Sou antiraças

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Zé Dirceu: Os desafios do segundo mandato do PT e de Dilma

No Brasil para o lançamento de seu best-seller “O Capital no Século XXI” – sobre riqueza, desigualdade e distribuição de renda – o economista e escritor francês Thomas Piketty, ao afirmar que crescimento e combate à desigualdade não são excludentes, poderia estar se referindo ou não ao Brasil. Mas a indicação da nova equipe econômica e as reações à esquerda e à direita aos indicados trouxeram os dois temas para o centro do debate político nacional. Na verdade as duas questões colocadas pelo especialista expressam uma demanda e uma necessidade no Brasil de hoje.

O combate à desigualdade é uma demanda da sociedade que se expressou e confirmou sua exigência de distribuição de renda e combate à pobreza no Brasil por quatro vezes nas urnas – nas eleições nacionais de 2002, 2006, 2010 e neste ano.
Já o crescimento é uma necessidade dentro de nosso projeto de desenvolvimento nacional. Ao mesmo tempo o binômio colocado por Piketty está intrinsecamente ligado: não há como sustentar o crescimento de uma economia como a brasileira (uma das maiores do mundo, madura e desenvolvida, apesar de desigual) sem um mercado interno forte e sem distribuir renda.
Os limites do nosso modelo
O mercado interno é um elemento básico na nossa estratégia de desenvolvimento, bem como a distribuição de renda em todos sentidos (ainda que difícil, mas não impossível), começando pela renda propriamente dita e avançando pela distribuição da riqueza e da propriedade. E social e politicamente falando, todo modelo de crescimento sem distribuição de renda é inviável e está fadado ao insucesso numa democracia.
Na discussão dos limites do nosso modelo de desenvolvimento apoiado na distribuição de renda, mercado interno e no Estado, sempre virão à tona as questões do excesso de demanda e custo trabalhista; da política de aumento dos salários e benefícios previdenciários; da expansão do crédito e estímulos ao consumo; e dos gastos públicos, com a redução dos superávit e endividamento do Estado para sustentar o crescimento e enfrentar crises cíclicas e mundiais.
O verdadeiro custo de nossa economia – o financeiro, o da dívida interna (5% do PIB) – nunca é colocado na agenda sempre dominada pelos custos trabalhistas, tributários e da logística.
Acrescida, agora, dos custos da energia, uma evidente distorção ideológica favorável ao capital financeiro e rentista que se sustenta a partir de uma política de juros que mantém um spread bancário entre 28% a 32%. Um escândalo em qualquer país do mundo hoje, onde os juros em geral são negativos.
Solução conservadora a la europeia é inviável para o Brasil
No Brasil é inviável a solução conservadora a la europeia: corte de gastos, aumento de juros e superávit, recessão, desemprego e desvalorização dos salários. Rejeitada nas urnas, fracassada na Europa sempre e apresentada pelos opositores ao nosso modelo como uma saída inevitável, de curta duração e virtuosa ao garantir a retomada do crescimento a curto prazo, a teoria é desmentida na prática pela própria experiência europeia rejeitada mundialmente hoje.
Resta, portanto, à nova equipe econômica, sem abandonar nosso projeto de desenvolvimento, viabilizar as contas públicas de forma gradual, sem abandonar a política de emprego e renda e buscando um crescimento que ao mesmo tempo preserve o social (a distribuição de renda, virtuosa para o crescimento) e retome superávits paulatinamente, começando com 1,2%, como o anunciado pelo novo ministro da Fazenda para 2015. Mas é preciso reduzir os juros e por um fim aos elevados custos da nossa dívida interna, do consumo e do investimento, únicos no mundo.
E fazê-lo evitando uma recessão, mantendo os investimentos públicos e a atuação dos bancos oficiais no patamar atual, ainda que sem novos aportes do Tesouro para capitalizar, por exemplo, o BNDES. Também não haverá salvação para nossa indústria com juros altos e dólar barato. Nenhum esforço de aumento da produtividade e redução de custos, por mais rápido que aconteça, pode enfrentar a concorrência chinesa e americana-europeia com a atual taxa de câmbio.



Não é impossível vencer o desafio
O país tem tudo para retomar o crescimento com base em seu mercado interno, nas concessões no setor de infraestrutura e nos investimentos na área de energia e gás, particularmente no pré-sal. Dispõe de todas as condições para sustentar um longo período de crescimento com investimentos na infraestrutura social, mobilidade urbana e geral, saneamento, habitação, resíduos sólidos, meio ambiente, lazer, cultura e esportes.
O Brasil pode e deve expandir as exportações com base na integração regional, começando pela criação de um verdadeiro banco de exportação e importação que financie nossas exportações principalmente de capital, tecnologia e serviços.
Manter a dívida pública bruta no atual patamar e trazer a inflação para o centro da meta não é uma tarefa incompatível com a distribuição de renda e o combate a pobreza.
Pelo contrário, pode ser uma condição, desde que avancemos nas reformas política e do Estado. E na reforma tributária, que taxe os ricos, as grandes fortunas e heranças, os lucros extraordinários, que realmente cobre impostos progressivos sobre a renda e o patrimônio (uma demanda e agenda que vêm do século XIX), e não impostos indiretos sobre o consumo que fazem com que quem ganha menos pague mais impostos.
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Polêmica: “Marx é possivelmente mais importante que Jesus”, diz Thomas Piketty autor de O Capital no século 21

