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Carrim por trás

Só os incautos poderiam imaginar que um material escandaloso como o da violação de dados da Receita Federal não iria servir de munição de propaganda para a campanha do PSDB. Fosse Dilma, não Serra, a estar em queda livre nas pesquisas, o PT não hesitaria em usar da mesma estratégia para atingir o adversário. A prática da solidariedade tribal, na qual diferença pode ser uma virtude, foi alijada da prática política, no Brasil. Em todos os lados, a discordância é considerada um ato de guerra. Essa estupidez nos obriga a formar fileiras ao invés de tomar posições políticas claras. Mais além: fortalece, em determinado momento, a sensação de que vale tudo para ganhar essa guerra.

Gera coisas como essa comparação – infeliz, em todos os sentidos – entre Dilma e Dunga na campanha eleitoral, que se encaixa perfeitamente nessa situação. Une, por assim dizer, o mau gosto ao desrespeito. Foge de todos os preceitos éticos que povoam a mente do cidadão comum, desacostumado, na sua vida diária, do ato de desqualificação sumária do outro, daquele contra quem se pode querer bem. Dunga não perdeu a dignidade porque perdeu a copa. Nem é considerado pelas pessoas um degenerado por isso. Essa assertiva, espírito da propaganda de José Serra, é por si só uma injustiça à qual não se perdoa. Assassinato de reputação, puro e simples, em horário obrigatório de propaganda política gratuita.

Essa estratégia primária de marketing se baseou em humilhar nacionalmente o capitão do time vencedor da Copa do Mundo de 1994, um técnico que José Serra, em mais de uma oportunidade, elogiou e disse admirar. Pensou que fazendo isso poderia colar no imaginário do eleitor uma nova projeção de Dilma, burra, equivocada e autoritária. Exatamente como a imagem de Dunga criada na África do Sul por parte da mídia. Isso depois, claro, que ele decidiu acabar com a farra das entrevistas exclusivas dentro da concentração da seleção e a cobrar, publicamente, explicações sobre notícias falsas e truncadas publicadas nos jornais.

Dunga perdeu a Copa, mas sempre foi considerado um homem de bem. Não será uma propaganda eleitoral infeliz que irá transformá-lo em um inimigo da nação, até porque o técnico da seleção brasileira – e disso até os incautos sabem – é só um empregado da CBF. Sua identificação com Dilma, feita pelo viés da maledicência, há de trazer um prejuízo terminal à candidatura do PSDB e em nada irá afetar a vida das duas pessoas diretamente envolvidas, pelo contrário. A julgar pela raça de um e pela missão da outra, arrisco até dizer que essa simbólica simbiose não nos faria mal algum.

Aliás, não seria de todo ruim se, antes de 3 de outubro, Dunga e Dilma se encontrassem e fizessem desse encontro um exemplo de respeito público para as pessoas decentes do país.

