Empatia, por Orlando Souza

EMPATIA – Uma crônica

O maior desafio da atividade humana é o conhecimento.
E o conhecimento da humanidade pela atividade humana é o desafio dos desafios.

Nisto consiste o sentir a dor do outro.

Porque cada um de nós é único na forma do sentir.
Somos, por exclusividade, sozinhos nas nossas dores.

Em que pese os esforços da filosofia, da psicanálise e das religiões.

A ciência sempre buscou o contato com a diferença, porém o máximo a que chegou foi descobrir que a gente é capaz de se importar.

Nunca foi fácil, todavia. 

E com a disseminação do ódio institucionalizado, tem ficado ainda mais difícil conhecer o outro, conhecer o seu mundo.
O importar-se com ele, com sua dor.  
Romantizar a morte de 650 mil pessoas é trágico e é sórdido.

Um horror!

Romantizar é naturalizar o que não é natural. É achar normal a violência, é não se importar nem se sensibilizar com os sepultamentos em valas comuns, normalizar a negação da ciência e os crimes cometidos contra a vida pela autoridade mor da República. 

Nós não podemos banalizar a estupidez. 
A barbárie não pode nos embrutecer! 

Entretanto, o fato de a gente não se deixar embrutecer não implica sair por aí romantizando aquelas histórias melosas onde os personagens morrem de amor.

A gente também romantiza a história dos pais analfabetos que conseguiram alfabetizar os filhos, ser esteio e chão da família mesmo tendo seus mais elementares direitos espoliados ao longo de uma vida. 

Dor alguma pode ser romantizada. Romantizar é disfarçar a indiferença, sobretudo em relação à miséria e os miseráveis. 

Portanto, parem de romantizar a pobreza! 

Ser desempregado dói. Sentir fome dói. Ser pobre dói. Não ter acesso à educação dói.

Desde quando é bom ser pobre?
Alguém aí sabe?

As pessoas atuam em diferentes sintonias, não há dúvida. 
Não fôssemos tão exacerbados em nosso narcisismo, haveria menos dificuldades nas nossas relações com os outros.
Ainda que nada nos garanta sentir ao outro.

Não é possível acessar a dor de uma pessoa, mas podemos nos inclinarmos à ideia de simpatia e ter EMPATIA pelo seu sentimento.

Temos que exercitar a empatia uns pelos outros porque isso nos torna menos orgulhosos e egoístas.

Quando nos colocamos no lugar do outro fica mais fácil  compreendê-lo. 

Quando nos colocamos no lugar do outro, temos a efetiva oportunidade de amar ao invés de nos armar!

Quando nos colocamos no lugar do outro, desenvolvemos a compaixão, e procuramos fazer algo para amenizar seu sofrimento. 

Quando nos colocamos no lugar do outro, expandimos nossa capacidade de amar e de entender que fazemos parte de uma imensa família. 

A empatia nos torna mais humanos, mais próximos da realidade do outro, de suas dificuldades e de seu caminho. 

O hábito de colocar-se no sentimento de alguém, é um grande recurso de que dispõe o homem novo para suas conquistas espirituais elevadas. 

É chegado o momento das grandes modificações, das grandes revoluções no interior do homem, e a empatia está lá, como excelente agente de transformação moral. 

A máxima revolucionária é agirmos conforme aquilo que desejamos para nós mesmos. 

Sentir pelo outro.
Importar-se com ele... 

(Orlando De Souza)

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