidade de servir como trampolim, ou a janela que muitos queriam para não correr riscos de perder mandatos diante da lei da fidelidade.

Usam poder e máquina para fortalecer seus partidos

Moral da história: com suas ameaças de retaliações e com o desprezo à fidelidade partidária, o governador paulista e o prefeito paulistano fazem uso descarado dos governos que comandam, de cargos e obras, para manter e/ou cooptar parlamentares e lideranças.

Na prática, o dispositivo que Kassab mandou incluir nos estatutos do PSD sacramenta uma flagrante violação da fidelidade partidária, com o intuito de conquistar parlamentares em trânsito para outras legendas, na expectativa de que o Congresso Nacional aprove a chamada janela da infidelidade, o prazo de seis meses a cada quatro anos para os parlamentares mudarem de partidos.

No caso do governador Alckmin, nenhuma novidade. Os tucanos sempre governaram com o mapa político-partidário nas mãos retaliando e discriminando prefeitos do PT e da oposição nestes quase 30 anos em que detém o poder no Estado de São Paulo.

Fisiologismo desbragado

[...] para deter divisão no PSDB e fortalecer o PSD
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Para conter a desintegração do PSDB, a cada dia mais rachado em sua principal base nacional, a de São Paulo, e fortalecer o PSD em fase de fundação, serristas, alckmistas e o prefeito paulistano Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora fundando o PSD) desencadearam o maior festival de fisiologismo e aparelhamento da máquina pública de que se tem notícia na história recente de São Paulo.

Neste processo, o prefeito Kassab - que dia sim e outro também proclama seu alinhamento incondicional com José Serra, o tucano candidato a presidente derrotado no ano passado - acaba de nomear um de seus secretários municipais, Walter Feldman, "embaixador" em Londres, por no mínimo seis meses.

A Prefeitura de São Paulo se torna, assim, a 1ª do país a ter um embaixador no exterior. Desta forma, Kassab mantém Feldman na máquina municipal. Feldman é  um dos fundadores do PSDB, no qual permaneceu por 23 anos até se desfiliar esta semana.

Kassab tenta acomodar serristas que se desgarram do PSDB

Ao mesmo tempo, com esta nomeação, o prefeito tenta debelar a insatisfação e acomodar uma parte dos tucanos que se rebelaram, deixaram o partido e devem ingressar futuramente no PSD. Do outro lado, mas também na seara demo-tucana, seu rival e adversário nas disputas eleitorais de 2012 e 2014, o governador tucano Geraldo Alckmin amplia a fuzarca reinante na máquina administrativa estadual.

Em represália, pelo fato do vice-governador Guilherme Afif Domingos (ex-DEM) ter ido para o PSD de Kassab, Alckmin alijou-o de seu secretariado. Como precisou manter com o DEM a Secretaria de Desenvolvimento Econômico ocupada por Afif, o governador a esvaziou passando seus principais programas - e investimentos de R$ 3 bi programados para até 2014 - para outras secretarias de Estado ocupadas por tucanos.

Como vocês veem o aparelhamento corre solto, comandado exatamente pelos tucanos que fizeram das acusações ao PT, de aparelhar a máquina, um dos principais motes da campanha eleitoral em que foram derrotados no ano passado.

Temos, assim, um festival de fisiologismo e aparelhamento em São Paulo. Serristas, alckmistas e o mais vistoso aliado do serrismo, o prefeito Kassab, usam cargos e a máquina do Estado para se fortalecerem e a seus partidos, o PSDB e o PSD.

por Luis Fernando Verissimo

Aquela aurora

Em São Paulo acabam de fundar um partido que se declara nem de esquerda, nem de direita nem de centro. Um partido de nada, a favor de tudo, ou exclusivamente a favor de si mesmo.

