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Europa atrasou-se 500 anos

Com um certo cinismo, seria até possível considerar o apelo de Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Européia, para desmantelar o esquema de imigração de africanos para o Velho Mundo. Claro que mesmo assim seria preciso discordar de qualquer ação militar, contra homens e mulheres que não tem como se defender em alto mar. Mas a ideia tem um defeito anterior e essencial: um atraso de cinco séculos.

Aqueles barcos que hoje atravessam o Mediterrâneo são sucessores diretos de milhares de embarcações, de várias etapas da tecnologia de navegação, que deixaram a África a partir do momento em que a civilização européia organizou e explorou a escravidão de um Continente inteiro, mudando sua história e comprometendo seu futuro. Perdemos a conta dos milhões de seres humanos que foram transportados pelos oceanos, em porões sombrios, famintos, correntes nos pés. Mas sabemos que ali começou uma história que não volta mais e que deve ser encarada como aquilo que foi e é.

Veja que epopeia, desde aquela fase da evolução humana que os autores europeus chamam de Descobrimento, povoando nossa imaginação com homens de olhar intrépido, lunetas e calças de almofada.
A riqueza daquele período se encontrava na América mas o braço que tinha músculos para explorar o ouro e a prata — e depois colher o café, plantar o algodão — erguendo tantos degraus de civilização e de cultura, vinha da África. Foi dali que saiu a mão-de-obra cativa e baratíssima que permitiu os primeiros séculos de globalização.
Talvez fossem embarcações maiores, muito mais infectas e menos seguras. Mas eram os mesmos barcos com as mesmas pessoas, os bisavós, trisavós, tataravós. Não adianta negar: chegaram até hoje. Estão aí, na nossa frente, ao nosso lado.

Naquele período tardio e muito menos glorioso, que deve ser compreendido como o primeiro e colossal o holocausto da história da humanidade — a observação é da judia Hannah Arendt — o inesquecível Rei Leopoldo, da Belgica, mandava decepar mãos, braços e pernas de negros que não entregavam uma cota fixa de diamantes para o império colonial.
Quando este colonialismo selvagem, sem pudores, parou de funcionar, inventou-se o apartheid, o colonialismo interno, protegido pelos heróis do conservadorismo contemporâneo, adorados por jovens economistas de senho franzido: Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

O projeto de ataque militar aos barcos que hoje atravessam o Mediterrâneo expressa um momento de regressão cruel da história humana, quando uma diplomacia imperial controla, corrompe e derruba governos, inviabiliza Estados nacionais, planeja transformar nações inteiras em campos de exploração e enriquecimento rápido.

Mas a dificuldade não vêm da África. Está na Europa.
Enfrentando a pior crise econômica dos últimos 80 anos, respondida com políticas suicidas de austeridade, os povos europeus assistem ao ressurgimento do fascismo — em diversas variações — em suas fronteiras. A prolongada crise econômica mundial não está na China, nem nos Estados Unidos. Mas no enfraquecimento da Europa, região que abriga o maior e mais rico mercado consumidor do planeta.
Em cada país, os ataques aos direitos dos trabalhadores e da população pobre são questionados, dia após dia. No plano externo, vigora uma diplomacia da pilhagem e da exploração, sem qualquer perspectiva de estimulo ao desenvolvimento e combate a miséria — ainda que dentro dos marcos tradicionais da divisão mundial da riqueza.

É essa falta de perspectiva que expulsa os africanos de seu continente, novamente assaltado pela História dos outros. A violência política é consequência. O fanatismo também.

Sejam ou não capazes de aceitar a ideia, os povos europeus tem uma imensa responsabilidade política e moral com o destino dos povos africanos. O mesmo vale para o império norte-americano, principal promotor e beneficiários das últimas etapas de globalização, que tudo controla e vigia.
Não é caridade. Têm o dever de devolver uma parte do que tomaram no momento em que se decidiu transformar o mundo numa realidade integrada e a humanidade numa grande massa, heterogênea e mesmo desigual, mas interdependente. E quem discorda precisa admitir que já passaram cinco séculos para se defender outra ideia.
Paulo Moreira Leite


Fracasso do euro faria recrudescer nacionalismos arcaicos


"Fracasso do euro faria recrudescer nacionalismos arcaicos" 
O Presidente da República considera que o euro simboliza a vanguarda da integração europeia e alerta para os perigos da queda da moeda única.
Aníbal Cavaco Silva afirmou esta segunda-feira que o "fracasso da zona euro" seria perigoso até para os Estados-membros da União Europeia. "O euro representa a vanguarda da integração europeia. Um fracasso da zona euro poria em causa o mercado interno, faria recrudescer nacionalismos arcaicos e poria em causa o papel do próprio Estado", sublinhou o Presidente da República, num discurso proferido no Centro Cultural de Belém, no âmbito da celebração dos 40 anos de existência do semanário 'Expresso'.
Para além da importância da adesão portuguesa à União Europeia e à moeda única, o chefe de Estado destacou três elementos fundamentais para a afirmação de Portugal no mundo: "a língua, a diáspora e o mar, traços identitários através dos quais o país se tem afirmado" e que têm contribuído para o papel de "protagonistas ativos na construção e aprofundamento da União Europeia".
O Presidente da República voltou a sublinhar a necessidade de o país se reorientar para o mar e para a reindustrialização, apelando ainda aos líderes europeus que definam uma agenda para o crescimento económico e para o combate ao desemprego.
Num ano em que se "vão comemorar cinco séculos desde a chegada dos portugueses à China", Cavaco Silva salientou também o "capital de confiança e simpatia" de que a nação goza e lembrou que "foi na vertigem da viagem que Portugal se encontrou consigo próprio e com aquilo que tem de melhor".
por Octávio Lousada Oliveira

Nem todos os gregos são solidários


O cidadão tem apenas 1 euro para pagar pelas frutas que Aggeliki acaba de lhe entregar em um saco plástico. Diz a feirante: “O senhor me paga os 4 euros quando tiver dinheiro”. 