O garrote da famiglia Rigotto


Agosto, mês de cachorro louco, marcou o décimo ano da mais longa e infame ação na Justiça brasileira contra a liberdade de expressão.
É movida pela família do ex-governador Germano Rigotto, 60 anos, agora candidato ao Senado pelo PMDB do Rio Grande do Sul e supostamente alheio ao processo aberto em 2001 por sua mãe, dona Julieta, hoje com 89 anos. A família atacou em duas frentes, indignada com uma reportagem de quatro páginas, publicada em maio daquele ano em um pequeno mensário (tiragem de 5 mil exemplares) de Porto Alegre, o JÁ, que jogava luzes sobre a maior fraude da história gaúcha e repercutia o envolvimento de Lindomar Rigotto, filho de Julieta e irmão de Germano.
Uma ação, cível, cobrava indenização da editora por dano moral. A outra, por injúria, calúnia e difamação, punia o editor do  e autor da reportagem, Elmar Bones da Costa, hoje com 66 anos. O jornalista foi absolvido em todas as instâncias, apesar dos recursos da família Rigotto, e o processo pelo Código Penal foi arquivado. Mas, em 2003, Bones acabou sendo condenado na área cível ao pagamento de uma indenização de R$ 17 mil. Em agosto de 2005 a Justiça determinou a penhora dos bens da empresa. O  ofereceu o seu acervo de livros, cerca de 15 mil exemplares, mas o juiz não aceitou. Em agosto de 2009, sempre agosto, quando a pena ascendera a quase R$ 55 mil, a Justiça nomeou um perito para bloquear 20% da receita bruta de um jornal comunitário quase moribundo, sem anúncios e reduzido a uma redação virtual que um dia teve 22 jornalistas e hoje se resume a dois – Bones e Patrícia Marini, sua companheira. Cinco meses depois, o perito foi embora com os bolsos va zios, penalizado diante da flagrante indigência financeira da editora.
Até que, na semana passada, no maldito agosto de 2010, a família de Germano Rigotto saboreou mais um giro no inacreditável garrote judicial que asfixia o jornal e seu editor desde o início do Século 21: o juiz Roberto Carvalho Fraga, da 15ª Vara Cível de Porto Alegre, autorizou o bloqueio online das contas bancárias pessoais de Elmar Bones e seu sócio minoritário, o também jornalista Kenny Braga. Assim, depois do cerco judicial que está matando a editora, a família Rigotto assume o risco deliberado de submeter dois dos jornalistas mais conhecidos do Rio Grande ao vexame da inanição, privados dos recursos essenciais à subsistência de qualquer ser humano.
O personagem de Scorsese
Afinal, qual o odioso crime praticado pelo  e por Elmar Bones que possa justificar tanta ira, tanta vindita, ao longo de tanto tempo, pelo bilioso clã Rigotto? O pecado do jornal e seu editor só pode ter sido o jornalismo de primeira qualidade, ousado e corajoso, que lhe conferiu em 2001 os prêmios Esso Regional e ARI (Associação Riograndense de Imprensa), os principais da categoria no sul do país, pela reportagem "Caso Rigotto – Um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas".
A primeira morte era a de uma garota de programa, Andréa Viviane Catarina, 24 anos, que despencou nua do 14º andar de um prédio na Rua Duque de Caxias, no centro da capital gaúcha, no fim da tarde de 29 de setembro de 1998. O dono do apartamento, Lindomar Rigotto, estava lá na hora da queda. Ele contou à polícia que a garota tinha bebido uísque e ingerido cocaína. Nenhum vestígio de álcool ou droga foi confirmado nos exames de sangue coletados pela criminalística. O laudo da necropsia diz que a vítima mostrava três lesões – duas nas costas, uma no rosto – que não tinham relação com a queda. Ela estava ferida antes de cair, o que indicava que houve luta no apartamento. Um teste do Instituto de Criminalística indicou que o corpo de Andréa recebeu um impulso no início da queda.
No relatório que fez após ouvir Rigotto, o delegado Cláudio Barbedo, um dos mais experientes da polícia gaúcha, achou relevante anotar: "[Lindomar] depôs sorrindo, senhor de si, falando como se estivesse proferindo uma conferência". Os repórteres que o viram chegar para depor, no dia 12 de novembro, disseram que ele parecia "um personagem de Martin Scorsese", famoso pelos filmes sobre a Máfia: Lindomar usava óculos escuros, terno azul marinho, calça com bainha italiana, camisa azul, gravata colorida e gel nos cabelos compridos. O figurino não impressionou o delegado, que incluiu na denúncia o depoimento de uma testemunha informando que Lindomar era conhecido como "usuário e traficante de cocaína" na noite que ele frequentava – por prazer e ofício – como dono do Ibiza Club, uma rede de quatro casas noturnas que agitavam as madrugadas no litoral do Rio Grande e Santa Catarina. Em dezembro, o delegado Barbedo concluiu o inquérito, denunciando Lindomar Rigotto por homicídio cu lposo e omissão de socorro.
Lindomar só não sentou no banco dos réus porque teve também uma morte violenta, 142 dias após a de Andréa. Na manhã de 17 de fevereiro, ele fechava o balanço da última noite do Carnaval de 1999, que levou sete mil foliões ao salão do Ibiza da praia de Atlântida, a casa mais badalada do litoral gaúcho. Cinco homens armados irromperam no local e roubaram a féria da noitada. Lindomar saiu em perseguição ao carro dos assaltantes. Emparelhou com eles na praia vizinha, Xangrilá, a três quilômetros do Ibiza. Um assaltante botou a arma para fora e disparou uma única vez. Lindomar morreu a caminho do hospital, com um tiro acima do olho direito. Tinha 47 anos.
O choque de Dilma
A trepidante carreira de Lindomar Rigotto sofrera um forte solavanco dez anos antes, com seu envolvimento na maior fraude da história gaúcha: a licitação manipulada de 11 subestações da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), uma tungada em valores corrigidos de aproximadamente R$ 840 milhões – 21 vezes maiores do que o escândalo do Detran que submeteu a governadora Yeda Crusius a um pedido de impeachment, quase três vezes mais do que os desvios atribuídos ao clã Maluf em São Paulo, quinze vezes maior do que o total contabilizado pelo Supremo Tribunal Federal para denunciar a "quadrilha dos 40" do mensalão do governo Lula.