Tudo bem. "Esquerda" e "direita" são termos obsoletos e "centro" hoje é sinônimo de PMDB, ou de uma nevoa ideológica.
O novo partido paulista não vem preencher um vácuo, vem institucionalizar o vácuo. Seu nome evoca o passado, quando o Getúlio, para não dizerem que o Brasil não era uma democracia, inventou dois partidos opostos, o PTB e o PSD. Justiça seja feita: o novo partido surge representando nada, mas com saudade de um tempo em que as siglas, mesmo falsas, significavam alguma coisa.
Bom mesmo era o século 19, quando tudo isso começou. Como no texto do Paulo Mendes Campos que fala das primeiras do Gênese, com "o mundo ainda úmido da criação", se poderia descrever com o mesmo encanto aquele outro inicio. Quando a História, por assim dizer, entrou na história e tudo recebia seus nomes verdadeiros. Uma segunda Criação. Hegel ainda quente, Marx lançando suas ideias explosivas como granadas, o passado e o futuro sendo redefinidos com rigor científico e a modernidade tecnológica e a modernidade social (ou, simplificando, a máquina a vapor e a nova consciência proletária) prestes a se fundir para transformar o mundo. "Bliss it was in that dawn to be alive", êxtase era estar vivo naquela aurora, escreveu o poeta Wordsworth sobre a Revolução Francesa.
A esquerda poderia dizer o mesmo do século 19. Naquela aurora não havia dúvida sobre a inevitabilidade histórica do socialismo.
Mas êxtase também espera a direita numa volta idílica ao século 19. Foi o século de reação à Revolução, da restauração conservadora na Europa depois do terremoto republicano e do nascente capitalismo industrial sem remorso. Os que hoje propõem a "flexibilização" dos direitos dos trabalhadores conquistados em anos de luta (como os que os ingleses defendiam nas ruas de Londres, há dias) babariam com o que veriam no velho século: homens, mulheres e crianças trabalhando 15 horas por dia, sem qualquer amparo, e sem qualquer encargo legal ou moral, fora os magros salários, para seus empregadores. A perfeição. Antes que a pregação socialista a estragasse.
Século 19, terra de sonhos. Tanto para a esquerda quanto para a direita, antes que tudo virasse um mingau só. 

“Folha” descobriu que Kassab é Kassab!


Não tenho simpatia alguma por Gilberto Kassab. Fruto do marketing (lembram dos bonecos do “Kassabão” na campanha para a Prefeitura, em 2008?) e de espertezas urdidas nos bastidores da política, ele virou prefeito num golpe de sorte – depois de ser escolhido vice de Serra.

Kassab tem trajetória parecida à de Sarney: o ex-presidente era um líder de segunda linha no antigo PDS. Ajudou a criar a dissidência que daria origem ao PFL  (apesar de não ter entrado no PFL, mas ido diretamente ao PMDB), e assim virou o vice de Tancredo. Com a morte de Tancredo, virou presidente. Estava no lugar certo, na hora certa. Sarney sobrevive, desde então, como uma espécie de camaleão que sabe fazer as escolhas corretas nas horas exatas: apoiou FHC, depois apoiou Lula.
Kassab parece ter escolhido caminho semelhante. O que não chega a ser novidade na política brasileira. O engraçado é o desespero da imprensa serrista. Enquanto Kassab mantinha-se fiel ao bloco PDSB/DEM, era tratado como um “gerentão”, como um prefeito bom de trabalho, o prefeito da “Cidade Limpa” (que,diga-se, é um bom projeto). Tratado sempre com a condescendência merecida, já que era um protegido de Serra. Nada da pancadaria sofrida por Erundina ou Marta.
Agora, que resolveu migrar rumo à base lulista, Kassab virou um pária. Um colunista da “Folha”escreveu essa semana: “Serra levou Kassab aonde ele jamais imaginaria chegar”.
Hehe. Está dado o recado: “Kassab, seu ingrato, Serra abriu o caminho para você. E agora você trai o nosso chefe?”

Kassab queria chamar seu “novo” partido de PDB. Foi logo carimbado de “Partido Da Boquinha”. Ok. Mas quando a boquinha é pra ser vice de um tucano, aí pode?
Hehe. Essa “Folha”… Cada vez mais óbvia. A história é a seguinte: Kassab é apenas um político conservador, que tenta sobreviver. Vai aprender que a vida, longe da proteção oferecida pela mídia serrista, não é fácil. Kassab apanha sem parar desde que anunciou o movimento de aproximação com a base lulista. O mesmo colunista da “Folha” (o diário extra-oficial do serrismo) agora carimbou o partido do prefeito de “partido comercial”. Isso por agregar muitas lideranças ligadas às associações comerciais que tradiconalmente apóiam Afif – isso desde que ele foi candidato a presidente em 89. A “Folha” ainda chamou o prefeito de “macunaímico”. E disse que o PSD de Kassab é “filho do pragmatismo maroto”.

