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Blog do Charles Bakalarczyk: CGU rebate a Veja

Blog do Charles Bakalarczyk: CGU rebate a Veja: "A Controladoria-Geral da União (CGU) é o órgão do Governo Federal responsável por auxiliar ao Presidente da República quanto aos assun..."

A balela da desindustrialização

 Falar em desindustrialização no Brasil, como faz FHC (nota), com a indústria crescendo, criando 2,5 milhões de empregos/ano desde 2003, incorporando tecnologia e considerar que a China tem estratégia para o futuro e nós não é desconhecer o que se passa em nossa economia. Nossa indústria, inclusive, está aproveitando o câmbio favorável e importanto máquinas e equipamentos.

Claro que ao falar e escrever isso, não estou - nem devemos - subestimando a questão cambial e comercial e as relações com a China. Mas, se o ex-presidente FHC ler os jornais dos últimos dias verá que a presidenta Dilma Rousseff já orientou uma mudança radical na nossa política com relação a China.

Indico, entre tantos, o Estadão desse domingo que noticiava e trazia editorial a respeito: a presidenta Dilma encomendou à sua equipe uma estratégia para impulsionar a diplomacia sino-brasileira e, nesse sentido, quer um um plano que reflita e englobe posições do governo como um todo e não apenas do Itamaraty.

A presidenta quer ampliar ao máximo, e mais do que qualquer antecessor, as parcerias com a China. E  ao mesmo tempo já autorizou seu ministério a endurecer no front comercial e, quando possível, selecionar investimentos que venham de lá.

Conforme registraram os jornais, seu plano prevê, dentre outros itens, uma radiografia sobre produtos sensíveis [estamos atentos à prática de dumping], um comitê para tratar dos problemas nas relações sino-brasileiras e um reforço da embaixada em Pequim.
Zé Dirceu
Briguilino


por Alon Feuerwerke

Gato por lebre

A alardeada urgência de macrorreformas como a política e a tributária é uma verdade absoluta. Parece dispensar comprovação.



A tal verdade absoluta nasce de uma esperteza.

Num país repleto de passagens reprováveis na vida política, quem poderia ser contra uma reforma política, que o público poderia "comprar" como reforma benigna "da" política?



E num país de carga tributária sempre descrita como alta quem poderia se opor a uma reforma benigna do sistema de impostos? Desde que, naturalmente, o Estado continuasse a prover tudo que provê hoje. Ou mais.



Por motivos semelhantes, a maioria tenderá a inclinar-se para o "sim" se alguém propuser abstratamente uma reforma da segurança pública, ou da saúde, ou da educação. Ou do transporte público nas metrópoles. E por que não dos aeroportos? Ou das rodoviárias?



O reformismo genérico ganhou corpo entre nós depois da última Constituinte, por uma razão: segmentos da opinião pública preferiam uma Carta menos intervencionista, menos generosa no campo social. Daí o esforço ininterrupto para desidratá-la.



Na esfera trabalhista, por exemplo, o apelo permanente é por uma mudança que "facilite a contratação" de mão de obra. O próprio ex-presidente recém-saído andou no passado posando de bom moço em defesa da tese. Na passagem do primeiro para o segundo mandato falou longamente à The Economist sobre a ideia.



Mas sempre que a discussão desce para a vida prática do mundo do trabalho as medidas propostas visam a facilitar a demissão, e não a contratação. E ainda está para ser provado que demissões mais fáceis gerariam mais contratações.



No começo do governo do PT, em 2003, tentou-se implantar um tal de "Programa Primeiro Emprego", prometido pelo candidato na campanha do ano anterior. A ideia era precisamente reduzir encargos para facilitar a absorção de mão de obra novata. O programa foi engavetado depois do fracasso completo.



Mas a geração de empregos nos últimos anos acabou sendo bastante satisfatória, e sem mexer em nenhum direito dos trabalhadores.



No debate recente sobre a prorrogação da Contribuição "Provisória" sobre Movimentação Financeira havia o argumento de que sem a CPMF os preços cairiam, por não mais carregarem as taxas cobradas ao longo de toda a cadeia produtiva. Alguém ouviu falar de algo que tenha ficado mais barato por causa do fim da CPMF?



Não aconteceu. Apenas cerca de R$ 50 bilhões anuais deixaram de ser recolhidos aos cofres da União.



A discussão aqui não é sobre a CPMF, ou sobre o falecido Primeiro Emprego. É sobre a venda indiscriminada de gatos por lebres, com o bichano vindo embalado no papel de presente daquela reforma indispensável e inadiável que -finalmente- vai colocar o dedo nas grandes chagas nacionais.



Viu a lebre? Procure pelo gato. Na reforma política o que há até o momento é uma tentativa de abolir o voto direto na eleição proporcional (deputado, vereador). Chamam de "lista fechada".



Ela vem junto com a tentativa de impedir a oposição de se financiar na sociedade. Chamam de "financiamento exclusivamente público". Significaria dar ao(s) partido(s) no poder uma vantagem financeira estratégica e definitiva.



Ambas as medidas aumentariam ainda mais a força de quem está no governo, em qualquer governo, especialmente depois que a Justiça instituiu a fidelidade partidária estrita.



A boa notícia deste início de ano é que Dilma Rousseff não está muito a fim de lançar seus exércitos no pântano congressual das reformas. Mas é adequado ficar de olho.



E não é difícil monitorar. A cada situação, ou proposta, basta procurar pelo detalhe que esconde a tentativa de retirar direitos e aumentar obrigações do cidadão comum.


Fraquezas



O governo brasileiro decidiu disputar o comando da agência da ONU que se ocupa das políticas relacionadas a agricultura e alimentos. Parece que o concorrente será espanhol. Terceiro Mundo contra Primeiro. Sempre simpático.



Entretanto, uma fragilidade da candidatura brasileira é representar o país que em plena inflação mundial de alimentos procura convencer o planeta da conveniência de produzir biocombustíveis.



O mesmo país, aliás, que recusa debater a formação de estoques internacionais reguladores da oferta de grãos, estoques essenciais para combater a especulação com comida.



De embaixadores planetários contra a fome, convertemo-nos em embaixadores planetários da inflação e da especulação.
Briguilino

PROUNI - bate recorde de inscritos

 Foto

O Ministério da Educação anunciou novo recorde nas inscrições para o ProUni - Programa Universidade para Todos -.

Segundo o órgão, 1.048.631 concorrem a 123.170 bolsas de estudo em faculdades particulares, entre integrais e parciais.

Este número superam os 822 mil registrados no ano passado.

