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Somos 70?

Não sou 7 nem setenta e sou contra quem se senta pra conversar com golpistas que derrubaram a presidenta Dilma Rousseff  e prenderam Lula para implantar a política econômica neoliberal contra os trabalhadores. Lemann, Neca Setubal, FHC, Temer e muitos outros que deram o golpe  em 2016 estão como sempre do mesmo lado, a favor deles, do mercado financeiro e contra o trabalhador e mais necessitados.
Quem pariu Guedes e Bolsonaro que lhes cortem os rabos. 

Aério Neves da Cunha faz cortesia com chapéu alheio


:
Durante o tempo que foi governador de Minas Gerais Aécio Neves da Cunha (Psdb) liberou geral as aeronaves do Estado para seus amigos políticos e do meio artístico (apresentador de televisão, cantores, atrizes e atores) tudo as custas do suado dinheirinho do contribuinte mineiro, do bolso dele não saiu uma moeda.

Tudo muito bom, tudo muito bem...

Tudo provado e documentado, o que fazer agora?

Cobrar dele Aécio Neves da Cunha e dos beneficiados (políticos e demais celebridades) o que o Estado (Povo) pagou para eles desfrutarem de luxo que não saiu do bolso deles.

O bom disso é que desmascara a hipocrisia dessa elite que vive posando de paladinos da moral e ética nacional.

Ricardo Teixeira, Maria Antonia Civita, Luciano Huck, Sandy, Junior, Milton Gonçalves se manifestem. Estamos esperando. Deitados, claro.

Paulo Nogueira - Onde estão as explicações de Aécio sobre a farra aérea?


O contribuinte mineiro ajudou neste namoro
O contribuinte mineiro ajudou neste namoro
Aécio é o real vampiro da política nacional. Ele simplesmente não suporta a luz do sol.
Por luz do sol, entenda-se o seguinte: ser fiscalizado.
Em seus anos no governo de Minas, ele simplesmente eliminou a fiscalização. Estava tudo dominado.
E então ele fez coisas como o uso torrencial e privado do avião oficial de Minas, como se soube hoje.
Apenas para o Rio, foram 127 voos, a maior parte perto do final de semana. Num Carnaval, o avião foi usado para levar Aécio a Florianópolis, onde morava sua então namorada e atual mulher, Letícia.
Quer dizer: os contribuintes mineiros financiaram o namoro carnavalesco de seu festeiro governador.
Certo de não ser cobrado, uma vez que obliterou a fiscalização mediante aparelhamentos, Aécio voou barbaridade e fez outras coisas indecentes, como colocar dinheiro público em rádios da família.
Deve-se dar o nome correto a isso: é corrupção. Corrupção não é apenas cobrar propina.
É também malversar o dinheiro do contribuinte em delinquências como estas que marcam Aécio.
Você pode imaginar como seriam as coisas se ele se elegesse presidente. Ele reproduziria no Brasil o que fez em Minas. Seria uma grande festa de quatro anos para Aécio.
E então você vê a grande mentira que foi a lorota do “choque de gestão”.
Este o verdadeiro estelionato da campanha.
Choque de gestão, uma expressão nascida nas empresas, começa nos bons exemplos dados pelos chefes.
Quando o grupo Garantia deu um choque de gestão na velha Brahma, eliminou coisas como vagas garantidas na sede para a diretoria e uma série de mordomias que dividiam a empresa entre os poucos privilegiados e o resto.
Choque de gestão impõe meritocracia, mas a legítima, em que as pessoas são escolhidas e promovidas pela sua capacidade, e não a de mentirinha de Aécio.
Amigos, parentes, contraparentes: Aécio encheu a administração pública de Minas com eles, a começar pela irmã, Andrea.
Num debate, numa mistificação monstruosa, Aécio tentou fazer de Andrea uma Madre Teresa que trabalhava de graça pelos mineiros. Era mais uma entre tantas mentiras que a imprensa amiga e cúmplice lhe permitiu contar aos brasileiros.
Aécio precisa de proteção absoluta como aquela de que desfrutou em Minas, ou o sol entra e ilumina a forma como ele trata as coisas públicas quando no controle delas.
É a patologia do vampiro, repito.
Hoje, se tivesse caráter, ele dedicaria o dia a dar uma satisfação aos brasileiros sobre o escândalo aéreo em que está metido.
Mas não.
Como se não houvesse acontecido nada, ele está dando lições de moral que não são mais nem menos que aulas de descaro.
Atualização: Aécio afirmou, depois deste texto, que usou os aviões oficiais por “razões de segurança”. Pausa para gargalhar, e como disse Wellington “quem acredita nisso acredita em tudo”.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

