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Beijinho, beijinho, por Luís Fernando Veríssimo

Na festa dos 36 anos da Paulinha, o seu marido, Yago fez um dircurdo memorável, foi muito aplaudido. Declarou que não trocava a Paulinha por duas de 18, sabiam por que? Porque Paulinha era as duas de 18. Tinha avitalidade, o frescor e o fervor sexual somado de duas adolescentes. No caminho de casa, depois da festa, o Mazinho comentou:
- Muito bonito o discurso do Yago.
- Não dou três meses para que se separem - disse a Nadir.
- O que, tem o que falar não?
- Marido, quando começa a elogiar muito a esposa...
Nadir deixou no ar todas as implicações da dubiedade masculina.
- Mas aparentemente eles estão cada vez mais apaixonados - pontou Mazinho.
- Perfeitamente, apaixonados demais. Lembra o que eu disse quando a Gerlene e Paulão começaram a andar de mãos dadas?
- É mesmo, lembro.
- Vinte e cinco anos de casados e de repente, não mais que de repente começam a andar de mãos dadas como namorados? Ali tinha coisa.
- Verdade.
- E não deu outra. Divórcio e litigioso.
- Você tem razão.
- E o Geraldo com a coitada da Maria? De um dia para outro? Beijinho, beijinho, "mulher formidável, maravilhosa" e descobriram que ele estava de caso com a gerente da loja dele.
- Então, você acha que o Yago tem outra?
- Ou outras, quem sabe?
Nem duas de 18, estavam fora de cogitação.
‒ Acho que você tem razão, Nadir. Nenhum homem faz uma declaração daquelas assim, sem outros motivos.
‒ Eu sei que tenho razão.
‒ Você tem sempre razão, Nadir.
‒ Sempre, não sei.
‒ Sempre. Você é inteligente, sensata, perspicaz e invariavelmente acerta na mosca. Você é uma mulher excepicional, Nadir. Durante algum tempo, só se ouviu, dentro do carro, o chiado dos pneus no asfalto. Aí Nadir perguntou:
‒ Quem é ela, Mazinho?"

Luís Fernando Veríssimo

Crônica dominical

O furto da flor, por Carlos Drummond de Andrade

Furtei uma flor daquele lindo jardim. O porteiro do condomínio dava um cochilo, não percebeu e roubei a flor. Trouxe pra casa e coloquei-a num copo de vidro (copo de geléia) com água. No mesmo instante percebi que ela não estava feliz. O copo é usado para beber, e flor não é para ser bebida. Passei-a para um belo vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico das flores. Eu a furtara, eu a via morrer.

Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

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Gênio total

A DÍVIDA DA PROSTITUTA

Numa pequena cidade, chovia torrencialmente há vários dias e a cidade parecia deserta. Fazia tempo que a crise vinha fustigando a cidade, todos tinham dívidas e viviam à base de créditos.
Por sorte chegou um milionário cheio de dinheiro. Entrou no único hotel da cidade e pede um quarto. Pôs uma nota de 100 €uros no balcão da rececionista e foi ver se o quarto lhe agradava.
De seguida o dono do hotel pega na nota e sai a correr para pagar as suas dívidas ao ”talhante”, fornecedor do hotel.
Este pega na nota e sai a correr para pagar a sua dívida ao “criador de gado”.
A seguir este sai a correr para pagar o que deve ao “moleiro, produtor de alimentos para os animais”.
O dono do moinho pega na nota e vai a correr para liquidar a sua dívida à “Maria, prostituta de rua”, porque fazia tempo que não lhe pagava (em tempos de crise até ela oferecia os seus serviços a crédito).
A prostituta com a nota na mão vai a correr para o hotel, onde havia levado os seus clientes nas últimas vezes, e como não tinha pago, entrega a nota “ao dono do hotel” para liquidar a sua dívida.
Nesse momento desce o milionário que acabara de observar o quarto, e diz que não lhe agrada. Pega na nota de novo e vai embora. Ninguém ganhou um cêntimo, mas agora toda a cidade vive sem dívidas e olha para o futuro com confiança!
MORAL DA HISTÓRIA: SE O DINHEIRO CIRCULAR NA ECONOMIA LOCAL, ACABA-SE A CRISE.
Consumamos mais nos pequenos comércios e mercados.
- Deixa-te de banalidades!
- Consome o que os teus amigos e o teu país produz!
- Se o teu amigo tem uma microempresa, compra-lhe!
- Se o teu amigo vende roupa, compra-lhe!
- Se o teu amigo vende sapatos, compra-lhe!
- Se o teu amigo vende pão e afins, compra-lhe!
- Se a tua amiga faz unhas, vai e leva a tua mãe!
- Se o teu amigo é escritor, compra-lhe um livro!
- Se o meu amigo fosse dono de um restaurante... ¿Que crês? Eu comeria lá!
- Se um amigo meu tivesse um bar * lá estaria!
- Se um amigo meu tivesse uma loja, iria lá comprar!
Na próxima vez que entres numa grande pastelaria, recorda-te do teu amigo, irmã, prima, tio que vende empadas, pasteis, bolos e que são deliciosos.
Ao final do dia, a maior parte do dinheiro é apanhado pelas grandes empresas comerciais. Que pensas tu? Mas quando compras a um empreendedor, a uma pequena e média empresa e aos teus amigos, ajudas todos eles, e todos ganham e apoias a nossa economia.
Apoiemos o empreendimento…
Apoiemos o consumo local...
Apoiemos a produção nacional...
Desconheço a autoria da crônica, quem souber diga e dou os créditos mais que merecido.