A lista dos pré-aprovados na seleção será divulgada na próxima sexta-feira (28) e os estudantes deverão confirmar seu cadastro até o dia 4 de fevereiro. Informações da Agência Brasil.



A presidente Dilma apresentará plano de governo

 Uma mensagem com um plano de governo expondo a situação do país e solicitando o apoio do Congresso para as providências que julgar necessárias. É o que a presidente Dilma deve enviar ao Parlamento, na proxima quarta-feira [2], quando o Congresso Nacional inaugura a sessão legislativa de 2011. O encaminhamento dessa mensagem atende a uma determinação da Constituição federal.

No texto que vai enviar, a presidente deve explicar seu projeto de erradicação da miséria e de criação de oportunidades para todos, promessa feita no dia 1 de janeiro, quando tomou posse.

A previsão do cerimonial do Congresso é de que o documento seja portado pelo chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci. Mas nada impede que Dilma encaminhe pessoalmente sua mensagem ao Congresso Nacional.

Nos EUA, por exemplo, o presidente Barack Obama foi ao Congresso, nessa terça-feira (25), cumprimentar os parlamentares e fazer um discurso prometendo congelamento de despesas governamentais e mais investimentos em educação e pesquisa. Ele mencionou, inclusive, que fará uma viagem ao Brasil em março.

Aa posse dos congressistas e a eleição dos que comandarão as duas Casas do Congresso consistem nas primeiras providências do Parlamento brasileiro na legislatura que se inicia na proxima semana, a 54ª desde que foi instalado, em 1826.

As 10h de terça, deputados e senadores serão empossados, prometendo guardar a Constituição e as leis do país, desempenhar lealmente seus mandatos e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

Logo em seguida, no Senado, os 81 integrantes da Casa elegerão a nova Mesa, que comandará a instituição pelos próximos dois anos.

Briguilino

por Laguardia

Ao apresentar o relatório preliminar da inspeção realizada na região serrana do Rio, o presidente do Conselho Regional de Arquitetura, Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ), Agostinho Guerreiro, disse que 80% das mortes em decorrência das chuvas seriam evitadas, caso a legislação ambiental do país fosse respeitada pelas prefeituras das cidades afetadas. "Técnicos apuraram que o desmatamento fez a velocidade da cabeça-d'água atingir em alguns trechos mais de 100 km/h", afirmou. Fonte: Estadão

Elegemos nossos governantes para que os mesmos cuidem dos interesses do povo e tomem as ações necessárias para garantir segurança, dignidade e justiça social à população.

Mas não é isto que acontece. Antes mesmo de tomarem posse já começam as discussões sobre a divisão de cargos. Novas secretarias e novos ministérios são criados para alojar os aliados da campanha eleitoral.
O que leva uma pessoa a pleitear com tanto ardor uma posição no governo ou na diretoria de uma estatal?

Pelo que sabemos do salário nominal de um ministro, este poderia ser mais bem remunerado em uma empresa privada, isto é se realmente fosse competente.

Mas é a ganância, a fome de poder, que levam a esta disputa por cargos. É a possibilidade da utilização do cargo em benefício próprio.

Para isto, como temos visto na história recente de nosso país, as leis e a Constituição são impunemente desrespeitadas. Tudo em nome do poder e do benefício próprio. Para que no fim do mandato além de ter amealhado uma invejável fortuna possam continuar usufruindo das benesses do poder, férias em instalações do governo, pensões exorbitantes por uns poucos dias de mandato, viagens com passaporte diplomático, possibilidade de ser eleito para outros cargos.

Com isto não importa que a população esteja morando em situação de risco. Faz-se um programa habitacional para inglês ver, uma propaganda intensiva nos meios de comunicação paga com o dinheiro do povo e tudo bem.

Quando vêm as tragédias ninguém sabe de nada. A culpa é da herança maldita dos governos anteriores.

Nunca na história deste país tantos morreram devido a irresponsabilidade de tão poucos.
Laguardia
Briguilino

A nova e a velha geopolitica


O tucano FHC [ a Ofélia da política brasileira] fechou seu governo deixando a Petrobrás em 27º lugar no PFC Energy 50 (de 1999), ranking das maiores empresas de energia do mundo em valor de mercado.

Lula encerrou seu segundo mandato, em dezembro de 2010, com a estatal ocupando a 3º colocação no mesmo ranking, atrás apenas da Shell e da Petrochina. Com US$ 228,9 bilhões em valor de mercado, a Petrobrás posiciona-se agora à frente da ExxonMobil e da Chevron -a quem Serra, em plena campanha presidencial de 2010, prometera reverter a regulação soberana das reservas do pré-sal. 'Vocês vão e depois voltam', garantiu o candidato da derrota conservadora a emissários da petroleira internacional,conforme revelações do Wikileaks.

Em 2010 a Petrobrás também bateu o recorde de produção de petróleo e gás, com a média equivalente a 2,583 milhões de barris/dia. Analistas especializados observam que as descobertas e o crescimento da produção em países da periferia do capitalismo mudaram a geopolítica do petróleo no século XXI. Quase em simultâneo, falando de Genebra, onde guarda repouso após as derrotas eleitorais no Brasil,  FHC assegurou que 'o governo Dilma está sem estratégia'. Sua referência, naturalmente,  é a exemplar condução estratégica do país  no ciclo tucano de privatizações e alinhamentos carnais.

Carta Maior

A nova e a velha geopolitica

O tucano FHC [ a Ofélia da política brasileira] fechou seu governo deixando a Petrobrás em 27º lugar no PFC Energy 50 (de 1999), ranking das maiores empresas de energia do mundo em valor de mercado.

Lula encerrou seu segundo mandato, em dezembro de 2010, com a estatal ocupando a 3º colocação no mesmo ranking, atrás apenas da Shell e da Petrochina. Com US$ 228,9 bilhões em valor de mercado, a Petrobrás posiciona-se agora à frente da ExxonMobil e da Chevron -a quem Serra, em plena campanha presidencial de 2010, prometera reverter a regulação soberana das reservas do pré-sal. 'Vocês vão e depois voltam', garantiu o candidato da derrota conservadora a emissários da petroleira internacional,conforme revelações do Wikileaks.

Em 2010 a Petrobrás também bateu o recorde de produção de petróleo e gás, com a média equivalente a 2,583 milhões de barris/dia. Analistas especializados observam que as descobertas e o crescimento da produção em países da periferia do capitalismo mudaram a geopolítica do petróleo no século XXI. Quase em simultâneo, falando de Genebra, onde guarda repouso após as derrotas eleitorais no Brasil,  FHC assegurou que 'o governo Dilma está sem estratégia'. Sua referência, naturalmente,  é a exemplar condução estratégica do país  no ciclo tucano de privatizações e alinhamentos carnais.

