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por Breno Altman

A abominável covardia contra José Dirceu

Um espectro ronda a vida institucional e jurídica do país, movimentando-se na calada da sociedade e do Estado.  Seus  contornos podem ser definidos por uma pergunta: a democracia comporta o linchamento midiático e processual como ferramenta para eliminar inimigos políticos?

A questão leva nome e sobrenome. Há mais de quatro meses o ex-ministro José Dirceu de Oliveira e Silva cumpre pena em regime fechado, mesmo tendo sido condenado ao cumprimento inicial em sistema semiaberto. O presidente do STF, com a cumplicidade do juiz encarregado da execução penal, pisoteia ou posterga decisões da própria corte.

Não importa, a esses senhores e seus aliados, que a essência da acusação contra o líder petista tenha sido esvaziada pela absolvição acerca da formação de quadrilha. Afinal, sentenciado sem provas materiais ou testemunhais, Dirceu teve sua culpa determinada por uma teoria que considerava suficiente a função que eventualmente exercera no comando de suposto bando criminoso, cuja existência não é mais reconhecida.

O grupo chefiado pelo ministro Joaquim Barbosa, no entanto, resolveu virar as costas para a soberania da instituição que preside. Sob pretexto de regalias e privilégios que jamais se comprovam, mas emergem como verdadeiros nas páginas de jornais e revistas, a José Dirceu se nega o mais comezinho dos direitos. Permanece preso de forma ilegal, dia após dia, em processo no qual a justiça se vê substituída pela vingança.

Há poucos paralelos na história posterior à redemocratização, revelando o poderio dos setores mais conservadores e autoritários quase três décadas depois de findada a ditadura dos generais. As irregularidades contra Dirceu, acima de problema humanitário, afetam pilares fundamentais do regime democrático e civilizado.

O mais triste e preocupante, porém, é a omissão do mundo político diante da barbaridade. Vozes representativas do Estado e da sociedade fazem opção pela abulia e a passividade, possivelmente, e de antemão, atemorizadas pela reação de alguns veículos de comunicação e o dano de imagem que poderiam provocar contra quem ousasse dissentir.

O protesto cresce entre cidadãos e ativistas, alcança o universo jurídico, recebe acolhida de alguns articulistas e chega a provocar certo nível de resposta nos partidos e organizações progressistas. Mas a ilegalidade, respaldada por boa parte da mídia tradicional, não é enfrentada à altura por autoridades governamentais e entidades cujo papel obrigatório na defesa dos direitos democráticos deveria impor outro comportamento.

O mutismo refugia-se em álibis como a independência entre poderes e o caráter terminal da sentença promulgada pelo STF. Como se o bem supremo a ser defendido não fosse a Constituição, mas o respeito ritualístico a uma instância na qual se formou maioria transitória a favor do arbítrio.

Outra camuflagem aparece sob a forma de abordagem unilateral ao que vem a ser liberdade de imprensa. Como se empresas jornalísticas estivessem acima das normas e do escrutínio da cidadania. Ou é aceitável que responsáveis pela coisa pública abdiquem da crítica frontal quando meios de comunicação violam conduta para destruir reputações e prerrogativas inscritas em lei?

Estes são, enfim, temas da democracia, não apenas da solidariedade a José Dirceu ou da jurisdição de petistas que lhe são leais. O silêncio sobre o caso é tão abominável quanto aquele que, no passado, franqueou decisões do STF entregando Olga Benário ao nazismo ou chancelando o golpe militar de 1964.

Breno Altman, 52, é diretor editorial do site Opera Mundi.

A defesa da Petrobras tem que ser Política. Não é coisa pra Gerente

A obra mais duradoura dos governos trabalhistas terá sido a reapropriação da Petrobras pelo povo brasileiro.

Como se sabe, o Príncipe da Privataria fez um rombo no casco do monopólio e tratou de desidratar a Petrobras para fatiá-la e vender aos pedaços.

O auge do processo entreguista seria rebatizar a empresa de “Petrobrax” – quanto custou o “estudo” para bolar o nome e que jenio ganhou com ele ?

