Poesia da noite

UM DIZER AINDA PURO
Imagino que sobre nós virá um céu
de espuma e que, de sol em sol,
uma nova língua nos fará dizer

o que a poeira da nossa boca adiada
soterrou já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flor.
dizes: põe nos meus os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.
sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.
diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.
(Poema de Vasco Gato)

Kiko Nogueira - O protesto coxa do dia 31 será em homenagem ao diretor da Fiesp que deve R$ 6,9 bi ao Fisco

A manifestação coxa marcada para o dia 31 de julho tem como bandeiras, segundo o movimento golpista Vem Pra Rua, o afastamento definitivo de Dilma, o apoio à Lava Jato e a "prisão de políticos corruptos".

Faz tempo que ninguém mais acredita na honestidade desse pessoal, mas a coisa fica realmente escancarada nos detalhes: o ponto de encontro, em São Paulo, continua sendo a Fiesp.

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A federação das indústrias, presidida por um homem sem indústria, Paulo Skaf, o popular Caveira, virou um símbolo golpista, a Torre Eiffel espiritual da vilegiatura do interino. Ajudou a financiar o golpe, deu abrigo e filé mignon a reaças sem teto, iluminou a sede com a palavra "impeachment".

Os sujeitos da Fiesp são feitos do mesmo material que os manés que se juntam em torno do edifício. Só têm mais dinheiro e são mais espertos.

Matéria do Estadão dá conta de que o empresário Laodse de Abreu Duarte, um dos diretores, é o maior devedor da União entre as pessoas físicas. A dívida é maior do que a dos governos da Bahia, de Pernambuco e de outros 16 Estados: 6,9 bilhões de reais.

Duarte já foi condenado à prisão por crime contra a ordem tributária, mas recorreu e está em liberdade. Dois irmãos dele ainda devem mais de 6,6 bilhões. Um outro estaria citado nos Panamá Papers e o próprio Laodse também aparece ligado ao escândalo Banestado. Uma beleza.

 A entidade deu uma nota tentando tirar o corpo fora. Laodse não possui "qualquer vínculo ou responsabilidade sobre questões pessoais, profissionais ou empresariais de seus diretores e conselheiros". Ele aparece no site como integrante do Conselho do Agronegócio e da diretoria.

Não será expulso porque não é, obviamente, o único diretor da Fiesp com algum tipo de pepino na Justiça. Se os "grupos contra a roubalheira" fossem sérios e não bancados por essa gente, já teriam se manifestado publicamente ou mudado o ponto de encontro para, sei lá, o Trianon.

Nunca o farão. Laodse, se der as caras, será aplaudido como um injustiçado na luta contra o estado inchado e incompetente, que obriga o cidadão a pagar impostos que bancam ditaduras bolivarianas. O dinheiro, no tempo do PT, ia todo para Cuba. Agora ninguém sabe e ninguém se importa.

Alexandre Frota, conselheiro do ministério da Educação, estará lá, bem como Lobão. Et caterva. A ausência mais sentida será a do pato gigante. Plágio de um artista holandês, o bicho foi obrigado a sair de cena.

Estará no entanto, muito bem representado por outros patos, mais perigosos e esquisitos. O pato é o único animal que consegue dormir com metade do cérebro e deixar a outra em alerta. Seus amigos mantêm as duas metades desligadas o tempo inteiro, especialmente quando estão acordados.

Brasil - Um país que diz não ao golpe

Artistas e intelectuais lançam a campanha "Canta a Democracia" contra o golpe. Serão dois grandes espetáculos.

Um no Rio de Janeiro.

Outro em New York.

Música, poesia, vídeo, pintura, literatura, todas as formas de artes no palco em defesa da democracia.

Artistas e intelectuais se uniram para denunciar os riscos da perda de direitos básicos duramente conquistados pelo povo brasileiro.

Entre estes direitos o principal é o de votar livremente e ter seu voto respeitado.

Eis os nomes de alguns dos que estão engajados na campanha:
- Daniel Filho, Wagner Moura, Roberto Amaral, Fernando Morais, Letícia Sabatella, Tico Santa Cruz, Zélia Duncan...