Carta Maior

O discreto estilo da presidente Dilma

Conservadora no traje, eficaz, firme e pontual na ação de governo

Primeira mulher a comandar o País, a presidenta se veste de forma sóbria. Um pouco conservadora, há quem diga. Nas roupas, opta pelos tons café, terracota e bege. A maquiagem é discreta e as joias, pouco chamativas. "Ser mulher presidenta não é fácil. Para os homens é mais simples, basta sair com uma camisa e uma gravata. O que fiz foi me adaptar às agendas, porque era  complexo ter sempre comigo um par de sapatos diferentes se saía a campo ou um vestido, se tinha de comparecer a algo mais formal", declarou a presidenta. Não, não foi Dilma Rousseff quem disse isso, mas sua colega Laura Chinchilla, que tomou posse em maio do ano passado na Costa Rica.

Uma coisa é se eleger presidenta. Outra é livrar-se da abordagem "feminina" (alguns diriam fútil) do fato de uma mulher ter chegado lá. Nem Ângela Merkel, a dama de ferro alemã, se livrou de ter a maneira de vestir discutida, o que talvez desminta a ideia de que seria provincianismo nosso explorar batons, marcas de roupa, bolsas e sapatos da mulher que chegou à Presidência. Ora a imprensa alemã caçoava da imagem da candidata pescando ao lado do marido, metida em uma calça de agasalho e camisa masculina, ora fazia troça do inusitado decote da já primeira-ministra em uma noite na ópera de Oslo, em 2008. E que, diga-se de passagem, deixava à mostra um belo colo de mulher aos então 53 anos de idade.

Há menos de um mês no cargo, já sabemos pela imprensa que a presidenta Dilma usou batom na cor cereja queimada ao posar para a foto oficial, aquela que vai ser pendurada nas paredes das repartições Brasil afora. Tendo ao fundo as colunas do Alvorada, houve pouco retoque nas fotos – segundo o fotógrafo Roberto Stuckert Filho, a pedido da própria – e se percebem as marcas de expressão da presidenta. Exatamente o contrário do que aconteceu na Nova Zelândia há dois anos, quando o lisonjeiro, para dizer o mínimo, pôster de campanha da então primeira-ministra Helen Clark causou polêmica ao tornar retos seus dentes tortos sem a ajuda de aparelho e ao suavizar-lhe os traços em uma espécie de lifting digital que o fotógrafo Monty Adams jura sobre a Bíblia não ter executado.Candidata à reeleição, Clark perdeu.

É certo que o estilo  de Dilma, visualmente falando, difere das outras duas mulheres que chegaram ao topo na América do Sul. A ex-presidenta do Chile Michelle Bachelet vestia-se de forma talvez ainda mais conservadora do que a brasileira. Sequer tirou os óculos ou mudou o penteado, como Dilma, ao se tornar candidata. A argentina Cristina Kirchner, pelo contrário, é bem mais ousada e abusa da maquiagem pesada e das cores fortes. Comparadas por especialistas em moda de seu país, Michelle seria o retrato da mulher chilena, mais "mamãe", enquanto Cristina espelharia as argentinas, mais "coquetes", seguindo a linha da fashioníssima Eva Perón. Não foi perguntado às argentinas e chilenas se concordavam com a simplificação.

 A imprensa argentina, pelo menos, foi capaz de explorar o tema também com os presidentes homens, como Carlos Menem, famoso por sempre carregar o cabeleireiro a bordo do avião presidencial, o Tango 1. Obcecado pela manutenção do toupée e das suíças, de perto era possível enxergar no presidente os retoques de tinta que fazia antes de cada uma das aparições oficiais. Em 2009, foi noticiado que Menem, mesmo às voltas com problemas judiciais, estava promovendo concurso para contratar um novo cabeleireiro, fluente em inglês e com passaporte americano em dia. O escolhido por Dilma, todo mundo já sabe, é o paulistano Celso Kamura.

Felizmente, em termos políticos, apesar das tentativas, aqui e ali, de frugalizar a chegada da mulher ao poder no Brasil, a comparação mais frequente até agora tem sido entre o jeito de governar de Dilma e o de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. O estilo discreto da presidenta conquistou inclusive velhos detratores do ex-presidente, que agora não regateiam elogios à sucessora. Ao aparecer, de galochas, em meio às enchentes no Rio de Janeiro, a presidenta foi unanimidade na mídia por ter feito declarações "cuidadosas", em contraponto ao que foi criticado como "excessos" e "anormalidades" de Lula. Dilma seria mais "obediente" à liturgia do cargo do que seu popularíssimo antecessor.

No entorno da presidenta, os elogios são vistos com reservas. "Percebe-se que continuam a menosprezar Lula, a fazer com que seja visto como fanfarrão. Há uma tentativa, por um lado, de diminuí-lo e, por outro, de tentar intrigar Dilma com ele", avalia uma fonte do Planalto. Não deixa de ser curioso que se aposte na cisão entre ex e sucessora como uma notícia boa, quando durante a campanha um dos elementos de terror utilizados pela oposição a Dilma era que brigaria com o homem que a alçou ao cargo na primeira oportunidade, instalando o caos no País.

Dito isso, não é só o fato de preferir tomar café coado ao expresso que Dilma difere de Lula. Ao que tudo indica, Dilma será a Dilma da Dilma. Ou seja, as funções de cobrar metas que Lula lhe delegava como ministra da Casa Civil foram assumidas por ela própria. Porta-se mais como gestora, no sentido empresarial do termo, e fala mais regularmente ao telefone com os ministros, embora faça questão de desfazer em algumas ocasiões a imagem de durona. Na primeira reunião ministerial, contou que em momentos de crise Lula dava-lhe duas reuniões para chegar a um acordo com o ministro em questão. Se o assunto não tivesse sido resolvido, ia parar na mesa dele. "E as pessoas se enganam achando que o Lula não era duro na hora de cobrar. Assim como Dilma, quando saía do sério, sai de baixo", conta um ex-assessor.

Na reunião, a presidenta afirmou ao sucessor na Casa Civil, Antonio Palocci, que seria mais "generosa" do que Lula e lhe concedeu três reuniões para resolver os imbróglios. Mas Dilma mostrou também que será menos condescendente que o antecessor em relação ao fogo amigo. Disse que admitirá divergências em seu governo, desde que explicitadas internamente, não por meio dos jornais. Outra coisa que, afirmou, não vai tolerar é que, ao não concordar com um colega de ministério, o titular de determinada pasta leve a pendenga para o Congresso, como acontecia no governo Lula, quando, por exemplo, Reinhold Stephanes (Agricultura) volta e meia atiçava os ruralistas contra Marina Silva (Meio Ambiente).

