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Língua portuguesa

*100 anos da vírgula*

Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa)! 

*A vírgula pode ser uma pausa... ou não:*
Não, espere.
Não espere.

*Ela pode sumir com seu dinheiro:*
R$ 23,4.
R$ 2,34.

*Pode criar heróis:*
Isso só, ele resolve! 
Isso, só ele resolve! 

*Ela pode ser a solução:*
Vamos perder, nada foi resolvido! 
Vamos perder nada, foi resolvido! 

*A vírgula muda uma opinião:*
Não queremos saber! 
Não, queremos saber! 

*A vírgula pode condenar ou salvar:*
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

*Uma vírgula muda tudo!*

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Considerações adicionais: 

*SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA*.

* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de *MULHER*.

* Se você for homem, colocou a vírgula depois de *TEM*.

😂😂😃
👍🙋‍♂😉❗

             *Moral da história*:
A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos a pontuação!

*Pontue sua vida com o que realmente importa*.

Isso faz toda a diferença!

Compartilhem esta mensagem como um presente de Português👍❗

Me impressiona na internet tanta gente querendo "ensinar português"


(estou começando frase com próclise como o "mulato sabido" de Oswald de Andrade). 


O que se ensina nas escolas não é "o" português. É UMA das variações possíveis: a norma culta. Norma esta, exigida na escrita, porém não encontrada totalmente na fala nem de pessoas com alta escolaridade. 

E é ela - a fala - que tem o poder, por exemplo, de gerar outras línguas. A língua portuguesa não se origina do latim clássico, encontrado nas escrituras da Roma Antiga. Nossa língua, assim como o espanhol, o francês e o italiano, tem sua origem no latim vulgar, falado pelo povo de Roma. Gente que, naquela época, certamente era chamada de burra. 

Temos, no Brasil, um exemplo de modificação da norma culta pela fala. A palavra "janta" é flexão do verbo jantar: "ela janta rápido". Seria um "erro" dizer: "a janta sai daqui a pouco". O "certo" seria "o jantar sai daqui a pouco. Porém, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (dicionário da ABL) já aceita que "janta" possa ser usado como flexão verbal ou substantivo. Sim, você pode achar feio, mas a janta pode sair daqui a pouco sem culpa. 

O que as pessoas precisam entender é que, em língua, o que torna algo certo ou errado é o uso da maioria, consagrado pela fala. Por isso, o substantivo "janta" está hoje em dicionário. Aquela palavra que você ouviu há pouco e achou esquisita e errada pode ser o certo de amanhã. 

Por fim, para quem leu até aqui, digo que quanto mais estudo descubro que não sei nada, portanto peguem leve ao querer dar uma de "sabichões".

NENÉM QUÉ PAPÁ

por Carlos Chagas

Grande celeuma criou-se no país a respeito da nova cartilha do Ministério da Educação, “Por uma Vida Melhor”. Foram distribuídos 400 mil exemplares pelas escolas, admitindo-se num de seus capítulos referências à forma ortográfica popular de dizer as coisas. Numa palavra, a admissão de expressões  usadas pela maioria da população, nada vernaculares, mas amplamente usadas e reconhecidas como naturais. Dessas que um dia estarão  incorporadas aos dicionários, ainda que hoje despertem  indignação em lingüistas e até  na Academia Brasileira de Letras, para não falar na totalidade da mídia, boa parte aproveitando o episódio  para lançar mais uma farpa no governo Dilma Rousseff  e no ministro Fernando Haddad.

É preciso cautela, não só porque no futuro esse linguajar do povo tornar-se-á regra ortográfica,   como vem acontecendo há séculos, mas também porque a indigitada cartilha foi editada precisamente para os meninos, nas escolas, tomarem conhecimento do que está de acordo ou não com o vernáculo.

Mesmo nas camadas mais elitistas, quanta coisa tida como distorção imperdoável foi adicionada à língua portuguesa aqui praticada? “Me dá um cigarro” é expressão comum entre os acadêmicos que fumam, quando o correto vindo dos tempos de antanho exige “dá-me um cigarro”, que ninguém usa mais.