O garoto do Rio

Aécio tanto gosta de voar as custas do Estado, quanto de construir aeroportos para uso particular também bancado pelo erário público. 
Só para o Rio de Janeiro (Capital) o paladino da moral e ética nacional fez...
124 viagens
Quem leva esse moleque a sério?...


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Aécio usou jatinhos em 124 idas ao Rio de Janeiro

- Qué isso para quem construiu aécioporto com dinheiro do Estado? -



Um levantamento feito pelo governo de Minas Gerais não encontrou justificativas para as viagens do ex-governador e hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG), em jatos oficiais, entre 2003 e 2010, período em que governou o estado.

Durante esse período, embora governasse Minas, Aécio tinha fama de baladeiro e de passar quase todos os fins de semana no Rio. Ele fez nada menos que 124 viagens ao Rio – e quase sempre de quinta a domingo, segundo reportagem de Ranier Bragon (leia mais aqui).

O levantamento também registrou seis viagens de Aécio para Florianópolis, onde ele conheceu sua atual esposa, Letícia Weber. Na capital catarinense, Aécio costumava frequentar o Café de la Musique.

Na lista de viagens com aviões oficiais, há ainda deslocamentos para balneários fluminenses, como Búzios e Angra dos Reis.

Até outubro, a gestão de Fernando Pimentel informará à Assembleia Legislativa de Minas Gerais o gasto total de Aécio com aeronaves usadas para fins particulares, o que, em tese, constitui improbidade administrativa.

A assessoria de Aécio diz ser normal usar aviões do Estado para atividades pessoais e que, em alguns casos, houve compromissos profissionais.
do Minas 247

Helicóptero, avião, aeroporto, mpf e judiciário não é problema para Aécio Neves




O probo, impoluto e intocável tucano Aécio Neves não tem problemas com o Ministério Público Federal, nem com o Judiciário. Muito menos lhe falta aeroporto para usar à vontade, helicóptero e avião.

O jornalista Leando Loyola - Revista Época - publicou:

"O senador tucano Aécio Neves voou em helicópteros do governo de Minas Gerais por cinco vezes para se deslocar em Belo Horizonte e pegou carona num avião - também do governo - para viajar da capital mineira até Brasília. Os passeios começaram logo após Aécio deixar o governo de Minas e se estenderam até 2012. Aécio diz que está tudo dentro da normalidade. Ao menos ele não voou até o aeroporto em Cláudio – aquele que foi desapropriado em seu governo nas terras do tio dele."

Lembro bem o escândalo que foi o presidente Renan Calheiros ter usado avião da FAB - Força Aérea Brasileira -, para ir até Pernambuco fazer transplante capilar. Mas, pelo menos ele depois de pego com a mão na botija, pagou a conta. 

O senador Aécio Neves vai fazer isso?

Tem nem perigo. 

Para ele e demais tucanos graúdos "...está tudo dentro da normalidade."

Pois é.


Corja!



Briguilina da tarde




É verdade que Aécio Neves recusou convite feito pela presidente Dilma para ser embaixador na Indonésia, e o motivo alegado foi falta de piloto para operar o helicóptero dos Parrelas?


Paulo Nogueira - Aécio desconstruiu Aécio

...Implacavelmente

Uma das palavras da moda nestas eleições é “desconstrução”.

Ela tem sido usada pelos colunistas VPs, em tom de pretensa indignação, para definir o que o PT teria feito com Marina, no primeiro turno, e Aécio, no segundo.

Ah, sim: entenda, por VPs, as Vozes dos Patrões.

Marina é história. Tratemos da “desconstrução” de Aécio.

Desconstruir implica torcer fatos, manipular informações, inventar coisas que prejudiquem determinada pessoa.

Nada, absolutamente nada disso foi feito com Aécio.