As condições financeiras de Aggeliki, diga-se, não são muito melhores do que as do cidadão nascido em Bangladesh, um faxineiro de 44 anos. Aos 55 anos e a trabalhar no mercado de Ferameikos, no centro de Atenas, a feirante oriunda de Corinto, cidade na periferia do Peloponeso, chegou no trabalho às 5 da manhã e até agora, meio-dia, faturou menos de 20 euros. Dois anos atrás, ganhava cerca de 80% a mais do que hoje. Aggeliki vive com o marido desempregado e três filhos, de 22 a 28 anos, todos com diplomas universitários, e, como o pai, em busca de trabalho.

“Eles aceitam qualquer emprego, nem precisa ser da área deles, porque não temos aquecimento em casa e falta comida”, diz Aggeliki. 

Ela sofre de dores de cabeça terríveis, mas quando foi ao hospital diagnosticaram um problema psicossomático. Uma senhora, de passagem, oferece uma nota de 5 euros para o faxineiro de Bangladesh. Ele hesita, mas a senhora insiste. Ele troca a nota por 5 moedas de 1 euro e paga a dívida com Aggeliki. No entanto, nem todos os gregos são solidários. Leia mais>>>

Axioma

Se togado brasileiro ganha €109 mil anuais e falsifica tese de togado alemão que ganha €41.127 deveria ganhar como togado paraguaio

Gregos e Troianos hoje são o Brasil e America do Sul de pouco tempo átras

O tempo em que neoliberais de araque tomaram de assalto os Estados da região e patrocinaram as privatarias encomendadas pelo consenso de Washington

Leia com atenção o texto de Carlos Chagas:

Quem [ ainda ] tem riquezas para vender?

Vamos pinçar apenas alguns pedregulhos, do saco de maldades imposto à Grécia pelos banqueiros alemães e ingleses, respaldados por organismos internacionais: a redução de 22% no salário mínimo, a diminuição no valor das aposentadorias, a demissão de 150 mil funcionários públicos, o aumento do desemprego nas atividades privadas, o corte nos investimentos sociais e a privatização de empresas públicas.
                                                        
Sem esquecer que a receita enfiada goela abaixo dos  gregos é a mesma despachada para a Espanha, Portugal, França, além daquele monte de países que vão do Báltico aos Balcãs e ao Mediterrâneo.
                                                        
Apesar da conivência da grande imprensa, até a nossa, em minimizar a reação das populações atingidas,  apresentando como baderna os protestos que ganham as ruas, fica claro ter alguma coisa mudado no relacionamento entre o capital financeiro e as massas exploradas. Estas não agüentam mais.  Aquele gasta suas derradeiras forças na tentativa de preservar privilégios que vão saindo  pelo ralo.
                                                        
A arapuca não funciona mais. Para equilibrar as finanças dos sucessivos governos sediados em  Atenas, imprevidentes, irresponsáveis  e corruptos, a banca internacional promete emprestar 130 bilhões de euros. Fica escancarada a operação  que manterá esses recursos onde sempre estiveram, ou seja, em seus cofres, de onde não sairá um centavo. O empréstimo servirá para saldar as dívidas da Grécia, por certo acrescidas de juros extorsivos, cabendo aos trabalhadores e assalariados arcar com o  prejuízo. Sempre foi assim, através das décadas e dos séculos, só que não é mais.  Não  haverá polícia que dê jeito, como mostram todos os dias as telinhas, mesmo distorcidas e escamoteadas suas imagens.
                                                        
É bom tomar cuidado. A engrenagem financeira internacional, mesmo  podre, desenvolverá todos os esforços para diminuir seu prejuízo. Impossibilitada de agir na Europa insurrecta, estando a América do Norte blindada, não vai dar para lançar suas redes da Ásia. A China chegou primeiro. Com  a África em frangalhos, para onde se voltará a banca em desespero, senão para a  América do Sul?
                                                        
Dessa vez a crise não chegou primeiro para nós. Mas chegará, de forma inapelável. Quem tem riquezas para  vender, como já vendemos no passado?






“O capital financeiro usa a arma da dívida para abolir o Estado e escravizar a população europeia”