O grave nessa discussão sobre o sexo dos anjos é sua exploração política. Há quem exija o recolhimento e  a incineração dos 400 mil livros, sugestão perigosa e ante-sala de certos  espetáculos encenados através dos tempos, o último deles na Alemanha Nazista.

A respeito dessa tempestade em copo d’água vale contar uma historinha. O presidente Ernesto  Geisel  visitava o Japão, levando em sua comitiva muitos ministros e jornalistas. No dia de seu retorno, alguns ainda permaneceram  em Tóquio. Shigueaki Uéki, das Minas e Energia,  aproveitou a folga para levar os  repórteres a um restaurante típico. Desde a chegada  gabava-se de falar japonês e decidiu que os pedidos do cardápio ficariam por conta dele. Ao aproximar-se o garçom, falou na língua de seus ancestrais, quando seguiu-se monumental série de gargalhadas por parte do serviçal e de seus companheiros. Espantaram-se todos até que  veio o maitre e, num excelente inglês, fez as sugestões e encomendou os pedidos. Uéki ficou sem jeito mas logo o episódio estava esquecido. Na saída, um dos nossos colegas, certamente investigativo, perguntou ao garçom o porque das gargalhadas e recebeu a explicação: os japoneses dispõem de diversos patamares em sua língua, falados pelas crianças, pelos jovens, os mais maduros e até os velhos. E o ministro das Minas e Energia, certamente restrito ao  primeiro grupo, havia falado, em tradução livre:
 “Neném qué papá”...

Ortografia

[...] Letra cursiva já foi uma forma de arte. Agora é um mistério
The New York Times
Katie Zezima
Salih Patterson, estudante da terceira série, e sua professora Lori Tietz usam um projetor para revisar a letra que o garoto escreveu durante um exercício
  • Salih Patterson, estudante da terceira série, e sua professora Lori Tietz usam um projetor para revisar a letra que o garoto escreveu durante um exercício
Por séculos, a letra cursiva foi uma forma de arte. Para um crescente número de jovens, ela é um mistério.
 
As letras sinuosas do alfabeto cursivo, serpeando em incontáveis cartas de amor, recibos de cartão de crédito e faixas acima das lousas das escolas primárias, estão seguindo o caminho da pena e do tinteiro. Com os teclados de computador e celulares cada vez mais ocupando os dedos jovens, a morte gradual da escrita mais elegante está revelando alguns desafios imprevistos.
 
As pessoas que escrevem apenas em letras de forma, ou talvez com uma assinatura desleixada, rabiscada, correm mais risco de falsificação? O desenvolvimento de boa coordenação motora é atrapalhado pela aversão à letra cursiva? E o que acontece quando jovens não familiarizados com o alfabeto cursivo têm que ler documentos históricos como a Constituição?
 
Jimmy Bryant, diretor dos Arquivos e Coleções Especiais da Universidade de Arkansas Central, disse que a ligação com material de arquivo se perde quando os estudantes dão as costas para o alfabeto cursivo. Enquanto lecionava no ano passado, Bryant, por curiosidade, pediu que levantassem as mãos os estudantes que se comunicavam por meio de escrita em letra cursiva. Nenhum levantou.
 
Aquela classe deficiente em caligrafia em letra cursiva incluía Alex Heck, 22 anos, que disse mal se lembrar de como ler ou escrever em letra cursiva. Heck e um primo folhearam o diário da avó deles pouco depois da morte dela, mas mal conseguiram ler sua escrita à mão em letra cursiva.
 
“Era meio enigmática”, disse Heck. Ela e o primo tentaram decifrá-la como se fosse um código, lendo e relendo as passagens. “Eu não estou acostumada a ler ou escrever em letra cursiva.”
 
