por *Armando Rodrigues Coelho Neto
É fundamental assumir a condição de desinformado em meio à turbulência frenética do noticiário, sobretudo pela seletividade dos assuntos. Um velho policial paulista costumava dizer que a imprensa sobrevive do que não publica e ganha notoriedade pelo inverso. A isso se soma a ideia de que em tempos de guerra a primeira vítima é a informação. Isso vale para golpes de estado. Erros de avaliação decorrem da desinformação, da manipulação, das verdades e pós-verdades impostas pela mídia. Há vícios de interpretação na leitura de atos e fatos sobre Farsa Jato, nas esferas policial, do ministério Publico ou Judicial. Tudo consequência do quadro seletivo apresentado, da amostra exibida em manchetes de jornais, revistas, da tal escandalização no rádio, televisão.
São tempos de farsa, informação dirigida, de destruição de partidos e reputações de pessoas. Isso não é privilégio da emissora dos Marinhos. É aplicável a todas as demais partícipes da formação do pensamento único nacional. Desse modo, o título desse texto invocando a TV Globo é mero simbolismo, devido ao alcance na corrosão de mentes indefesas, desarmadas de senso crítico e discernimento por ela imprimido. Mas foi ela a apoiadora de primeira hora da ditadura militar, manipulava o noticiário econômico, propalando altos índices da poupança fruto da inflação alta (verdade que escondia). Foi ela que boicotou as eleições diretas e entre suas maldades que vieram à tona estão o escândalo Proconsul. Décadas depois reconheceu o erro no qual reincide.Não foi a Globo que inventou a expressão delação premiada. Ela só propala e enfatiza algo que não figura em momento algum na Lei nº 12.850/2013, cujo preâmbulo diz: “Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências”. Mais na frente, no artigo 3º, ao tratar dos meios de produção de prova, refere-se a “colaboração premiada”. Mas, a palavra delação é mais forte e sempre figurou no imaginário como o ato de trair alguém. Por exemplo, a causa do mártir Tiradentes era nobre e ele foi traído. Eis o sentido que a palavra perdeu na cobertura jornalística.