Carta aberta de Mikis Theodorakis e Manolis Glezos, 
Leia abaixo os principais trechos da carta aberta divulgada pelo renomado maestro e compositor grego Mikis Theodorakis, e por  Manolis Glezos, herói grego que arrancou a bandeira nazista da Acrópole. Ambos têm mais de 80 anos e continuam nas ruas, sofrendo ao lado de seu povo a brutalidade e a covardia da repressão. Um exemplo para as novas gerações:
“Em tempos antigos, o perdão de Solón das dívidas que obrigavam os pobres a ser escravos dos ricos – a chamada reforma Seisachtheia, assentou as bases para a aparição, na antiga Grécia, das ideias da democracia, cidadania, política e Europa: os fundamentos da cultura europeia e mundial.
Lutando contra a classe dos ricaços, os cidadãos de Atenas assinalaram o caminho para a constituição de Péricles e a filosofa política de Protágoras, que disse: “O homem está muito acima de todo o dinheiro”.
Hoje em dia, vemos a vingança dos endinheirados: “Os mercados estão muito acima de todos os homens” é o lema que nossos líderes políticos abraçam com tanto gosto, aliados ao demônio dinheiro como novos Faustos.
Um punhado de bancos internacionais, agências de informação, fundos de investimento, numa concentração mundial de capital financeiro sem precedentes históricos, reivindica o poder na Europa e em todo o mundo e prepara a abolição de nossos estados e nossa democracia, com a arma da dívida, para escravizar a população europeia, colocando no lugar das imperfeitas democracias que temos a ditadura do dinheiro e a banca, o poder do império totalitário da globalização, cujo centro político está fora da Europa continental apesar da presença de poderosos bancos europeus no coração do império.
Começaram com a Grécia, utilizada como cobaia para deslocar-se a outros países da periferia europeia e, pouco a pouco, até o centro. A esperança de alguns países europeus para escapar eventualmente demonstra que os líderes europeus se enfrentam a um novo “fascismo financeiro”, não fazendo melhor do que quando se enfrentaram à ameaça de Hitler no período entreguerras.
Não é uma casualidade que grande parte dos meios de comunicação controlados pelos bancos tratem os países da periferia da Europa como “porcos – pigs” e sua campanha midiática, sádica e racista, vá tingida de desprezo. Seus meios de comunicação não se dirigem somente contra os gregos, mas também contra a herança grega e a antiga civilização grega. Esta opção mostra os objetivos profundos e ocultos daa ideologias e dos valores do capital financeiro, promotor de um capitalismo de destruição.
A tentativa dos meios de comunicação alemães de humilhar símbolos, como a Acrópole ou a Vênus de Milo, monumentos que foram respeitados até mesmo pelos oficiais de Hitler, nada mais é senão expressão do profundo desprezo dos banqueiros que controlam os meios de comunicação, já não tanto contra os gregos, mas sobretudo contra as ideais de liberdade e democracia que nasceram neste país.
O monstro financeiro produziu quatro décadas de isenção de impostos para o capital, todo tipo de “liberalização de mercado”, uma ampla desregulação, a abolição de todas as barreiras aos fluxos financeiros e às especulações, os constantes ataques contra o Estado, a compra de partidos e meios de comunicação, a apropriação do excedente por um punhado de vampiros: os bancos mundiais de Wall Street. Agora, este monstro, um verdadeiro “Estado por trás dos Estados” parece preparado para acertar um “golpe de Estado permanente” financeiro e político, e para mais de quatro décadas.
Necessitamos criar uma frente de resistência potente contra “o império totalitário da mundialização” que está em marcha, antes que seja tarde demais.
A Europa somente pode sobreviver se apresenta uma resposta unida contra os mercados, um desafio maior que o deles, um novo “New Deal” europeu.
Devemos deter de imediato o ataque contra a Grécia e aos outros países da União Europeia na periferia, precisamos por fim a esta política irresponsável e criminosa de arrocho e privatização, que conduz diretamente a uma crise pior que a de 1929.
As dívidas públicas devem ser reestruturadas de forma radical na Eurozona, especialmente às expensas dos gigantes da banca privada. Os bancos devem voltar a ser avaliados e o financiamento da economia europeia deve estar sob controle social, nacional e europeu. Não é possível deixar a chave financeira da Europa nas mãos dos bancos, como Goldman Sachs, JP Morgan, UBS, Deutsche Bank, etc …
Temos que proibir os excessos financeiros incontrolados que são a coluna vertebral do capitalismo financeiro destrutivo e criar um verdadeiro desenvolvimento econômico em lugar de ganâncias especulativas.
A arquitetura atual, baseada no Tratado de Maastricht e nas regras da OMC, instalou uma máquina na Europa para fabricar dívida. Necessitamos uma mudança radical de todos os tratados, a submissão do BCE ao controle político da população europeia, uma “regra de ouro” para um mínimo de nível social, fiscal e meio-ambiental da Europa.
Necessitamos urgentemente uma mudança de paradigma, um retorno ao estímulo de crescimento através da demanda de novos programas de investimento europeus, as novas regulações, os impostos e o controle do capital internacional, uma nova forma de protecionismo suave e razoável numa Europa independente seria protagonista na luta por um mundo multipolar, democrático, ecológico e social.
Chamamos às forças e pessoas que compartilham estas ideias a convergirem, o mais rapidamente possível, numa ampla frente de ação europeia para produzir um programa de transição, para coordenar nossa ação internacional, com o objetivo de mobilizar as forças do movimento popular, para reverter o atual equilíbrio de forças e derrotar aos atuais líderes dos nossos países, historicamente irresponsáveis, com o fim de salvar a nosso povo e a nossa sociedade antes que seja demasiado tarde para a Europa”.

E se a China quebrar?

É a pergunta que faz um arauto da turma dos liberais de araque - Senador Demostenes Torres -, para em seguida - como de costume - responder(?) fazendo críticas ao governo Dilma. Como não sou do governo, nem petista, quem de direito faça sua defesa. Mas, como cidadão digo: Os EUA e a Europa quebraram faz tempo e nem por isso o mundo acabou.

Europa joga democracia na lata do lixo

[...] tecnocratas assumem o poder 

 Analisemos agora o segundo ator importante no quadro das democracias contemporâneas: o tecnocrata. De início, é oportuno lembrar que não há mais no planeta brilhantes estrelas da política. O painel político da humanidade locupleta-se de figurantes sem o glamour de líderes que marcaram presença na História. Os tempos são outros. Queixumes se ouvem nas praças do mundo: quem lembra a sabedoria e o tino de figuras portentosas como De Gaulle, Churchill e mesmo Margaret Thatcher ou Willy Brandt?
      
Os conflitos até aqui, o foco era a geopolítica, cedem lugar às lutas internas contra o dragão que devasta as finanças e corrói os Tesouros. É natural, pois, que o perfil do momento seja o reinado nos salões da tecnocracia. Aliás, o termo vem a calhar nestes tempos de insegurança, eis que agrega habilidade (tekné) ao poder (krátos). Isso é o que se espera dos "solucionadores de problemas", entre eles, Mario Monti, novo primeiro-ministro italiano, e Lucas Papademos, que domina a planilha de contas, mas parece perdido diante dos cofres vazios da Grécia.
       
Afinal, o tecnocrata faz mal à democracia? A pergunta está no ar desde a queda do Muro de Berlim, no vácuo deixado pelo desvanecimento das ideologias e pela pasteurização partidária. De lá para cá, governos esvaziaram seus compartimentos doutrinários, preenchendo-os com quadros burocráticos e apetrechos técnicos para obter eficiência e eficácia.
        
A política deixou de ser uma unidade autônoma, porquanto passou a depender de mais duas hierarquias: a alta administração do Estado e os negócios. Esse é o feitio dos modernos sistemas democráticos. E é essa modelagem que explica manifestações radicais das massas em quadrantes diferentes do planeta. Busca-se um salvador da pátria, seja ele socialista, populista, liberal, conservador de direita, tecnocrata ou intelectual.
G. Torquato

O povo que se exploda. Temos de salvar são os bancos

[...] este é o pensamento que domina os dirigentes da União(?) Européia. Confiram no artigo abaixo:

 MANUEL CASTELLS: "NÃO SE TRATA DE SALVAR O POVO, MAS DE SALVAR O EURO"!
              
O problema não é a complexidade da crise, mas a democracia. O que os políticos mais temem nesses momentos é que os substituamos, que roubemos deles esse poder delegado que mantêm, por um mecanismo controlado de eleições entre opções enquadradas nos limites do sistema, e legitimadas pela mídia.
                