Sonegação é corrupção

Maior caloteiro do Brasil, o diretor da Fiesp, Laodse de Abreu Duarte faz acordo com o Traíra e paga a dívida com 6,9 patos de borracha que foram comprados pela entidade e ficaram encalhados. A quadrilha de Curitiba e deu o aval.

Deltan Dallagnol e Sérgio Moro deram o aval. Considerando ter sido um ótimo negócio para União, "Afinal, sonegação não é corrupção", disseram os dois paladinos da ética e moral nacional, em coro.

SUS


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Entrevista - Ciro Gomes compara "impeachment" a golpe de 64 e defende Dilma


Provável candidato a Presidente da República ou Governador de São Paulo pelo PDT em 2018, Ciro Gomes voltou a defender a presidente Dilma Rousseff e alfinetou o ex-presidente Lula criticando Michel Temer - "Temer já era essa figura pequena e moralmente indefensável quando Lula o colocou na linha sucessória".

Confira abaixo os principais trechos da entrevista que o ex-governador do Ceará deu a revista Poder:
Golpe de 64
“Na ocasião, o Auro de Moura Andrade, um Renan Calheiros da época, presidente do Senado, declarou vaga a Presidência da República alegando que Jango tinha fugido do país. Sobre essa base mentirosa se ergueu um castelo de cartas: Ranieri Mazzilli, o Eduardo Cunha de então, era o último da linha sucessória, convocou eleição indireta – já tinha se passado dois anos da eleição – e Castelo Branco foi eleito no Congresso Nacional – com voto de JK, que acreditou na mentira de que seria apenas para terminar o mandato. Hoje ninguém duvida que foi golpe. Naquela época o STF também declarou a legalidade de tudo aquilo, exatamente como estão fazendo hoje.”
“Não cometeu nem as pedaladas, porque isso se apura no exercício e ela encerrou 2015 com todas as contas pagas.”
“Caso o golpe se consuma, ela crescerá muito como referência de firmeza. Aliás, é impressionante que a sociedade brasileira aceite o nível de mesquinharia de proibi-la, ainda presidente, de andar nos aviões da FAB, enquanto o Eduardo Cunha andava pra cima e pra baixo, um marginal afastado pelo STF. E cortar comida do Palácio, como se a Dilma estivesse comendo 60 mil por mês no maior luxo. Há um destacamento de 50 homens do Exército morando lá! Nunca quis viver pra assistir a isso. É justa a queixa da corrupção, do desmantelo do governo, mas não é possível que não saibam separar uma coisa da outra.”
“É o responsável por entregar parte da administração aos ladravazes da República. Temer já era essa figura pequena e moralmente indefensável quando Lula o colocou na linha sucessória. Disse-me que não daria Furnas a Eduardo Cunha “de jeito nenhum” e no dia seguinte o nomeou – inclusive me afastei por isso.”
“Tem um papel importante, mas pode estar sendo manipulado por ser muito jovem e a política ser mais complexa do que ele consiga perceber. Começou a aceitar o incenso, essa coisa de ir pro estrangeiro de gravatinha-borboleta… Juiz bom é o severo, aquele que não vai nem ao bar para não dizerem qualquer coisa. Certas ilegalidades cometidas na Lava Jato abrem brecha para a anulação de muita coisa lá na frente, como aconteceu na Satiagraha.”
“Nos Estados Unidos, divulgar gravação de um presidente da República dá até pena de morte. Moro sabe que violou a lei e tinha obrigação de destruir as gravações.”
“Salvo o Henrique Meirelles (de quem discordo, mas é meu amigo), justiça seja feita: esse governo é um misto de incompetência com bandidagem. O povo tem razão de estar zangado, porém o desastre de um governo ilegítimo se projeta para 20 anos, enquanto um mau governo passaria em dois. E é a maior frouxidão fiscal que eu já vi.”

O futuro presidente

Reescrevendo Editorial de Mino Carta na edição desta semana da Carta Capital

O jovem promotor Deltan Martinazzo Dallagnol (pronuncie Dallanhol), distinto coordenador do Ministério Público Federal na Operação lava jato em Curitiba, ao interrogar Marcelo Odebrecht, libera todo seu espírito redentor, olhos de missionário, rútilos, diria o dramaturgo Nelson Rodrigues.

