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Fui, por Rodrigo Vianna
Drible fiscal, por Gabriel Gatti
Bolsonaro e Malafaia debocham dos trabalhadores
Em entrevista ao pastor Silas Malafaia, o presidente Jair Bolsonaro debochou dos trabalhadores que estão desempregados, dizendo que no Brasil se tem muitos "privilégios" e, em tom irônico, disse que vai lançar o programa "minha primeira empresa" para quem reclama que não tem emprego.
"Eu tenho falado para o Paulo Guedes: Paulo lance o programa minha primeira empresa. O cara que reclama que não tem emprego, ele vai ter meios de abrir a empresa dele. Daí ele abre a empresa dele. Paga R$ 5 mil por mês para todo mundo, pra ninguém reclamar do salário e vai ser feliz. Vai dar certo, oh, Malafaia?", indagou, sob risos irônicos junto com o pastor.
Usando mais uma vez a metáfora do casamento, com gargalhadas de Malafaia, Bolsonaro disse que o Brasil "é um país que tem mais direitos", repetindo outro mantra de que "não adianta ter direitos, se não tem emprego".
"O que adianta dar tanto privilégio ao trabalhador para não ter emprego?", disse Malafaia, concordando com Bolsonaro, antes de ouvir o capitão, elogiar os EUA e voltar a atacar os trabalhadores brasileiros.
"Essa visão esquerdopata, de só pensar em privilégio acabou prejudicando os próprios trabalhadores. Rapaz, em que lugar é esse no mundo em que você paga multa. O cara tem fundo de garantia, todos os direitos, e ainda tem que pagar uma multa pra mandar o cara embora", disse Malafaia, corroborado por Bolsonaro. "Ninguém vai mandar embora um bom empregado. Eles mandam embora quem não tá correspondendo".
Pedro Bial em vertigem, por Pablo Villaça
Análise de Pablo Villaça, crítico de cinema, sobre os ataques de Pedro Bial ao excelente "Democracia em Vertigem", de Petra Costa, indicado ao Oscar 2020 na categoria "Melhor Documentário":
Finalmente assisti a Democracia em Vertigem, de Petra Costa. Vou escrever sobre o filme, mesmo com atraso, mas o que quero comentar agora são as declarações de Pedro Bial sobre ela e o filme.
Em primeiro lugar, Bial diz que Democracia em Vertigem é uma obra de ficção. Desafio o jornalista a explicitar quais seriam as tais "mentiras" do filme. Não estou falando sobre suas INTERPRETAÇÕES do que é relatado, mas dos fatos em si.
A única "mentira" - com boa vontade - é a foto dos revolucionários mortos pela ditadura, que apagou armas que apareciam na imagem original. Armas que, como se descobriu depois, haviam sido PLANTADAS pelos militares. Ou seja: a foto alterada reflete mais a verdade que a original.
Aliás, até por precaução, fui buscar artigos que afirmavam apontar as "mentiras" do doc. "LISTAMOS X MENTIRAS DE DEMOCRACIA EM VERTIGEM", afirmavam. E aí você vai ler e são itens como "a eleição do PT representava a esperança do povo mais humilde - MENTIRA". Nesse nível.
Mas o que mais me incomodou - aliás, digo mais: revoltou - foi Bial dizer que "é uma menina querendo dizer para a mamãe dela que ela fez tudo direitinho, que ela está ali cumprindo as ordens de mamãe, a inspiração de mamãe". Isso, além de estúpido, é de um sexismo colossal.
Eu DUVIDO que se o filme tivesse sido dirigido por um homem, Bial tentaria atacar o realizador dessa maneira. Ele usa dois clichês misóginos ao mesmo tempo: o de que as mulheres não são capazes de pensar por conta própria e o que precisam da aprovação alheia.
É um ataque feio feito por um jornalista que há muito se tornou defensor ferrenho dos interesses dos patrões e, no processo, se esqueceu de uma lição fundamental de sua profissão: a de que os FATOS devem sempre falar mais alto do que as opiniões pessoais. É um vexame, sua fala.
O simples fato de Democracia em Vertigem ter sido distribuído (e contado com dinheiro da Netflix) é algo cujas implicações Bial ignora. Em produções do tipo, a exigência na checagem de fatos é gigante - até por autoproteção legal. A Netflix é uma empresa pública, não limitada.
E isso é um fator que diferencia um Democracia em Vertigem de um 1964: O Brasil Entre Armas e Livros, que, feito por um think tank (ou "think"), não tem a obrigação de se apegar a esse detalhe bobo que é a tal VERACIDADE FACTUAL. Outro fator é a ética dos cineastas, claro.
Vou escrever sobre o doc agora. Mas tinha que dizer esse "que vergonha, Pedro Bial" em público antes de começar. Ele devia olhar em torno de si mesmo, para seu camarim na