Examinemos alguns dados da alegada “desconstrução”.

O aeroporto de Cláudio, por exemplo. Ele existe, ele custou cerca de 12 milhões, ele está situado num terreno que pertencia ao tio de Aécio e ele, embora pretensamente público, era usado privadamente por Aécio e uns poucos.

Desde que o caso apareceu, Aécio não conseguiu dar uma única explicação que fizesse sentido. Porque não há como defender o que é moralmente indefensável.

Construir o aeroporto de Cláudio acabou por desconstruir Aécio. Como quem construiu foi ele, podemos dizer que ele se desconstruiu.

A partir dali, falar em decência e em ética, pregar sobre o uso de dinheiro público, bradar contra a corrupção – tudo isso soou farisaico, cínico, mentiroso em Aécio.

Consideremos agora os familiares e agregados empregados por Aécio. Para quem fala compulsivamente em “meritocracia” e “aparelhamento”, praticar o nepotismo é particularmente acintoso.

A expressão maior do nepotismo de Aécio é sua irmã, Andrea Neves. Em seu governo em Minas, Andrea controlou as verbas de publicidade, uma atividade vital para o exercício de uma censura branca.

Você premia, com dinheiro, quem dá boas notícias sobre você. Pune, fechando as torneiras das verbas, quem faz jornalismo verdadeiro.

É uma situação que desconstrói quem quer que esteja no comando dela. Quem deu poderes a Andrea Neves? Foi Aécio. Não fui eu, não foi você, não foi o papa, não foi FHC.

Logo, também aqui, ele próprio se desconstruiu.

Não deve ser subestimado um fato, neste capítulo, que agrava as coisas. A família de Aécio tem pelo menos três rádios e um jornal em Minas, e para tudo isso foi destinado dinheiro público em forma de publicidade.

É, em si, uma indecência. Mas, para quem se apresente como guardião da moral, é pior ainda.

Ainda no capítulo do nepotismo, a trajetória de Aécio é o exato oposto da “meritocracia” de que ele fala abusivamente.

Aos 17 anos, o pai deputado federal lhe deu um emprego na Câmara, em Brasília. Só que, com esta idade, ele se mudara para o Rio para estudar.

Aos 25, um parente o nomeou diretor da Caixa Econômica Federal.

Isto não é desconstrução: é verdade. É biografia real. A verdade só descontrói quando o objeto dela fez coisas que merecem desconstrução.

Aécio era uma desconstrução à espera do momento em que luzes clareassem as sombras que sempre o acompanharam. Este momento veio quando ele se tornou candidato à presidência.

Não bastassem os fatos, em si, houve as atitudes nos debates. A grosseria primeiro com Luciana Genro e depois com Dilma, o riso cínico e debochado: assim se desconstruiu a imagem de “bom moço”.

Mas de novo: Aécio não tem ninguém a quem culpar, também aí, senão a si próprio.

Aécio, ao longo da campanha, promoveu uma minuciosa autodesconstrução.

Ganhou a sociedade. Quem votar nele sabe em quem está votando.



Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

“Esse homem é muito bom. Ajuda todo mundo”

Tenho certeza que todo mundo conhece essa realidade revelada nesse texto abaixo, seja em Cláudio-MG ou Iguatu-Ceará. Além de todo Brasil. É para continuar lutando contra esses privilégios e abusos que nós (Povo) vamos reeleger Dilma Roussef. 

Leia, curta, compartilhe, retwitte e comente a reportagem do jornalista Joaquim Carvalho (DCM)