Na realidade, não se trata de salvar o povo, mas de salvar o euro, como se fossem a mesma coisa. Por que tanto interesse? E de quem? Porque dez dos 27 membros da União Europeia vivem sem o euro e algumas de suas economias (Reino Unido, Suécia, Polônia) são muito mais sólidas que a média da União Europeia? Defender o euro até o último grego é a primeira linha de defesa para uma moeda que está condenada porque expressa economias divergentes e que não têm um estado que a respalde. Com Portugal e Irlanda na UTI, a Espanha na corda bamba, e uma Itália em permanente crise política e endividada até o pescoço de seu ex-líder, a defesa franco-germânica do euro tem outras explicações.
                
A primeira razão é obvia: salvar os bancos, principalmente os alemães e franceses, que emprestaram sem garantias para a Grécia e aos demais PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) mediante a manipulação de contas praticada, pelo menos no caso da Grécia, pela consultoria da Goldman Sachs (certamente, deve ser simples coincidência que Draghi, o novo presidente do Banco Central Europeu também foi empregado da Goldman Sachs).  De início, já aceitam que precisarão esquecer 50% da dívida da Grécia. Mas os outros 50% têm que ser tirados do sangue, suor e lágrimas dos gregos, para que o não pagamento não acabe impune.
                
Quebram os países para que os bancos não quebrem. Mas por que se faz isso? No fim, os Merkozy [Merkel e Sarkozi] não são funcionários dos bancos. Têm seus interesses políticos, nacionais e pessoais. A Alemanha necessita realmente que o euro seja a moeda europeia e que seus sócios não possam desvalorizá-la. Porque o modelo de crescimento alemão é na realidade, o mesmo que o chinês: crescer por meio de exportações favorecidas por uma moeda subvalorizada. Se houvesse um euro-marco forte, a Alemanha perderia mercados na Europa perderia competitividade em relação a exportações espanholas ou italianas.
                
Mas há outra dimensão político-pessoal. Tanto Merkel quanto Sarkozy precisam estabelecer sua liderança europeia por razões de política interna e por projeto de grandeza nacional que é preciso disfarçar, para não despertar velhos fantasmas. E as outras elites políticas europeias? O sentimento de serem europeus, em um mundo em mudanças desde a América do Norte até a Ásia, dá-lhes a impressão de ser algo mais que produtos aldeanos do aparato de partido que tanto desprezam.
                
E o sonho europeu? Ele pode ser construído com as pessoas, amando-nos uns aos outros, em vez de ver quem para a conta. Quando pensar em euro, pense fraude. Quando pensar em Europa, pense amigos.  

A receita da presidente Dilma contra as políticas de austeridade e ajustes fiscais rígidos


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Dilma Rousseff
Com desassombro, remando contra a maré e o senso comum que se estabeleceram nos últimos 30 anos na comunidade global, a presidenta Dilma Rousseff tem se posicionado, em nível internacional, contra as políticas de austeridade e ajustes fiscais que levaram a Europa a atual situação e ao impasse.

Rema, assim, contra a onda gerada a partir dos governos Ronald Reagan, nos Estados Unidos (1981 e 1989) e Margaret Thatcher (1979-1990), na Inglaterra, marcos do apogeu da imposição do liberalismo econômico nos anos recentes.

A presidenta reafirma essa posição, ainda agora, em visita a Europa (Bélgica, Bulgaria e Turquia), quando destacou em alto e bom som: ajustes fiscais drásticos só servem para "aprofundar" a estagnação da economia.

Lembrar o passado para não se incorrer nos mesmos erros


Ela recorreu à crise da dívida, que afetou os países latino-americanos na década de 1980, para lembrar: "na época, os ajustes fiscais extremamente recessivos só aprofundaram o processo de estagnação, a perda de oportunidades e desemprego".

"Dificilmente se sai da crise sem aumentar o consumo, o investimento e o nível de crescimento da economia", receitou a presidenta, insistindo que não há outra forma para sair do círculo vicioso, maior mal gerado por essas políticas que só trazem a estagnação econômica.

São políticas, como se vê agora na Europa, que nem resolveram a questão fiscal, e nem a da dívida pública. E, ainda por cima, agravaram a situação dos bancos e dos governos. Além de terem trazido a recessão e o desemprego, a perda de direitos trabalhistas, a redução de salários e cortes brutais nos programas sociais.

Políticas liberais não resolvem crise e criam círculo vicioso


Foram elas, portanto, as responsáveis pela montagem do cenário que se vê hoje no Velho Continente, e que comprova o equívoco das politicas que priorizam exclusivamente cortes de gastos, de investimentos, e redução de salários e benefícios previdenciários e sociais.

O resultado não foi nem poderia ser outro: queda do crescimento, da arrecadação, recessão, ampliação do desemprego, e aumento do risco e dos juros para um a um e para quase todos os países da União Europeia (UE).

Estabeleceu-se, assim, com essas políticas, o círculo vicioso do qual não conseguem livrar-se os europeus. Nele, a Grécia é apenas o primeiro caso de insolvência, uma ameaça que paira seriamente sobre a Itália e a Espanha também.

