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Caetano Veleso no O Globo - Freixo outra vez

*Caetano proseando é um Pelé poetizando
Freixo outra vez

.Gosto de Freixo não porque ele é do PSOL. Acho que gosto um tanto do PSOL por ele abrigar Freixo. Sou independente, conforme se vê. Ser estrela é bem fácil. Nada importam as piadas dos articulistas reacionários que classificam minhas posições como Radical Chic. Desprezo a tirada de Tom Wolfe desde o nascedouro. Antigamente tentavam me incluir na chamada esquerda festiva. Isso sim, embora incorreto, me agradava: a expressão brasileira é muito mais alegre, aberta e democrática do que a de Wolfe. Mas tenho vivido para desmontar o esquema que exige adesão automática às ideologias da moda. Deploro o resultado das revoluções comunistas. Todas. E, considerando o Terror que se seguiu a 1789, sou cético quanto a revoluções em geral. Na maioria das vezes, a violência se dá, não para fazer a história humana caminhar, mas para estancar seu fluxo. Olho com desconfiança os moços que entram em transe narcisista ao quebrar vidros crendo que desfazem a trama dos poderes. Ainda hoje não consigo adotar a posição que considera Eduardo Gianetti, um liberal crítico, ou André Lara Rezende, o homem que põe em discussão o crescimento permanente, conservadores. Nem acho que o conservadorismo seja necessariamente um mal. A adesão de alguns colegas meus à nova direita me deixa nauseado, não por ser à direita, mas por ser automática.

Simplesmente me pergunto qual exatamente será a intenção do GLOBO ao estampar manchetes e editoriais induzindo seus leitores a ligarem Marcelo Freixo aos rapazes que lançaram o rojão que matou Santiago Andrade. A matéria publicada no dia em que saiu a chamada de capa com o nome do deputado era uma não notícia. Nela, a mãe de Fábio Raposo, o rapaz que entregou o foguete a Caio Souza, é citada dizendo acreditar que o filho “tem algum tipo de ligação com Freixo”. Isso em resposta a uma possível declaração do advogado Jonas Tadeu Nunes, que, por sua vez, partiu de uma suposta fala da ativista apelidada Sininho. O GLOBO diz que esta nega. Como então virou manchete a revelação da possível ligação entre o deputado e os rapazes envolvidos no trágico episódio? Eu esperaria mais seriedade no trato de assunto tão grave.
Li o artigo do grande Jânio de Freitas em que ele defende a tese de intenção deliberada de assassinar um jornalista, o que está em desacordo com as imagens exibidas na GloboNews. Sem falar na entrevista do fotógrafo, que afirma que o detonador do artefato tinha mirado os policiais. Claro que me lembrei, ao ver a primeira reportagem na GloboNews, dos carros de emissoras de TV incendiados durante as manifestações, o que me levou a participar da indignação dos âncoras do noticioso. Um vínculo simbólico entre aquelas demonstrações de antipatia e o ocorrido em frente à Central é óbvio: um rojão sai das mãos de um manifestante e atinge a cabeça de um jornalista. Mas parece-me abusivo ver nisso o propósito de matar o repórter. Nas matérias que se seguiram, O GLOBO, ecoando falas do advogado Jonas Tadeu, que diz não ser pago por ninguém para defender os dois réus mas conta que um deles diz receber dinheiro para ir às manifestações, insiste em lançar suspeita sobre Freixo, por ser o PSOL, seu partido, um possível doador do alegado dinheiro. Na verdade, as declarações do advogado, mesmo nas páginas do GLOBO, soam inconvincentes. O mesmo Jânio de Freitas, em artigo posterior àquele em que defende a tese de assassinato deliberado, se mostra desconfortável com o comportamento de Jonas Tadeu. Já O GLOBO, no qual detecto uma sinistra euforia por poder atacar um político que aparentemente ameaça interesses não explicitados, trata as falas de Tadeu sem crítica. Uma das manchetes se refere a vereadores do PSOL que teriam contribuído para uma ação na Cinelândia, na véspera de Natal, sugerindo ligação do partido com vândalos, quando se tratava de caridade com moradores de rua. O tom usado no GLOBO é, para mim, de profundo desrespeito pela morte de Santiago.
Freixo, em fala firme ao jornal, desmente qualquer ligação com os dois rapazes. Ele também lembra (assim como faz Jânio) que Jonas Tadeu representou o miliciano Natalino.
Quando Freixo era candidato a prefeito, escrevi artigo elogioso sobre ele. O jornal fez uma chamada de capa que, a meu ver, desqualificava meu texto. Manifestei minha indignação. A pessoa do jornal que dialogava comigo me assegurou não ter havido pressão dos chefes. Acreditei. Agora não posso deixar de me sentir mal ao ver a agressividade do jornal contra o deputado. Tudo — incluindo os artigos de autores por quem tenho respeito e carinho — me é grandemente estranho e faço absoluta questão de dividir essa estranheza com quem me lê.

