Escrevo em estado de choque, como resultado da morte de alguém que não conheci: Arthur Lula da Silva, sete anos. O nome disso é empatia, ou seja, “a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo”. Ser empático é superar o egoísmo, é se colocar quase involuntariamente no lugar do outro. É um ato de entrega humana. É o que consta em verbetes da rede mundial de computadores.
Não tenho netos legítimos, mas tenho uma coleção de falsos netos. Tenho uma belíssima relação com eles e meus amigos avôs e avós não precisam explicar muito seus vínculos com eles. Menos ainda explicar a dor que sentiriam com a morte de um deles. Daí me haver doído sobremaneira o desprezo da horda presidencial para com o neto do Lula. Do mesmo modo, o escárnio, as ironias e tripúdios impublicáveis quanto à morte daquela criança. Veio de gente até da Polícia Federal, um deles tentando responsabilizar o ex-presidente Lula com um pretenso veto de vacina contra meningite. Gente que de forma gratuita e imediata transferiu para o garoto o ódio sem nexo que sente pelo avô dele.
Mais que transferência de ódio, foi constrangedor ver pessoas considerarem a morte do garoto como pena suplementar para Lula, por conta de crimes que nem o verdugo Sejumoro conseguiu demonstrar.