A eleição de um presidente trabalhista roda, roda, e gira em torno da Petrobras, porque a Petrobras está no meio da Avenida Chile – e no meio do Brasil.

Não por acaso a Globo Overseas praticou outra fraude eleitoral, ao “editar” a entrevista do Gabrielli.

A Big House não admite que o Lula (com a ajuda do Gabrielli, do Haroldo Lima e da Dilma) tenha construído o “modelo de partilha”.

Não admite que eles tenham feito o maior lançamento de ações da História do Capitalismo e entregue ao Governo Dilma a responsabilidade – cumprida com êxito – de realizar o primeiro leilão do pré-sal.

Na partilha.

O regime de partilha equivale a botar fogo na dispensa da Big House.

A Big House não perdoa o Lula de ter reconstruído a indústria naval –  com a Petrobras – e dar 75 mil empregos a brasileiros – e, não, a cidadãos de Cingapura, como pretendiam o Principe Privateiro e o então presidente da Petrobrax, o delfim neolibelês (*), Francisco Gros.

Os trombones da Big House não aceitam que o Brasil venha a ser o maior produtor de plataformas do mundo, porque aqui se instalou, com os trabalhistas herdeiros de Vargas, um “capitalismo de características brasileiras”.

É por isso que Pasadena – leia aqui “os pingos nos ï” ”- se tornou, com a falência do “apagão” e a fracassada elevação do pepino, o ponto de referencia da oposição que se materializa no PiG (**).

É a tentativa de atingir a Dilma, a gerente, o Lula – e, acima de tudo, a Petrobras.

A Big House quer o poder e a Petrobras – não necessariamente nessa ordem !

Porque governar o Brasil significa governar a Petrobras.

E quem governa a Petrobras determina o perfil do futuro do Brasil.

Se será um Brasil para os brasileiros ou um Brasil para os amigos da Big House.

Aqueles a quem o Fernando Henrique oferece os ombros.

É por isso que a defesa da Petrobras – também responsabilidade da Dilma – não pode ser técnica.

Coisa para gerente – clique aqui para ver “não há eleição para Gerente da República”.

A defesa da Petrobras tem que ser travada no ringue da politica, no campo enlameado da eleição.

Tem que sujar as mãos.

De óleo.

E de furia.

(Vargas percebeu isso e se matou antes que o Cerra entregasse a  Petrobras à Chevron)

Vamos supor que a compra de Pasadena tenha sido um erro de gestão.

O que está longe de ser provado – clique aqui para ler a explicação de Gabrielli .

Os ilustres empresários privados do Conselho de Administração  concordaram com a compra de Pasadena e disseram isso, desde que “estourou  a crise.

Seria impensável imaginar que Gerdau, Fabio Barbosa e Claudio Haddad – campeões da livre iniciativa – referendassem um um erro tão grosseiro.

Ou se deixassem tapear por burocratas de segundo escalão de empresa pública.

Os acionistas da Gerdau, da Abril e do Insper ficariam decepcionados !

Mas, para efeito de raciocínio, vamos supor que Pasadena tenha sido um erro.

Vamos admitir – o que está longe de ser verdade – que o “prejuízo” com Pasadena, mesmo nas contas exorbitantes da Urubóloga, tenha provocado um rombo na plataforma P-36 …

O que é, digamos, uma proposição hilariante…

(Por falar em hilariante, clique aqui para ver como a Urubóloga noticia o Globope)

Mas, que empresa não comete erros, amigo navegante ?

A Globo, por exemplo …

A Globo foi à concordata.

E, porque não conseguiu levantar dinheiro no BNDES – nos termos aviltantes propostos ao presidente Carlos Lessa – foi obrigada a ajoelhar-se à banca internacional – como diria aquele dos múltiplos chapéus - teve que ajoelhar-se “à banca”.

A Globo torrou o que se calcula em US$ 100 milhões de dólares na Tele Monte Carlo, porque achou que ia dar uma rasteira no Berlusconi …

A Globo cometeu um erro elementar de gestão, porque, ao contrário de milhares de empresas brasileiras, acreditou no Real do Fernando Henrique e se endividou em dólares.

Aquela lorota de o Real valer o que valia o dólar.

(Como demonstrou o Luiz Nassif , no livro “Cabeças de Planilha”– clique aqui para ler entrevista devastadora – o único que tinha motivos nobres para acreditar na lorota – do R$ 1 = US$ 1 – foi o André Lara Resende, que, há pouco tempo, reapareceu numa suspeita de chantagem de Daniel Dantas contra Fernando Henrique , no livro“sem Gilmar não haveria Dantas”, de Rubens Valente.)

Como diz o Mino Carta, os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – acreditaram na Miriam Leitão e quase quebram.

Para salvar-se, a Globo contratou o mesmo executivo que Fernando Henrique levou para criar a  Petrobrax.

E o jenio saiu a vender ativos da Globo.

O J. Hawilla e o Boni o receberiam para jantar com champagne Cristal, sempre que quisesse.

Mas, os filhos do Roberto Marinho, se pudessem … 

Não fossem o Globope e o BV – e o BV é a maior fatia do faturamento de 190 agencias de publicidade do Brasil -, a Globo não teria como pagar o salário dos atores que não estão ar.

Entre outras coisas.

E olha que o BV da Globo é de solar ilegalidade, segundo a decisão do julgamento do mensalão – Fase I, aquela que o Ataulfo Merval de Paiva (***) recebeu como os Dez Mandamentos. 

Agora, aqui entre nós, amigo navegante, tivesse você uns trocados … compraria ações da Globo Overseas ou da Petrobras?

Paulo Henrique Amorim

Crônica dominigal de Luis Fernando Verissímo


Quando eu era garoto, louco por futebol, tinha time em vários lugares do mundo. Só os conhecia pelo noticiário nos jornais, muitas vezes nem sabia a cor das suas camisetas. Eu era River na Argentina, Tottenham Hotspur na Inglaterra, Racing (que depois virou Paris Saint-Germain) na França, Internazionale (claro) na Itália, e tinha time até, não duvido, na Cochinchina.

É engraçado isso, viver a realidade alheia como se fosse a nossa. No caso dos times de futebol, a escolha se baseava em simpatias fortuitas, nada racionais. Por que Tottenham Hotspur e não Arsenal? Que possível identificação eu poderia ter com meu time na Ucrânia?
Já as outras escolhas de lados para os quais torcer, que faríamos ao longo da vida, seriam mais lógicas, ou mais explicáveis. Viveríamos vicariamente as histórias dos outros porque projetaríamos nelas as nossas convicções, ou a nossa própria história irresolvida.
Exemplo prototípico disso é a Guerra Civil Espanhola, na qual muita gente foi lutar contra ou a favor da insurreição de Franco, mas que teve torcida calorosa em todo o mundo.
Você se definia com sua escolha de lado na Espanha. Nunca tinha sido tão fácil identificar o inimigo — ou o amigo, para quem via na Espanha insurrecta um bastião contra o bolchevismo.
De Mussolini ainda não se sabia se era um bufão inconsequente ou uma ameaça, Hitler estava recém-começando a fazer das suas. Franco era, portanto, a primeira personificação nítida do assomo fascista na Europa. “No pasarán!”, o grito de guerra dos legalistas espanhóis, foi, mesmo à distância, o grito de guerra de uma geração. Passaram, mas isso é outra história.
No Brasil vivemos vicariamente a história de outras países americanos como se fosse a nossa, ou como se decidisse a nossa. Cuba, por exemplo, está no centro do debate esquerda/direita no país há anos.
É um exemplo admirável de resistência à prepotência americana e de sociedade solidária em que saúde e educação públicas são prioritárias ou um exemplo lamentável de país totalitário que prende seus críticos e cujos benefícios sociais não compensam a falta de liberdade, dependendo do seu lado.
A polarização das opiniões não permite que se torça pelo meio-termo, também conhecido como a visão de cima do muro: admirar o admirável e lamentar o lamentável, sem esquecer que o que se vê de longe são as versões e não os fatos.
Muitos vibraram com a ascensão de Allende ao poder no Chile como se ele tivesse chegado ao Palácio do Planalto, e vê-se que, hoje, muitos acham que o que o Brasil precisa é de um bom pinochetaço. Também vivemos vicariamente na Venezuela, onde a história acontece em extremos tais que tornam difícil sequer identificar os lados em conflito, quanto mais escolher um para torcer.
Quando eu era garoto não havia essas hesitações. O River era o time da elite argentina? Aquilo não me interessava. Era o meu time e pronto.