"A presidenta deu um recado claro de que vai cobrar lealdade e espírito de equipe no grupo de ministros", diz um colaborador. Dilma alertou que o ministério "não é feudo de ninguém" e defendeu que os titulares das pastas trabalhem com os demais. Até por isso, dividiu o governo em quatro áreas prioritárias em que os ministérios se interligam: "erradicação da miséria", "direitos da cidadania", "desenvolvimento econômico" e "infraestrutura". O Ministério da Saúde, por exemplo, está em três dos fóruns, só não participa de desenvolvimento econômico. Fazenda não está em direitos da cidadania, mas pode ser convocado a comparecer.

A fase atual é de organização. Dilma espera dos ministros o retorno da tarefa que lhes deu nos primeiros dias de governo, de levantar em suas pastas os programas que estão funcionando bem e os que não estão. E que ninguém volte para a presidenta com as informações pedidas iniciando a fala com a frase "eu acho que", que Dilma abomina. "Se o cara chega para a presidenta e diz 'eu acho que' já era, vai tomar uma chamada inesquecível, do tipo: 'Você não tem de achar nada, tem de saber'", confidencia um palaciano.

 Com fama de "acelerada", Dilma tem se mostrado mais exigente do que Lula com os horários. Começa o expediente no Palácio do Planalto por volta das 9h30, após caminhar na esteira ou ao ar livre na Granja do Torto, onde ainda reside – só vai se mudar para o Alvorada em fevereiro. Reúne-se toda manhã com o chefe de gabinete, Gilles Carriconde Azevedo, e a ministra Helena Chagas, da Comunicação, que lhes expõem os principais assuntos do dia. A presidenta lê as notícias pelo clipping preparado diariamente. Por enquanto, almoça no próprio palácio, mas a tendência é de que isso mude após a ida para o Alvorada, que é mais perto do Planalto do que o Torto. Vai embora por volta das 21h30.

Dilma Rousseff realmente  pretende falar menos do que Lula, tanto em entrevistas quanto em discursos e aparições públicas. Estratégia de marketing ou cansaço depois da superexposição vivida na campanha? Nada disso, garante um assessor da presidenta. "É da natureza dela ser mais discreta. Até na época do combate à ditadura Dilma era uma pessoa dos bastidores, do planejamento. Nunca foi para a linha de frente." De todo modo, é onde agora está, e a discrição no cargo que serve para elogios pode servir para críticas amanhã. Os momentos de acerto no governo poderão ser justificativa para reparos ao figurino, e vice-versa. Ossos do ofício: mulher sempre fez mesmo jornada dupla.

por Cynara Menezes

Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista "VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.



Dilma libera mínimo mais alto...


 
mas, com corte
Correio do Estado
A presidente Dilma Rousseff quer adiar as negociações sobre o salário mínimo para o início dos trabalhos do Congresso, mas já orientou sua equipe a aceitar ...
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Blog do Charles Bakalarczyk: Assange, do WikILeaks, via Terra Brasilis

Blog do Charles Bakalarczyk: Assange, do WikILeaks, via Terra Brasilis: "Assange, jornalista e ciberativista, nasceu em 1971. Formado em matemática e física, é fundador, porta-voz, conselheiro executivo e edi..."

Cenário eleitoral para prefeitura de Fortaleza em 2012

por Edilmar Norões

Na abordagem sobre a sucessão municipal de 2012, quando aqui dissemos que o nome do senador eleito José Pimentel circulava como uma das opções do PT para disputar em Fortaleza, o que dele próprio tivemos foi uma palavra marcada pela cautela.

Ao dizer que não existe no momento projeto neste sentido, fica entendido que a possibilidade não estaria de todo descartada. Até porque, por ter saído da eleição com uma significativa vitória para o Senado e o PT querer continuar ocupando o cargo hoje com Luizianne, Pimentel teria que ter seu nome, como o de Artur Bruno, entre as opções do partido.

Leque de candidatos

Se pelo esquema governista o PT, o PSB de Cid, o PMDB de Eunício têm projeto para disputar a Prefeitura de Fortaleza, no mesmo sentido trabalha o PSDB que, aliás, já saiu das eleições estaduais decidido a concorrer à sucessão da prefeita Luizianne Lins.

PSOL na disputa

E, quando se fala em oposição, não é apenas a representada pelo PSDB, o DEM e o PR. Pela expressiva votação que teve Renato Roseno, que só não foi eleito em face do voto de legenda, o Psol tem nele um candidato em potencial.

Quem é quem

Com os partidos governistas, a começar pelo PT, podendo sair com candidaturas próprias, o PSDB lançando Marcos Cals e Renato Roseno pelo Psol, seria por certo uma disputa das mais empolgantes dentre as que já tivemos pela Prefeitura de Fortaleza.
Briguilino


Os dilemas da tucanagem

por Marcos Coimbra

Neste início de ano, o PT e os partidos da base aliada estão mudando, procurando ajustar-se à realidade do governo Dilma. O modo como funcionaram nos últimos anos e se relacionaram com o Planalto não se coaduna com os novos tempos. O descompasso mais visível acontece com o PMDB.

Na oposição e, especialmente, no PSDB, a necessidade de transformações é ainda maior. Nada mais natural, após a terceira derrota consecutiva para Lula e o lulismo. Se o governismo, bem-sucedido nas urnas, é obrigado a se renovar, o que dizer das oposições?

O principal partido oposicionista tem que contrariar aquilo a que nos acostumamos a ver como sua natureza mais profunda. Depois de ter ficado famoso por sua dificuldade de tomar decisões, por sua incapacidade de sair "de cima do muro", ele agora tem que explicitar suas diferenças e contradições.

Sem vida partidária real (como ficou claro em 2009, quando não conseguiu fazer prévias entre seus filiados por sequer saber quantos são), tudo no PSDB se resolvia "en petit comité". Na sua história, ficaram famosas algumas cenas, como a escolha do candidato presidencial em 2006, decidida na mesa de jantar de um luxuoso restaurante em São Paulo, presentes quatro pessoas.

Hoje, a tendência quase atávica que os tucanos têm de evitar o dissenso não se sustenta mais. Seu medo do confronto interno terá que ser superado, pois não enfrentá-lo é o caminho certo para um novo fracasso em 2014.

