Jânio de Freitas: na frente de combate
A campanha do segredo, por Jânio de Freitas
no Folha
Que argumentos Eduardo Cunha formula para atrair prefeitos e políticos regionais para sua candidatura?
A disputa pela presidência da Câmara introduz uma novidade que só se percebe nas suas preliminares, mas não na finalidade que, no entanto, não pode ser insignificante. E o mais provável é que não traga contribuição para atenuar as calamidades da política. Ao contrário.
Ao oficializar sua candidatura, o deputado Eduardo Cunha disse que iria correr o país, e pareceu que apenas usava de exagero para acentuar sua disposição de enfrentar a esperada oposição do governo e dos governistas menos infiéis. As últimas disputas pela presidência da Câmara tornaram normais as imitações de campanha eleitoral, com folhetos programáticos, cartazes, brindes, e outros usos publicitários. Eduardo Cunha sai da norma para o avião.
Se o corpo eleitoral é composto só pelos deputados, aí está o território a ser trabalhado pelos candidatos. Não para Eduardo Cunha. Ele busca fora da Câmara a presidência da Câmara. Viaja mesmo, como disse, pelo país afora, contatando prefeitos não só do seu PMDB, políticos regionais de diferentes partidos, e até governadores que precisam fazer o encontro em sigilo.
É claro que Eduardo Cunha procura conquistar pressões locais sobre os deputados/eleitores, para lhe darem os votos. Sua atual condição de favorito atesta, em princípio, a eficiência dos argumentos que utiliza na campanha fora da Câmara. Mas que argumentos formula para atrair prefeitos e políticos regionais? Que argumentos são esses que não convenceriam os deputados/eleitores em contatos com os próprios, precisando que sejam submetidos a pressões de suas bases políticas? Eduardo Cunha não diz, e os contatados calam. Por certo, com fortes razões para tanta confidencialidade.
Notícias esparsas mencionam viagens de Eduardo Cunha. Nenhuma pôde expor medidas por ele projetadas, caso eleito. Não é só que o país ignore o que pensa da e para a Câmara quem deseja, com tanta determinação, vir a presidi-la. Deputados/eleitores também desconhecem.
Essas coisas não levam a bons prenúncios. Ainda mais com alguém de histórico discutido e de presente perturbador, até para os seus correligionários mais próximos.
Mas Eduardo Cunha faz escola. Nas andanças, que no demais não seria fácil. Um dos seus dois adversários, Júlio Delgado, do PSB, deu para viajar também. Por isso estava no avião da Gol que teve um tremelique no Rio Grande do Sul. O escolado Arlindo Chinaglia, porém, não dá sinais, com seu ar de tédio, do que faz para salvar o governo e o PT da presidência de um dos outros dois. Sobretudo do ameaçador Eduardo Cunha.
DO BURACO AO CÉU
Com previsível fartura de frases feitas e uma passeata patética de poderosos idem, François Hollande derrubou as análises políticas do pós-atentado ao "Charlie". Todas previram, como efeito da ação terrorista, o fortalecimento da extrema-direita, de Marine Le Pen, e da pretensão de retorno do ex-presidente Sarkozy. O presidente, que já estava em funda rejeição, desceria mais no buraco.
A vulgaridade de Hollande elevou dos 19% aos 40% a proporção dos franceses que nele confiam. Se não cometer algum ato inteligente até a eleição, já passou de derrotado fácil a reeleito sem risco.
Política e eleitorados são o mesmo aqui, lá e em toda parte. As exceções só ocorrem como fenômenos.
“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho.” (Edson Queiroz)
Jânio de Freitas: curiosidades a jato
E uma falsa curiosidade. A Secretaria de Aviação Civil, a Polícia Federal e a Aeronáutica, pelo que foi noticiado ao completar-se o quarto mês da morte de Eduardo Campos, ainda não sabem quem “era o responsável” pelo avião. A enrolação sugere ilegalidade. Antes da mal alegada venda, para mal identificados compradores, o avião tinha proprietário registrado. E esse proprietário, se vendeu o avião, sabe quem e como pagou. O fato de Eduardo Campos estar morto não justifica que o esclarecimento seja dispensado. Ou evitado. Inclusive porque há envolvidos vivos. Lava Jato aí também.
Dilma Invocada: Jânio de Freitas também delira
- Primeiro: a comparação não merece sequer comentário.
- Segundo, não existe ajuste do Joaquim Levy. Existe ações governamentais
- Terceiro, não haverá mudança nos rumos sociais do governo.