Os estudantes de todo o país ainda aprendem a escrever em letra cursiva, mas muitos distritos escolares estão dedicando cada vez menos tempo a ela e à caligrafia em geral do que anos atrás, disse Steve Graham, um professor de educação da Universidade Vanderbilt. A maioria das escolas começa a ensinar a letra cursiva na terceira série, disse Graham. No passado, a maioria prosseguia até a quinta ou sexta série –algumas até mesmo até a oitava– mas muitos distritos agora ensinam a letra cursiva apenas na terceira série, com menos aulas.
 
“As escolas atualmente dizem que estamos preparando nossas crianças para o século 21”, disse Jacqueline DeChiaro, diretora da Escola Primária Van Schaick, em Cohoes, Nova York, que está debatendo o fim do ensino da letra cursiva. “A letra cursiva é realmente uma habilidade do século 21?”
 
Com as escolas concentradas em preparar os estudantes para testes padronizados, frenquentemente não há tempo suficiente para ensinar caligrafia, dizem os educadores.
 
“Se você é uma escola ou professor, pode apostar que se as crianças estão sendo testadas, isso receberá uma maior ênfase no currículo”, disse Graham.
 
Sandy Schefkind, uma terapeuta ocupacional pediátrica em Bethesda, Maryland, e coordenadora pediátrica da Associação Americana de Terapia Ocupacional, disse que o aprendizado de caligrafia em letra cursiva ajuda os estudantes a melhorarem sua coordenação motora.
 
“É a destreza, a fluidez, a quantidade certa de pressão aplicada com a caneta ou lápis no papel”, disse Schefkind, acrescentando que para alguns alunos a letra cursiva é mais fácil de aprender do que a letra de forma.
 
Apesar do texto em letra de forma ser mais legível, quanto menos complexa a escrita, mais fácil ela é de ser falsificada, disse Heidi Harralson, uma grafóloga de Tucson, Arizona. Apesar da caligrafia poder mudar –e se tornar mais desleixada– à medida que a pessoa envelhece, as pessoas que não a aprendem e nem a praticam podem estar em desvantagem, disse Harralson.
 
“Eu vejo um aumento da inconsistência na escrita à mão –caligrafia desleixada, pouco legível, que é inconsistente”, ela disse.
 
A maioria das pessoas tem uma assinatura cursiva, mas mesmo elas estão ficando cada vez mais difíceis de identificar, disse Harralson.
 
“Até mesmo pessoas que nunca aprenderam a escrever em algum tipo de letra cursiva apresentam algum tipo de letra cursiva na assinatura, mas não é escrita muito bem”, ela disse. “Ela tende a ser mais abstrata, ilegível e simplista. Se escrevem em letra de forma, é mais fácil de falsificar.”
 
Sally Bennett, uma caloura de 18 anos da Arkansas Central, assina seu nome em letras de forma maiúsculas e nunca pensou a respeito até prestar o ACT (um vestibular). Os estudantes tinham que copiar um texto, com instruções explícitas para que fosse apresentado em letra cursiva, disse Bennett.
 
“Algumas pessoas ali não conseguiam se lembrar”, ela disse. “Eu tive que pensar por um minuto. Eu tive dificuldade para me lembrar.”
 
Um porta-voz do ACT disse não estar familiarizado com a exigência de letra cursiva. Uma porta-voz do SAT (outro exame vestibular) –no qual apenas 15% dos estudantes escreveram a parte da redação em letra cursiva em 2007– disse que os estudantes também devem copiar um parágrafo.
 
“Os estudantes são orientados a não escrever em letra de forma”, disse a porta-voz, Kathleen Steinberg, em um e-mail.
 
Richard Christen, um professor de educação da Universidade de Portland, no Oregon, disse que a letra cursiva pode ser facilmente substituída pela escrita impressa ou pelo processador de textos. Mas ele teme que os estudantes percam uma habilidade artística.
 
“Essas crianças estão perdendo um tempo em que criavam beleza diariamente”, disse Christen. “Mas é difícil para mim apresentar um argumento prático em prol dela. Eu não lamento por causa disso; eu lamento a perda da beleza, da estética.”

Tradução: George El Khouri Andolfato