Afundada em dívidas, a estatal gaúcha de energia tinha dificuldades para captar os US$ 141 milhões necessários para as subestações que gerariam 500 mil quilowatts para 51 pequenas e médias cidades do Rio Grande. Preocupado com a situação pré-falimentar da empresa, o então governador Pedro Simon (PMDB) tinha exigido austeridade total.
Até que, em março de 1987, inventou-se o cargo de "assistente da diretoria financeira" para acomodar Lindomar, irmão do líder do Governo Simon na Assembléia, o deputado caxiense Germano Rigotto. "Era um pleito político da base do PMDB em Caxias do Sul", confessaria depois o secretário de Minas e Energia, Alcides Saldanha. Mais explícito, um assessor de Saldanha reforçou a paternidade ao : "Houve resistência ao seu nome [Lindomar], mas o irmão [Germano] exigiu".
Com a chegada de Lindomar, as negociações com os dois consórcios das obras, que se arrastavam há meses, foram agilizadas em apenas oito dias. Logo após a assinatura dos contratos, os pagamentos foram antecipados, contrariando as normas estritas baixadas por Simon para evitar curtos-circuitos contábeis na CEEE. Três meses depois, a empresa foi obrigada a um empréstimo de US$ 50 milhões do Banco do Brasil, captado pela agência de Nassau, no paraíso fiscal das Bahamas. Uma apuração da área técnica da CEEE detectou graves problemas: documentos adulterados, folhas numeradas a lápis, licitação sem laudo comprovando a necessidade da obra. A sindicância da estatal propôs a revisão dos contratos, mas nada foi feito. A recomendação chegou ao governo seguinte, o de Alceu Collares (PDT), e à sucessora de Saldanha na pasta das Minas e Energia, uma economista chamada Dilma Rousseff. "Eu nunca tinha visto nada igual", diria ela, chocada com o que leu.
Dilma só não botou o dedo na tomada porque o PDT de Collares precisava dos votos do PMDB de Rigotto para ter maioria na Assembléia. Para evitar o risco de queimaduras, Dilma, às vésperas de deixar a secretaria, em dezembro de 1994, teve o cuidado de mandar aquela papelada de alta voltagem para a Contadoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE), que começou a rastrear a CEEE com auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público. Dependendo do câmbio, o tamanho da fraude constatada era sempre eletrizante: US$ 65 milhões, segundo o CAGE, ou R$ 78,9 milhões, de acordo com o Ministério Público.
A denúncia energizou a criação de uma CPI na Assembléia, proposta pelo deputado Vieira da Cunha, líder da bancada do PDT em 2008 na Câmara Federal. Vinte e cinco auditores quebraram sigilos bancários e fiscais. Lindomar Rigotto foi apontado em 13 depoimentos como figura central do esquema, acusação reforçada pelo chefe dele na CEEE, o diretor-financeiro Silvino Marcon. A CPI constatou que os vencedores da licitação, gerenciados por Rigotto, apresentavam propostas "em combinação e, talvez, até ao mesmo tempo e pelas mesmas pessoas". O relatório final lembrava: "É forçoso concluir pela existência de conluio entre as empresas interessadas que, se organizando através de consórcios, acertaram a divisão das obras entre si, fraudando dessa forma a licitação". O  foi mais didático: "Apurados os vencedores, constatou-se que o consórcio Sulino venceu todas as subestações do grupo B2 e nenhuma do B1. Em compensação, o Conesul venceu todas as obras do B1 e nenhuma do B1. A di ferença entre as propostas dos dois consórcios é de apenas 1,4%".
O aval de Dulce
A quebra do sigilo bancário de Lindomar revelou um crédito em sua conta de R$ 1,17 milhão, de fonte não esclarecida. O relatório final da CPI caiu na mão de um parlamentar do PT, o também caxiense Pepe Vargas, primo de Lindomar e Germano Vargas Rigotto. Apesar do parentesco, o primo Pepe, hoje deputado federal, foi inclemente na sua acusação final: "De tudo o que se apurou, tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto". Além dele, a CPI indiciou outras 12 pessoas e 11 empresas, botando no mesmo balaio nomes vistosos como Camargo Corrêa, Alstom, Brown Boveri, Coemsa, Sultepa e Lorenzetti. No final de 1996, a Assembléia remeteu as 260 caixas de papelão da CPI ao Ministério Público, de onde nasceu o processo n° 011960058232 da 2ª Vara Cível da Fazenda Pública em Porto Alegre. Os autos somam 30 volumes e 80 anexos e mofam ainda na primeira instância do Judiciário, protegidos por um inacreditável "segredo de justiça". Em fevereiro próximo, o Rio Grande do Sul poderá comemorar os 15 anos de completo sigilo sobre a maior fraude de sua história.
Esta incrível saga de resistência e agonia do  e de Bones provocada pela família Rigotto foi contada, em primeira mão, neste Observatório, em 24 de novembro de 2009 ("O jornal que ousou contar a verdade"). No dia seguinte, uma quarta-feira, Rigotto telefonou de Porto Alegre para reclamar ao autor que assina aquele e este texto.
- Isso ficou muito ruim pra mim, Luiz Cláudio, pois o Observatório é um formador de opinião, muito lido e respeitado. Ficou parecendo que eu estou querendo fechar um jornal. Eu não tenho nada a ver com isso. O processo é coisa da minha mãe. Foi a minha irmã, Dulce, que me disse que a reportagem era muito pesada, irresponsável. Eu nem conheço este jornal, este jornalista...
- Rigotto, a dona Julieta não é candidata a nada. O candidato és tu. A reportagem do  tem implicações políticas que batem em ti, não na tua mãe. E acho muito estranho que, passados oito anos, tu ainda não tiveste a curiosidade de ler a reportagem que tanta aflição provoca na dona Julieta. Se tu estás te baseando na avaliação da Dulce, devo te alertar que ela não entende xongas de jornalismo, Rigotto! Esta matéria do Bones é precisa, calcada em fatos, relatórios, documentos e conclusões da CPI e do Ministério Público que incriminam o teu irmão. Não tem opinião, só informação. O teu processo...
- Não é meu, não é meu... É da minha mãe...