por Delfim Neto




Antonio Delfim Netto – VALOR

19/07/2011
Há alguns sinais preocupantes no horizonte para os quais temos de prestar atenção. O primeiro é a clara desarrumação política nos EUA revelada pelo cabo de guerra entre democratas e republicanos. O segundo é com relação à sucessão na China: há indícios de desacordos e ela não parece tão tranquila quanto as últimas. Ninguém sabe ao certo quando alguns problemas econômicos e sociais escondidos revelarão a sua cara. O terceiro é que a Eurolândia continua a tratar um problema de insolvência como se fosse de liquidez, o que a levará a maiores dificuldades. E o quarto é a visível mudança da mídia internacional com relação às perspectivas brasileiras. A impressão é que o setor financeiro se fartou de comer nosso peru com farofa fora do dia de Ação de Graças! Agora os “vendidos” parecem inquietar-se com os mecanismos que, em legítima defesa, o ministro Mantega tem tentado implementar.
A situação americana é realmente complicada: o presidente Obama aproveitou muito mal o “we can” que empolgou o país. Perdeu a confiança do setor real da economia. No início foi mal aconselhado política e economicamente pelos assessores que já devolveu à Academia. Em lugar de prestar atenção ao problema dos honestos que perderam o emprego, exagerou na salvação dos desonestos que produziram a crise. Os efeitos da política econômica com relação ao desemprego, que é a forma mais cruel de desperdício humano, podem ser vistos no gráfico 1, onde se compara a saída da crise de 2007/09 com as quatro que ocorreram desde o início dos anos 70. Ele revela o nível do desemprego nos EUA tendo como referência o mês em que o National Bureau of Economic Research estima o fim de cada recessão. Vemos que depois de um ano e meio do fim da recessão de 2007/09, a taxa de desemprego ainda ronda quase 10%, quando em todas as outras crises ela já havia se reduzido a qualquer coisa como 7,5%. O pior é que o “jeitão” do gráfico não é nada tranquilizador. Nada vai acontecer se o presidente Obama não recuperar a credibilidade e reduzir as incertezas.
Obama perdeu a confiança do setor real da economia
O dado mais sintético, que é a taxa de crescimento do PIB, também não parece confortador, como se vê no gráfico 2. Nele se registra o crescimento anual (trimestre contra o trimestre homônimo). Vemos uma rápida recuperação (em V) que depois de atingir o crescimento de “cruzeiro” (3%) dá sinais claros de enfraquecimento.
A informação fundamental para os emergentes é sobre a possível variação do dólar. Como ele é (e continuará a ser durante muito tempo ainda) a moeda que é a unidade de conta, de liquidação de compromissos e de reserva internacionais, o seu valor é determinante na formação dos preços nominais das “commodities”. Isso influencia nossas relações de troca, o que explica, pelo menos em parte, a valorização do real. A trajetória de queda do dólar sugere que ainda há espaço para sua maior desvalorização. Não parece, portanto, que o mundo possa contar com uma recuperação robusta da economia americana antes das eleições de 2012.
Quanto à China, ela provavelmente vai crescer, mas não na mesma intensidade nos próximos 20 anos. Ela continuará a busca das três autonomias que caracterizam as potências: a alimentar (que ela persegue firme internamente com novas tecnologias e externamente com a compra de recursos naturais); a energética (com energias renováveis e métodos modernos da extração do “shale” gás); e a militar (que ela já tem suficientemente “dissuasiva”), com investimentos cada vez maiores para garantir o seu controle do “Mar da China”.
É preciso não esquecer com respeito à China (e as nossas relações de troca), que os “preços acabam funcionando” e que seus níveis atuais acabarão elevando a oferta mundial de todos os nossos produtos de exportação (principalmente soja e minério de ferro) com consequências sobre eles.
O Brasil precisa colocar suas barbas de molho! Nosso modelo exportador agromineral induzido será incapaz de garantir empregos de boa qualidade para os 150 milhões de brasileiros que terão entre 15 e 65 anos em 2030. É disso que se trata. Precisamos apoiar um programa de desenvolvimento industrial e de serviços que promova forte competição interna e dê aos nossos trabalhadores e empresários inteligente proteção externa com condições isonômicas para exigir deles capacidade competitiva internacional. É, parece, o que nos oferecerá em breve a presidente Dilma Rousseff.
contatodelfimnetto@terra.com.br

por Zé Dirceu

Cinismo e pantomima na Europa
zé dirceu - um espaço para discussão no brasil
Continuamos a assistir uma pantomima patrocinada pela Alemanha e pela França, cujos bancos e governos são os responsáveis por tudo o que aconteceu na Grécia, ainda que joguem toda culpam nas autoridades e empresários gregos. A verdade é que os bancos alemães e franceses quebrariam se a Grécia quebrasse. Todo o resto é pura encenação.

A crise Europeia tem suas raízes na norte-americana e nos mesmo modelo de endividamento das famílias e empresas - via especulação imobiliária e financeira, ou via consumo irreal, estimulado pelos bancos e empresas. Agora só resta a farsa e a conta para os trabalhadores, que pagarão duas vezes a crise, no endividamento dos Estados para salvar os bancos e, agora, no ajuste para salvar o Estado.

O cinismo alemão não tem limite. Um dos seus bancos, o Helaba, de atuação regional, simplesmente se retirou do teste quando se deu conta que seria reprovado. Na verdade são dezenas de bancos no limiar da reprovação. E, na verdade, são 50 bilhões de euros o capital necessário para dar garantias ao sistema. Não se trata apenas 9 bancos e 2,5 bilhões de euros, como alegam algumas manchetes de jornal. Tudo não passa de uma encenação que não resistira aos fatos.

Quintal republicano

Já, nos Estados Unidos, assistimos um espetáculo só maior que o de 2009, quando o governo e o elite financeira americana jogaram no lixo toda pregação e teoria que nos enfiaram goela abaixo durante décadas. Foi como salvaram seus bancos: endividando o pais até o limite. Só não contavam com o fanatismo Republicano, que não aceita o aumento do limite de endividamento do país. Colocam em risco o próprio sistema e a credibilidade da maior economia do mundo. Como vemos cada um cuida de seu quintal e que se dane o mundo...

por Zé Dirceu

Uma análise equivocada da crise econômica mundial
Publicado em 13-Jul-2011
Concordo com alguns pontos, mas julgo equivocadas a maioria das conclusões sobre a crise econômico-financeira mundial expostas por Martin Wolf, editor e principal comentarista econômico do Financial Times (FT) em seu artigo "Da Itália aos EUA: realidade x utopia", transcrito pela edição de hoje do Valor Econômico.

Na verdade, a queda da arrecadação que ele apresenta como "resultado predominantemente de colapsos na atividade econômica e nas receitas", é conseqüência direta de uma só causa:  a crise financeira imobiliária e dos derivativos. Logo o argumento de Wolf não se sustenta,

Ele se apega aos números para dizer que só 42% do novo déficit americano de mais de US$ 1,6 trilhão vem da ajuda aos bancos e os outros da queda da arrecadação que, repito, só aconteceu por causa da aventura dos derivativos que levou a uma queda do PIB em todos os países por ele citados, começando pela Espanha e Grã-Bretanha.