“A diminuição de desigualdade de renda depende de políticas de valorização do salário mínimo e de políticas inclusivas. A difusão de educação de qualidade é o mais importante mecanismo para diminuir a desigualdade de renda. É preciso também criar taxações progressivas de renda e fortalecer movimentos trabalhistas.”
São palavras do economista francês Thomas Piketty, em São Paulo. Ele está na cidade para promover o lançamento de seu polêmico livro “O Capital no século XXI”. Piketty participou na tarde desta quinta de um debate sobre a sua obra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP).
O título de seu livro remete ao clássico de Karl Marx. “Marx é possivelmente mais importante que Jesus”, disse ele na FEA.
“Se nenhuma medida for tomada, os países desenvolvidos tendem a ter uma concentração de riqueza semelhante à das oligarquias do século XIX”, afirmou Piketty.
Dessa maneira, segundo ele, a economia ficaria cada vez mais dominada por herdeiros abastados. Em um cenário extremo, seria o fim da meritocracia e da livre iniciativa.

Economia - Thomas Piketty virou o jogo

O 1% dos mais ricos abocanhou 60% do aumento da renda Estadunidense

As ideias do economista dominam o mundo

Ele Pegou o pensamento econômico que prevaleceu depois de Keynes e jogou ao mar.

Ele é francês, tem 43 anos, professor da Escola de Economia de Paris e escreveu “Capital no Século XXI”, lançado nos Estados Unidos pela Belknap-Harvard e, aqui, segundo autor por ela editado, sairá pela Intrínseca.

Segundo Paul Krugman, “este será o mais importante livro de Economia do ano e, talvez, da década”.

Piketty organizou dados sobre vinte países – nenhum sobre o Brasil – desde o século XVIII – para discutir a concentração da renda.

E prova que o sistema capitalista em curso levará a uma concentração de renda que poderá gerar a instabilidade social.

O exemplo supremo dessa mega-concentração de renda é os Estados Unidos.

Sempre que o retorno sobre o capital é maior do que o ritmo do crescimento econômico, os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres.

É o que ele resume na formula “r>g” – em que “r” é a media anual de retorno sobre o capital, e “g” é o ritmo de crescimento da economia. (Pág. 25)

“Quando isso acontece, é quase inevitável que a riqueza herdada vai superar por larga margem a riqueza acumulada numa vida de trabalho, e a concentração do capital vai atingir níveis extremamente altos – níveis potencialmente incompatíveis com os valores da meritocracia e os princípios de justiça social fundamentais para as sociedades democráticas modernas.”(Pág. 26)

Ele desconsidera os economistas-matemáticos – especialmente americanos – e, depois de citar Balzac, Jane Austen e Tolstoy, define o livro como “um trabalho de História tanto quanto de Economia”.

Piketty demole a tese central do pensamento econômico americano sobre distribuição de renda.

Crônica semanal de Luis Fernando Veríssimo

O caminho
Um espectro ronda a Europa e o resto do mundo onde a receita neoliberal contra a crise é austeridade para os pobres e liberdade total para os ricos enriquecerem cada vez mais. O espectro tem nome e sobrenome: Thomas Piketty. É um jovem economista francês cujo livro “O capital no século XXI” é um best-seller internacional e está apavorando muita gente.

Não há resposta para a sua tese de que a ideia de que basta deixar os ricos se lambuzarem que sobrará para os pobres — todos se beneficiarão e a desigualdade acabará no planeta — é furada como um donut — a não ser chamá-lo de um marxista com preconceitos previsíveis. Mas justamente o que assusta em Piketty é que sua tese foge da ortodoxia marxista e é baseada em retrospectiva academicamente irretocável e fatos e números inegáveis, não em ideologia.
Ela apenas prova que a lição dos últimos anos, quando o capital financeiro se adonou do mundo, é não apenas que o caminho tomado está errado e só levará a mais desigualdade como todos os argumentos usados para justificá-lo são falsos.
A concentração de renda não se deve a nenhum tipo de meritocracia, já que vem principalmente de dinheiro herdado ou produzido pelo próprio dinheiro, sem nenhum proveito social, e nem as oligarquias mais “esclarecidas” estão prontas a renunciar à sua capacidade de autogeração, que, no caso, é a possibilidade de se autorremunerar ao infinito.

Thomas Piketty
A continuar assim, diz Piketty, a história do capitalismo no século XXI será a do crescente confronto com a desigualdade e com a revolta que ela, cedo ou tarde, mas fatalmente, provocará.
Gosto daquela cena num filme dos irmãos Marx em que Groucho, no papel de um general, prepara-se para explicar a seus comandados o significado de um mapa na parede. “Uma criança de 3 anos entenderia este mapa”, diz Groucho. E, depois de estudar o mapa por alguns minutos: “Tragam uma criança de três anos!”
Sem querer diminuí-lo — ao contrário — acho que monsieur Piketty é a criança de 3 anos desta história. Ele traz uma visão nova de uma situação que todo mundo está vendo mas nem todo mundo enxerga ou quer enxergar, e que a criança de 3 anos veria com a mesma simplicidade, sem os mesmos recursos do francês.
Mas também desconfio que, passado o primeiro susto, a tese de Piketty terá o mesmo efeito da explicação da hipotética criança de 3 anos — muito pouco. A lição que Piketty aprendeu ou apreendeu no passado estava evidente. Se o caminho errado continua o mesmo é porque interessa economicamente e politicamente a quem tem o poder e não quer distribuí-lo como se distribui renda. É um caminho para o desastre conscientemente assumido.