O fulcro do problema é o serrismo, o pequeno, mas loquaz grupo de seguidores do ex-governador José Serra. Como tem um espaço desproporcional na chamada "grande imprensa" e conta com a simpatia de jornalistas nos principais veículos, acaba parecendo maior do que é. Os serristas são poucos, mas fazem barulho.

Leia todo o artigo em Dilemas tucanos

Entrevista com Julian Assange, fundador do Wikileaks

Vários internautas - O WikiLeaks tem trabalhado com veículos da grande mídia – aqui no Brasil, Folha e Globo, vistos por muita gente como tendo uma linha política de direita. Mas além da concentração da comunicação, muitas vezes a grande mídia tem interesses próprios. Não é um contra-senso trabalhar com eles se o objetivo é democratizar a informação? Por que não trabalhar com blogs e mídias alternativas?

Por conta de restrições de recursos ainda não temos condições de avaliar o trabalho de milhares de indivíduos de uma vez. Em vez disso, trabalhamos com grupos de jornalistas ou de pesquisadores de direitos humanos que têm uma audiência significativa. Muitas vezes isso inclui veículos de mídia estabelecidos; mas também trabalhamos com alguns jornalistas individuais, veículos alternativos e organizações de ativistas, conforme a situação demanda e os recursos permitem.Leia mais »



De como o FGTS financiará o caos no trânsito carioca

...Só porque a Perimetral é feia


Com R$ 7,6 bi, em nome da revitalização do porto, Prefeitura autorizará espigões de até 50 andares

Mais do que atrapalhar o projeto de revitalização do porto, é a especulação imobiliária que quer se livrar do elevado para contruir prédios modernos, que não têm nada com a natureza da zona portuária. 

"Demolir o elevado soa como absurdo. É gastar quatro vezes o dinheiro público: uma para construir, uma para demolir, outra para fazer os mergulhões e outra para não solucionar o problema do trânsito"
Giovani Manso, professor de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (9 de janeiro de 2009).

"Na atual lógica, o elevado é fundamental porque é ligado a acessos à Linha Vermelha, à Avenida Brasil e à Ponte Rio-Niterói. Além disso, acho que será empregado muito dinheiro para uma cidade que tem favelas que precisam ser urbanizadas, postes caindo, bueiros explodindo e jardins mal cuidados".
Antônio Agenor Barbosa, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do  
Rio de Janeiro. (15 de julho de 2010)        

"Demolir parte da Perimetral e criar um túnel ao custo de bilhões, sem antes estudar outras possibilidades, é uma irresponsabilidade".
 Luiz Fernando Janot, conselheiro do Instituto dos Arquitetos do Brasil. (27 de novembro de 2010)

"As obras já começaram e hoje, na verdade, a gente vem aqui assinar o contrato com a Caixa num gesto simbólico do presidente, que finalmente vai conseguir tirar aquele monstrengo que é a perimetral da frente da cidade do Rio de Janeiro"
Eduardo da Costa Paes, prefeito do Rio de Janeiro. (27 de dezembro de 2010)

"Aquela é toda uma área de aterro. Se houver má conservação na drenagem e chuva forte o mergulhão pode virar piscina. O mais importante de uma obra pública é a sua funcionalidade e não necessariamente a beleza".
Weber Figueiredo, ex-presidente da SERLA e vice-diretor da Faculdade de Engenharia da UERJ. (14 de janeiro de 2011