Em abril de 2012, o Fantástico, da Rede Globo, mostrou a fachada de um casarão antigo no município de Cláudio onde o comerciante Tancredo Tolentino, o Quedo, entregou propina ao desembargador Hélcio Valentim de Andrade Filho, em troca de um habeas corpus para libertar dois traficantes. Na sexta-feira passada, eu fui a Cláudio e vi que o casarão ganhou outra finalidade. Além de vender a cachaça Mingote, abriga o comitê eleitoral de Aécio Neves, e Quedo assumiu a coordenação da campanha na região centro-oeste de Minas.
No sábado, depois de entrevistar mais de dez pessoas e de ver o processo que apura a construção do aeroporto, voltei à Mingote para tentar conversar com Quedo. Primo de Aécio, ele é o personagem onde dois escândalos se encontram. O pai de Quedo, Múcio, que é tio de Aécio e ex-prefeito de Cláudio, é o dono da fazenda onde o aeroporto foi construído com dinheiro público. Até estourar o escândalo, a chave do aeroporto ficava em poder da família.
Quedo é também o elo que ligou traficantes presos na região de Cláudio a um desembargador nomeado quando Aécio era governador de Minas Gerais. É o caso noticiado pelo Fantástico, numa reportagem de 11 minutos, rica em detalhes sobre a investigação da Polícia Federal, mas miserável num aspecto: em nenhum momento, é citado o nome de Aécio, embora uma reportagem publicada anos antes na revista do mesmo grupo, a Época, tivesse revelado que Aécio era produtor da cachaça Mingote.
Quedo chegou em um Uno, modelo novo, na companhia de mais três pessoas. Estava de boné, quando me apresentei como jornalista e disse sobre o que gostaria de conversar. Quedo tirou um celular do bolso, me perguntou para quem eu trabalhava e digitou um número. Depois de conversar no telefone, explicou que era da assessoria do primo. “Se eles deixarem, eu falo”, disse.
Enquanto aguardava orientação da cúpula da campanha, Quedo me convidou para sentar num banco em frente à casa da mãe dele, ao lado da Mingote, e disse que precisava ter cautela. “Afinal, é uma disputa para presidente e nós estamos na frente. Daqui uns dias, a Dona Dilma vai morar em Cuba”.
Quedo quis saber o nome das pessoas que eu havia entrevistado e mencionou o ex-vereador Israel de Souza, conhecido como Relinho, autor da denúncia em que o Ministério Público cobra do tio de Aécio a devolução do dinheiro gasto na construção da primeira pista do aeroporto.
Não confirmo, e a conversa prossegue. O telefone toca. “Sim, ele está aqui do meu lado e o carro prata está estacionado aqui na frente da minha casa… Estou vendo o carro”, diz ele, se referindo ao veículo alugado que uso para fazer a reportagem. Desliga o celular e olha para mim, nem um pouco ameaçador.
“Eu já soube que você estava com o Relinho, em frente à fazenda do Aécio. Você sabe que a única pessoa da minha família que se dá bem com o Relinho sou eu? Ele é uma pessoa amarga, difícil. Acho que não se dá bem nem com a família dele”.
Ex-vereador por quatro mandatos, Israel de Souza, hoje com 70 anos, tem uma oficina que conserta geladeiras e já prestou serviços para Tancredo Neves e a mulher, dona Risoleta, tios de Quedo.
A avenida onde fica a Mingote, uma das principais da cidade, se chama Tancredo Neves e é bastante movimentada, mesmo para um sábado à tarde. Um carro passa, ouve-se a buzina e vê-se um aceno efusivo. “É 45!”, grita o motorista para Quedo.
Um carro para, descem algumas pessoas e um homem pergunta, depois de cumprimentar Quedo: “Tem adesivo, desses bem grandes?” Quedo manda um funcionário buscar balde de água e adesivos.
Enquanto o próprio Quedo adesiva o carro, utilizando água para colar, o rapaz que desceu diz: “Esse homem é muito bom. Ajuda todo mundo”. Dois outros carros param e também pedem adesivo.
Um deles, com uma camionete, ganha um adesivo: “Sou médico e voto Aécio”. O homem explica que é uma homenagem à filha, que é médica. O passageiro de um Gol velho, um moreno de bermuda e chinelo, bem alegre, pede o adesivo em troca de uma ajuda para a gasolina.
Quedo afixa o adesivo e tira R$ 10,00 do bolso. O passageiro demonstra satisfação e, rindo, olha para o motorista: “Três litros de gasolina”. Quedo diz: “É assim o dia inteiro.”
No primeiro turno, Aécio teve mais de 12 mil votos na cidade, Dilma, quase 2 500, Marina, 600, e Luciana Genro, surpreendentes 280. “Quem vota nessa maluca? Ela parece que engoliu uma enciclopédia e fala o que dá na telha”.
Quedo volta ao tema do aeroporto: “Foi bom para a cidade. Tem um empresário aqui, o Pedro, que disse que, se o Múcio deixar, ele vai usar o aeroporto”. Como assim, Múcio deixar? O aeroporto não é público? Quedo lembra que não está dando entrevista.
Antes de voltar à Mingote, para entrevistar o Quedo, estive no aeroporto. O portão estava fechado, mas o cadeado era bem novo e diferente daquele que foi fotografado pela Folha de S. Paulo na reportagem que revelou a existência dessa obra em Cláudio.
Quem conhece os hábitos políticos em Cláudio e a tradição dos Tolentino, coronéis no passado, aposta numa versão: o tio de Aécio não quis entregar a chave depois que o escândalo eclodiu, e o prefeito, aliado de Aécio, mandou trocar o cadeado.
A manutenção da chave que abre o portão do aeroporto em poder do ex-prefeito se tornou insustentável depois que o Ministério Público abriu uma investigação para apurar o caso. Numa resposta ao Ministério Público, a prefeitura diz estar hoje em posse da chave do aeroporto.
Mas, mesmo com a troca da chave, permanece o conflito entre público e o privado nas terras da família Tolentino, onde Aécio desfruta de um quinhão hereditário.
A pergunta que todos em Cláudio se fazem é: por que o governo do Estado gastou quase R$ 14 milhões na pavimentação de uma pista de aeroporto, mais 1 milhão para desapropriar a área, se o município tem muitas carências, como a falta de um grande hospital?
A resposta pode estar 31 anos atrás, quando o avô de Aécio, Tancredo Neves, governador de Minas Gerais, transferiu dinheiro do estado para a prefeitura de Cláudio, na época chefiada pelo seu cunhado Múcio, construir um campo de pouso.
Uma publicação da prefeitura à época mostra um orgulhoso prefeito, com uma perna assentada num barranco, inspecionando como um general a obra feita com dinheiro público na sua propriedade. A foto ilustra o que a publicação chama de progresso de Cláudio.
Na ação civil pública aberta em 1999, onde esta foto foi juntada, o promotor de Cláudio à época pediu a devolução aos cofres públicos do dinheiro gasto na obra e revelou que, em sua investigação, constatou que  não teve sequer licitação.
Em seu depoimento ao promotor, Múcio confirmou que o campo fica em sua propriedade, e um dos primeiros pousos foi de um avião que trazia o recém-eleito presidente da República Tancredo Neves, acompanhado do governador de São Paulo, Franco Montoro, e do ministro da Agricultura recém-nomeado, Pedro Simon.
quedo