Crônica da tarde

Quando eu tinha a tua idade

Ai, meu Pai do céu, não nos deixe cair na tentação de dizer ao nosso filho ou à nossa filha qualquer coisa que comece com “Quando eu tinha a tua idade...”. Dificilmente haverá, nas sempre difíceis relações entre pais e filhos, frase mais perigosa. Para começar, ela alarga a brecha entre as gerações, este fosso que separa adultos de crianças ou adolescentes, e cuja largura, nesta era de rápidas transformações, se mede em anos-luz. No entanto, os pais a usam, é uma coisa automática. Olhamos o quarto desarrumado e observamos: “Quando eu tinha a tua idade, fazia a cama sozinho”. Examinamos a redação feita para a escola e sacudimos a cabeça: “Quando eu tinha a tua idade, não cometia esses erros de ortografia. E a minha letra era muito melhor”.
Sim, a nossa letra era melhor. Sim, íamos sozinhos até o centro da cidade. Sim, aos dez anos já trabalhávamos e sustentávamos toda a família. Sim, éramos mais cultos, mais politizados, mais atentos. Conhecíamos toda a obra de Balzac, entoávamos todas as sinfonias de Beethoven. Éramos o máximo. Mas éramos mesmo? Se entrássemos na máquina do tempo e recuássemos algumas décadas, será que teríamos a mesma impressão? Sim, íamos até o centro da cidade, mas a cidade era menor, mais fácil de ser percorrida. Sim, trabalhávamos – mas havia outra alternativa?
Cada geração recorre às habilidades de que necessita. Sabíamos usar um martelo ou consertar um abajur, mas eles dedilham um computador com a destreza de um virtuose. Nós jogávamos futebol na várzea, mas agora que a febre imobiliária acabou com os terrenos baldios, os garotos fazem prodígios com o skate nuns poucos metros quadrados.
Bem, mas então não podemos falar aos nossos filhos sobre a nossa infância? Longe disso. Há uma coisa que podemos compartilhar com eles; os sonhos que tivemos, e que, na maioria irrealizados (ai, as limitações da condição humana), jazem intactos, num cantinho da nossa alma. São estes sonhos que devemos mobilizar como testemunhas de nosso diálogo com os jovens.
Fale a uma criança sobre aquilo que você esperava ser; fale de suas fantasias:

- Quando eu tinha a tua idade meu filho querido, eu era uma criança como tu. E era muito bom. Eu era alegre, era feliz exatamente como tu é hoje.

Coleção melhores crônicas: Mocyr Scliar. Luis Augusto Fischer. Global Editora (Adptado).
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Aventuras de Fernando Horta

Na juventude tive uma amiga que dizia fazer sexo 5 vezes ao dia. A turma fazia hora dessa mentira dela. Passado um tempo namoramos por mais ou menos um mês. Perdi uns 13 quilos, quase não conseguia se manter em pé. Meus amigos viram minha situação e me resgataram da casa dela. Por sorte escapei, mas com uma banda morta rsss.

Outra vez, eu ainda solteiro, meus amigos resolveram de dar um "presente" e me arranjaram um "date" com uma fitness. Foram os sessenta (60) minutos mais desesperadores e doloridos da minha vida. Por duas semanas tive dores nos ilíacos somente suportáveis com  analgésicos e anti-inflamatórios. 

Agora leio na linha do tempo de uma pessoa que é normal fazer sexo sete (7) vezes ao dia. Isso não é nem civilizado. Isso é coisa de bárbaros da libertinagem, selvagens da devassidão... essa gente (?) não é de Deus...
Fernando Horta - @FernandoHortaOf 
 
Lula Presidente! Para fazer + e melhor

Nada mais volúvel que coração de Mãe

Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido, aquele que ela mais amava.
E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu:
"Nada é mais volúvel que um coração de mãe.
E, como mãe, lhe respondo: o filho predileto,
aquele a quem me dedico de corpo e alma...
É o meu filho doente, até que sare.
O que partiu, até que volte.
O que está cansado, até que descanse.
O que está com fome, até que se alimente.
O que está com sede, até que beba.
que está estudando, até que aprenda.
O que está nu, até que se vista.
O que não trabalha, até que se empregue.
O que namora, até que se case.
O que casa, até que conviva.
O que é pai, até que os crie.
O que prometeu, até que se cumpra.
O que deve, até que pague.
O que chora, até que cale.
E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou:
O que já me deixou...até que o reencontre..."
Erma Bombeck
Imagem: Margarita Sikorskaia ART

Empatia, por Orlando Souza

EMPATIA – Uma crônica

O maior desafio da atividade humana é o conhecimento.
E o conhecimento da humanidade pela atividade humana é o desafio dos desafios.

Nisto consiste o sentir a dor do outro.

Porque cada um de nós é único na forma do sentir.
Somos, por exclusividade, sozinhos nas nossas dores.

Em que pese os esforços da filosofia, da psicanálise e das religiões.

A ciência sempre buscou o contato com a diferença, porém o máximo a que chegou foi descobrir que a gente é capaz de se importar.

Nunca foi fácil, todavia. 

E com a disseminação do ódio institucionalizado, tem ficado ainda mais difícil conhecer o outro, conhecer o seu mundo.
O importar-se com ele, com sua dor.  
Romantizar a morte de 650 mil pessoas é trágico e é sórdido.

Um horror!

Romantizar é naturalizar o que não é natural. É achar normal a violência, é não se importar nem se sensibilizar com os sepultamentos em valas comuns, normalizar a negação da ciência e os crimes cometidos contra a vida pela autoridade mor da República. 

Nós não podemos banalizar a estupidez. 
A barbárie não pode nos embrutecer! 

Entretanto, o fato de a gente não se deixar embrutecer não implica sair por aí romantizando aquelas histórias melosas onde os personagens morrem de amor.

A gente também romantiza a história dos pais analfabetos que conseguiram alfabetizar os filhos, ser esteio e chão da família mesmo tendo seus mais elementares direitos espoliados ao longo de uma vida. 

Dor alguma pode ser romantizada. Romantizar é disfarçar a indiferença, sobretudo em relação à miséria e os miseráveis. 

Portanto, parem de romantizar a pobreza! 

Ser desempregado dói. Sentir fome dói. Ser pobre dói. Não ter acesso à educação dói.

Desde quando é bom ser pobre?
Alguém aí sabe?

As pessoas atuam em diferentes sintonias, não há dúvida. 
Não fôssemos tão exacerbados em nosso narcisismo, haveria menos dificuldades nas nossas relações com os outros.
Ainda que nada nos garanta sentir ao outro.

Não é possível acessar a dor de uma pessoa, mas podemos nos inclinarmos à ideia de simpatia e ter EMPATIA pelo seu sentimento.

Temos que exercitar a empatia uns pelos outros porque isso nos torna menos orgulhosos e egoístas.

Quando nos colocamos no lugar do outro fica mais fácil  compreendê-lo. 

Quando nos colocamos no lugar do outro, temos a efetiva oportunidade de amar ao invés de nos armar!

Quando nos colocamos no lugar do outro, desenvolvemos a compaixão, e procuramos fazer algo para amenizar seu sofrimento. 

Quando nos colocamos no lugar do outro, expandimos nossa capacidade de amar e de entender que fazemos parte de uma imensa família. 

A empatia nos torna mais humanos, mais próximos da realidade do outro, de suas dificuldades e de seu caminho. 

O hábito de colocar-se no sentimento de alguém, é um grande recurso de que dispõe o homem novo para suas conquistas espirituais elevadas. 