- Isso é o que diz também o Sarney, Rigotto, quando perguntam a ele sobre a censura que cala O Estado de S.Paulo. "Isso é coisa do meu filho, o Fernando"...
- Eu fico muito ofendido com esta comparação! Eu não sou o Sarney, não sou!...
- Lamento, mas estás usando a mesma desculpa do Sarney, Rigotto.
- Luiz Cláudio, como resolver isso tudo com o Bones? A gente pode parcelar a dívida e aí...
- Rigotto, tu não estás entendendo nada. O Bones não quer parcelar, não quer pagar um único centavo. Isso seria uma confissão de culpa, e ele não fez nada errado. Pelo contrário. Produziu uma reportagem impecável, que ganhou os maiores prêmios. Eu assinaria essa matéria, com o maior orgulho. Sai dessa, Rigotto!
Coincidência ou não, um dia depois do telefonema, na quinta-feira, 26, Rigotto convocou uma inesperada coletiva de imprensa em Porto Alegre para anunciar sua retirada como possível candidato ao Palácio Piratini, deixando o espaço livre para o prefeito José Fogaça.
O modelo de Roosevelt
Naquela mesma quarta-feira, 25 de novembro, a emenda ficou pior que o soneto. O advogado dos Rigotto, Elói José Thomas Filho, botou no papel aquela mesma proposta indecente que ouvi do próprio Germano Rigotto, confirmando por escrito ao editor a idéia de parcelar a indenização devida de R$ 55 mil em 100 (cem) módicas prestações. Diante da altiva recusa de Bones, o advogado pareceu incorporar a doutrina do big stick de Theodore Ted Roosevelt (1901-1909), popularmente conhecida como "lei do tacape" e inspirada pela frase favorita do belicoso presidente estadunidense: "Fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete". O suave advogado Thomas Filho escreveu então para Bones: "... em nova demonstração de boa-fé, formalizamos nossa intenção em compor amigavelmente o litígio acima, bem como a possibilidade [sic] de nos abstermos de ajuizar novas demandas judiciais...".
Certamente para tranquilizar o filho candidato, o advogado reafirmava na carta a Bones que a ação contra o jornal era movida "unicamente" por dona Julieta, que buscava na justiça o ressarcimento pelo "abalo moral" provocado pela reportagem do , que misturava "irresponsavelmente três fatos diversos que envolveram a figura do falecido". Ou seja, dona Julieta Rigotto, que entende de jornalismo tanto quanto os filhos Dulce e Germano, não consegue perceber a obviedade linear de uma pauta irresistível para qualquer repórter inteligente: o objetivo relato jornalístico sobre um homem público - Lindomar - morto num assalto pouco antes de ser julgado pelo homicídio culposo de uma prostituta e pouco depois de ser denunciado no relatório de uma CPI, redigido pelo primo deputado, pela prática comprovada de "corrupção passiva e enriquecimento ilícito" na maior fraude já cometida contra os cofres públicos do Rio Grande do Sul. Mas, na lógica simplória da mãe dos Rigotto, uma coi sa não tem nada a ver com a outra...
Para garantir o tom "amigável" entre as partes, o advogado de dona Julieta propôs a Bones os termos de uma retratação pública, suave como um porrete, enfatizando três pontos:
1 - "Dona Julieta nunca teve a intenção de fechar o jornal";
2 - "a ação não é promovida pela família Rigotto, mas apenas por dona Julieta";
3 - "retirar o jornal de circulação, para estancar a propagação do dano".
Tudo isso, incluindo o ameno confisco de um jornal das bancas em pleno regime democrático, segundo o tortuoso raciocínio do advogado, serviria para "tutelar a honra e a imagem de seu falecido filho". Neste longo, patético episódio, que intercala demonstrações de coragem e altivez com cenas de pura violência, fina hipocrisia ou corrupção explícita, ficou pelo caminho o contraste de atitudes que elevam ou rebaixam. Diante da primeira ação criminal de dona Julieta na Justiça, o promotor Ubaldo Alexandre Licks Flores ensinou, em novembro de 2002:
"[não houve] qualquer intenção de ofensa à honra do falecido Lindomar Rigotto. Por outro lado, é indiscutível que os três temas [a CEEE e as duas mortes] estavam e ainda estão impregnados de interesse público".
O orgulho de Enedina
Apesar da lucidez do promotor, o caso tonitruante da CEEE não ecoa nos ouvidos surdos da imprensa gaúcha, conhecida no país pela acuidade de profissionais talentosos, criativos, corajosos. Nenhum grande jornal do sul  - Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio, O Sul -, nenhum colunista de peso, nenhum editorialista, nenhum blog de prestígio perdeu tempo ou tinta com esse tema, que nem de longe parece um assunto velho, batido ou nostálgico. O que lhe dá notória atualidade não é o ancestral confronto entre a liberdade de expressão e a prepotência envergonhada dos eventuais poderosos de plantão, mas a reaparição de seus principais personagens no turbilhão da corrida eleitoral de 2010.
Germano Rigotto, o líder governista que emplacou o filho de dona Julieta na máquina estatal, é hoje o candidato do maior partido gaúcho ao Senado Federal. A ex-secretária Dilma Rousseff, que ficou estarrecida com o que leu sobre as fraudes de Lindomar Rigotto na CEEE, é apontada pelas pesquisas como a futura presidente do Brasil, numa vitória classificada pelo renomado jornal inglês Financial Times como "retumbante". Tarso Genro, o ex-comandante supremo da Polícia Federal, que executou as maiores operações contra corruptos da máquina pública, lidera a corrida ao governo gaúcho e, certamente, tem os instrumentos para saber hoje o que Dilma sabe desde 1990. O primo Pepe Vargas, que mostrou isenção e coragem no relatório da CPI sobre a maior fraude da história do Rio Grande, é candidato à reeleição, assim como o deputado federal que inventou a CPI, Vieira da Cunha.