O atual titular do Ministério Público em Cláudio, Marcos Lamas, herdeiro da ação, compara a obra de construção do campo à ampliação de uma casa.
“É como se o estado construísse uma piscina no quintal da minha casa, mas só poderia usar a piscina quem eu quisesse”, diz o promotor. “Vou cobrar o ressarcimento da obra, com correção e juros”.
Na única vez em que houve um cálculo sobre o valor a ser ressarcido ao estado, citou-se a cifra de R$ 250 mil, bem inferior ao valor depositado com a desapropriação feita por Aécio para a pavimentação da pista: R$ 1 milhão.
Por que, quando governador, Aécio decidiu pavimentar o campo de pouso construído pelo tio, com dinheiro do estado liberado pelo avô, numa propriedade da família?
O argumento do ex-governador é que Cláudio, embora tenha pouco mais de 30 mil habitantes, é o maior polo de fundição artesanal do Brasil e, portanto, com atividade econômica que justificaria o aeroporto.
Há pessoas ricas na cidade, mas apenas três utilizam regularmente transporte aéreo próprio. Gino, da dupla sertanejada Gino e Geno, tem um helicóptero, mas a propriedade dele já conta com um heliponto.
O empresário conhecido como Pedro Cambalau tem avião, mas usa o hangar do aeroporto de Divinópolis, a 50 quilômetros dali. Aécio também usa avião e helicóptero particulares regularmente, e admitiu que utilizou a pista algumas vezes. Ainda assim, se justificaria o investimento?
Segundo o ex-vereador Israel de Souza, o tio de Aécio liberou a pista algumas vezes para amigos e conhecidos praticarem aeromodelismo, e pequenos aviões pararam ali para voos panorâmicos fretados.
O aeroporto de Cláudio fica à margem direita da rodovia de acesso à cidade, em frente a um motel. É parte de uma vasta área que pertenceu ao trisavô de Aécio, Domingos da Silva Guimarães, o Mingote, chefe do clã que se uniria à família Toletino.
A partir do aeroporto, seguindo estrada adentro, depara-se com placas como Fazenda Casa Rosa – Dr. Osvaldo Tolentino (tio de Aécio), Fazenda Santa Ignês / Tia Zezé (parente de Aécio), TAN (Tancredo Augusto Neves (tio de Aécio), Fazenda Cachoeira / Cueio do Jacó (primo de Aécio) e Fazenda da Mata / D. Quita (bisavó de Aécio), hoje em poder do próprio ex-governador.
O aeroporto não é o único bem que revela dificuldade ao visitante de saber o que ali é público e o que é privado. Na fazenda da Mata, encontrei a base de uma torre de alta tensão sem a parte de cima.
Israel de Souza me explicou que, há alguns anos, quando Aécio era governador, ele desviou a rede de alta tensão de sua propriedade. No terreno por onde passava a rede, mandou construir um haras. “A cidade ficou um dia sem luz só para fazer esse desvio”, conta.
A rede hoje faz um traçado curioso. Os cabos vêm em linha reta até o início da propriedade de Aécio, desvia para o lado direito e lá na frente, fora do perímetro da fazenda, para o lado esquerdo. “É um zigue-zague que ele fez para desviar da obra”, diz o ex-vereador.
Um pouco adiante, vê-se uma nova estrada, que desviou o trânsito da fazenda da Mata. “A obra até que foi boa, porque encurtou o caminho de quem vai para o povoado de Matias, mas ele não fez por isso. Fez para tirar o movimento da frente da fazenda”, conta.
Israel conta que, antes do desvio, costumava passar pela frente da fazenda da Mata com seu fusquinha branco. Um dia, avistou um grupo de cavaleiros adiante e fez a ultrapassagem.
Alguns homens galoparam e mandaram Israel parar, para adverti-lo de que ele não poderia fazer isso, pois levantara poeira em cima do governador. “Como é que eu ia saber que era o Aécio? Se alguém tivesse sinalizado, eu não passaria. Mas não tinha ninguém sinalizando e o carro é mais rápido do que um cavalo”, comenta.
A fazenda é uma herança que dona Risoleta deixou para sua filha, Inês Maria, mãe de Aécio e de Andrea. Mas é Aécio quem manda ali, herdeiro de uma tradição da família Tolentino. A sede da Fazenda da Mata é ocupada sempre pelo Tolentino mais poderoso.