Ou seja: a “Folha” descobriu que Kassab é Kassab! Mas só descobriu agora, quando ele rompeu com o condomínio PSDB/DEM. E olhe que ele nem rompeu oficialmente com Serra. Mas ameaça costear o alambrado…

A “Folha” também só descobriu agora que Afif tem ligações sólidas com associações comerciais de todo o Brasil? Quando Afif  foi eleito vice-governador de Alckmin isso não importava, certo? Boquinha e associação comercial, quando se trata de fazer aliança com os tucanos, são bemvindas.

Verdade que Kassab expõe-se ao ridículo com a tentativa de “resgatar a memória de JK”. Kassab não tem nada de JK. Isso soa falso, estranho. Até a neta de Juscelino já apareceu pra reclamar, como eu li no IG.  

Quando resolveu apoiar Lula, especialmente após a crise de 2005, Sarney passou a ser tratado pela velha mídia brasileira como um “oligarca do Maranhão”. Ok. Isso ele já era há muito tempo. Mas enquanto esteve à disposição dos tucanos, o oligarca era um “estadista”.

Areia demais para o caminhão de Kassab

Com todo o respeito, mas estão inflando demais o balão do prefeito Gilberto Kassab. Que ele tem futuro promissor, não se duvida. O problema é que mal revelado na política por força da renúncia discutível de José Serra, em 2002, o alcaide paulistano ocupa diariamente o noticiário, dividindo as opiniões sobre se formará ou não um novo partido, desligando-se do DEM e com passagem comprada para unir-se depois ao PSB. É areia demais para o caminhão de Kassab, que se fundar ou não fundar a nova legenda,  muito pouco acrescentará à política paulista, quanto mais à nacional.

Acrescente-se a essa exagerada operação a hipótese de  tudo não passar de manobra do palácio do Planalto para trazer  Kassab ao aprisco governista.  Ele  deixaria a oposição do DEM para  afinal aportar na enseada socialista,  da qual tanto se orgulham Lula e Dilma por haver conquistado.  Toda essa firula de sair, criar e depois aderir não engana ninguém.
Carlos Chagas

Algumas declarações de Cid Gomes

- Kassab, o novo partido e a futura fusão com o PSB:
 “O risco é ele tomar gosto pelo novo partido e depois não querer fundir, né?”
- A hipótese da fusão
“Olha, é natural que um partido queira crescer. O objetivo de todo partido é chegar ao poder. O crescimento pode se dar pela eleição ou por adesões, dificultadas hoje pela legislação. Sobre essas notícias, só quero registrar uma preocupação: a gente precisa crescer, mas crescer mantendo os quadros que a gente fez”.
- O risco de defecções:
 “[...] Eu não tenho muita informação sobre quem acompanharia o Kassab nesse novo partido. Mas tenho conhecimento de que esse projeto, essa ideia, da forma como está sendo tocado, está criando constrangimentos para duas lideranças de São Paulo, a Erundina e o Chalita”.
- A relação custo-benefício:
 “Esse crescimento [do PSB] não pode ter o custo de a gente perder alguém. Não sei se estou sendo ingênuo... Não sei qual é o projeto do Kassab”.
- A eleição miunicipal de 2012:
 “Ele [Kassab} não pode mais ser candidato em 2012. Mas eu acho que o Chalita é um extraordinário nome para a prefeitura de São Paulo. É o melhor que o partido tem. Então tem de ter cuidado”.
- Conversou com Kassab? Não, não.
- Falou com Eduardo Campos? 
Sobre isso, não. Sinceramente, não.
- As pendências
“Recebi uma circular do vice-presidente do partido, o Roberto Amaral, explicando que havia conversas [com Kassab]. Mas ele colocava que havia pendências partidárias, políticas e jurídicas. Falava do governador de Santa Catarina, inclusive [Raimundo Colombo, do DEM]. A circular foi para todos os presidentes de diretórios estaduais. Foi nessa condição que eu recebi.
- O início do governo Dilma
“Ela está correta, dando muita visibilidade à questão fiscal. No lugar dela, faria o mesmo. Eu já previa isso. É o primeiro momento, o instante de arrumar a casa”.
- A presença do PSB no governo
“No começo eu defendi que a gente tivesse uma participação maior. Não pela chantagem, que é muito comum na política, mas pela estratégia de reconhecimento ao partido. Independentemente disso, sempre defendi que deveríamos apoiar o governo. Enfim, foi o possível”.
- A ideia de levar Ciro Gomes ao Senado em 2014, a despeito da incompatibilidade do irmão com o trabalho na Câmara
“São duas casas completamente diferentes. Começa pela composição: o Senado tem 81; a Câmara, 513. Na Câmara, só para falar, coisa que o Ciro faz com muita qualidade, pois tem muito conteúdo, você entra na fila e tem de esperar seis meses. No Senado, você pode fazer pronunciamento todo dia. O Senado tem um índice de votação, apreciação e análise de matérias muito superior.
- A viagem aos EUA à custa da Grandene, empresa que usufrui de incentivos do governo cearense
“Olha, todos os governadores do Ceará, nos últimos 20 anos, deram benefícios à empresa Grandene. Então, não há nenhuma excepcionalidade agora. E todos deram porque a Grandene é o maior empregador do Estado, 45 mil pessoas. Segundo: esses benefícios não são autorizados pela pessoa do governador, mas por um conselho, com critérios técnicos. Terceiro: disseram que a Grandene fez doação para minha campanha. Fez nessa e na anterior, pois o proprietário [Alexandre Grandene] tem uma relação comigo de mais de 15 anos. Aliás, doou para todos os candidatos com chances. Agora, sobre minha vida pessoal, você vai me perdoar, mas eu não vou falar nada. Não faço nenhuma declaração.