É chegado o momento das grandes modificações, das grandes revoluções no interior do homem, e a empatia está lá, como excelente agente de transformação moral. 

A máxima revolucionária é agirmos conforme aquilo que desejamos para nós mesmos. 

Sentir pelo outro.
Importar-se com ele... 

(Orlando De Souza)

Crônica dominical, por Robespierre Amarante

Peluzio e o Grupo da CIDAO 
Iguatu - Ceara 
Morava na rua do Bofete (Boa Vista) e já idoso fazia as vezes de vigia do Grupo da Cidao (Grupo Escolar Dr. Thomé da Frota), construído na grande reforma efetuada pela empresa.
O Grupo da Cidao acolhia os filhos dos empregados daquela indústria no ensino do curso primário, e também acolhia alunos moradores da comunidade.
Para ilustrar vou citar os nomes das três primeiras professoras: Maria do Carmo Holanda, Zélia Leite e Ivonete Fernandes.
E agora em diante me ater ao cidadão que dá título ao texto.
Peluzio cuidava da segurança e bom estado do Grupo, talvez mais que cuidasse da sala de visitas de sua casa.
Assim igual ao sujeito que cuida mais do automóvel do que da própria mulher.
O prédio do Grupo era todo avarandado em arcos e com muretas forradas com pedras de granito entre os arcos.
Lembro bem que Peluzio molhava todas as pedras em granito no intuito de que ninguém as usasse como assento após o encerramento do expediente escolar.
Implicava com a meninada que fazia do Grupo uma espécie de Shangri-Lá da diversão, exemplo: jogar bola em seus amplos corredores.
Menino, eu não tinha como entabular conversa com Peluzio na sua autoridade de vigia e idoso.
O que ouvia falar entre os adultos, é que muitos anos antes, anos trinta, Peluzio sentara praça na polícia de São Paulo, só não sei se participou da Revolução Constitucionalista de 1932.
Peluzio além de vigiar o Grupo Thomé da Frota, cuidava de um amplo terreno de propriedade da CIDAO defronte a Vila Nova na rua Trajano de Medeiros.
Desse terreno fez a sua roça, a intocável Roça do Peluzio.
Robespierre Amarante

Crônica do dia, por Robespierre Amarante

PEDRO DOIDO (Iguatu-CE)

Chapeado era sua profissão, contemporâneo de Mela-Mela mas sobreviveu a "Melinha Não Pode" ainda por algum tempo.
Sempre após um dia de trabalho pesado, Pedro Doido bebericava a caminho de sua casa,, que tenho duvidas do real endereço, parecia ser imediações do Prado ou Alto da Bonita.
Cada talagada de cachaça tinha efeito de Kryptonita em Pedro, aos poucos o chapeado deixava de ser Clark Kent para incorporar o Super-Homem, e gritava no meio da rua para todos mundo ouvir:
---- Eu não abro nem pro trem! 
No seu dialeto trôpego era o que ouvíamos com maior nitidez.
Ao passar ao lado de minha casa na Vila da Cidao, aquele homenzarrão moreno de cabelos já esbranquiçados, me causava temor
E foram inúmeras vezes entre o fim de tarde e o anoitecer, no seu discurso solitário que pouco entendíamos, até ele repetir o seu mantra:
---- Eu não abro nem pro trem!
Certa manhã, espalhou-se o rumor de que o trem qui vinha do Crato atropelara Pedro Doido, num horário em  que talvez ele estivesse sóbrio, não sei.
Uns diziam:
---- O corpo de Pedro Doido esta na pedra da Estação!
Eu, menino curioso, fui até lá, ver para crer,  e ao mesmo tempo não querer acreditar que o trem vencera a quem tanto o desafiara.
Cena terrível!
O homenzarrão Pedro, jazia na pedra da Estação em forma de um amontoado de carnes dilaceradas e ossos expostos.
Nas minhas retinas um quadro tão impressionante que mesmo após tanto anos, consigo descrever.
E ainda ecoa nos meus ouvidos as palavras de um Quixote parrudo anunciando aos moinhos de ventos imaginários:
---- Eu não abro nem pro trem!
Robespierre Amarante

Jogo do bicho, por Robespierre Amarante

ZÉ PIRATA
O jogo do bicho é uma indústria de fazer dinheiro, dá emprego a milhares de brasileiros que do contrário estariam à  míngua, pires nas mãos à espera das benesses dos governos populistas.
Se os bicheiros da antiga se engalfinhavam para manutenção dos pontos, os políticos também se engalfinhavam em busca de mandatos imorais e verbas, idem.
Criado pelo Barão de Drummond tem origem nobiliárquica, diferentemente de inúmeros cafajestes portadores de mandatos eletivos e protegidos por um cretino foro privilegiado.
Um poule do jogo do bicho vale mais que um cheque bancário, os famosos cheques borrachas que batem ou batiam na respectiva conta-corrente e voltavam para o depositante.
O depositante que corresse atrás do emitente!
Por tratar-se de uma atividade tolerada mas tida como contravenção, algumas pessoas ligadas ao Bicho, tinham dificuldade de enquadrar-se quando do preenchimento de um documento, ficha de cadastro, etc. 
Qual profissão?
Bicheiro? Cambista? Não há reconhecimento legal!
Anos 80, em conversa com o meu amigo Zé Pirata, bicheiro de respeito no meio, ele confessou-me de como saiu-se ao declarar sua profissão, junto ao Colégio no qual o filho era matriculado.
Seu filho, perguntou-lhe:
----- Papai, qual é a sua profissão? Lá na escola querem saber da profissão do pai de cada aluno!
Zé Pirata, pensou, pensou, e encontrou a solução para o problema profissional.
Já que não poderia dizer-se bicheiro, profissão inexistente à luz legal, matou a charada.
----- Meu filho, quando chegar no Colégio diga na secretaria que seu pai é Doutor Veterinário, trabalha com bichos.
Robespierre Amarante