Ia tratar dessa extravagância bilionária depois das folias do carnaval, mas não. Depois, pode ser tarde. A coisa está rolando mais rápida do que eu esperava.
Mesmo ainda sob impacto do terrível trauma das serras, mesmo com o aviso de que o cuidado elementar das cidades se tornou imperativo, exigindo a mais absoluta prioridade, mesmo diante de pressupostos tão óbvios e ululantes, o prefeito Eduardo da Costa Paes está levando adiante seu projeto de derrubar 3,9 km da principal via expressa de escoamento do trânsito da Zona Sul para a Avenida Brasil, Linha Vermelha e Niterói, com o único objetivo de "valorizar" a área portuária, que pretende converter no filé mignon da especulação imobiliária: um filé tão suculento que permitirá a construção de arranha-céus de 50 andares, de frente para o cais do porto e nas proximidades do Aeroporto Santos Dumont.
Para executar essa proeza, tem uma única alega ção: a Perimetral é feia. Quer dizer, ao invés de dar um "banho de loja" nos seus 7 km(do Santos Dumont ao Viaduto da Francisco Bicalho), como foi proposto inclusive num concurso público promovido pela própria Prefeitura, em 2004, o prefeito acha melhor gastar uma baba num projeto que tem tudo para consumir quinze vezes mais do que a "Cidade da Música". E não está sozinho no seu delírio juvenil: três dias antes de deixar o cargo, o presidente Luiz Inácio chancelou um convênio em que a Caixa Econômica Federal garante R$ 7,6 bilhões do FGTS para as obras e serviços da segunda fase do projeto "Porto Maravilha", incluindo a derrubada do elevado da Perimetral.
Espigõesde 50 andares na beira do cais
Para env olver a poupança dos trabalhadores nessa história o Conselho Curador do FGTS, presidido pelo ministro Carlos Lupi (sempre ele), mudou seus procedimentos regimentais, em junho de 2010. Com a alteração, seus recursos poderão ser aplicados a partir de agora em operações urbanas consorciadas: no caso, para financiar a obra cujo maior alvo é a demolição do elevado da Perimetral.
No pacote contra o "feio", Eduardo Paes inclui a elevação do gabarito da zona portuária para 50 andares e a construção de um túnel numa área de aterros, o que majora ainda mais seus custos, além de representar um desafio para os engenheiros. E não faz por menos: enxerta a proposta na agenda dos Jogos Olímpicos de 2016, sob a alegação de que implantará no espaço a vila que acomodará os árbitros e parte da mídia (a não credenciada) do evento esportivo.
O caos com o corte na via expressa
Para quem não é do Rio de Janeiro, uma explicação: o Ele vado da Perimetral integra o mais ousado projeto viário da cidade, tendo, entre outros méritos, o de permitir que se faça a ligação Sul-Norte sem passar por dentro das ruas centrais. Graças a ele, podemos ir de Botafogo à Santa Cruz, via Avenida Brasil (um percurso superior a 90 km) praticamente sem cruzamentos. Nesse sistema, há ainda dois fluxos sem sinal: pela Linha Vermelha, que leva até a Baixada Fluminense, e pela Ponte que liga a Niterói, São Gonçalo e Região dos Lagos.
O trecho da Perimetral começa junto ao Aeroporto Santos Dumont e vai até o encontro com o viaduto da Francisco Bicalho, sempre por cima, permitindo uma vista privilegiada do porto e da parte antiga da cidade para os 94 mil veículos que passam por ela diariamente.
O elevado começou a ser construído ainda no antigo Distrito Federal, por iniciativa do então prefeito Negrão de Lima (e não do governador Carlos Lacerda, como desinforma a mídia despreparada). Sua primeira etapa, iniciada em 1958, foi até a Igreja da Candelária. Na segunda, continuou pela Praça Mauá (contornando o Mosteiro de São Bento e por cima da Avenida Rodrigues Alves); a terceira e última fase foi a sua ligação com a Ponte Rio-Niterói, no início dos anos 70.
Com demolição do trecho da Rodrigues Alves, só uma grande revolução urbana evitaria o caos provocado pela interrupção da via expressa e o desvio de trajeto, mesmo se construissem um túnel na área de aterro, o que é considerado pelos técnicos uma temeridade de alto custo, que não compensa.
Cesar quis demolir o outro trecho e desprezou projeto para embelezá-la
A discussão estética sobre ele ganhou vulto no governo do prefeito César Maia. Em 2004, a Prefeitura promoveu um concurso sobre alternativas para melhorar o seu visual. Foi escolhida a proposta dos arquitetos Elaine Condor, Ricardo Kawamoto e Márcio Leite, que previa proteção acústica do viaduto e utilização de sua sombra na altura da Praça Mauá para um espaço de caminhadas e de convivência, além da instalação de uma iluminação cênica para agradar quem chegasse nos transatlânticos.
Apesar do conhecimento público da escolha, o prefeito Cesar Maia decidiu voltar atrás. Em vez disso, no final de 2006, determinou a realização de estudos para demolir o outro trecho da Perimetral, que vai da General Justo, no Santos Dumont, até fim da Avenida Primeiro de Março, pouco depois da Candelária. Alegava que queria valorizar a vista dos prédios históricos como o Museu Histórico Nacional, o Paço Imperial e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, além de revitalizar a área da Praça XV.
À época, houve uma reação dos que temiam um impacto sobre o trânsito e Cesar Maia acabou desistindo. De sobra, enterrou também o projeto de embelezamento, deixando os seus autores pendurados no pincel.
Entre os que condenaram a idéia de César, estava o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Tráfego da UFRJ, engenheiro Paulo Cezar Ribeiro: "Hoje a Perimetral tem um fluxo enorme de veículos e já fica congestionada. Se a avaliação do impacto não for bem feita, os engarrafamentos poderiam ser transferidos para o mergulhão, o que afetaria as ruas próximas à Praça Mauá, a região em torno da Avenida General Justo e até o Aterro do Flamengo"
Idéia de demolir logo ao assumir
Eduardo Paes (ex-pupilo e hoje desafeto de Cesar) começou a falar na demolição da Perimetral ainda quando engatinhava como prefeito - no dia 9 de janeiro de 2009, bem antes da decisão sobre os jogos olímpicos no Rio. Desde então, defendia a construção de "mergulhões" como alternativas ao elevado. Na cronologia dos seus ímpetos, a derrubada da Perimetral, segundo ele esperada há 40 anos, veio junto com o discurso de revitalização da zona portuária.
Quem não tem rabo preso, nem interesse em tirar uma casquinha, reagiu na hora. No mesmo dia 9 de janeiro, o en genheiro civil e professor de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Giovani Manso, apontou a demolição do viaduto como um absurdo e um desperdício de dinheiro público. O técnico até admitiu que a revitalização de áreas degradadas como a zona portuária é um motivo nobre, mas lembrou que o dinheiro gasto na construção de mergulhões daria para fazer várias estações de metrô, entre outras obras.
Para ele, antes de pensar em demolir o elevado é preciso reorganizar a malha viária urbana: "Retirar essa via vai representar um impacto que a cidade não tem como substituir com nenhuma outra forma. A não ser que se fizesse toda uma reestruturação do sistema de transportes e se oferecessem alternativas de massa. Onde vão colocar 94 mil veículos por dia?".
Moradores temem expulsão da área
A demolição do elevado, orçada em R$ 1,2 bilhão (ou R $ 1,5 bilhão) será a rubrica mais cara do conjunto de intervenções na zona portuária, já iniciadas pela Prefeitura, que construiu por sua conta o acesso ao Porto pelo Caju, o que não tem nada a ver com o projeto pomposamente apregoado.
Desde junho de 2009, com uma disponibilidade de R$ 350 milhões, está em andamento a primeira fase do projeto Porto Maravilha, que conta com verba municipal e do Governo Federal e prevê intervenções urbanísticas no bairro da Saúde e no Morro da Conceição, além da construção do Museu do Amanhã e do Museu de Arte do Rio.
O início das obras sem maiores discussões provocou reações dos moradores da área, que aproveitaram a realização do Fórum Social Urbano, realizado em março de 2010, para protestar:
- Essas propostas não levaram em conta nossa opinião. Ninguém perguntou se queríamos um curso de gastronomia, quando nossa vocação é para o trabalho no porto. Da maneira vertical e até ditatorial como o projeto nos é apresen tado, eles abrem espaço para processo de "civilização", com a expulsão de moradores, tal qual no século passado" - reclamou o arquiteto Antônio Agenor Barbosa, morador do Morro da Conceição e professor da Faculdade de Arquitetura da UFRJ.
Já a arquiteta Helena Galiza, uma das organizadoras do Fórum Social Urbano, lembrou que a Prefeitura apresentou parte do projeto inicial em uma audiência pública, em meados de 2009, solicitada pelo Ministério Público Federal, mas não aceitou as alterações no projeto. "Nós ficamos sabendo das coisas pelo jornal. Um exemplo é o Píer Mauá, que já foi praça, já foi parque, área para eventos e não sei mais o quê".
Campo fértil para a especulação imobiliária
Na verdade, o que o prefeito propõe é essencialmente um grande "boom" imobiliário, - espigões a rodo - que não respeita necessariamente a natureza da zona portuária e dá um imprudente nó no trânsito, com consequências caóticas visíveis.
Eduardo Paes alardeia que será a maior "parceria público-privada" do país, mas por enquanto quem está metendo a mão no bolso é um banco oficial, que recorrerá ao FGTS, numa operação totalmente fora dos seus hábitos e costumes. (Quando a Previdência tinha sobra de caixa, também recorreram a elas para obras como a Ponte Rio-Niterói e Itaipu. E deu no que deu).
Para obter a participação dos empresários, o prefeito fez aprovar a emissão de R$ 2,5 bilhões em Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cpacs), que pagariam um total de 4.089.501,83m² de potencial adicional construtivo, leiloados no mercado financeiro. De posse desses papéis, investidores poderão construir prédios de até 50 andares, desconhecendo os limites previstos pelo PEU, em negócios conhecidos como Operações Urbanas Consorciadas.
Como a iniciativa privada não entrou com a grana necessária, o prefeito refez a negociação com o FGTS, apoiado pelo presidente Luiz Inácio, que não se limitou a apadrinhar a demolição do elevado: no dia 27 de dezembro, foi protagonista de uma encenação ridícula, em que usava uma marreta de borracha para simbolizar o início do quebra-quebra.