Jânio de Freitas: Operação da PF foi feita 24 horas depois que os delegados apareceram comprometidos com Aécio
Palavras de ministros, por Jânio de Freitas
no Folha de São Paulo
Aos olhares simplificadores, as atitudes da ex-ministra Marta Suplicy e do Gilberto Carvalho pareceram críticas de igual intenção. E até de igual importância. Muitos precisam alegrar-se com o que apareça, para reconstruir-se depois de lançarem a desconstrução como programa eleitoral. E ruírem.
Se alguém esperasse que Marta Suplicy se demitisse com uma carta de agradecimento pela oportunidade recebida, poderia supor também algum significado maior na carta pontiaguda que cravou na presidente e, claro, divulgou na internet. Mas Marta Suplicy foi só a Marta Suplicy.
Gilberto Carvalho também foi Gilberto Carvalho. Calmo, delicado, com a franqueza de sempre, disse verdades sobre o governo, sobre a Presidência de que é o secretário-geral e sobre Dilma Rousseff. Suas constatações resultam em críticas que são inquestionáveis no fundamento e não ficam nas estreitezas temáticas dos economistas e dos jornalistas.
Dilma Rousseff não lidou bem com os políticos, de fato, em seu primeiro mandato. A par da maneira de ser, e de ter com políticos uma experiência sobretudo de convívio entre companheiros, Dilma sucedeu o traquejo e flexibilidade de Lula. Contraste estiolante. O mesmo em relação ao que Gilberto Carvalho chamou de "movimentos sociais", em cujas "demandas [Dilma] avançou pouco". Nesse quesito, Dilma e o governo apegaram-se a poucas diretrizes, com realce para a distribuição de renda pelos salários e a saúde pelo Mais Médicos. O demais ficou por conta dos seus responsáveis, com resultados variáveis.
O apoio para tornar os assentamentos produtivos pode ter aumentado, mas a reforma agrária como um todo "não foi o que os movimentos esperavam". Muito longe disso. E mais longe ainda, sem possibilidade de ressalva alguma, foi o descaso com a demarcação de terras indígenas e com a proteção devida às aldeias sob o tiro de tomadores de terras, quando não caem por fome e doença mortíferas.
O crescimento da "resistência ideológica e econômica fortíssima à questão indígena" leva Gilberto Carvalho a uma conclusão mais ampla, como causa: "A direita cresce porque cresce". Mas a verdade é pior. No problema dos indígenas, a ação "da direita" cresceu porque o governo lhe cedeu espaço e força. E é duvidoso que busque recuperá-los.
Gilberto Carvalho acentua a deficiência, com resultados graves, "de diálogo com os principais atores na economia", por falta de "competência e clareza" do governo. Sem dúvida. Nesse caso, ainda que mantido o diagnóstico do ministro, a responsabilidade deve ser compartilhada pelos dois lados. Os "principais atores na economia" investiram muito na pressão e na chantagem. No país em que ter dinheiro é tudo, os portadores deste justificado sentimento, ainda por cima, chegaram a Dilma viciados por 16 anos de Fernando Henrique e Lula e respectivas curvaturas.
Nesse capítulo, cabe um acréscimo à deficiência de diálogo citada pelo ministro: a deficiência de comunicação com o país foi imensa. Dilma e o governo pagaram, pagam e pagarão muito por isso. E o país também.
A propósito, Gilberto Carvallho fez, à margem do seu tema, uma afirmação também útil, quando indagado se continuaria ministro: "Qualquer ministro que falar qualquer coisa [sobre o novo ministério] estará falando bobagem". Imagina os jornalistas.
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Uma de suas faces, porém, está bem nítida. É a obediência à regra fundamental dos escândalos brasileiros de corrupção.
Sem estar sob segredo de Justiça, a investigação sobre as atividades do doleiro Alberto Youssef resultou em razoável quantidade de informações públicas. Mas confusa o bastante para que não se saiba, até hoje, como e quem formou a tal montanha de R$ 10 bilhões que Youssef teria posto no exterior por meios ilegais. O custo da refinaria Abreu e Lima, dezenas de vezes maior do que o previsto, tem números, mas não tem a explicação. Os envolvimentos de políticos na corrupção delatada por Paulo Roberto Costa têm alguns nomes, mas os negócios que se ligariam a esses nomes ficam silenciados.
O elo que reúne todas essas omissões: nenhuma pode ser preenchida sem a revelação, também, do lado corruptor. No qual estão as empreiteiras fortes, como OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix, Mendes Júnior, Coesa (da OAS), e por aí em diante. As intocáveis, portanto.
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