É a lógica perversa do interesse eleitoral que explica o desinteresse até dos principais adversários de Rigotto na disputa pelo Senado. O candidato do PMDB está emparedado entre a líder na pesquisa da Datafolha, a jornalista Ana Amélia Lemos (PP) – que subiu de 33% em julho para 44% na semana passada – e o candidato à reeleição pelo PT, senador Paulo Paim – que cresceu de 35% no início do mês para 38% agora. Rigotto caiu de 43% para 42% no espaço de três semanas. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, Ana Amélia bate Rigotto por 47% a 39%. Seus oponentes desprezam o potencial explosivo do "Caso CEEE" porque todos sonham em ganhar o segundo voto dos outros candidatos, o que justifica a calculada misericórdia e o piedoso silêncio que modera a estratégia de adversários historicamente tão diferentes e hostis como são, no Rio Grande do Sul, o PT, o PMDB e o PP.
O que é recato na política se transforma em omissão nas entidades que, ao longo do tempo, marcaram suas vidas na luta pela democracia e pela liberdade de expressão e no repúdio veemente à ditadura e à censura. Siglas notáveis como OAB, ABI, SIP, Fenaj e Abraji brilham pelo silêncio, pela omissão, pelo desinteresse ou pelo trato burocrático do caso  vs. Rigotto, que resume uma questão crucial na vida de todas elas e de todos nós: a livre opinião e o combate à prepotência dos grandes sobre os pequenos, apanágio de toda democracia que se respeita.
A OAB e seus advogados, no Rio Grande ou no Brasil, que impulsionaram a queda de um presidente envolvido em denúncias de corrupção, não se sensibilizam pela sorte de um pequeno jornal e seu bravo editor, punidos por seu desassombrado jornalismo e mortalmente asfixiados pelo cerco econômico surpreendentemente avalizado pela Justiça, que deveria proteger os fracos contra os fortes – e não o contrário.
A inerte Associação Brasileira de Imprensa jamais se pronunciou sobre as agruras de Bones e seu jornal. Só em setembro de 2009, um mês após a denúncia sobre o bloqueio judicial das receitas do , é que a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas do RS trataram de fazer alguma coisa: uma nota gelada, descartável, manifestando solidariedade à vítima e lamentando a decisão "equivocada" da Justiça. A Associação Riograndense de Imprensa, que em 2001 conferiu à reportagem contestada do  o seu maior prêmio jornalístico, só quebrou o seu constrangedor silêncio ao ser cobrada publicamente por este Observatório, em novembro passado. Todos os membros da brava Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo têm a obrigação de conhecer a biografia de Elmar Bones, que nos anos de chumbo pilotou o CooJornal, um mensário da extinta Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (1976-1983) que virou referência da imprensa nanica que resistia à ditadura.
Bones chegou a ser preso, em 1980, pela publicação de um relatório secreto em que o Exército fazia uma autocrítica sobre as bobagens cometidas na repressão à guerrilha do Araguaia. Algo mais perigoso, na época, do que falar na roubalheira operada pelo filho de dona Julieta na CEEE... No site da Abraji, a entidade emite sua opinião em quatro notas, nos últimos dois anos. Critica o sigilo eterno de documentos públicos, defende o seguro de vida para repórteres em zona de risco, repudia um tapa na cara que uma repórter de TV do Centro-Oeste levou de um vereador e, enfim, faz uma vigorosa, firme, veemente manifestação a favor da liberdade de expressão... no México. Ao pobre  e seu editor, lá no sul do Brasil, nenhuma linha, nada.
A poderosa Sociedade Interamericana de Imprensa, que reúne os maiores veículos das três Américas, patrocina uma influente Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, hoje sob a presidência de um jornal do Texas, o San Antonio Express News. Entre os 26 vice-presidentes regionais, existem dois brasileiros: Sidnei Basile, do Grupo Abril, e Maria Judith de Brito, da Folha de S.Paulo. Envolvidos com os graves problemas da Paulicéia, eles provavelmente não podem atentar para o drama vivido por um pequeno jornal de Porto Alegre. Mas, existem outros 17 membros na Comissão de Liberdade da SIP, e dois deles bem próximos do drama de Bones: os gaúchos Mário Gusmão e Gustavo Ick, do jornal NH, de Novo Hamburgo, cidade a 40 km da capital gaúcha. Nem essa proximidade livra as aflições do  e seu editor do completo desdém da SIP.
Este monumental cone de silêncio e omissão, que atravessa fronteiras e biografias, continua desafiando a sensibilidade e a competência de jornais e jornalistas, que deveriam se perguntar o que existe por trás do amaldiçoado caso da CEEE, que afugenta em vez de atrair a imprensa. A maior fraude da história do Rio Grande, mais do que uma bomba, é uma pauta em aberto, origem talvez da irritação dos Rigotto contra o editor e o jornal que ousaram jogar luz nessa história mal contada. Os volumes empoeirados deste megaescândalo continuam intocados nas estantes da Justiça em Porto Alegre, protegido por um sigilo inexplicável que só pode ser útil a quem mente e a quem rouba, não a quem luta pela verdade e a quem é ético na política, como fazem os bons repórteres e como devem ser os bons políticos.
O bom jornalismo não é aquele que produz boas respostas, mas aquele que faz as boas perguntas – e as perguntas são ainda melhores quando incomodam, quando importunam, quando constrangem, quando afligem os consolados e quando consolam os aflitos.
A emoção é a última fronteira de quem perde os limites da razão. Elmar Bones tinha ganhado todas as instâncias do processo criminal, quando um juiz do Tribunal de Justiça, na falta de melhores argumentos, preferiu se assentar nos autos impalpáveis do sentimento para decidir em favor da mãe de Germano Rigotto:
"Não há como afastar a responsabilidade da ré pelas matérias veiculadas, que atingiram negativamente a memória do falecido, o que certamente causou tristeza, angústia e sofrimento à mãe do mesmo (...)".
Dona Julieta Rigotto, viva e forte aos 89 anos, ainda sofre com a honra e a imagem maculadas de seu falecido filho, Lindomar.
Dona Enedina Bones da Costa tinha 79 anos quando morreu, em 2001, poupada assim da tristeza, angústia e sofrimento que sentiria ao ver o drama vivido agora por seu filho, Elmar. Mas ela teria, com certeza, um enorme, um insuperável orgulho pelo filho honrado e corajoso que trouxe ao mundo e ao jornalismo.

Otimismo atinge mais alto nível desde 2001

O otimismo do brasileiro atingiu em agosto o maior nível desde 2001, informou ontem a Confederação Nacional da Indústria ao divulgar o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor. 
A entidade diz que o resultado foi puxado pelas expectativas de queda do desemprego e da inflação. 
Pelo 4º mês consecutivo, cresceu a confiança dos consumidores em que os preços, especialmente dos alimentos, vão ficar mais baratos ou, na pior hipótese, subir em ritmo menor.  
    A CNI entrevistou 2.002 pessoas entre os dias 18 e 21 de agosto.

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Serra - Candidatura rabo de cavalo

A candidatura Serra cresce...
Cresce como rabo de cavalo...
Prá baixo.
Vejam os números:
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Datafolha confirma vantagem da Dilma




A pesquisa Datafolha divulgada ontem revela a estabilidade do cenário eleitoral na disputa pela Presidência da República. É a primeira pesquisa, desde o início do horário eleitoral gratuito, em que a variação na diferença entre Dilma e José Serra (PSDB) fica dentro da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais.

No levantamento anterior, 20 pontos separavam a petista do tucano. Agora, são 22.
Do empate técnico, que perdurou de maio a julho, Dilma cresceu cinco pontos no início de agosto, após sua participação no “Jornal Nacional” da TV Globo.
Com a propaganda eleitoral, a petista subiu mais oito pontos ao longo do último mês. Agora, oscila positivamente apenas um ponto. Serra caiu oito pontos em agosto, e agora tem oscilação negativa de um ponto.
O quadro pode refletir a cristalização da preferência dos eleitores. O processo de formação do voto -que se sedimenta sobre o grau de conhecimento dos candidatos e os atributos de imagem que o compõem- já apresenta importantes definições.
Por meio de comunicação eficiente, de capilaridade expressiva, a maioria do eleitorado sabe que Dilma é candidata de Lula e sobre ela deposita a expectativa de continuidade aliada à capacidade técnica para exercer o cargo.
Ela já é mais candidata à Presidência do que candidata do presidente. Prova dessa aparente cristalização do voto encontra-se na evolução do conjunto de eleitores que se dizem totalmente decididos sobre seu candidato.
Em dez dias, esse segmento cresceu quatro pontos e alcança 81%. Hoje, 18% dos entrevistados dizem que ainda podem mudar de candidato. Eram 27% em julho.
Como exercício de projeção, pode-se calcular como ficaria a intenção de voto caso esse estrato dos que cogitam trocar de candidato realmente decidisse fazê-lo.
Dilma ficaria com 46%, Serra com 27% e Marina com 10%. Ainda assim, a petista teria 54% dos votos válidos.
Em condições normais, sem fatos que abalem a concentração do voto de um ou outro candidato, espera-se a manutenção da tendência.

MAURO PAULINO, DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA E ALESSANDRO JANONI, DIRETOR DE PESQUISAS 


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Dilma tem 50% e Serra 28%, diz Datafolha