Pagando a crise duas vezes


A crise fiscal que vemos nesses países é um legado de farras de endividamento dos setores público e privado ocidentais nas últimas décadas. As questões levantadas por Wolf, como a posição da direita americana e a moeda única, só agravaram a situação, nada mais.

Pior, tendem a fazer com que a conta seja paga duas vezes pelo trabalhador e pequeno empresário: na crise e agora no ajuste. Um verdadeiro crime!

Concordo, no entanto, com a conclusão de Wolf: "Estes são tempos perigosos. Os EUA podem estar à beira de cometer um dos maiores e menos necessários erros financeiros na história mundial. A zona do euro pode estar à beira de uma crise fiscal e financeira que não apenas destruirá a solvência de importantes países como até mesmo a união monetária e, na pior das hipóteses, grande parte do projeto europeu."

Não deixem de ler no Valor este artigo "Da Itália aos EUA: realidade x utopia".

Portugal e a crise econômica na Europa

Os títulos da dívida pública de Portugal foram rebaixados para a categoria “junk”. Em bom português (de aquém ou além-mar), não resta dúvida: a dívida portuguesa virou lixo!
O anúncio – feito pela Moody´s (uma daquelas agências de “classificação de risco” que se desmoralizaram ao deixar de prever os riscos no mercado de hipotecas dos EUA antes de 2008) – acrescenta mais um toque de dramaticidade à crise européia.
Fukuyama e o fim da história: o que ele diria da crise européia?
Portugal é um mercado pequeno. Assim como a Grécia e a Irlanda - que também passam por dificuldades gigantescas. Mas se a dívida desses países virar pó, a crise pode se expandir para Alemanha e França – já que bancos franceses e alemães detêm boa parte da dívida grega e portuguesa.


O desespero leva muita gente a pregar que Portugal e Grécia saiam agora do euro, e voltem a ter moeda própria. Moeda própria permitiria a esses países defenderem suas economias, favorecendo exportações e reativando a produção. Mas a dívida antiga, em euro, cresceria exponencialmente. A não que se pronuncie uma palavra que economistas bem comportados costumam evitar: calote!


O euro, ressalte-se, é moeda “sui generis”, é moeda sem Estado. É moeda “única” de estados múltiplos. Por isso, a crise nos pequenos Portugal e Grécia é uma crise européia. Sem falar na Espanha – economia bem maior, onde o desemprego avança para impressionantes 20%.


O tremor financeiro faz ressurgir o discurso nacionalista na Alemanha – país que segue a crescer em meio à turbulência. Na terra de Angela Merkel, conservadores já falam em criar uma nova zona do euro, mais enxuta, reunindo Alemanha, Áustria e países nórdicos. Um novo euro, o  “euro forte”,  ficaria restrito a esse pequeno grupo de países – que assim não se deixariam “contaminar” pela instabilidade que vem do sul. Nacionalismo e Alemanha são termos que costumam provocar arrepios quando aparecem juntos.   
A crise do euro é, por isso, também uma crise política.
Qual a saída?


Gregos, portugueses e espanhóis já estão nas ruas a mostrar que a velha receita do FMI sofrerá oposição gigantesca. A própria decisão da Moody´s sinaliza que os pacotes sucessivos não surtirão efeito: FMI e União Européia oferecem recursos em troca de cortes no setor público. Cada pacote faz com que o “mercado” enxergue essas economias com mais desconfiança, cobrando um preço cada vez mais alto para refinanciar a dívida pública.
Portugal prometeu vender ativos, reduzir aposentadorias, cortar empregos públicos. Qual o resultado? A dívida virou lixo!


O caminho desses países pode ser o da Argentina. Calote! 
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Europa

POPULISMO DE DIREITA CRESCE!

El País 

1. Quando um partido populista, eurofóbico e anti-imigrante triunfou nas eleições gerais da Finlândia, semanas atrás, muitos se perguntavam o que tinha acontecido em um dos países símbolo da tolerância e do bem estar. Quando olharam ao redor, perceberam que os finlandeses não estavam sozinhos. Viram que no mapa da Europa proliferavam partidos que no passado foram considerados desvios políticos por seu radicalismo, mas que atualmente cativam boa parte do eleitorado. Em vários países europeus tornaram-se a terceira força mais votada.

2. Na França, as pesquisas preveem para eles um futuro brilhante. Marine Le Pen e Geert Wilders aguçam o temor da chamada Eurábia, a chegada dos muçulmanos. Alguns analistas chamam os extremistas de "partidos de protesto" porque sua missão é colher o desapontamento. Finlândia, Holanda, Noruega, Suécia, Itália, França... A lista dos países com uma ascensão de partidos populistas de direita é longa. E maior ainda é a sombra projetada por estas formações sobre os partidos tradicionais, que cada vez mais adotam algumas das teses extremistas a procura dos votos que sentem terem sido roubados pelos populistas, alertam os especialistas.

3. O populismo de direita apresenta diversas formas na Europa. Há, no entanto, denominadores comuns entre os que se destacam o eurocepticismo e a xenofobia, que vem a ser rejeitar os imigrantes muçulmanos. É comum também a presença em suas fileiras de um novo tipo de líderes, que têm pouco a ver com seus antecessores da mesma linha. Os novos políticos populistas são mais jovens - a maioria com cerca de quarenta anos - mais modernos e mais bonitos. Eles são carismáticos e tendem a ser grandes oradores. Conseguem distanciar-se do passado sombrio de seus partidos observando sua linguagem, com a qual são capazes de transmitir ideias xenófobas sem utilizar a linguagem rude e racista do passado. Eles finalmente conseguiram fazer ideias aceitáveis e digeríveis que até recentemente tinham pouco espaço no debate político.

4. Souberam capitalizar o cansaço dos eleitores com os partidos tradicionais, que perderam a capacidade de se conectar com o público. São chamados por alguns analistas de “partidos de protesto", porque sua missão principal é colher a decepção dos outros. E se arriscam com as polêmicas que os partidos tradicionais preferem evitar. Porque os eleitores querem ouvir falar sobre aquilo que os preocupa, e a imigração parece ser um desses temas.