Kassab, Alckmin, Richa barganham cargos e a mídia silencia

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Kassab
 
Muito interessante o noticiário de hoje da Folha de S.Paulo sobre a eleição da nova Mesa diretora da Câmara Municipal de São Paulo, um pleito dominado pelo prefeito da Capital, Gilberto Kassab (DEM-PSDB) e da composição do secretariado do futuro governador tucano do Estado, Geraldo Alckmin.

Chama a atenção, ainda, a notícia no Valor Econômico, do processo de escolha e composição da equipe do futuro governador do Paraná, o também tucano Beto Richa.

No caso da eleição para o comando da mais poderosa Câmara Municipal do país, a de São Paulo, o prefeito Kassab abertamente dá as cartas - ou melhor, dá cargos em abundância, de 1º escalão até, escandalosa e desbragadamente a tudo quanto é partido. Vale tudo desde que lhe fique assegurado o comando da Presidência e da maioria dos postos da Mesa.

Onde está a imprensa que não dá um pio a respeito?

Kassab junto com seus dois partidos, o DEM e o PSDB (ele ainda está filiado ao 1º, embora de malas prontas para deixá-lo, e sempre governou em parceria com o 2º) está interferindo diretamente na eleição dessa Mesa.

Ainda que mal pergunte, onde fica a independência do Legislativo, tão evocada pela oposição e pela mídia quando se trata das Mesas diretoras do nosso Congresso Nacional (Câmara e Senado) em Brasília? Lá, tão vigilante, cobradora e ciosa de seu papel de, em nome da opinião pública, fiscalizar; aqui, na promiscuidade Prefeitura/Câmara Municipal paulistana, completamente omissa.
Não é diferente, o comportamento da Folha de S.Paulo hoje - e nos últimos dias - na cobertura da composição do futuro secretariado do governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB). O troca-troca de cargos, apoios e o que mais estiver envolvido na história não desperta o menor interesse fiscalizatório do jornalão da Barão de Limeira.

Nepotismo no Paraná


O Valor Econômico dá hoje o mesmo tratamento de indiferença à barganha e ao nepotismo (nomeou secretários a esposa e um irmão) que envolve a composição da futura equipe do governo Beto Richa no Paraná. Lá, Richa contempla todos os partidos, coopta até quem não o apoiou.

E esse jogo todo na composição do secretariado do governo paulista, não é aparelhismo nem fisiologismo? A mídia só vê isso e imprime linha editorial do seu noticiário nessa direção, quando se refere ao governo federal - composição ministerial e dos demais escalões da administração da União.