Apesar da estabilidade na pesquisa, número de eleitores que acham que petista vai ganhar sobe de 63% para 69%
Quadro fica estável pela 1ª vez desde início do horário na TV; Marina tem 10%; em eventual 2º turno, Dilma venceria
Pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem em todo o país mostra estabilidade no quadro eleitoral: Dilma oscilou de 49% para 50% em uma semana, e José Serra, que estava com 29%, tem 28%. Marina Silva (PV) está com 10%, contra 9% da semana anterior.
É a primeira vez desde o início do horário eleitoral que não há grandes mudanças no quadro da disputa presidencial. As pequenas oscilações foram todas dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais.
Os que pretendem votar em branco, nulo ou nenhum são 4%. E 7% estão indecisos. Candidatos de partidos pequenos não chegam a 1%.
Em capitais e regiões metropolitanas ocorre o melhor desempenho de Marina Silva. Ela chega a 14%, contra 27% de Serra e 47% de Dilma.
Se a eleição fosse hoje, pelo Datafolha, a candidata do PT venceria no primeiro turno. Teria mais de 50% dos votos válidos -os dados apenas aos candidatos, descontados os brancos e os nulos.
Nessa conta de votos válidos, Dilma tem 56%. Serra tem 32%. Marina vai a 11%. Os percentuais são semelhantes aos da semana passada: 55%, 33% e 10%.
Num eventual segundo turno, a petista também venceria o tucano por 56% a 36% dos votos. Haveria 5% votando em branco, nulo ou nenhum e 4% ainda indecisos.
Na pesquisa espontânea, quando os entrevistados falam em quem desejam votar sem ver uma lista de nomes, Dilma marcou 38% contra 35% na semana passada, indicando que sua tendência de alta continua.
Serra oscilou apenas dentro da margem de erro na sondagem espontânea, indo de 18% para 19%. Marina saiu de 5% e foi a 6%.
Há outros dois indicadores relevantes que foram positivos para Dilma: a taxa de rejeição dos candidatos e a percepção de vitória por parte do eleitorado. A petista é rejeitada por 21% dos eleitores. Tinha 19% na semana passada.
Já Serra, era rejeitado por 24% em julho. Foi a 28% no começo de agosto. Agora, 31% dizem que não votariam no tucano de jeito nenhum.
Marina Silva é rejeitada por 17% -tinha 16% na semana passada.
Quando o Datafolha pergunta quem o eleitor acredita que vai vencer a eleição presidencial de 3 de outubro, Dilma continua sendo a escolhida pela maioria. Hoje, 69% dizem que a petista vai ganhar. Na semana passada, o percentual era de 63%.
Só 15% acham que Serra será o vencedor -pouco mais da metade dos que declaram voto no tucano. No caso de Marina Silva, 1% acredita na sua vitória.


FERNANDO RODRIGUES – FOLHA SP

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Ibop - Governo paulista

O Ibop - instituto briguilino de opinião pessoal - realizou a 1ª pesquisa para eleição do governo de São Paulo. 
O levantamento foi realizado nos dias 01/02 e 03 deste mês.
Não existe margem de erro - apenas na boca-de-urna o Ibop divulga -.
Os números são: 
Alckmin       50%
Mercadante 30%
Russomanno  8,5%
Paulo Skaf     3,5%
Feldman         1,5%
Paulo Bufalo   1%
Mancha          1%
Anaí Caproni  0,5%
Indecisos        4%
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A Solidariedade Toca Aqui...

Portal GloboRadio e Planeta Voluntários iniciam parceria virtual
 O Portal GloboRadio criou uma rádio exclusiva para o site planeta voluntários com músicas de artistas engajados ou com mensagens por um mundo melhor. Na lista estão U2, Gilberto Gil, Michael Jackson entre outros artistas. O objetivo é criar uma trilha sonora temática para quem navega no site entrar no clima das causas sociais. O banner do Portal também vai ter um destaque especial no planeta voluntários e vice-versa.
 O Portal GloboRádio reúne as rádios tradicionais Beat98, CBN, BHfm e Rádio Globo, além de outras 40 emissoras temáticas e as online Multishow FM, Globo FM, Rádio GNT e Rádio Zona de Impacto. Assim, os internautas acessam notícias, especiais musicais , promoções e interagem com as emissoras pelas redes sociais.
 O Planeta Voluntários é um site não governamental, apartidário e ecumênico, criada em maio de 2009 por iniciativa do empresário Marcio Demari, da empresa Demari & Ferreira, sediada em Londrina, Paraná, no Brasil, com a visão de desenvolver a cultura do trabalho voluntário organizado, que levará o serviço voluntariado a auxiliar milhões de brasileiros e entidades que necessitam de todo tipo de ajuda;a missão é a de conectar pessoas, que, através da transformação pessoal e social, destinam-se a construir uma solução justa, pacífica e sustentável para o mundo, refletindo a unidade de toda a humanidade. O site conta com uma Rede Social que cruza as informações dos voluntários com as instituições cadastradas, sendo um elo entre elas.

PLANETA VOLUNTÁRIOS
Porque ajudar faz bem !
A maior Rede Social de Voluntários e ONGs do Brasil

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Como a oposição viverá o 4 de outubro