Cidão: por Robespierre Amarante

CIDAO - COMPANHIA INDUSTRIAL DE ALGODÃO E ÓLEOS

O escritório apresentava móveis em madeira, pé direito de boa altura, arquivos metálicos, caixa gaiola, ventiladores de boa potência, janelas basculantes, dois acessos: rua e ao interior da fábrica.
Uma austeridade herdada de uma Inglaterra vitoriana.
O birô principal, na minha lembrança, foi ocupado pelos gerentes comerciais: Eduardo Fiúza Pequeno, Luciano Leite Campos e José de Almeida Brandão Filho.
Ao lado, o birô do gerente do escritório, Raimundo Amarante de Oliveira: gerência exercida durante as gestões dos três gerentes comerciais citados.
Sua aposentadoria veio ao mesmo tempo do ocaso da CIDAO.
Lembro da grande transformação por qual passou esta empresa industrial no início dos anos 60; ampliação do parque fabril, construção de uma nova vila para os funcionários, canalização dos rejeitos, construção do Grupo Escolar Dr, Thomé da Frota, à cuja inauguração estiveram presentes figuras de proa da vida iguatuense: Dom José Mauro Ramalho de Alarcón e Santiago, Dr, Manoel Carlos de Gouvea, Dr. Ary Brazil, e representando a Direção da empresa, o Sr. Otão Câmara de Albuquerque.
Não esquecer aqui, a construção de um refeitório, ao qual fiz referência em uma outra publicação.
Uma foto histórica mostra os citados, e um bom número de funcionários da CIDAO, do mais representativo, o gerente Luciano Campos até ao mais humilde operário, além de pessoas da comunidade ao redor, e que teriam os filhos beneficiados com a educação, nas figuras das professoras Maria do Carmo Holanda e Zélia Campos, posteriormente a professora Ivonete Fernandes.
CIDAO - Companhia Industrial de Algodão e Óleos, beneficiava três riquezas: algodão, oiticica e mamona, com exportações para os EUA e União Soviética, citando os dois principais importadores.
Sempre que escrever-se ou aludir-se à economia de Iguatu e também do Ceará, a CIDAO terá capítulo em destaque.
Empresa criada pelo capitão de indústria Trajano de Medeiros, depois negociada com o iguatuense José Moreira Cavalcante, que ao lado dos irmãos deu continuidade ao longo do tempo, ao projeto industrial do já citado Trajano de Medeiros.
Robespierre Amarante

Mentir nunca, por Robespierre Amarante

MENTIR, NUNCA!
Eu não sei mentir. dizer que gosto de sorvete de morango, quando gosto mesmo é de doce gelado de castanha. Não passa por minha cabeça dizer que o jazz me dá mais prazer que o bolero. Longe de mim dizer que o CRI - Clube Recreativo Iguatuense é mais charmoso que o indelével Caça & Pesca.
Jamais direi que hospedei-me no Hotel Ferroviário de Iguatu, o mais que fiz lá foi curtir um baile vesperal de carnaval. Rodei muito pela empresa Vale do Jaguaribe, mas nunca alardeie que a BR 116 tem mais charme que a Estrada do Algodão, nem pensar. Nunca escrevi em local nenhum que o meretrício de Iguatu era ladrilhado com PEDRINHAS de brilhante, ao contrário, tava mais para piçarra.
A pipoca do Juvenal sempre foi a melhor, dizer que as de micro-ondas lhe fariam frente, seria a maior mentira. uma ingratidão ao pipoqueiro de minha infância e adolescência.
A matinée dos domingos no Cine Alvorada, com a série depois do filme, nenhum Tele-Cine superou, até porque impossibilita a troca de gibis/guris, antes e depois das fitas.
Não posso nem de longe supor que os atuais Shoppings tenham alguma loja armarinho que supere o do seu Fernando Teixeira, onde eu comprava as revistas Antar, Risko e de Zorro & Tonto.
Não há frigorífico que tenha talhadores iguais a Zé Dois e Lacrau, ou que tenham a vivacidade de Lacrau como ocorreu igual narro a seguir:
UM PEQUENO, PREVIDENTE!
No antigo Mercado Público de Iguatu - Ceará, o movimento era intenso durante a manhã, no setor da CARNE. Arrefecia à tarde, quando se vendia praticamente somente vísceras, figado por exemplo, e no final do expediente havia a salga da carne restante.
Um proeminente da cidade, que era dado ao habito de não pagar as contas, num destes finais de tarde resolveu dar uma passadinha no Mercado da Carne, e foi direto ao balcão do Lacrau que estava absorto na salga de mais de vinte kg de carne.
---- Lacrau, me venda 10 kg desta carne que daqui uns três dias eu lhe pago!
Lacrau, retrucou:
---- Doutor, dá não, já estou salgando para não perder!
Robespierre Amarante

Bem vindo ao século 21

O cabelo é a muleta da mulher, o bol$o a do homem e o celular a da humanidade.
Joel Neto
...
Aqui e agora o sexo é livre, homens e mulheres transam com ou sem prazer tendo como único objetivo encher os bolsos e bolsas de notas reais, de preferência dólares, euros e libras.
Onde perder o celular é pior do que perder os teus valores. Onde a moda é fumar e beber, e se não fizer isso, você está obsoleto.
Onde o banheiro se tornou estúdio para fotos e a igreja, o lugar perfeito para check in.
Século XXI, onde homens e mulheres temem uma gravidez muito mais que HIV.
Onde o serviço de entrega de pizza chega mais rápido do que a ambulância.  
Onde as pessoas morrem de medo de terroristas e criminosos muito mais do que temem a Deus.
Onde as roupas decidem o valor de uma pessoa e ter dinheiro é mais importante do que ter amigos ou até mesmo família.
Século XXI, onde as crianças são capazes de desistir dos seus pais pelo seu amor virtual.
Onde os pais esquecem de reunir a família à mesa para um jantar harmonioso, conversando sobre o dia a dia pois estão entretidos no seu trabalho ou celular.
Onde homens e mulheres muitas vezes, só querem relacionamentos sem obrigações e seu único "compromisso" se torna posar para fotos e postar nas redes sociais jurando amor eterno. 
Onde o amor se tornou público ou uma peça de teatro.
Onde o mais popular ou o mais seguido com mais curtidas em fotos é aquele que aparenta esbanjar felicidade; aquele que posta fotos em lugares legais e badalados rodeados por "amizades vazias" com "amores incertos" e "famílias desunidas". 
Onde as pessoas se esqueceram de cuidar do espírito, da alma vazia e resolveram cuidar e cultuar os seus corpos. 
Onde vale mais uma lipoaspiração para ter o corpo desejado do "mundo artístico" do que um diploma universitário. 
Onde uma foto na academia tem muito mais curtidas do que uma foto estudando ou praticando boas ações.
Século XXI, aqui você só sobrevive se jogar com a "razão", e você é destruído se agir com o teu coração!

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Autor desconhecido

Vida que segue...

Caiu na rede: A crítica

Copiei e colei: 
Achei o máximo!