5. À primeira vista poderia parecer que a crise econômica e financeira, que tem semeado o medo diante de um futuro sombrio, poderia jogar a favor dos extremos. Não é, no entanto, um fator determinante, dizem os especialistas. Basta olhar em que países o ressurgimento populista é mais forte. Holanda, Finlândia, Noruega e Alemanha, onde os discursos anti-imigração são mais bem-sucedidos do que nunca, foram apenas golpeados pela crise financeira, que destruiu outras economias europeias. Por isso, dizem os analistas, o verdadeiro problema virá no dia em que eles ganharem força nos países mais afetados pela crise, como Espanha, Grécia, Portugal, ou Reino unido. Se nestes países as taxas de desemprego seguirem tão elevadas como agora, e no futuro não houver melhorias econômicas, o terreno estará fértil para que os extremistas – tanto de esquerda como de direita – floresçam.

por Zé Dirceu

Europa fecha com os EUA na Líbia e mete-se numa enrascada

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símbolo da ONU
A Europa mais uma vez acompanhou a diplomacia norte-americana e deu aval para a decisão do Conselho de Segurança da ONU (CS-ONU), que autorizou na 6ª feira pp. uma intervenção na guerra civil na Líbia.

O eufemismo "zona de exclusão aérea" não durou nem 12 horas. Na prática, o que assistimos a partir do sábado foi uma intervenção pura e simples dos Estados Unidos e de várias outras potências (França, Inglaterra, Itália, Canadá) no país.

Tanto é assim que, iniciada a ofensiva, agora sob o pretexto de fazer o governo Muamar Kaddhafi respeitar a intervenção adotada sob o pomposo nome de "zona de exclusão aérea", a Liga Árabe foi a 1ª a botar a boca no mundo e a protestar que o ataque à Líbia difere do que foi acordado e aprovado na ONU.

Países eram ingênuos, não sabiam o que os EUA queriam?

O texto, lembrou a Liga, diz que o objetivo da zona de exclusão aérea era proteger a população civil, e não bombardear mais objetivos civis. Mais do que isso, com exceção do Qatar, nenhum país árabe quer apoiar a aventura norte-americana e anglo-francesa.

Além da Liga, outros países do bloco chamado de "aliado" se rebelam contra a distorção do que foi aprovado no CS-ONU. Até parece que alguns deles eram ingênuos e não sabiam o que os EUA e as outras potências parceiras pretendiam...

Já que os EUA, pela voz de seu presidente, Barack Obama, apressa-se em querer passar o comando das operações para outra potência ou instituição, a Turquia, inclusive, impediu com seu veto que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) assumisse a coordenação dos ataques. Ela insiste em negociar diretamente com Kaddhafi (leiam o post "Civis e Direitos Humanos: defesa só na Líbia").

Nosso BC - dos agiotas - e a crise na Europa

Com as Bolsas despencando em todo o mundo - a nossa, inclusive - por causa da crise na Europa, transformada em monstro a assustar a todos, mercado e rentistas brasileiros apressaram-se em plantar nos jornais que talvez não seja possível ao Banco Central (BC) voltar a elevar a taxa Selic nos níveis que eles pretendiam, 1% a mais já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM).

Subir a Selic - como o fizeram na reunião do COPOM nos últimos dias de abril - num momento de impasse e incertezas na Europa só podia dar nisso. Esse é o problema do fundamentalismo e do conservadorismo do BC: sua tendência a atender aos apelos do mercado que tem uma visão míope e influenciada pelos rentistas e pelos ganhos dos especuladores.

Estamos repetindo - e vivendo - a mesma situação do final de 2008, quando o BC se recusou a reduzir drasticamente os juros, mesmo frente à maior crise financeira dos últimos 100 anos. Agora, ao menor sinal de aumento conjuntural e sazonal da inflação, mesmo levando–se em conta o aquecimento da demanda, o BC deu uma “paulada” nos juros que pode se transformar em uma paulada na nossa economia, frente aos riscos de uma crise maior na Europa. Continua>>>


França e EUA querem impor sanções ao Irã


Os governos da França e dos EUA chegaram a um acordo nesta segunda-feira sobre a necessidade de impor "sanções pesadas" ao Irã, depois que o país islâmico anunciou que começará a enriquecer urânio a 20%.
"Eles acreditam que a imposição de sanções pesadas deve reiniciar as negociações", disse um assessor do presidente francês à agência de notícias Reuters.
Mais cedo, Gates se reuniu com o ministro da Defesa francês, Hervé Morin, e ambos defenderam novas sanções ao Irã.
"Ainda devemos tentar encontrar uma solução pacífica", disse Gates. "Mas o único caminho que resta nesse campo é a pressão. Para isso, a comunidade internacional deve trabalhar em conjunto".
O Irã comunicou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que começará nesta terça-feira amanhã um processo de enriquecimento de urânio a 20% em seus reatores. Em outubro, a AIEA propôs que Teerã enviasse o material para ser tratado nas mesmas condições fora do país, o que, em tese, dificultaria o uso militar do programa nuclear iraniano.
"Infeliz aquele que prega uma moral que não pratica". 
Como detentores de bomba atômica teem moral para proibir que outros países tenham também?
Que se desarmem para depois cobrar isso dos outros.
Neste quesito o Brasil tem moral para dar e vender.

Quem é o louco?

Quem deu estas respostas abaixo a Empresa Brasileira de Comunicação é um *louco, qual tua opinião?



EBC: O que ficou decidido sobre a atuação dos dois países nos conflitos do Oriente Médio?


As causas dos conflitos do Oriente Médio constituem uma das questões mais complexas do mundo. Temos que identificar as raízes e assim tratá-las. Vamos continuar nossas conversas com o presidente Lula nesse sentido. E espero que, baseados na Justiça, possamos chegar a uma solução, porque o presidente Lula deseja Justiça e nós, também. Pode ser que nossas informações sejam diferentes e até nossas atitudes e nossos comportamentos. Se intercambiamos nossas opiniões e ideias, pode ser que isso coincida e criaremos uma opinião. Estou muito “esperançado” e espero que Deus ajude nisso.


EBC: Com o conjunto dos acordos assinados hoje o que vai representar em termos de balança comercial entre Brasil e Irã?