por Marcos Coimbra, na Carta Capital
Como o 3 de outubro torna-se mais e mais previsível, é hora de começar a especular sobre como será o dia 4. Ele chega logo e é bom estar preparado para entendê-lo.
É fácil imaginar a alegria de Dilma Rousseff, Lula, o PT, seus aliados e o governo. Não custa sublinhar o caráter histórico da vitória que deverão comemorar.
E as oposições? Como viverão esse dia?
A primeira coisa a dizer é que sua provável derrota pode ser tudo, menos surpreendente. Se houve algo inesperado nestas eleições presidenciais foi seu empenho em colocar a cabeça no cadafalso. Nem se tivessem fixado a meta de fazer tudo errado teriam ido tão longe.
Parte da responsabilidade pelos seus erros pode ser debitada às pesquisas de opinião. Não a elas (coitadinhas), que nada são além de instrumentos. Mas à leitura superficial do que diziam.
Tudo o que estamos vivendo e que, parece, será confirmado no dia 3 se definiu entre setembro e outubro de 2009. Foi quando a vantagem de José Serra nas pesquisas levou a duas consequências.
Para o conjunto das oposições, seja no meio político, seja na imprensa e na sociedade, produziu a impressão de que Serra era invencível contra a candidata “artificial” que Lula tinha inventado. Para o próprio Serra, ela limitou drasticamente as opções. Se, do alto daqueles números, decidisse permanecer em São Paulo, seria como abdicar em definitivo de qualquer projeto presidencial. Até seus aliados na mídia deixaram claro que não aceitariam que fizesse outra coisa. Se recuasse, nunca mais o apoiariam.
Naqueles meses, quem leu alguns de nossos colunistas mais conhecidos ficou com a impressão de que o problema de Serra era Aécio Neves. Na hora que o mineiro aceitasse a “candidatura natural” e cerrasse fileiras, assumindo o lugar de vice, não haveria mais obstáculos entre Serra e o Planalto. Lula, o governo, e Dilma não seriam problema: as pesquisas (sempre elas) mostravam que a candidata de Lula “não decolava”.
A vantagem de Serra levou as oposições a outro equívoco grave. Como nenhum nome aparecia com pontuação relevante, elas se convenceram de que não precisavam de outros. Bastava Serra, com seus 45%. Mais candidatos, de outros partidos, seriam apenas um diversionismo. Elas se achavam tão fortes (em razão das pesquisas) que queriam ir logo para o confronto com Lula e Dilma.
Uma leitura estática e limitada das pesquisas conduziu as oposições àquilo que Lula tinha antecipado que fariam: viriam com Serra e apenas com Serra. O plebiscito que tinha imaginado como condição de sucesso para quem o representasse estava pronto. Seria Serra contra sua candidata.
Lula nunca fez a leitura ingênua que seus adversários fizeram das pesquisas. Para ele, era totalmente irrelevante saber de quantos pontos Dilma partia. Só o interessava o cálculo de onde ela poderia chegar. Enquanto o PSDB e alguns jornalistas versados em pesquisas faziam as contas de “quantos pontos Serra tem”, ele olhava para a frente.
Quando, em dezembro de 2009, Aécio resolveu sair da disputa pela vaga tucana, a crônica de 2010 começou a ser escrita. Mês a mês, semana a semana, dia a dia, tudo o que aconteceu de lá para cá pôde ser antecipado.
É pouco provável que o resultado da eleição fosse diferente se Dilma enfrentasse Aécio. Mas é certo que as oposições sairiam da eleição mais bem situadas para o futuro.
Confirmado o resultado esperado, será a morte política de uma geração de lideranças oposicionistas, que terá ido embora sem preparar novos quadros para as eleições de 2014 (e as seguintes).
O melhor que teriam feito era admitir que ninguém derrotaria Lula neste ano, e mirar nas próximas. Era hora de lançar rostos para o futuro: um candidato a presidente que não estivesse, irremediavelmente, preso ao passado e um vice que não fosse motivo de chacota.
Cometendo os erros que cometeram em 2010, as oposições adiaram seus projetos de retorno ao poder por tempo indeterminado. Bom para quem deseja que o PT chegue ao que os tucanos tanto almejaram (e não conseguiram por incompetência): permanecer no poder por 20 anos.
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Tentar cassar Dilma é golpe



O presidente Lula criticou ontem o PSDB por ter entrado com uma representação no TSE para impugnar a candidatura de Dilma à Presidência. Segundo Lula, o candidato do PSDB ao cargo, José Serra, deveria tentar ganhar as eleições com propostas em vez de "tentar convencer" a corte a cassar o registro da adversária.

"Eu acho que o Serra precisa fazer uma coisa, uma eleição a gente ganha ela convencendo os eleitores a votar na gente, não é tentando convencer a Justiça Eleitoral a impugnar a adversária", disse. Para Lula, a atitude de Serra não é compatível com a democracia e sim com o período de ditadura militar.

"Isso já aconteceu em outros tempos, de ditadura militar. Em tempos de democracia, o seu Serra que vá para a rua, que melhore a qualidade do seu programa, que faça propostas de coisas que ele quer fazer por esse pais, que apresente soluções para o crescimento industrial."

Quinta-feira o corregedor-geral do TSE, Aldir Passarinho Junior, arquivou pedido do PSDB para cancelar o registro de Dilma. A oposição alegava que o vazamento de dados da Receita Federal tinha o objetivo de prejudicar a candidatura de Serra. O PSDB também culpa a campanha da petista pelas quebras de sigilo.

O presidente confirmou a informação de que o candidato tucano à sucessão presidencial havia avisado a ele sobre a divulgação em blogs de dados sigilosos de Verônica Serra. "Ele se queixou de que estava acontecendo na internet, como eu sou vítima disso há muito tempo, eu sempre achei que a internet livre tem coisas serias e tem coisas que é leviana."

O presidente disse  ainda que tem assuntos "mais sérios" para tratar do que "censurar" blogs que divulgam notícias sobre a filha de Serra."Primeiro, eu acho que nosso adversário devia procurar um outro argumento. Não é possível que um homem que se diz tão preparado para governar o país queira que o presidente Lula censure a internet", disse.

Segundo o presidente, Serra deve estar com "dor de cabeça" com a previsão de que o Produto Interno Bruto do país vai crescer 7,3% em 2010. "Hoje ele deve estar com dor de cabeça porque o PIB, parece que pelo IBGE, vai crescer acima daquilo que os mais pessimistas previam, vai crescer 7%", disse. "Olha, o Brasil vive um momento de ouro e eu não vou permitir que nenhuma coisa menor, nenhuma futrica menor, porque não tem nenhuma coisa acusação grave contra o Serra, tem as coisas da internet que tem contra todo mundo", afirmou.