Era do Quinto Alves Tolentino e da sua mulher, dona Quita, passou para dona Risoleta e seu marido, Tancredo Neves, e deles para Aécio. Quem toca a casa é uma senhora que cuida de Aécio desde que ele era criança. É uma mulher que permaneceu solteira e o acompanha nas suas viagens com a família.
“Dona Deusa é quem cuida da roupa e da comida do Aécio. Esses dias, eu perguntei para ela como se sentia sendo tia avó dos gêmeos. Ela disse: ‘eles são uma gracinha’”, conta uma moradora de Cláudio, comerciante, que conhece a família.
De volta à conversa com Quedo, ele continua a falar sobre a campanha do primo. “Você viu o depoimento que a Denise Abreu gravou na internet?”
Antes que eu responda, telefona para alguém e pede para enviarem para o meu celular uma gravação em que ex-diretora da ANAC diz que o aeroporto de Cláudio é irrelevante perto das obras do governo federal em Cuba.
Enquanto Quedo cola mais um adesivo em carro, um morador explica que o primo de Aécio se tornou popular em Cláudio porque é ele quem costuma agilizar atendimento médico em hospital de outras cidade, principalmente Betim.
“Quando alguém quebra a perna e não consegue atendimento na Santa Casa de Cláudio, procura o Quedo, e ele com certeza arruma atendimento em alguns lugar”, conta.
Quedo ouve e confirma: “Gosto de ajudar as pessoas.” Ainda que a ajuda, no caso de hospitais, seja pelo Sistema Único de Saúde. Influência do primo?
Quedo já cumpriu pena na cadeia da cidade por sonegação fiscal. Foi na década de 90, e algumas pessoas dizem que, no cárcere, tinha tratamento vip. Recebia visitas na hora que queria, e chegou até a fazer churrasco para amigos.
Em 2011, quando voltou a ser preso, flagrado na negociação de habeas corpus para liberar traficantes, a cidade não se surpreendeu.
“Todo mundo sabe que o Quedo já mexeu com coisa errada, mas ele é tão boa pessoa que a gente nem fala nesse assunto. Nas cavalgadas,  quando o Quedo passa, todo mundo cumprimenta: oi, Quedo! Às vezes, o Aécio também participa, e a gente cumprimenta: Oi, Quedo. Oi, Aécio. E eles respondem.”
Quedo é alguns meses mais velho que o primo famoso. O telefone toca, Quedo troca algumas palavras e diz:
– A ordem lá de cima é esta: nada de entrevista. Eles me disseram que, se você quiser me entrevistar, venha na segunda-feira depois da eleição. Eu até queria dar entrevista, mas não quero prejudicar. O negócio não é brincadeira. Está em disputa a Presidência da República.
Vou embora, sem a entrevista de Quedo.
Com mais de 30 mil habitantes, Cláudio, no centro oeste de Minas Gerais, é uma cidade conhecida na região por suas lendas. A professora Noeme Vieira de Moura registrou algumas delas, em textos publicados em jornais e revistas do município. Uma fala de um tesouro enterrado numa serra da cidade. Muitos fizeram escavações, mas ninguém encontrou o tesouro, todos afugentados por ventanias e vozes ameaçadoras. A outra lenda é a da santa encontrada também em uma serra. Os homens ricos tentaram levar a imagem para a matriz, mas toda noite ela desaparecia e voltava para o lugar onde foi encontrada. Os proprietários de terra tentaram construir uma capela no local, mas a santa desapareceu para sempre.
Tanto num caso quanto em outro, os escravos são personagens centrais. São eles que escondem o tesouro para não serem roubados pelos senhores. Na outra, foram os escravos que encontraram a santa, que lhes foi retirada pelos fazendeiros. A Enciclopédia dos Municípios Brasileiros diz que a cidade tem esse nome por causa de um escravo, chamado Cláudio, que encontrou um córrego e todos passaram a chamá-lo de córrego do Cláudio. Essa versão é rejeitada pelos mais ricos, que preferem outra, contada por um historiador da região. Segundo ele, Cláudio era o dono de uma pousada para tropeiros.
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Sobre o Autor
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquim.gil@ig.com.br