O Produto Interno Bruto (PIB) iraniano é da ordem de US$ 800 bilhões (paridade de poder de compra), isso num momento em que os preços no país estão muito baixos em termos internacionais. É muito natural que as relações entre os dois países sejam feitas em torno do desenvolvimento econômico – nós temos potencialidades e também necessidades. E  Brasil, o mesmo. Podemos trabalhar em um sistema de complementaridade na atividade produtiva e comercial para que os dois países se desenvolvam economicamente com mais aceleração.


EBC: O presidente Lula conseguiu mudar a sua visão sobre a questão nuclear?


Será que ele queria fazer isso?


ABr: Havia uma expectativa de que o Brasil e o Irã poderiam estabelecer um caminho comum na questão nuclear?


O caminho comum não significa alteração das visões. Nós estamos caminhando por um caminho e isso quer dizer que também estamos fazendo cooperações naquilo que é semelhante entre os dois países.


EBC: O Irã assinou o tratado de não proliferação, e existe inclusive uma lei rigorosa religiosa que proíbe armas nucleares. Por que o resto do mundo tem dificuldade de acreditar no Irã?


Não é o mundo, são alguns países que tem hostilidade conosco, eles querem monopolizar a energia nuclear. Até são contra o desenvolvimento do Brasil e também são contra o desenvolvimento do Irã. Inspecionaram atividades [nucleares] iranianas e foi divulgado pela Agência Internacional de Energia Nuclear que não houve desvio no programa nuclear iraniano.


EBC: De onde vêm os fundamentos das críticas?


Aqueles que estão contra o Irã não são pessoas que estão contra os armamentos nucleares; porque eles têm. Se alguém está contra um ato ilegal, inaceitável, em primeiro lugar, não tem que fazer isso. Como eles estão praticando isso e querem que outros não pratiquem? Nós pensamos que a era dos armamentos nucleares já chegou ao fim. Se esses armamentos nucleares fossem úteis, teriam ajudado a União Soviética e também o governo norte-americano a vencer no Afeganistão e no Iraque. O regime ocupacionista de Israel também poderia ganhar algo em Gaza. Sabemos que isso não ajuda. Tanto pelos regulamentos como pelos pensamentos sobre o uso desses armamentos. Pela religião, é proibido, e no pensamento lógico isso também não funciona. Nós achamos que aqueles que estão à procura de armamentos nucleares são pessoas politicamente atrasadas. A era dos armamentos já acabou. Começou a era da humanidade, do pensamento: o poder dos povos é o pensamento e não os armamentos nucleares.


EBC: O Irã vai continuar sua experiência com enriquecimento de urânio ou vai comprar no exterior o urânio enriquecido de que precisa?


Continuamos o enriquecimentos de urânio para combustível em nossas usinas. O que nós queremos comprar é combustível para um reator que ajuda na produção de medicamentos. Nós propomos isso para que se desenvolva a cooperação em nível internacional. E deixamos uma oportunidade para que aqueles que estavam contra o Irã possam estabelecer uma cooperação com o programa nuclear iraniano.


EBC: Há uma minoria judia no Irã que relata ser muito bem tratada, acolhida, respeitada pelos iranianos, mas há outras minorias que enfrentam certas dificuldades, como, por exemplo, 18 líderes Baha'is presos recentemente e outras pequenas minorias que reclamam por direitos humanos. O Irã, que sofreu com o autoritarismo de outros países, pode se permitir condições autoritárias para parte de sua população?


Pela Constituição iraniana, todas as religiões divinas são livres para praticar suas tradições, como judeus, cristãos, muçulmanos.  Essas religiões podem praticar seus costumes e cultos e ter representação no governo e no Parlamento. A nossa Constituição não considera Baha'is como religião. Não é uma religião, é um grupo político e, por isso, não é reconhecido pela Constituição. No Irã, na convivência pessoal, eles (Baha'is) estão livres, mas não podem estar presentes na governança do país ou ter um centro para seus cultos. Isso é lei.


EBC: Essa resposta provocou uma dúvida: O que é democracia para o senhor?


Hoje democracia tem mais de 50 aspectos diferentes. Um conceito e uma definição, por exemplo, é o governo do povo para o povo. E os meios para atingir isso são diferentes, mas só sabemos que o grau de democracia no Irã é muito alto. Cerca de 70% das pessoas participaram das eleições, isso mostra alta participação e alta liberdade, podemos dizer. É que no Irã não existe obrigatoriedade de voto nas eleições. Isso acontece em plena liberdade. Os candidatos também estão livres para expressar suas ideias, uma liberdade plena, em todas as instituições do Irã.


EBC: E qual é o melhor exemplo?


Nós achamos que a democracia que terá sucesso é a que for baseada em aspectos bons. A democracia que está sustentada no domínio do poder e da riqueza, essa não é democracia. Basta olhar para Estados Unidos – são dois partidos que participam. Será que toda a população americana se divide entre esses dois partidos? E eles estão obrigados a votar nesses dois grupos, não têm outra opção. Porque tanto a mídia quanto a riqueza estão nas mãos desses grupos, se aparece um independente, certamente não vai ganhar, porque o sistema eleitoral lá é muito custoso. Quem pode ganhar é o que gasta muito, milhares... E o resto da população? Qual é a sua posição? E na Europa também é o mesmo. Só dois partidos que normalmente ganham mais votos. Certamente a democracia aqui no Brasil e no Irã é mais avançada quando comparada com o resto do mundo.


EBC:  O senhor acha que democracia do Brasil pode servir de modelo?


Acho. Acho que existe liberdade no Brasil, existem muitos partido,s e o poder não está dividido em grupos específicos. Nos Estados Unidos, o poder durante os últimos 100 anos está dividido entre dois partidos apenas. Como isso pode acontecer? Isso quer dizer que a democracia lá é muito limitada, mas, no Irã, até as pessoas independentes, sem filiação partidária, podem participar das eleições. O dinheiro não é definição para participação. Mas nos lugares em que o dinheiro define a participação, onde está o lugar do povo? Desejamos que chegue um dia em que possamos aplicar a vontade dos povos. Desejo mais uma vez prosperidade e desenvolvimento para a nação brasileira e para todas as nações.


* Quem deu estas respostas a EBC foi Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã.