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Quadrinha erótica

Sr. Deus: uma pergunta com todo respeito


Santa Maria, RS, Brasil, planeta Terra, janeiro de 2013

Ilustríssimo Sr. Deus Endereço: em Todo Lugar do Universo

Prezado Senhor,

Antes de tudo, peço desculpas a Vossa Excelência e com todo o respeito e humildade dirijo-me ao Senhor para uma pergunta simples porque tenho intenção de candidatar-me a um lugar simples em qualquer templo onde Vossa Excelência é festejado, idolatrado, reverenciado, respeitado, temido e tudo o mais, para também postar-me de joelhos, contrito, de olhos fechados ou não, orando, rezando ou o que o valha, e demonstrar a fé que os outros demonstram e temer pela minha salvação para ganhar o prometido Reino dos Céus depois de libertado de todas as minhas culpas pelos pecados que tenha cometido por estar em desacordo com o livro de Vossa Excelência.

Tenho apurado por aí que Vossa Excelência tem muito poder, que tudo pode, tudo sabe e sempre está presente em todos os lugares, inclusive naquela boate de nome bonito numa cidade com o nome da mãe do seu Filho, aquele que foi injustiçado, maltratado, morto e crucificado, que ressurgiu dos mortos para salvar a humanidade, inclusive os jovens, mais de duzentos, o Senhor deve ter sabido, não é? Lamento pelo Seu filho, mas agora estou lamentando mais pelos 231 filhos de outros pais que a gente viu chorar.

A pergunta boba, de um ignorante mortal, sem a cognoscência suficiente para entender as lições que Vossa Excelência costuma ensinar, principalmente à página que fala de um tal arbítrio. Aqueles jovens todos, tão cheios de sonhos cometeram pecados tão sérios assim só porque se uniram para festejar a alegria e a felicidade pela conquista dos sonhos deles? Não deu para entender, me desculpe aí, mais uma vez a ignorância. As famílias de vários deles ainda não aceitaram de bom grado aquela parte de que " Vossa Excelência sabe o que faz". É exatamente essa parte que eu queria entender e o que significa exatamente essa mensagem na tragédia. Se Vossa Excelência puder e não for incomodo, mande um sinal para mim.

Pode ser um raio na minha cabeça, já que cheguei a uma idade que não ligo mais ir me juntar a eles e a tantas pessoas queridas que Vossa Excelência levou sem preparar os parentes e, se for muito incômodo, pode deixar de lado a minha ousadia e o outro caminho eu já conheço. Dizem que é muito quente, mas eu não sinto medo do gerente de lá. De Vossa Excelência, não! De Vossa Excelência eu aprendi que a gente deve se pelar de medo. Tem gente perguntando se não teria sido menos doloroso se Vossa Excelência tivesse feito uso de gente ruim como os estupradores de crianças, as mesmas que Seu Filho querido costumava dizer "vinde a Mim as criancinhas", os assassinos como o daquele menino que foi arrastado pelas ruas de São Paulo, o senhor lembra e tantas milhares de outras pessoas boas e inocentes, daí, juntar tudo e deixar pegar fogo, meio assim "sem querer", Vossa Excelência me entende, não é mesmo?

Pois bem, a perguntinha que estou meio encabulado de fazer e com um medo enorme de aborrecer Vossa Excelência e Seus, digamos representantes fervorosos e radicais, é bem simples: será que

‎Rede social não é lugar para desnudar a alma


[...] Publique idéias, mas guarde o coração para quem está perto o suficiente para olhar em seus olhos. 

Quem joga sua alma no ventilador da Internet corre o risco de nunca mais juntar seus pedaços. 

Preserve-se. 

Intimidade não é para 'amigo de Facebook'. 

É para amigos de Face a Face.

O poder da Palavra

Denegrindo seu próximo:
Uma senhora tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o rapaz acabou preso. Dias depois, descobriram que era inocente; o rapaz foi solto e processou a mulher.

- Comentários não são tão graves - disse ela para o juiz.

- De acordo - respondeu o magistrado. - Hoje, ao voltar para casa, escreva tudo que disse de mal sobre o rapaz; depois pique o papel, e jogue os pedaços no caminho. Amanhã volte para ouvir a sentença.

A mulher obedeceu, e voltou no dia seguinte.

- A senhora está perdoada se me entregar os pedaços do papel que espalhou ontem. Caso contrário, será condenada a um ano de prisão - declarou o magistrado.

- Mas é impossível! O vento já espalhou tudo!

- Da mesma maneira, um simples comentário pode ser espalhado pelo vento, destruir a honra de um homem, e depois é impossível consertar o mal já feito.

E enviou a mulher para a cadeia.

Crônica dominical de Luiz Fernando Veríssimo



Ditos populares, por Luis Fernando Veríssimo

Dos ditos populares, o mais irônico — pra não dizer cínico — é “Pra baixo todo santo ajuda”. O dito não discute a existência de santos e sua influência em nossas vidas, mas os divide em duas categorias, os poucos que nos ajudam nos momentos difíceis, de grande esforço, como subir uma ladeira, e a maioria que só se apresenta na hora da descida, quando nem precisaríamos de ajuda. Seriam os santos oportunistas, atrás de uma glória que não merecem.

Outro dito sábio e irônico, que está sendo muito citado depois da tragédia em Santa Maria, é “Porta arrombada, tranca de ferro”. Este trata das reincidentes providências tomadas para que um fato não aconteça, depois do fato acontecido. Foi preciso que quase 250 pessoas morressem para que coisas como revestimento inflamável, alvarás vencidos, falta de saídas de emergência e sinalização interna, etc. passassem a fazer parte das nossas conversas cotidianas, numa súbita descoberta do mundo de riscos iminentes e desconhecidos habitado por boa parte da população, principalmente a população jovem.
O Ivan Lessa disse que de quinze em quinze anos o Brasil esquece a sua história. Ou mais ou menos isso. Lessa foi otimista. A memória brasileira é bem mais curta. Não faz quinze anos que o Renan Calheiros teve que renunciar ao seu mandato para não ser expulso do Congresso. Hoje é candidato à presidência do Senado (estou escrevendo antes da eleição, mas Calheiros era tido como barbada).
Na época da sua renúncia houve grande indignação, mas a indignação brasileira — como a memória — dura pouco. É fácil indignar-se. Para nos indignarmos não falta a ajuda de todos os santos. Para que a indignação dure e tenha consequência precisamos de um empurrãozinho dos santos mais constantes. Que andam muito relapsos.
No caso dos crimes em Santa Maria, só nos resta esperar que a indignação dure o bastante para ter consequência. Que as providências que evitarão outra tragédia parecida sejam tomadas antes que a indignação seja engolida pela memória curta e desapareça.
E “quem esquece a história está condenado a repeti-la”.

Não adianta fazer beicinho


Dilma em ação
O comportamento de nossas oposições é, às vezes, francamente infantil. Parece-se com as crianças pequenas que gostam de atazanar os coleguinhas maiores com chutes, beliscões e xingamentos. E que choram quando os grandes reagem e lhes dão um chega pra lá.
Acabamos de presenciar uma dessas situações. Nos últimos dias, o que mais se ouve são as queixas oposicionistas contra o protagonismo adotado por Dilma Rousseff em seu pronunciamento a respeito das questões energéticas e da redução das tarifas de eletricidade.
As oposições não gostaram do discurso. Seja na nota oficial do PSDB, seja nos editoriais da imprensa oposicionista ou nas “análises” dos entendidos recrutados por elas, disseram-se indignadas com o conteúdo e a forma da manifestação.
O mínimo que afirmaram é que, ao convocar cadeia nacional de rádio e televisão para anunciar as posições do governo, a presidenta havia se aproveitado das prerrogativas do cargo e feito campanha em favor da reeleição.
Supor que Dilma tenha resolvido se pronunciar em busca de dividendos eleitorais é ignorar quem ela é. Aqueles que a conhecem sabem: em condições semelhantes, ela diria exatamente o mesmo, ainda que não cogitasse se candidatar a nada. Sabem também que seria improvável que ela permanecesse indefinidamente calada, ouvindo o que andou ouvindo.
Quando o grande plano das oposições para voltar ao Planalto fez água, elas passaram a se dedicar a outra estratégia. A espetacularização do julgamento do “mensalão” não causou os danos que esperavam na imagem do PT, como ficou evidente à luz de seu desempenho na última eleição e perante o favoritismo dela e de Lula nas pesquisas sobre a sucessão em 2014.
O antipetismo teve de mudar o alvo.

Pintura moderna

Essa obra-prima poderia ter sido assinada por Picasso, Da Vinci, Van Gogh, Monet
Genial

Recordar é viver

Entrevista histórica feita por Mino Carta e Bernardo Lerer com Lula, a exatamente 35 anos atrás
IstoÉ – Lula, os políticos estão cercando você e seu sindicato. Que acha disso?

Lula – A gente tem que dar risada, porque esse negócio é realmente muito engraçado. Eu acho que este é o momento que o trabalhador deve tirar proveito de alguma coisa. Mas é preciso agir com inteligência, saber jogar, e isso é difícil. você pode ser hostilizado dentro do próprio movimento sindical. Eu participei certa vez de uma reunião com cerca de cem dirigentes sindicais, no qual se discutiu a formação de um novo partido, o apoio a este ou aquele político, em lugar de discutir a libertação do movimento sindical. E me pediram para falar e eu fui muito agressivo, disse o que pensava. Não agradei nem um pouco. Quem fala a verdade fica marginalizado. Não fui mais convidado para reuniões.
IstoÉ – Na sucessão paulista, você tem candidatos?
Lula – Eu acho que o movimento sindical de alguma maneira tem de se manifestar, porque quem cala, consente. Mas não existe compromisso meu com nenhum candidato. Agora, a gente começa a perceber que o negócio deve ser bem lucrativo se todo mundo quer ser governador, e sem ter direito ao posto, isto é, sem ter compromisso com o povo, mas apenas com quem indica e com os grupos que o apoiam. Engraçado: eleição direta ninguém quer. (Ele apoiaria e faria campanha para o candidato do MDB ao Senado, Fernando Henrique Cardoso.)
IstoÉ – Você não chegou a ser sondado pelo MDB para ser candidato a deputado?
Lula – Especulou-se a respeito. Mas eu não sou inscrito em nenhum partido, e graças a Deus esgotou-se o prazo para inscrição. Jamais participaria da MDB ou da Arena, são farinha do mesmo saco e tem os mesmos objetivos. A Arena e o MDB não representam a classe trabalhadora. Eu só me inscreveria no partido que afinasse comigo ideologicamente. Não me interessa partido de cima para baixo. E é isso que acontece sempre: quando algo começa a fervilhar por aí, vêm meia dúzia de caras, os mesmos de sempre, mexem maravilhosamente na coisa toda e continuam mandando.
IstoÉ – Mas onde está você ideologicamente?
Lula – Eu digo de peito aberto que não tenho compromisso com ninguém, e que o sindicato de São Bernardo e Diadema é uma das poucas coisas independentes que existem nesta terra. Só tenho compromisso com os trabalhadores que me elegeram. No mais, a gente é chamado de dedo-duro pela oposição, de comunista pelo governo e de subversivo pelos patrões. É uma condição muito boa, porque a gente pode dar pau em todo mundo e ninguém pode falar: “vou pegar o Lula porque ele assina a Voz Operária“. Nunca assinei a Voz Operária, mas já li: era um jornal que não dizia nada para mim, jornal para intelectual, não para conscientizar o povão. Então eu tenho uma preocupação muito especial de manter o sindicato independente. A gente andará de cabeça erguida enquanto puder criticar você e amanhã aplaudir, se for o caso, e sem dor na consciência. Infelizmente tem muitos dirigentes sindicais que estão com o boi na sombra…
IstoÉ – E a ideologia, Lula, a ideologia?