"LULA" foi convidado para dar uma palestra sobre como a crítica afeta a vida das pessoas.
O local estava cheio de homens, mulheres e jovens.
"LULA" entrou carregando alguns embrulhos. Cumprimentou a todos e depois retirou livros e uma jarra com água que estavam sobre a mesa, deixando somente a toalha de seda branca.
Calado, acendeu uma forte lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas, que trouxe em um dos embrulhos, e com bonitas flores que tinham sido colhidas minutos antes.
Em seguida, colocou na mesa uma bíblia com capa dourada. Depois, para surpresa de todos, colocou uma pequenina lagartixa dentro de um frasco de vidro.
Então, "LULA", mostrou a mesa com tudo o que estava nela e perguntou:
- O que vocês estão vendo aqui, meus amigos?
Algumas pessoas responderam:
- Um bicho!
Outras:
- Um lagarto horrível!
- Mais pessoas gritavam:
- Uma larva!
Alguém falou:
- Um pequeno monstro!
Depois de escutar todas as sugestões, "LULA" concluiu:
- Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos. Não se enxerga o forro de seda, nem as flores, nem as pérolas, nem as preciosidades, nem o Novo Testamento, nem a luz forte que acendi. Vocês viram apenas a pequenina lagartixa.
E concluiu:
- Nada mais tenho a dizer.
LIÇÃO DE VIDA:
Muitas vezes, preocupados em criticar uma pessoa, não percebemos o que ela tem de bom...
FOI O PT QUE FEZ:
01) FIES
02) Pronatec
03) Prouni
04) Ciência sem Fronteiras
05) Mais Médicos
06) Farmácia Popular
07) Minha Casa, Minha Vida
08) Bolsa Família
09) Cisternas no sertão
10) Luz para Todos
11) Transposição do Rio São Francisco
12) Reativação do Transporte Ferroviário
13) Ferrovia Norte-Sul
14) Ferrovia Transnordestina
15) Aumento do salário mínimo acima da inflação
16) Água para Todos
17) Brasil Sorridente
18) Pronaf
19) FAT
20) Programa Brasil Sem Miséria
21) Bolsa Atleta
22) Bolsa Estiagem
23) Bolsa Verde
24) Bolsa-escola
25) Brasil Carinhoso
26) Pontos de Cultura
27) Programa Biodiesel
28) SUS
29) SAMU
30 Saúde da Família
31) FGEDUC (Seguro do FIES)
32) Casa da Mulher Brasileira
33) Aprendiz na Micro e Pequena Empresa
34) MEI Microempreendedores Individuais
35) Pagamento da Dívida Externa ao FMI
36) Empréstimo ao FMI
37) BRICS
38) Retirada pela ONU do Brasil do Mapa da Fome
39) Reequipagem, Valorização e Autonomia da Polícia Federal
40) Liberdade para a PGR
41) Liberdade para o MP
42) Escolha para os órgãos da Justiça dos primeiros das listas das corporações
43) Jogos Pan-americanos
44) Copa do Mundo
45) Olimpíadas
46) 98 conferências nacionais de 43 áreas, como educação, juventude, saúde, cidades, mulheres, comunicação, direitos LGBT, entre outras.
47) Orçamento para a Cultura cresceu de R$ 276,4 milhões em 2002 para R$ 3,27 bilhões em 2014
48) Vale-cultura
49) Programa Cultura Viva
50) Programa Mais Cultura nas Escolas
51) PND - Política Nacional de Defesa - Investimentos em defesa cresceram dez vezes: de R$ 900 milhões em 2003 para R$ 8,9 bilhões em 2013
52) Participação das FFAA em 11 missões militares de paz da ONU
53) Projeto Submarino Nuclear
54) Modernização da frota de aeronaves da FAB com transferência da tecnologia
55) Pré-sal
56) Redução de 79% do desmatamento da Amazônia brasileira
57) Aumento em mais de 50% da extensão total de área florestal protegida.
58) Liderança mundial em redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE). Entre 2010 e 2013, o Brasil deixou de lançar na atmosfera uma média de 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano.
59) Valorização do polo naval
60) Refinaria Abreu e Lima
61) Novas usinas hidrelétricas: Teles Pires, Belo Monte, São Manoel, Santo Antônio, Jirau, São Luiz do Tapajós
62) Conferência Mundial Rio+20
63) PPP
64) PAC
65) Aumento exponencial do parque eólico brasileiro
66) Polos de desenvolvimento NE: Suape PE, Pecém CE e Camaçari BA: Investimentos somam cerca de R$ 100 bilhões.
Se o PT TIVESSE roubado, como teria dinheiro para todos estes programas e projetos e ainda deixar um caixa de US$ 400 bilhões. E agora que a direita = PARTIDO CONTRA OS MENOS FAVORECIDOS: O POBRE, ESTÁ DESTRUINDO TUDO QUE O PT FEZ E MESMO ASSIM VC VAI CONTINUAR FALANDO MAL DO PT?
ME DIZ AÍ O QUE OS OUTROS GOVERNOS FIZERAM POR VOCÊ?

Crônica do dia, por Orlando Souza

DOR E CURA 
 
Aqui não é o inferno, eu sei.
Nem me interessa saber onde é.
Eu não faço a menor ideia de onde fica tal lugar até porque não tenho nem um “tico assim” de vontade de ir pra lá.
 
Mas uma coisa eu sei: nós precisamos acreditar que existe cura na dor.
E descobrir que a cura vai sarar o lado de dentro da gente, porque é ali que se encontra o amor.
 
Isso aqui não passa de uma monumental passagem. Viver é uma transcendência que nos conectará ao Paraíso. Enquanto isso, nos cabe insistir no desejo, na questão da essencialidade da vida. É preciso dar grande valor aos valores pequenos. A pureza, a vitalidade das crianças, a atitude dos animais, as vozes e o silêncio da natureza.
É imperativo a vontade de viver e é intransferível o desejo pela defesa da vida.
 
Eu quero a cura com o querer de Eros.  Eu desejo a cura com o desejo de Eros.
 
É certo que eu deseje o bem porque assim este também desejará a mim.
Ainda que seja uma expiação, a vida terrena não precisava ser o “inferno” que tem sido.
Morrer é das coisas absolutamente indispensáveis.
Para quem almeja desde agora as delícias do céu lá pela frente.
Porém, não propaga nem uma invenção quem afirmar nada existir que nos proíba fazer as preliminares aqui dos seus gozos.
 
Ocorre que o mundo fez a sua opção pelas sombras.
E sombra é o tipo de lugar onde as bandeiras não tremulam, nem os galhos balançam, nem as flores tomam forma e cor.
 
Vive na sombra ou à sombra quem se permitiu ausentar-se da esperança, equidistante do brilho dos faróis.
É das sobras que se projetam os ódios, a violência, o autoritarismo e os medos.
É nas sombra que mora a dor. 