Pelo novo acordo, a contribuição do FGTS já não será só de R$ 4 milhões anunciados inicialmente, mas de todo o dinheiro necessário. Em troca, o fundo de investimentos do FGTS passa a administrar a emissão dos Cepacs, títulos que serão negociados no mercado e necessários para qualquer um que deseje construir no porto.
Com o convênio firmado em dezembro de 2010, o FGTS, através da Caixa, também tem prioridade na compra dos terrenos da União que existem na região. A primeira parcela de recursos do FGTS alocados no Porto Maravilha é de cerca de R$ 900 milhões e já estará disponível nesses dias.
Nessa investida típica de aloprados, na qual a Caixa disponibiliza recursos dos trabalhadores sem que seja do conhecimento publico os estudos de impacto ambiental exigidos por lei, Eduardo Paes virou as costas para as alternativas de convivência da Perimetral com a revitalização da Zona Portuária, entre elas um projeto de alunos da Faculdade de Arquitetur a da UFRJ, coordenados pelo professor Cristóvão Duarte.
Afinal, o que realmente motiva o prefeito?
Do jeito que age, é preciso ir fundo para saber qual a verdadeira motivação de sua principal bandeira para a cidade. Sua determinação de ir às últimas consequências é tal que está prometendo a reutilização de todo o material resultante da demolição do elevado, querendo com isso aludir a uma compensação que beiraria o custo zero.
Todo a estratégia para a mobilização de recursos e viabilização do projeto foi confiada ao empresário Felipe de Faria Góes, presidente do Instituto Pereira Passos, que acumula a presidência do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e a secretaria de Desenvolvimento Econômico, atropelando o petista Marcelo Henrique da Costa, que passou a cuidar apenas do "desenvolvimento econômico solidário". Góes é sócio da empresa de consultoria McKinsey, da qual se afastou para integrar a equipe do prefeito Eduardo Paes.
A entrega de todo o projeto a esse empresário de 37 anos e formação com MBA pela Universidade de Michigan pode ser um indicativo das intenções do prefeito. Ao anunciá-lo como seu super-assessor econômico, Eduardo Paes admitiu que sua principal função seria vender o Rio aos investidores.
"Ele vai atuar como uma espécie de vendedor do Rio. Terá um papel importante na visão estratégica da cidade, atraindo novos investimentos, além de gerenciar grandes projetos", disse Paes, anunciando o papel de Góes no projeto de revitalização da Zona Portuária:
"Góes terá a função fundamental de juntar as partes interessadas e desenvolver a modelagem econômica do que se pretende fazer no porto. No IPP, Felipe Góes vai gerir importantes indicadores econômicos do desenvolvimento da cidade que serão de grande ajuda na elaboração do orçamento do município e no estabelecimento de metas a serem atingidas pelo governo".
Ao ser indicado, Felipe Góes declarou que a revitalização do porto só deveria sair do papel com o envolvimento das três esferas de governo. "É um projeto de longo prazo, que terá bons resultados nos próximos quatro anos, mas que só será concluído em 8 ou 10 anos".
Ainda teria muito que escrever. Mas agora é com você. 

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Ex-blog do Cesar Maia

Aprovação de Dilma cairá muito até o último trimestre [previsão do especialista em pesquisas que garantiu a vitória de Serra no primeiro turno rssss]

Ex-Blog do Cesar Maia

Cesar Maia

linha

           
1. Calculando a média de avaliação das funções de governo no último ano do governo Lula, se conclui que o governo de Lula teve aprovação (ótimo+bom) de 40%, no máximo. Mas a média de aprovação de Lula, no último ano, foi superior a 70%. A conclusão evidente é que o estilo populista-retirante adotado por Lula no pós-mensalão, a partir de 2006, é o responsável por essa diferença de mais de 30 pontos.
            
2. Na sua coluna de sábado, na Folha SP, Cesar Maia lembra que "há lideranças que legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano". E sublinha o estilo de Lula: "Há um tipo de liderança mítica que se parece com a do tipo guia dos povos. Apenas se parece. Na verdade, legitima-se também pela ausência. O povo, em abstrato, passa a ser uma divindade. Um povo amalgamado que incorpora todos os valores de fé, justiça e de esperança. E de dentro desse amálgama surge o líder, que é ele, o próprio povo, encarnado em sua pessoa, como redentor."
            
3. Dilma já deu provas suficientes que seu estilo será outro: discreta, administrativa, exalando trabalho e eficiência. Ou seja: quer que sua avaliação se confunda com a de seu governo. Ou seja: se a performance de seu governo for a mesma do governo de Lula, no último ano, seu teto será de 40%.
            
4. Mas a "herança de Lula", que ela não pode reclamar, pois impulsionou a sua vitória em 2010, é de pressão inflacionária, constrangimento fiscal e riscos externos marcados pelo déficit crescente em conta corrente, no balanço de pagamentos. As medidas relativas a estes três vetores já vêm sendo tomadas: juros, compulsório dos bancos, redução de despesas, contingenciamento do adiantamento de câmbio...
            
5. A economia brasileira crescerá menos em 2011. Os otimistas falam em 4,5%%. Os pessimistas em 3%. E os realistas em 3,5%. Isso significa -com certeza- pelo menos um desconforto no mercado de trabalho, e setorial e regionalmente em muitas empresas. O menor crescimento afeta os impostos que, somado ao ajuste fiscal, reduz as obras e empregos patrocinados pelos governos nos 3 níveis.
            
6. A reação da população já se sabe qual vai ser a partir do segundo semestre: "Ah! Que saudades do Lula. Se ele estivesse aí isso não aconteceria".  E não adianta explicar, pois relações míticas de liderança não se explicam, porque a autoridade que a legitima está ausente, ou seja, externa ao personagem.
            
7. Quando os Institutos de Pesquisa apontarem um ótimo+bom em torno dos 35% para Dilma, ela terá condições de conter o seu governo? Afinal, serão centenas os parlamentares da 'base aliada' que concorrerão em 2012 a prefeito, e prefeitos de cidades médias e grandes que concorrerão à reeleição.
            