Aécio perde a batalha da Verdade




A insistência Insistência do tucano em chamar de "mentiras" fatos incontestáveis derrete sua própria credibilidade.

A frase atribuída ao nazista Joseph Goebbels -uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade- tem sido a resposta preferida do candidato Aécio Neves e sua equipe diante de críticas. O problema é quando a verdade, repetida mil vezes, continua sendo verdade, sem contraponto ou contraditório capaz de desmenti-la.

O candidato tucano construiu uma pista de pouso em propriedade familiar. A chave da mordomia ficava na mão de parentes, os quais, aliás, ele empregou aos montes. Tudo documentado. Nenhum estudo, mesmo fabricado às pressas, provou a necessidade da obra. Isso não é uma questão íntima. É dinheiro público queimado para fins pessoais. Existe uma ação em curso, por improbidade administrativa. É um fato, não depoimento selecionado de delação desesperada, desculpe, premiada.

O governo de Minas destinou uma gorda fatia de publicidade para empresas de telecomunicações dos Neves. Nem o candidato nega. É deselegante perguntar como o rapaz lida quando se encontram o público e o privado? Cabe aos brasileiros descobrir o montante, pois envolve gente disputando a Presidência. "Não registramos quanto foi gasto", respondem o tucano e seu staff.

Documentos do Tribunal de Contas de Minas Gerais apontavam suspeitas de irregularidades no governo do atual senador. A capivara foi citada durante um dos debates. Horas depois, a papelada desapareceu do site oficial do tribunal, uma instância pública (!). Tomou Doril. Sumiu. E nada se faz a respeito.