Alcione - Rio Antigo



Singela homenagem aos dois anos que Chico Anísio desencarnou, ele compôs essa obra prima em parceria com Renato Buzar

Mercedes Sosa


Coluna dominical de Paulo Coelho

Aqueles que têm fé estão acostumados a aceitar a presença de Deus nos lugares sagrados, mas quando o conseguem reconhecer no cotidiano? Foi pensando nesta pergunta, que Joanna Laufer e Kenneth Lewis resolveram entrevistar, durante dois anos, pessoas de diversas áreas, para que contassem como a fé pode participar das atividades diárias. Eis aqui algumas destas respostas:
"Cantar é uma arte extremamente pessoal. Um instrumentista normalmente lida com algo externo a ele, mas o cantor é seu próprio instrumento. Certa noite de 1989, eu estava doente, mas não podia adiar um recital. Então, pouco antes de começar a cantar, eu rezei e disse: 'Meu Deus, este trabalho aqui tem mais a ver com você do que comigo'. Naquele momento, eu acreditei que ia cantar somente para Ele, e passei a ignorar a plateia, os músicos, até mesmo minha indisposição física. Foi um dos melhores concertos que já dei em minha vida" - Leontyne Price.
"É interessante notar que, quando se trata de Ciência, nós aceitamos com muito mais facilidade aquilo que não vemos. Entretanto, ao falarmos de um mundo espiritual, sempre aparece alguém querendo exigir provas, testemunhos, documentações".
"Existe um tipo de mecanismo chamado 'câmara de nuvem', onde um cientista pode traçar o caminho de partículas subatômicas, que jamais serão vistas, mas cuja prova de sua existência são as marcas que deixam nesta máquina. Ora, se traçarmos um paralelo, entenderemos que, embora Deus jamais possa ser visto, Ele deixa também suas marcas nas pessoas, e é só uma questão de notá-las" - Rabi Schindler.
"Em 1938, quando eu tinha seis anos, um grupo de nazistas entrou em nossa casa em Frankfurt, e levou meu pai para um campo de concentração. Dias depois, minha mãe me colocou num trem que viajava para a França. Eu ainda penso na última vez que a vi, me dando adeus na estação, chorando, sem que eu pudesse compreender direito porque aquilo tudo estava acontecendo".
"Muitas coisas nesta vida me deixam confuso, e passar por uma experiência destas, ainda na infância, é estar no limite da própria fé em um mundo espiritual. Entretanto, mesmo assim ainda sou capaz de entender que tudo que faço é pela graça de Deus".
"E isto me traz à memória uma história atribuída ao grande rabino Bal Shen Tov. Conta-se que ele estava no topo de uma colina, com um grupo de estudantes, quando viu um grupo de cossacos atacarem a cidade e começarem a massacrar as pessoas".
"Vendo muitos de seus amigos, lá embaixo, morrendo e pedindo misericórdia, o rabino exclamou:
- Ah, se eu pudesse ser Deus!"
"Um discípulo, chocado, virou-se para ele:
- Mestre, como ousa proferir uma blasfêmia destas? Quer dizer que, se o senhor fosse Deus, ia agir de maneira diferente? Quer dizer que o senhor acha que Deus muitas vezes faz o que é errado?".
"O rabino olhou nos olhos do discípulo, e disse:
- Deus sempre está certo. Mas se eu pudesse ser Deus, eu saberia entender o que está acontecendo" - Benjamin Hirsch.

É complexado por que é. Não porque é negro

[...] "Os países africanos se ressentem muito disso. Como é que pode um país que tem 50% da população negra e mulata e não consegue escolher um número de embaixadores negros para mandar para a África?”

Inda vem querer culpar a sociedade pelos problemas que tem - infelizmente -. Mas, que para mim além de complexado é capitão-do-mato, covarde, enfim um FHC - farsante, hipócrita, cínico -!