8. Não há dúvida que Dilma se manterá leal e alinhada a Lula. Afinal, seu governo tem uma característica distinta do de Lula: o PT é o superego de seu governo e o limite de sua autonomia. Essa é uma projeção de cenários para a tomada de decisões nas esferas política e econômica. Quem quiser que aposte contra.

                                                * * *

GOVERNO DO EGITO SUSPENDE FUNCIONAMENTO DE TWITTER E FACEBOOK!
            
1. O Twitter e o Facebook, que desempenharam um papel importante na revolta tunisiana e na consequente derrubada de Ben Ali, tiveram seu funcionamento suspenso no Egito.  Foi a maneira encontrada pelas autoridades egípcias para evitar a propagação das convocações para novas manifestações no centro do Cairo a partir de hoje.  
           
2. Tais manifestações se voltam contra não apenas as permanentes violações dos mais elementares princípios da democracia, mas ainda a ambição de o Presidente Hosni Moubarak colocar seu filho Gamal Moubarak, 47 anos, como seu sucessor. Banqueiro de profissão, fora ele encaminhado em 2002 para presidir o Partido Nacional Democrático (PND), no poder há mais de 30 anos. Hosni Moubarak seria reeleito em outubro de 2011 e, um ou dois anos depois, então com 84 ou 85 anos de idade, abdicaria em favor de seu filho Gamal.  
            
3. Assim agiria o atual rais (chefe supremo e incontestável). Mas há um obstáculo pelo caminho: a candidatura do General Omar Suleiman, antigo chefe do serviço secreto egípcio e atual Vice-Presidente da República, que poderia contar com o respaldo das forças armadas, verdadeiro centro do poder naquele país desde a derrubada da monarquia.  Os setores econômicos também se poderiam aliar aos militares, pois Gamal é conhecido por suas pretensões de introduzir reformas liberais, em especial por meio de privatizações.

                                                * * *

DOMINGO: ARRASTÃO NA PRAIA DE IPANEMA!
            
(coluna Z. Ventura - Globo, 26) "Frequentadores reclamaram da multidão e da falta de segurança, além da correria e de assaltos. A própria Guarda Municipal confirmou que houve arrastão."

                                                * * *

ERIC HOBSBAWN -HISTORIADOR MARXISTA-!
            
(Folha de SP-25) Ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem -a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo.

                                                * * *
                        
SITES DE LEILÃO: DIVERSÃO OU JOGO?
                
1. Estão na moda uns sites de leilão que podem ser interpretados como jogos. Alguns acham que têm característica de jogos de azar. Outros acham que não.  As pessoas pagam 1 real por cada lance dado, e ganha quem der o último lance antes  do tempo acabar. Se alguém der o lance no final, o tempo volta a contar. Transforma-se em um jogo virtual. O usuário do site deve concordar com estes termos de contrato: "Você tem ciência que pode gastar uma quantia e tempo significativos, no leilão de um produto e mesmo assim não ganhar?  SIM \  Você concorda completamente que o mecanismo de leilão aqui empregado não caracteriza sob qualquer hipótese jogo de azar?  SIM \  Li e não aceito  \  Li e ACEITO."
                
2. A Folha de SP, em 27/10/2010, fez uma matéria a respeito, mas não discutiu a característica do jogo.  "Usuários arrematam iPad e iPhone com preço 90% menor. Comprar um iPhone 4 a R$ 133 ou um iPad a R$ 134 parece piada. Mas os valores são reais em sites de leilão, onde esses aparelhos são vendidos por preços cerca de 90% menores que os atuais. É o caso de CEQAN, que arrematou o iPhone 4 de 16 Gbytes por um valor 92% menor do que o atual.  Ele já comprou um computador de mesa e um notebook."
                
3. Para participar de um leilão na rede, o usuário compra um pacote de  lances, cada qual valendo R$ 0,01. O valor varia entre R$ 30 e R$ 120, de acordo com o número de lances desejados, e a progressão do leilão ocorre centavo a centavo. MV arrematou um iPad de 16 Gbytes com Wi-Fi a R$ 134 --ou 84% abaixo do valor atual.
                
4. "As pessoas estão começando a entender como funciona [o leilão on-line]. Acho que um grande crescimento está para acontecer", declarou o cofundador do site -GP- olhonoclick.com.br, cujos usuários ativos ultrapassam 300 mil. "O nosso lucro vem efetivamente das compras e da utilização das marteladas", diz SP, do martela.com.br, que aglutina 300 a 400 internautas por compra, em média."

                                                * * *

EFEITO DOMINÓ NO MUNDO ÁRABE?
        
1. O "efeito-dominó" começou a atuar no mundo árabe.  Milhares de egípcios realizaram ontem uma grande manifestação para exigir reformas políticas no país.  O evento, intitulado "Dia da revolução contra a tortura, corrupção, pobreza e desemprego", contou com a participação de grupos sindicais, militantes islâmicos e até membros de torcidas de futebol. Os organizadores pretendiam se valer da insatisfação popular contra as forças de segurança egípcias, acusadas de torturar e tratar com truculência opositores para atrair manifestantes em vários pontos do país e forçar concessões do governo.
        
2. As manifestações têm três objetivos principais: suspender a lei de emergência que vigora permanentemente no país (e que viola liberdades civis), forçar a saída do ministro do Interior e impor um limite temporal ao mandato presidencial. Assim, esperam pôr um fim ao governo do presidente Hosni Mubarak, no poder há três décadas, que pretende transferi-lo mais adiante a seu filho. A Irmandade Islâmica, principal grupo opositor ao governo, apoiou a manifestação, que também envolveu greves e paralisações em vários pontos do país.
        
3. Tudo isso foi coordenado por jovens egípcios, que acompanharam pela internet os eventos na Tunísia e desenvolveram uma ação similar.  Autoridades egípcias, no entanto, consideraram que a manifestação era ilegal e tentaram reagir de forma "severa" contra os participantes. Dois manifestantes morreram no Suez.
        
4. Em resposta ao protesto, simpatizantes de Mubarak se organizaram sob o slogan "Mubarak: a segurança do Egito". Eles pretendem conduzir passeatas paralelas em defesa do governo e "contra a destruição das instituições estatais pregada pela oposição". A realidade é que os governos totalitários no norte da África e no Oriente Médio enfrentam insatisfação popular cada vez maior com a falta de soluções para os problemas econômicos e sociais e de liberdades individuais.
        
5. A atual ordem política e econômica do mundo árabe, que é instável e insustentável, traz insatisfação para a imensa maioria de seus cidadãos. Egito, Líbia e Síria estão na primeira linha das mudanças de regime.