Uma lúgubre e pavorosa sombra se pôs sobre os povos.
As nações foram acometidas de uma dor gigantesca e desalentadora.
 
No entanto, é chegada a hora – e esta é agora – de nos sobrepormos à “pandemia da estupidez” e do obscurantismo.
A cura só veio graças ao desejo da maioria das pessoas de que ela viesse e não pela vontade aterradora de quem despreza e minimiza a ciência e a medicina.
 
Eros tem prevalecido!
 
O desejo pela cura e pela vida está projetando raios de sol nas sombras do mundo.
 
Somos das raças a mais privilegiada, apesar de tudo, apesar de tanto.
É alentador descobrir tanto saber em tão curto espaço de tempo e ver desfraldada a bandeira da vida.

O fechamento da Crônica da Semana se dá com o poema da norte-americana Catherine O’Meara.
 
 
“E as pessoas ficaram em casa
E leram livros e ouviram música
E descansaram e fizeram exercícios
E fizeram arte e jogaram
E aprenderam novas maneiras de ser
E pararam
E ouviram mais fundo
Alguém meditou
Alguém rezava
Alguém dançava
Alguém conheceu a sua própria sombra
E as pessoas começaram a pensar de forma diferente.
E as pessoas curaram.
E na ausência de gente que vivia
De maneiras ignorantes
Perigosos, perigosos.
Sem sentido e sem coração,
Até a terra começou a curar
E quando o perigo acabou
E as pessoas se encontraram
Eles ficaram tristes pelos mortos.
E fizeram novas escolhas
E sonharam com novas visões
E criaram novas maneiras de viver
E curaram completamente a terra
Assim como eles estavam curados”.
 
Não há definição para a felicidade que esta certeza nos faz sentir:
 
“Para todo mal, a cura”.

Orlando de Souza

Crônica do dia

QUANDO A CASA DOS AVÓS SE FECHA

Acho que um dos momentos mais tristes da nossa vida é quando a porta da casa dos avós se fecha para sempre, ou seja, quando essa porta se fecha, encerramos os encontros com todos os membros da família, que em ocasiões especiais quando se reúnem, exaltam os sobrenomes, como se fosse uma família real, e, sempre carregados pelo amor dos avós, como uma bandeira, eles (os avós) são culpados e cúmplices de tudo.

Quando fechamos a casa dos avós, também terminamos as tardes felizes com tios, primos, netos, sobrinhos, pais, irmãos e até recém-casados que se apaixonam pelo ambiente que ali se respira.

Não precisa nem sair de casa, estar na casa dos avós é o que toda família precisa para ser feliz.

As reuniões de Natal, regadas com o cheiro a tinta fresca, que cada ano que chegam, pensamos “...e se essa for a última vez”? É difícil aceitar que isso tenha um prazo, que um dia tudo ficará coberto de poeira e o riso será uma lembrança longínqua de tempos talvez melhores.

O ano passa enquanto você espera por esses momentos, e sem perceber, passamos de crianças abrindo presentes, a sentarmos ao lado dos adultos na mesma mesa, brincando do almoço, e do aperitivo para o jantar, porque o tempo da família não passa e o aperitivo é sagrado.

A casa dos avós está sempre cheia de cadeiras, nunca se sabe se um primo vai trazer namorada, porque aqui todos são bem-vindos.

Sempre haverá uma garrafa térmica com café, ou alguém disposto a fazê-lo.
Você cumprimenta as pessoas que passam pela porta, mesmo que sejam estranhas, porque as pessoas na rua dos seus avós são o seu povo, eles são a sua cidade.

Fechar a casa dos avós é dizer adeus às canções com a avó e aos conselhos do avô, ao dinheiro que te dão secretamente dos teus pais como se fosse uma ilegalidade, chorar de rir por qualquer bobagem, ou chorar a dor daqueles que partiram cedo demais. É dizer adeus à emoção de chegar à cozinha e descobrir as panelas, e saborear a “comida da nona”.

Portanto, se você tiver a oportunidade de bater na porta dessa casa e alguém abrir para você por dentro, aproveite sempre que puder, porque ver seus avós ou seus velhos, ficar sentado esperando para lhe dar um beijo é a maior sensação, maravilhosa, que você pode sentir na vida.

Descobrimos que agora nós temos que ser os avós, e nossos pais se foram, nunca vamos perder a oportunidade de abrir as portas para nossos filhos e netos e celebrar com eles o dom da família, porque só na família é onde os filhos e os netos encontrarão o espaço oportuno para viver o mistério do amor por quem está mais próximo e por quem está ao seu redor.

Aproveite e aproveite a casa dos avós, pois chegará um tempo em que na solidão de suas paredes e recantos, se fechar os olhos e se concentrar, poderá ouvir talvez o eco de um sorriso ou de um grito, preso no tempo. De resto, posso dizer que ao abri-los, a saudade vai pegar você, e você vai se perguntar: por que tudo foi tão rápido? E vai ser doloroso descobrir que ele não foi embora ... nós o deixamos ir ...😢🙏
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Crônica dominical

DEVOLVA AO MAR AS ESTRELAS 

Era uma vez um homem que um dia passeava pela praia quando avistou um menino jogando ao mar as estrelas do mar que estavam na areia.

O menino, suado e cansado, pegava uma a uma e as devolvia ao mar.

De tão incomodado, o homem quis saber o que o menino estava fazendo.
- Não vês! Estou salvando as estrelas!

O homem retorquiu dizendo que aquilo não fazia o menor sentido, que havia milhares de estrelas espalhadas ao longo da praia.
- Que diferença isso faz?

Então, o menino pegou uma estrela na mão e disse:
- Tá vendo essa aqui? – e jogou a estrela na água - essa eu salvei. Pra essa fez diferença.

Nós estamos sendo contaminados pelas indiferenças.
O total de estrelas do mar na areia que conta a lenda, não é maior do que o de pessoas carentes de uma virtude: a perseverança.
Perseverar é a arte mais decisiva da vida. Somente quem persevera no que faz e acredita é capaz de chegar às grandes conquistas que almeja.

Perseverar é jogar estrelas de volta à água. É inspiradora lição de tenacidade e força de espírito contra as adversidades.
O mundo está repleto dos homens que passeiam pela praia e nada fazem ao ver as estrelas do mar na areia.

Sabem que é difícil salvar todas as estrelas, é uma tarefa complexa. Daí, não ousam sequer devolver a primeira quanto mais perseverar em salvá-las uma a uma. Porque a perseverança é quase um dom.

