PIG protesta contra o que sempre fez

José Dirceu

Tenho comentado nesse blog a questão do vazamento de informações sigilosas e o abuso nas autorizações judiciais de intercepções telefônicas. Durante esses últimos três anos nossa imprensa não só foi conivente como estimulou essas práticas.

É só reler os jornais e rever os noticiários de rádio e TV. Incentivou e aplaudiu juízes e promotores, e depois policiais que abusavam e abusam da autoridade legal que tinham para, de comum acordo com a imprensa, ter acesso a essas informações e as usarem na disputa política no pais.

Agora, quando o feitiço virou contra o feiticeiro, clamam contra “o braço semiclandestino de espionagem” que teria sido organizado no país, ”dentro do Estado, numa associação criminosa entre a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), ex SNI, e bolsões da PF, articulados com juízes de primeira instância e o MP” como diz o jornal O Globo, hoje, em seu editorial ”Ataque de censura”.

Com três anos de atraso, reconhecem o que denunciei

Faltou aqui no editorial mais alguns personagens que participavam e participam das ilegalidades e desse braço - os jornalistas, os jornais e a imprensa em geral. Com três anos de atraso reconhecem aquilo que denunciei na OAB-SP, como verdadeiras “pequenas gestapos“.

Fui censurado por essa mesma imprensa. Fui e sou vítima desses braços semiclandestinos e desses vazamentos, inclusive no jornal Nacional (JN) da Rede Globo. Recentemente, o JN colocou no ar uma fita gravada pelo então prefeito de Juiz de Fora, com uma citação de meu nome, sem que nada no inquérito sobre ele me relacionasse com os atos ilícitos apurados. O próprio advogado do prefeito informou que a fita era uma montagem.

Quem vazou aquela fita para a Rede Globo? Com que objetivo? Quem responde pela ilegalidade e pelo crime praticado contra minha imagem e a minha honra? A Rede Globo, a Polícia Federal?

Segundo o editorial, a Rede Globo, por direito constitucional, está protegida pelo sigilo da fonte.

Eu completo que a Constituição protege também o direito a imagem e a honra.

Como resolver esse impasse, sem atentar contra a liberdade de imprensa e o sigilo da fonte, é uma tarefa para os legisladores, para a própria justiça, para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Luizianne reeleita

Pesquisa Ibope divulgada ontem (25) pela TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo no Ceará, mostra que a atual prefeita e candidata à reeleição, Luizianne Lins (PT), subiu quatro pontos percentuais e venceria a disputa no primeiro turno com 50% das intenções de voto para a Prefeitura de Fortaleza.

Em relação ao levantamento anterior, o candidato Moroni Torgan (DEMO) caiu dois pontos percentuais, de 22% para 20%.

O democrata está empatado tecnicamente com a senadora Patrícia Saboya (PDT), que caiu de 17% para 16%.

Leia mais em Luizianne Lins sobe para 50% das intenções de voto em Fortaleza, diz Ibope

A luta pela posse do Estado

Entrevista de Walter Maierovitch ao Terra Magazine a respeito do crime organizado.

Traça um paralelo entre a Máfia Italiana e sua ascenção ao poder, com Daniel Dantas no Brasil.

Ainda esculhamba com a justificativa da Min. Ellen Gracie para não liberar o acesso ao HD de Dantas, sob sua guarda.

Além de outras informações interessantes.

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(...) No Brasil, o senhor identifica algo semelhante?

Sim, o exemplo claro é o (banqueiro) Daniel Dantas. Ele consegue participar da privatização, tendo uma procuração pra representar fundos de pensão, num processo absolutamente estranho. Porque ele não tinha potencial econômico algum pra se enfiar nesse ramo. Precisou de dinheiro de fundos de pensão, o Estado lhe propicia isso. Participa da privatização (das teles), obtém vantagens, continua administrando até ser cassada a procuração. Mais do que isso, descobre-se que discos rígidos, que revelam todo esse processo de privatização, não podem ser abertos por decisão judicial. Por decisão do Supremo Tribunal Federal da Ellen Gracie.

Um contra-senso?

É como se eu matasse uma pessoa, o cadáver ficasse dentro do apartamento, e eu tivesse uma autorização judicial da Ellen Gracie pra polícia não entrar. O argumento que ela dá, na decisão, é mais estranho ainda. Ela diz que a apreensão daqueles discos rígidos se deu na apuração de grampos, pra verificar se Daniel Dantas podia grampear alguém. Ora, a Lei Processual Penal fala dos crimes conexos. Quando se está apurando o homicídio de João, se você encontrar a prova de que o mesmo assassino matou Antonio, José ou assaltou um banco, você não vai ignorar. Na visão dela, sim. E não deixou abrir os discos rígidos. O mesmo Daniel Dantas que consegue no segundo habeas corpus um foro privilegiado. Ele salta instâncias e vai ao Supremo. E o presidente do STF dá uma liminar sem consultar a Corte.

Em 48 horas...

A primeira ainda se pode discutir. Mas a segunda, não. Não é nem do Judiciário, é improbidade administrativa. Daí a minha tese do impeachment. E veja a reação do ministro (Nelson) Jobim, que sustenta uma mentira com relação às escutas, ao grampo, pra derrubar o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e não acontece nada.

(...) O senhor vê, no Brasil, uma reação à modernização do combate ao crime? Ele não precisa ser constantemente modernizado?

Sim, está lá no livro, entre outras coisas, o exemplo de uma especialista. Ela diz que a criminalidade organizada prefere hoje o mouse à metralhadora. A criminalidade precisa lavar esse dinheiro sujo pra reempregá-lo em atividades formalmente lícitas. É aí que está o pulo do gato. Vou mais longe, até, dizendo o seguinte: essa criminalidade de matriz mafiosa não assalta mais banco. Ela põe o dinheiro no banco e se serve de toda a rede de telemática.