*Joel Neto

Terrorismo e inquisição à brasileira, por *Rosana Pinheiro Machado

OpiniãoA lei antiterrorismo emerge para, em nome “dos cidadãos de bem”, manter as estruturas políticas, econômicas, comunicacionais e religiosas dominantes

na CartaCapital 



A lei antiterrorismo apresentada no Senado é um dos maiores atentados à democracia brasileira dos últimos tempos. A aprovação do Projeto de Lei 499 é defendida por senadores do PT como Jorge Viana (AC) e Paulo Paim (RS) com o objetivo de “conter quem provocar o pânico generalizado”. Qualquer ligação com a necessidade desesperada de mostrar um espetáculo imagético de corpos dóceis durante a Copa do Mundo não é mera coincidência.
Não passará! Estamos a um passo de jogar fora as conquistas democráticas brasileiras, concretizando a paranoia coletiva que legitima a repressão e uma estrutura punitiva, baseada na ação policial violenta, que, neste caso, visa apenas à criminalização dos movimentos sociais de massa, ampliando a zona do terror espalhada pelo Estado brasileiro. Não restam dúvidas que a corda vai romper no o lado mais fraco. Os terroristas terão cor, classe e ideologia.
Junho de 2013 foi uma das maiores insurgências populares da história do Brasil. É vulgar a manobra orquestrada – da grande mídia, da direita e do governo – de esvaziamento da luta dos movimentos sociais por meio da criminalização. Não funcionou a criação do personagem do vândalo. Mas a morte estúpida e injustificável do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade é o elemento estopim que se precisava para institucionalizar um sistema injusto que, ao invés de avançar para reformas estruturais que a sociedade brasileira carece, regride no autoritarismo punitivo.

Quem banca o advogado do "suspeito" de ter acendido o rojão que vitimou Santiago?

Um pobre ajudante de serviços gerais pagando advogado particular?
Tem caroço nesse angu...muito caroço que ainda não apareceu...
Para começar, na minha opinião estas fotos não são da mesma pessoa.

Diego Escosteguy: a essência do escorpião

Desde o ano passado a mídia oposicionista e líderes políticos de partidos apoiados por ela, incentivam manifestações e apoiaram os black block e anonymus, todo mundo sabe disso - e temos o Google para provar -. Aí, infelizmente acontece uma tragédia e...Jorna-lista com um texto muito bem escrito - reconheço - e lá pelas tantas acusa que o Governo Federal era quem apoiava os dois grupos. Gente dessa laia não tem nenhum escrúpulo. 

 Diego Escosteguy
A trágica morte do cinegrafista Santiago Andrade não foi uma mera fatalidade. O rojão que o matou fora aceso há meses. Coube aos dois mascarados apenas acabar o serviço. Quando o rojão finalmente explodiu, é possível que ele não estivesse apontado intencionalmente a Santiago. Mas isso não interessa.
Não interessa porque, numa República, não há vidas mais importantes do que outras. A vida de Santiago era tão preciosa quanto a vida de qualquer cidadão. Qualquer jornalista. Qualquer Policial Militar. Qualquer Black Bloc. Em suma, de qualquer um que pudesse estar no caminho do rojão naquela tarde de quinta-feira na praça Duque de Caxias.
Num país em que se reduz todo ato de barbárie a uma fatalidade, seja matar um jornalista ou trancar um adolescente pelo pescoço a um poste, tudo é permitido. E, num país de fatalidades, ninguém é responsável por nada. A morte de Santiago não poderia ser exceção.
Uma fatalidade? Diga isso a Arlita Andrade, viúva de Santiago, e aos seus quatro filhos. Diga a ela que não havia como ser diferente. Que a dor dela era inevitável. “Minha família foi destruída”, disse Arlita, como dizem tantas viúvas da violência que define nosso país.

Família do cinegrafista Santiago Andrade. Foto: Reprodução
 A família de Arlita foi destruída pelos dois mascarados - que, como acontece numa democracia, terão direito à ampla defesa e serão julgados pelo o que fizeram. Mas a família de Arlita não foi destruída apenas pelo que fizeram ambos os suspeitos. Os atos dos dois não surgiram no éter. Sobrevieram num momento de ascensão, no Brasil, de um discurso de intolerância, de ódio mesmo, em relação às principais instituições que dão sentido ao país. 
Abaixo a canalhice

Suspeitas sobre o suspeito de causar a morte do cinegrafista

Você acha que é a mesma pessoa?
Para mim não!