Ninguém joga estrelas de volta ao mar antes que elas sequem e morram na areia se efetivamente não tiver certeza do que quer, onde quer e por quê quer chegar com tal atitude.

A perseverança é um processo de reflexão e formação de caráter.
Que sem a necessária convicção não prospera. A perseverança não funciona no modo “Maria-vai-com-as-outras”.

É preciso tenacidade e acreditar que são as pequenas dificuldades quem nos levam à superação das grandes – das grandes e imagináveis dificuldades.

Aprende isso: o mundo é, o mundo continua... o mundo só permanece porque tem gente que acreditou. Tem gente que acredita no bem que faz. Porque sempre teve quem nunca deixou de devolver ao mar as estrelas. 

O mundo somente existe devido os que acreditam no bem que transforma. 

O mundo não seria sem o sonho incontável de incontáveis pessoas. Do sonho que nasce microscópico, minúsculo e pequeno.
Invisível.
Risível.
Impossível.

Aos olhos dos céticos, totalitários e envenenadores de motivações para os quais “nada haverá se não houver tudo”.

A sabedoria nos ensina que a perseverança descende de valores e que nem uma grande ação começa exatamente grande. As grandes caminhadas se iniciam com passos pequenos.

Tu vês as imensas catedrais? Pois sabes que todas elas brotaram em seus alicerces e, surgiram como as árvores, foram brotando do centro da terra... se erguendo: absolutamente pequenas e ganharam as alturas.  

Aprende a ver o valor das pequenas ações.
O significado da essência está no gesto e não necessariamente no resultado.

Se tu não souberes amar uma flor e não enxergar nela o que há de mais bonito, dificilmente a natureza te fará sentido.

Não te permites jogar no chão o teu o canudo de refrigerante por imaginares que só o teu não vai fazer diferença quando chegar ao mar. Exatamente o teu canudinho poderá matar uma tartaruga marinha. 

Rega o teu jardim e recolhe o teu lixo.
Pega cada estrela e a devolve ao mar.

Ama e faz a diferença.
Faz o bem.
Só não desiste de acreditar que o mundo pode ser melhor – porque ele pode ser melhor!

Persevera nisso!
E sê tu, melhor, para que assim também seja o teu mundo. 
 
OrlandoDeSouza

O ovo da serpente

O novo ovo da serpente  
Um homem caminha no amanhecer de uma segunda-feira, entre dois guardas, em direção à forca. Vive seus últimos minutos de vida, e ao atravessar o pátio para cumprir a sentença olha o céu estrelado e diz, calmamente: “A semana está começando bem”. Outro condenado a forca, ao ser perguntado se desejava um cigarro, respondeu: “Obrigado, não posso fumar, meu médico proibiu”. O SuperEu no humor é gracioso, amável, revelando sua outra face, pois em geral seu retrato é sério e crítico. Assustador mesmo é quando o SuperEu, essa função paterna,  é exercida por um chefe sádico. E uma boa porcentagem das pessoas se submetem a esse pai/líder, é a chocante servidão voluntária.  Aí, vem um humorista e goza a maldade do meio comandante, meio psicopata, e revela um novo ovo da serpente.

Foi o que fez o humorista Aroeira ao exibir a serpente que tinha nascido aqui. Aroeira, numa charge,  transformou a cruz da saúde numa suástica e o “B” dizendo  aos seus seguidores irem pixar em outro hospital. Recordo que “B” tinha dito para invadirem os hospitais para fiscalizar. Foi mais um ataque à vida de sua necropolítica, mas a charge  provocou um ataque da INjustiça contra Aroeira. Ele foi ameaçado  com a Lei de Segurança Nacional, e seria cômica essa decisão se não fosse trágica; quem deveria ser enquadrado é a serpente que despreza a pandemia. O mundo vê o escândalo, mas os poderes poderosos daqui são tolerantes. Somar os mortos um a um: 1+1+1+1+1+1+1 e seguir escrevendo até mais de 55.000 famílias sofredoras. Aroeira, perguntado sobre o fato de ser acusado de difamação, lembrou o pintor Picasso. Um oficial nazista perguntou-lhe apontando para o seu quadro “Guernica”: “O senhor fez isso?”, e Picasso respondeu: “Não, vocês fizeram”. A mesma coisa agora, pois, se ele me pergunta se o estou chamando de nazista, respondo: “Não, você próprio se chamou de nazista, eu só desenhei. É a minha defesa”. Aroeira teve muitos apoios de seus amigos, de instituições e do Quino. A serpente ficou magoada. 

As armas do humorista não matam, mas o descaso com a saúde mata. O que choca o mundo, mas não tanto o País, é como um chefe de Estado põe em prática o que pregou com ódio: elogio à tortura e à morte. Pergunta que não quer calar: qual é a surpresa, se “B” só faz o que prometeu. O povo é torturado com as mil ou mais mortes diárias, porque elegeu um herdeiro do passado escravagista, um herdeiro dos que batiam e, matavam negros, índios, pobres. O idealizado país da cordialidade, da liberdade, da alegria, revelou ao mundo a sua face cruel. Hoje é uma longa quarta-feira de cruzes. Há uma guerra em que as “Forças Desalmadas” não combatem a pandemia, não cumprem assim com o dever de segurança do povo. Manchete de capa do jornal “La Republica” da Itália no dia 25 de junho: “Brasile girone infernale” (O Brasil ronda o inferno).

A morte tem muitas pontes com o humor. Não faltam histórias, pois o humor é uma forma de aliviar as perdas, e a morte é a perda derradeira. Woody Allen disse sobre a morte: “Não tenho nada contra a morte, só não quero estar presente quando ela chegar”. Um amigo humorista do Allen, o nosso L.F. Verissimo, disse que a morte era uma sacanagem, já o jovem Gregorio  Duvivier definiu o humor como um drible da morte. 