Aqui, em São Paulo, para os jornais os partidos têm legitimidade de reinvindicar cargos - como de fato têm mesmo -. Como vemos, da parte da Folha de S.Paulo em relação aos governos tucanos um tratamento "neutro", "imparcial", "isento" e favorável à disputa de cargos. Já em relação ao governo federal...
Zé Dirceu
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Serra e Lula juntos pelo fim do DEM

Lula declarou em Santa Catarina que é preciso“extirpar o DEM” da política nacional. Não gosto dessas metáforas que apontam para a liquidação do adversário. Melhor do que “extirpar” é derrotar. Mas, vá lá, o palanque e a campanha não são o lugar nem a hora da moderação.
Impossível negar o fato de que Lula escolheu o Estado certo para lançar a campanha contra o DEM. Santa Catarina é a terra de Bornhausen – o sujeito que queria “acabar com essa raça” - ele se referia aos petistas -. Parece que o PT é que vai acabar com a raça dos demos.
O curioso é que, nesse ponto, Serra e Lula estão irmanados.
Lula quer a derrota acachapante de seus adversários. Tem a oferecer ao eleitor a singela comparação: o que fizeram os demos no poder - nos tempos de FHC - e o que fizeram Lula e o PT. A comparação provoca uma surra eleitoral que beira a covardia.
Serra também ajuda. A campanha errante, sem discurso – que apela ora para a falsidade - tentou pegar carona na popularidade de Lula, fingindo que não era oposição -, ora para o golpismo - quando foi aos militares pregar contra Lula e o PT – é também uma forma de colaborar para a extinção do DEM.
Graças a Serra e Lula – irmanados na campanha – o DEM corre o risco de ver extintas as carreiras de Heráclito Fortes (PI), Marco Maciel (PE), Cesar Maia. Todos eles correm risco de não se eleger. Agripino Maia (RN), que parecia ter uma reeleição tranquila, agora já tem Vilma (do PSB) em seus calcanhares. E Kassab fala em abandonar o partido e ir para o PMDB.
Para completar, Serra brindou os eleitores com a brilhante reflexão sobre o papel dos vices. Quem me envia o texto é o Mirabeau Leal:
José Serra deve ter perdido hoje até o voto do seu vice.  Em palestra na Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, contou ter feito uma emenda para não ter vice, que considera “uma coisa que vem do passado”.
O tucano não devia se preocupar muito com isso pela irrelevância do seu vice, mas com sua “sutileza” e desprezo aos aliados atingiu diretamente seu companheiro de chapa e também ao DEM, responsável pela indicação.
“O vice hoje é para composição política. Muitas vezes soma ao contrário”, afirmou Serra, certamente querendo jogar nas costas do Da Costa a culpa pela seu inexorável despencar.
Coitado do Da Costa, nem bem pôs as asinhas de fora e já foi atingido  por flecha amiga. Muy amiga.

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A SELETIVIDADE GEOGRÁFICA DO CANDIDATO SERRA

'... em sua diatribe contra governos latino-americanos, Serra esqueceu de acusar a Colômbia como "cúmplice do narcotráfico". Esquecimento, na verdade, que expõe mais ainda o caráter leviano da estratégia. Trata-se, simplesmente, de atacar governos considerados "amigos" do governo brasileiro.  Antes de apontar o dedo acusador para o governo de um país vizinho, Serra poderia visitar algumas ruas localizadas no centro velho de São Paulo que foram tomadas por traficantes e dependentes de drogas. Serra já ouviu falar da Cracolândia? Junto com a administração Kassab, um governo amigo como gosta de dizer, fez alguma coisa para resolver o problema?

Errar é humano. Desconfiar de tucademos...idem


OUTROS NÚMEROS 
O “Diário do Comércio”, ligado à Associação Comercial de São Paulo, divulgou dados de fevereiro, e não de abril, nos resultados da pesquisa espontânea de intenção de voto para presidente da República, encomendada ao Ibope. 
Os números antigos são favoráveis a José Serra (PSDB-SP). 
Em fevereiro, ele tinha 10% na sondagem espontânea, contra 9% de Dilma Rousseff (PT-RS). 
Em abril, a petista ultrapassou o tucano, com 15% contra 14%. 
“Não tem nenhuma má intenção. Se houve um erro nosso, a gente corrige”, diz Moisés Rabinovici, diretor do jornal.
TRINCA 
A Associação Comercial, que controla o jornal, tem como vice-presidentes o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP), Guilherme Afif Domingos (DEM-SP) e Jorge Bornhausen (DEM-SC). Os três apoiam Serra à Presidência.
Leia a matéria completa na coluna da Mônica Bergamo, na Folha SP