Martinazzo (nome de gangster italiano) informa em tom hierático (relativo às coisas sagradas, à Igreja): Aqui estamos nós para aliviá-lo do peso que pesa sobre sua consciência, na verdade para ajuda-lo a reencontrar o caminho do bem, faça a sua confissão, denuncie Lula e ganhe a paz interior e principalmente o Reino do Senhor. Algo assim, segundo versão de fonte confiável.

Permito-me imaginar, como a próxima etapa da tragédia do ridículo encenada pelos golpistas, a candidatura do promotor Dallanhol à Presidência da República em 2018, obedecendo mais do que tudo a lógica do absurdo...Leia o Editorial original Aqui

O futuro presidente

Editorial assinado por Mino Carta na Carta Capital

O jovem promotor Deltan Dallagnol (leia Dallanhol), conspícuo integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, ao interrogar Marcelo Odebrecht, libera todo seu espírito redentor, olhos de missionário, rútilos, diria Nelson Rodrigues.
Ele informa o interrogado em tom hierático: aqui estamos nós para aliviá-lo do peso que oprime sua consciência, de fato para ajudá-lo a reencontrar o bom caminho, faça a sua confissão e ganhe a paz interior. Algo assim, segundo consta.
Permito-me imaginar, como resultado final da tragédia do ridículo encenada pelo golpe, a candidatura do promotor Dallagnol à Presidência da República, obediente, mais do que qualquer outra, à lógica do absurdo. Há quem prefira o juiz Sergio Moro, ou mesmo o deputado Jair Bolsonaro. No meu canto, não hesito em escalar Dallagnol.
Moro, como o promotor, cultiva o ímpeto da grande missão, carece, porém, no meu entendimento, da vocação da catequese que Dallagnol manifesta radiosamente. Além do mais, o juiz aprecia envergar camisas pretas, de péssima memória.
Já Bolsonaro é um camisa-preta autêntico, poderia ter participado da Marcha sobre Roma. Nem um nem outro buscam redimir os pecadores, e sim puni-los de forma exemplar.
Dallagnol, em contrapartida, é adequado, diria mesmo óbvio, neste nosso teatrinho-bufo, de plateia cada vez mais apinhada por pagadores de dízimo. Ele é capaz de transformar a ribalta em púlpito e, a encarnar o desfecho no último ato, parece-me o mais condizente, em sintonia finíssima com o andamento do entrecho.
Tentemos pôr um mínimo de ordem na orgia farsesca que as circunstâncias nos obrigam a assistir, melhor, a viver, sugeriria o Marquês de Sade, inveterado e irônico pecador. Quais são as chances de vida exitosa de um governo presidido por Michel Temer?
Vale perguntar aos botões se logrará durar até as eleições de 2018. Sobra a evidência de que, a prosseguir impávida a Lava Jato, entre mortos e feridos ninguém vai sobrar. Daí a saída pelo caminho apontado pelo promotor Dallagnol, intérprete inexcedível da estultice reinante. Trata-se, simplesmente, de combater a corrupção pela salvação das almas.
Insisto: há uma lógica na ironia. Certo, inegável, é o caos em que o golpe nos mergulha, em meio a uma crise econômica inescapável para o país exportador de commodities e de indústria em frangalhos.
Ao enxergar o Brasil de hoje, ocorre-me a imagem do pesqueiro escocês ao largo de Aberdeen na madrugada invernal invadida pela cerração mais espessa, privado até do apito por um defeito mecânico.
Não é previsível escapar desta crise no prazo curto e médio, mas o marasmo político, que a situação econômica e social multiplica, se oferece a uma saída clara, indisfarçável, aventada por vozes diferentes e bem-intencionadas.
CartaCapital faz tempo aderiu à ideia da convocação de um plebiscito destinado a conhecer as demandas da Nação, ao que tudo indica desejosa de novas eleições tão logo possível. Se as pesquisas de opinião anularam os votos de 2014, a justificar o complô golpista, as mais recentes, do tempo nebuloso de governo interino, denunciam nitidamente a rejeição de Temer e a aspiração do voto antecipado.
Outra questão está em jogo, segundo CartaCapital, e sua solução correta conforme a lei é a premissa indispensável a um futuro sem traumas: o retorno de Dilma Rousseff ao Planalto, por mais temporário.
Algo me intriga pessoalmente, na qualidade de cidadão e de jornalista: que pensam, que sentem, ao pousarem suas cabeças sobre o travesseiro do sono noturno, os senhores congressistas que votaram a favor do impeachment a despeito das crenças democráticas que costumam proclamar? E que dizer dos senadores que escalaram o muro e lá do alto encaram o horizonte com olhos opacos? E silentes ministros do STF, aos quais caberia o papel de sentinelas da lei?