O humor é aliado da poesia, portanto, chamo mais uma vez, o poeta John Donne, para lembrar, a cada um, o que é a morte dos demais: “Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado, a morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. Imaginem, se a cada morte, os sinos de todas as igrejas do país dobrassem. Seriam sons ensurdecedores para alertar a todos da urgência da luta pela vida! Abraão Slavutky

Dia dos velhos, por Vera Nilce Cordeiro Correa

Hoje é DIA DOS VELHOS (me recuso a usar idosos) e quero falar disto, nao para parabenizar afinal muita gente nem gosta desta fase da vida, mas como depoimento sobre minha velhice. Não é que faça apologia à velhice mas é que esta tem sido uma fase muito profícua da minha vida. Minha velhice veio junto com a separação de um casamento de 35 anos, então pra não sucumbir tive que me reinventar,  voltei a morar no RJ onde passei parte da juventude e, com isso, fui julgada de todo jeito  mas passei a me importar com o que eu pensava de mim e não com que os outros lucubravam sobre mim,  não ia agradar a todos. Aprendi que a minha melhor cia era eu mesma depois de lutar contra solidão e ela me ensinou muito, me fez ate poemar brincando com as palavras e emocao (passou!). Outra coisa que aprendi é que nao tenho que esperar nada do outro,  se eu tiver que fazer algo por alguém é pra agradar a mim e não pelo que possa vir a receber,  mas garanto que tenho recebido muito mais do que tenha me doado. 
Resolvi viajar mais no Brasil, que já conhecia todo e  ir além.  Fui muito além do que aquela caboca do Janauacá (não por ter nascido lá que não nasci  mas que é o meu paraíso idealizado) jamais  imaginara, primeiro porque a filha estava na Itália e depois pela companhia de amigos. Foram alguns países e, dentre eles, Portugal e França,  nos quais voltei e pretendo voltar; Espanha que quero voltar em breve pois tenho uma quase familia lá; China que fui por pressão do meu saudoso e querido compadre Paulo Roberto, o que foi um banho de cultura e que hj serve para análise política do que representou o comunismo para um povo; Rússia, que se tornou uma paixão pra mim, sua história, suas personalidades politicas; Cuba que sonhava desde jovem conhecer e que representa muito politicamente, sua história, a determinação de seu povo (a pandemia me tolheu a viagem de volta já de malas prontas) e o carinho de minha amiga de lá, considero este país e seu povo o mais bravo e alegre que se possa imaginar; estive em parte da América Latina que é meu sonho de consumo conhecer a maioria de seus paises, na República Dominicana meus amigos me receberam com tanto carinho que ate morro de saudades. Nao vou falar de todos lugares que fui nesta velhice, só queria dizer o quão a velhice acrescentou à minha vida, fiz uma revolução particular com a chegada dela e o estar só. Nisto meus filhos me ajudaram muito pois muito resolvidos,  não me tolhiam, nao me cobravam e pouco ou quase nada me solicitavam, o que me fez descobrir que os havia criado para serem independentes e ficar com sensação de dever cumprido.  A velhice me deu isto, sensação de dever cumprido e descobrir que pouco precisava para viver,  e que libertação é esta. Mas com ela descobri que  meu país estava tomando um rumo estranho que nao queria para meus filhos, netos e jovens que viessem, então me engajei politicamente, não em grupos mas em procurar ler, ouvir e participar de qualquer ato contra opressão. E isto me fez bem e avaliar que eu deveria ter sido uma jovem engajada contra a ditadura, pois apesar de ser contra ela nunca participei ativamente, até talvez pporque tive que cuidar da minha saúde ja que tive que vencer a hanseníase numa época em que servia de experimento e com muito estigma da doença.  Servi de cobaia e tenho orgulho de ja ter servido à ciência. Rsss nao sei se alguem vai ler isto mas minha velhice me tomou a régua e compasso, fiquei sem medidas para ter momentos  felizes,  para estar com amigos que me fizessem bem e, com isso muitas pessoas foram agregadas à minha vida de muitos e grandes amigos. Nao nego e agradeço por ter feito a maioria de amigos atraves das redes sociais, vivi muitos momentos emocionantes nesta velhice,  não faço  loas a ela pois sei que pra muita gente ela vem com muitas mazelas,  perdas e dificuldades,  mas agradeço à minha pois aos quase 72 estou lutando,  com garra e disposição,  pra sair inteira desta pandemia e retomar os prazeres de minha vida e estar viva. Estar viva é meu ato revolucionário após este vírus,  num país em que os velhos foram tratados pelo governo,  e seus adeptos, como objeto que poderiam ser descartados pois eles atrapalham o projeto de exterminio de velhos,  pobres,  pretos e indígenas. 
Minha homenagem a todos que, como eu, chegaram à velhice sem maldizê-la. Eu espero dela algo que sempre foi meu sonho de consumo maior: sabedoria! Tomara que consiga! 
E não podia deixar de homenagear Dona Raimunda que, desde que a conheço, sempre teve que batalhar muito pra criar tantos filhos, como uma leoa , apesar de também dizer que nunca quis uma familia grande mas o destino já colocou em sua vida um amor com 4 filhos rss, que há anos pede que Deus a leve pois nao aguenta estar longe do José,  meu pai. Pra mim minha mãe é exemplo de determinação, coragem, enfrentando marido que a queria em casa, mesmo com tantos filhos,   nunca deixou de trabalhar, tinha filho e com 15 dias ja estava com a barriga no balcão,  quando mulheres eram so pra cuidar de casa, filhos e maridi, o que ela odiava mas, mesmo assim fazia tudo claro que com ajudantes e ainda costurava pra mim que aos sabados vinha chorando pedindo roupa nova e ela em uma tarde fazia rapidinho,   foi (porque não cozinha mais) a melhor cozinheira que conheci. Tudo que ela se propunha o fazia com qualidade.  
Gente,  chega! VIVA a velhice! 
Muita saúde a todos meus amigos contemporâneos. 
À luta! 
A vida é bela, vamos a ela! Fascistas um dia serão vencidos! Acredito!

Fernanda Paes Leme: Reflexões do meu vibrador

Eu nem cheguei a ver o que o atual secretário de cultura comentou sobre mim na época em que saíram notícias sobre meu vibrador quebrado. Me admira essa pessoa, num cargo que exige tamanha responsabilidade, tirou um momento do seu dia para lamentar a minha perda e minha solidão.

Não se preocupa Mario Frias. Eu não sou solitária, eu estive sozinha apenas durante minha recuperação de covid, porque ao contrário dos membros do governo eu levo muito a sério a doença e a vida das pessoas.

Mas no geral eu não tenho tempo de ficar sozinha, eu trabalho muito, eu sou artista sabe como é?! Não?! Bom, mas eu tenho família, amigos, dates, paqueras, tenho um vibrador novo, então realmente, não se preocupe com o quanto eu possa estar solitária, porque eu não sou e não estou.

Eu juro que não me incomoda o que você acha de mim. Primeiro porque a gente não se conhece (ufa), segundo porque eu não acho que você tenha conhecimento real de algo. Somo a sua opinião a tantas outras, descartáveis, bobas, inseguras.

Mas então porque eu decidi fazer esses tweets? Porque além de um bom vibrador, expor macho fragilizado e limitado também me dá prazer.”

Fernanda Paes Leme