O drible no bafômetro e outros momentos pouco edificantes da rotina noturna do senador estão fartamente documentados na internet e imprensa escrita. Não são montagem, assim como não é falso o stand-up daquele artista de fim de noite que relacionou Maradona e Aécio quanto ao consumo de drogas. Hoje o mesmo personagem posa de aecista desde criancinha. Mas nunca desmentiu a performance.

Balela a história de que trazer a público tudo isso é baixaria etc, etc. Isso é falta de argumento de quem não tem resposta.  Continua>>>



Aécio, sua "meritocracia" e os primos

Pobre jornalismo. Pobre público. Pobre Brasil.
Soubemos, pela Folha, que Aécio mandou construir um aeroporto num terreno que pertencia a seu tio, na cidade de Cláudio, em Minas.
Soubemos também que, embora pretensamente público, o aeroporto ficava fechado.
Segundo a Folha, a chave está, ou estava até a denúncia, nas mãos de primos de Aécio. Por que ninguém os entrevista?
Se a mídia tivesse qualquer interesse em aprofundar essa história, um passo básico seria mostrar quem são esses primos. E ouvi-los.
Um deles é especialmente famoso na região. Tancredo Tolentino, o Quedo.
Já que falamos de chave, Tancredo é o que popularmente se chama de chave de cadeia.
Dois anos atrás, ele foi um personagem central numa reportagem do Fantástico sobre a venda de sentenças judiciais que beneficiaram traficantes na região onde se localiza o aeroporto de Aécio.
Note: não havia nenhuma menção na reportagem ao fato de que Tancredo é primo de Aécio, como se isso não fosse notícia.
Notícia é realmente subjetivo, neste mundo em que vivemos. Imagine se Tancredo fosse primo de Lula. A cada parágrafo seríamos lembrados do parentesco.
No vídeo do Fantástico, Tancredo aparece fazendo a ponte entre o advogado dos traficantes presos e o desembargador que os soltou, Hélcio Valentim, amigo seu.
A Polícia Federal cedeu ao Fantástico um vídeo com a confissão, em detalhes, de Tancredo.
Ele cobrou 150 mil reais dos traficantes pela sentença. E repassou 40 mil, um detalhe que não foi explorado pelos repórteres do Fantástico.
Quedo ficou, portanto, com 110 mil reais. Ficaria com 105 mil, ao que parece. Separou 45 mil para entregar a Valentim, agrupados em maços de 5 mil.
Mas, na hora de dar o dinheiro, ele pegou um maço e guardou para si mesmo. Talvez tenha dito que aquela era sua comissão, e que os presos tinham topado pagar 45 mil.
A reportagem do Fantástico diz que Quedo acabou por ser preso, e depois solto. Estava respondendo ao processo em liberdade quando o programa foi ao ar.
Bizarrice entre as bizarrices, ele tentou, mesmo enroscado com a polícia e com a justiça, se candidatar a prefeito de Cláudio em 2012. Como se fosse um ambientalista, seu partido era o Verde. Foi impugnado com base na Lei da Ficha Limpa.
A venda de sentenças beneficiou três traficantes. Valentim concedeu a eles habeas corpus. Quando o Fantástico foi ao ar, em dezembro de 2013, todos eles estavam foragidos.
Quedo, fisicamente, não poderia ser mais diferente de seu primo. É obeso, careca e, como mostram suas imagens, evidentemente desleixado.
Um é claramente vaidoso, e o outro é sinônimo de desmazelo.
Ao lado de Aécio, ele poderia passar por seu jardineiro, ou motorista.
Mas, acima de tudo, Quedo é notícia.
Numa região marcada pelo tráfico, e com sua frouxidão moral aliada a uma ganância sem freios, que utilização Quedo poderia dar a um aeroporto controlado por ele?
Nas especulações que varrem a internet, o helicóptero dos Perrellas é intensamente citado.
Aécio é amigo dos Perrellas. E Quedo, também é? Ninguém na mídia pareceu interessado em verificar isso, e em eventualmente seguir adiante.
Quedo é um personagem fascinante. Mas a mídia – incluída a Folha, que trouxe o caso do aeroporto mas parece pouco empenhada em dar seguimento à história – finge que não é.
Pior: finge que ele não existe.
by Paulo Nogueira - Diário do Centro do Mundo