Lava jato chantageia descaradamente

Segundo fonte bem informada pela vaza jato a defesa do empresário Marcelo Odebrecht foi "convencida" a retirar o pedido de liberdade do cliente pela aceitação de delação premiada. 

Diz a fonte que a desistência ocorreu no último dia 13, sem que o MP - Ministério Público - tivesse analisado o pedido de liberdade do prisioneiro.

A força-tarefa da Operação já rejeitou delação premiada de empreiteiro que inocentava Lula de várias acusações. 

Pergunto:

Qual a credibilidade tem a quadrilha de Curitiba para aceitar delação premiada de quem quer que seja com denúncias contra Lula

Nenhuma!

Está mais do que claro, cristalino que Lula e o PT são o alvo da quadrilha comandada por Deltan Dallagnol e Sérgio Moro, o mais não vem ao caso.

Pense nisso

Em tudo que até hoje ouvi
Em tudo que até hoje li e reli
Em tudo que até hoje vi e vivi
Aprendi que a democracia não é fácil, algo que cai do céu
Temos que lutar permanentemente para mante-la viva e jovem
Vamos a luta, vamos derrotar mais este golpe contra o povo brasileiro

Pig desesperado - Eleição 2018, Lula é franco favorito

É notável o contorcionismo da Folha para artificialmente piorar os resultados de Lula e Dilma no último Datafolha e melhorar os de Temer.
É uma manobra clássica de engana-trouxas. Escrevi trouxas porque é assim que a Folha parece tratar seus leitores.
Comecemos por Dilma e Temer.
O título do texto que mede o atual governo é: 50% dos brasileiros querem Temer no lugar de Dilma.
Ora, ora, ora.
E os demais 50%? O título poderia ser: "Metade dos brasileiros não quer Temer". Ou, num esforço de imparcialidade: "O Brasil dividido entre a permanência ou não de Temer".
Você tem que ter cuidado ao ler mesmo pesquisas na mídia. Os números são dispostos de forma a atender aos interesses dos donos, e os textos que os acompanham vão na mesma linha.
Por exemplo: o artigo sobre o tema acima trazia também a avaliação de Temer. É um número tétrico para Temer: apenas 14% acham seu governo bom ou ótimo. A Folha escondeu isso no meio do texto. E ainda colocou o seguinte: era o mesmo resultado de Dilma em sua última avaliação como presidente.
Mas um momento.
Dilma vinha de um massacre cotidiano da imprensa, da oposição parlamentar liderada por Aécio e Cunha, da Lava Jato, de Moro — enfim, de todas as forças reacionárias e golpistas.
Temer não: é protegido pela mídia, e preservado por Moro e pela Lava Jato. Mais que tudo: ele está no governo há pouco tempo, o que faz toda a diferença.
O padrão é: altas avaliações populares no início das administrações e baixas avaliações no final. Temer conseguiu inverter o padrão consagrado. É rejeitado desde o ponto zero.
Nada dessas ponderações a Folha fez. Mas o fato é que os 14% de aprovação enfraquecem substancialmente Temer. Numa palavra, ele não pegou. Não decolou. E nem vai melhorar: o tempo só piora as avaliações aos olhos da sociedade.
O mesmo esforço da Folha para transformar dados se viu em relação a Lula. O extraordinário é: com toda a pancadaria que vem levando, Lula aparece na liderança isolada nas intenções de votos em todos os cenários.
Outros dados notáveis: