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Eles querem produzir fome

Como todo produto orgânico, os gastos são mais elevados, mas a procura é intensa. Praticamente toda a produção é exportada, principalmente para a Europa e para os Estados Unidos, onde os consumidores podem pagar mais caro por um gênero de qualidade, internacionalmente certificado. Desde 1994, a demanda tem aumentado 20% ao ano, o que mantém o mercado aquecido.
O Brasil ainda não tem tradição de consumir a soja orgânica (e nem mesmo a soja convencional). O consumidor típico é aquele de poder aquisitivo médio e alto, que se preocupa com a saúde e com o meio ambiente." Idem
"A soja orgânica ainda não é uma commodity, pois não segue as normas de comercialização da Bolsa de Chicago. Por se tratar de um produto com valor agregado e possuir uma boa demanda, seu preço tem se mantido em uma média de até 50% maior que o da soja convencional, o que gera bons resultados aos produtores, apesar do custo de produção ser cerca de 10% maior quando comparado ao cultivo tradicional." Cisoja 
A feroz oposição do verdismo ao novo Código Florestal brasileiro é apenas parte do problema. As mesmas estratégias e táticas utilizadas neste caso são reproduzidas em todo o mundo quando abordam o conservacionismo em oposição à produção agrícola. Portanto, a situação é muito mais grave. Caso eles obtenham êxito, o que não é totalmente impossível visto a cumplicidade dos políticos, somente os economicamente favorecidos sobreviverão. Continua>>>

Economia

A instabilidade na economia mundial

As grandes crises internacionais em geral têm dois tempos: o da eclosão da crise propriamente dita e o pós-crise. O primeiro tempo é o da perda de rumo. A crise explode, pega autoridades desprevenidas, exige uma operação rápida de salvamento.
Ocorre que permanece a influencia dos setores que dominaram o ciclo anterior, impedindo soluções definitivas. Fica um rescaldo que acaba gerando um segundo tempo da crise, ate que se tenha a solução final para ela.
Ocorre em 1929. Depois do crack da Bolsa de Nova York seguiu-se um período de guerras comerciais e cambiais que agravaram ainda mais o quadro econômico mundial. A solução fina viria apenas no final da Segunda Guerra.

Esse processo ameaça se repetir agora.
Primeiro, houve a grande explosão do sistema financeiro, com a especulação desenfreada no chamado mercado de derivativos. Seguiram-se políticas públicas muito mais focadas em salvar o sistema financeiro do que recuperar a economia real.

Em conseqüência do enfraquecimento da Economia real, o excesso de dinheiro despejado nos bancos não se transformou em crédito. Acabou sendo canalizado para jogadas especulativas km commodities e moedas,
Esse movimento pegou o Brasil de duas maneiras. De um lado, explodiu uma especulação com commodities beneficiando a balança comercial brasileira. Em geral, quando as commodities aumentam de preço ocorre uma apreciação do real em relação ao dólar – e vice-versa.
O segundo movimento foi o de apreciação adicional do real, com a especulação com moedas, decorrente desse aumento da liquidez internacional.

Agora está se chegando ao fim do primeiro tempo da crise mundial e iniciando o segundo.

Na semana passada, reunidas em Basileia, Bancos Centrais de vários países manifestaram a preocupação com o estouro das bolhas de commodities e com a situação das economias emergentes – bastante beneficiadas pelo aumento das commodities. No caso da América Latina, as commodities representam 50% das exportações.
A visão preponderante no encontro é a de que a economia mundial deverá melhorar este ano, com os países avançados se recuperando, mas os emergentes sob luz amarela. O principal risco para 2011, segundo os dirigentes, é o da volatilidade no mercado de commodities.

Na semana passada, houve queda generalizada no mercado de commodities, da prata ao algodão. A prata perdeu 30% de seu valor; queda foi de US$ 12,00 no barril de petróleo. Ao mesmo tempo, a questão fiscal tornou-se um problema para a maioria das economias avançadas e, especificamente, para pequenos países europeus, como Grécia e Portugal.

Teoricamente, ficam pairando no ar vários fatores capazes de provocar uma desvalorização do real:
1. A queda nos preços das commodities agrícolas.
2. As crises fiscais nacionais, aumentando a percepção de risco no mercado internacional. Embora o Brasil tenha uma situação fiscal sólida, o aumento dessa percepção de risco acaba provocando fugas de recursos de países emergentes.
3. O provável aumento das taxas de juros dos países centrais, reduzindo o espaço de arbitragem para operações externas com reais.

por Zé Dirceu

FMI enfia pescoço na terra
Embalado pela realização de sua reunião de primavera - iniciada 6ª feira pp. - O FMI passou a divulgar um relatório ou uma conclusão por dia desde a semana passada. Os julgamentos, avaliações e conclusões são os mais ortodoxas, estapafúrdios e absurdos possíveis. No tocante aos emergentes, sempre catastróficos quanto a inflação, déficits, crescimento...
No fim de semana, anunciou que o crescimento da inflação na China e na Índia, o superaquecimento dos mercados emergentes e a alta dos preços das commodities ameaçam à recuperação econômica global.

Quer dizer, o Fundo continua com o pescoço enfiado na terra. Ele busca as causas da inflação em suas conseqüências. Ora, as causas estão nos Estados Unidos, na política monetária expansionista norte-americana, na enxurrada de dólar no mundo e na sua desvalorização contínua e sem limites.

A desaceleração mundial não está, e nem estará, em supostas medidas fiscais e monetárias da China e da Índia, mas nestas políticas de Washington e na política deliberada e radical da Europa de corte de gastos, salários, pensões e aumento de impostos para deter a insolvência que ameaça toda a União Européia (UE) - pior, até mesmo sua própria existência como bloco econômico.

De pouco, ou nada, adianta, portanto, o anúncio feito pelo FMI, de que vai avaliar até que ponto os apertos fiscais feitos na Índia e na China podem causar desequilíbrio no comércio mundial.

Commodities

[...] A ação de especuladores no mercado de matérias-primas é coadjuvante na forte alta do preço dos alimentos. A avaliação é de Kevin Norrish, diretor de estudos sobre commodities do banco de investimentos Barclays.

"Há muitos fundamentos que explicam a alta do preço dos alimentos. Precisamos de um grande aumento na produção", afirmou Norrish, ontem, em encontro com jornalistas em São Paulo.

O crescimento dos emergentes elevou de maneira significativa a demanda por alimentos, mas a produção não acompanhou. Além disso, problemas climáticos afetaram a última safra e ajudaram a reduzir os estoques mundiais a níveis muito baixos, o que provocou recordes nos contratos negociados nas Bolsas de Chicago e Nova York. Esse foi o caso do milho, que subiu 115% nos últimos 12 meses.

"Há muito barulho sobre o preço subindo por conta da especulação. Mas é perigoso dizer que é só especulação", disse o especialista.

Para Norrish, é "perigoso" associar a especulação a uma influência ruim sobre os preços porque em países onde o mercado futuro é mais desenvolvido a volatilidade (altas e quedas bruscas de preço) é menor.

O especialista do Barclays prevê estabilidade para as commodities agrícolas no segundo semestre deste ano. De um lado, a oferta deve aumentar, com melhores resultados para colheitas. Mas, por outro lado, a demanda deve continuar crescendo.

 "A China deve se tornar em breve importadora líquida de milho, e isso deve mexer com o mercado."

PETRÓLEO
Para o óleo tipo Brent, a estimativa do Barclays é de um preço médio de US$ 112 neste ano. "Não esperamos que os preços caiam em breve", disse Anrita Sen, analista de petróleo do banco.

Nesta semana, o Goldman Sachs soltou um relatório com a previsão de que o Brent deve cair a US$ 105 nos próximos meses. Ontem, subiu 0,89%, para US$ 123,45.

Anrita diz que um ajuste nos preços dos derivados em todos os países é inevitável, independentemente do tipo de política que adotam. "É insustentável manter os preços subsidiados por um longo período", afirmou, ao ser questionada sobre os preços dos derivados no Brasil.

As projeções do Barclays baseiam-se em um cenário de crescimento modesto para a economia mundial, marcado por ceticismo por parte dos investidores, que continuarão evitando títulos do governo para aplicações. Nesse contexto, deve continuar alto o apetite por metais preciosos. 

Jonathan Spall, especialista em metais do Barclays, estima uma valorização de 30% para o preço do ouro este ano.
TATIANA FREITAS

Roger Agnelli

o jenniu empresarial

Hoje a Folha publica uma matéria informando que Tito Martins, que ingressou como funcionário de carreira da Vale em 1985, será o novo presidente da empresa. Não conheço seu pensamento e, portanto, não posso comentar. Mas chamo atenção para o gráfico que o jornal publica – e eu reproduzo abaixo – sobre o crescimento dos lucros da empresa no período Agnelli, os longos 10 anos desde 2001, quando passaram de R$ 3 bi para R$ 30 bi. Uma evolução enorme, de fato. Só que, pra variar, os nossos competentes jornalistas de economia esquecem de mencionar a evolução dos preços da mercadoria que a empresa de Agnelli vende; minério de ferro.

Eu, como não sou jornalista, gastei três minutos no Google para obter a informação. E coloco junto o gráfico de preços, desde 2001, do minério de ferro vendido a partir do Porto da Madeira, terminal da vale no porto de Itaqui, no Maranhão, por onde se escoa a produção de Carajás.

Coloco o gráfico dos preços, no mesmo período, debaixo do gráfico dos lucros. E aí fica claro que, com o preço subindo de 27 para 190 dólares (caiu 10% de fevereiro para março), de onde vem a tão festejada “competência” gerencial milagrosa de Roger Agnelli.

Ninguém nega, aliás, que ele seja bom administrador, do ponto de vista empresarial. Aliás, com um salário de mais de R$ 1 milhão por mês, não se esperaria o desempenho de um gerente de botequim, com todo respeito a estes trabalhadores. Mas a pergunta que não quer calar é: porque se esconde da população que o tal sucesso estrondoso da Vale vem do fato de que o minério de ferro, que constitucionalmente é propriedade do povo brasileiro, ter se tornado uma “commodity” muito mais valiosa nesta década. Será que é porque isso lhes evidencia a cumplicidade com o crime de lesa-pátria que Fernando Henrique e José Serra cometeram ao vendê-la por uma ninharia, na bacia das almas?

A fome financeirizada

A financeirização da fome
Nos últimos 30 anos, a desregulamentação e a liberalização da finança quebraram as barreiras impostas pelas reformas dos anos 30 do século passado, criaram os supermercados financeiros e promoveram a securitização dos créditos. No vendaval das reformas neo-liberais, os governos abandonaram as políticas de estabilização de preços baseadas na formação e operação de estoques reguladores (ainda que os países desenvolvidos tivessem mantidos os subsídios a seus agricultores) e submeteram os mercados de commodities, instáveis por sua própria natureza, ao capricho e à sanha especulativa dos mercados futuros. O artigo é de Luiz Gonzaga Belluzzo, especial para a Carta Maior.
Depois do crash de 1929, o Glass-Steagal Act proibiu o envolvimento direto dos bancos comerciais em operações nos mercados de capitais, mercados imobiliários e na especulação nos mercados de alta volatilidade, como é o caso das commodities. Nos últimos 30 anos, a desregulamentação e a liberalização da finança quebraram as barreiras impostas pelas reformas dos anos 30 do século passado, criaram os supermercados financeiros e promoveram a securitização dos créditos. Na verdade, as inovações financeiras alteraram as relações entre bancos de depósito, bancos de investimento e outras instituições financeiras que se aproximaram das funções cumpridas pelos bancos comerciais. Ao mesmo tempo, estes passaram a executar funções próprias dos bancos de investimento, ao criar os SIVS (Special Investment Vehicles) para carregar os papéis lastreados nas operações de crédito, não só os hipotecários.
Entre outras consequências, as transformações impulsionaram a securitização dos créditos, estimularam a “alavancagem” (palavra horrível) abusiva - ou seja, a utilização do crédito barato para sustentar a posse de ativos em desproporção perigosa com o capital próprio. Na maioria dos casos, antes da crise, a relação era de 30 para 1. Não espanta que tais procedimentos da alta finança tenham promovido o inchaço das operações com derivativos nos mercados futuros de juros, câmbio, matérias-primas e alimentos. No vendaval das reformas neo-liberais, os governos abandonaram as políticas de estabilização de preços baseadas na formação e operação de estoques reguladores (ainda que os países desenvolvidos tivessem mantidos os subsídios a seus agricultores) e submeteram os mercados de commodities, instáveis por sua própria natureza, ao capricho e à sanha especulativa dos mercados futuros.
O Federal Reserve o Tesouro americano deixaram correr farra da alavancagem e o festival da multiplicação de securities lastreadas em empréstimos hipotecários. Essa música tambem embalava a especulação altista com estoques de matérias-primas e alimentos, cuja oferta responde lentamente a um aumento de preços. Às vésperas da crise de 2007-2008, os principais índices de preços das commodities mostravam uma aceleração impressionante.
Nos últimos anos, com o auxílio inestimável dos trabalhadores chineses e do Banco Central da China, a rápida queda de preços do produtos manufaturados ajudou os bancos centrais dos paíse desenvolvidos conseguiram manter a inflação sob controle. Mas o “sucesso” das políticas de metas de inflação não impediu, senão incitou a recorrência de ciclos exuberantes de valorização dos ativos. A concorrência entre os possuidores de riqueza, associada ao crédito elástico e à crença nas intervenções de última instância dos bancos centrais, estimularam o surgimento de episódios especulativos.
O colapso do Lehman Brothers em setembro de 2008, cozido e fervido nos temperos e pruridos ideológicos de Paulson e Bernanke, interrompeu o ciclo de inflação de ativos. Os preços das commodities, aí incluído o petróleo, despencaram. Nesse momento, a corrida dos investidores para a “qualidade” suscitou a valorização do dólar e provocou surtos de desvalorização nas moedas dos países produtores de commodities, sem qualquer efeito sobre a inflação nos emergentes. Isto porque o choque da desvalorização foi compensado pelo colapso dos preços dos produtos básicos.
A vacilada deflagrou as vendas de securities nos fundos mútuos e de hedge administrados por bancos de investimento que financiavam a posse desses ativos tomando recursos nos mercados monetários atacadistas (semelhantes aos fundos DI de curtro prazo no Brasil). As aplicações nesses mercados sustentavam posições alavancadas em ativos originados nos empréstimos hipotecários e outras operações de crédito securitizadas.
A clientela cuidou de retirar os depósitos das instituições menores para concentrar o rico dinheirinho nos títulos do governo americano, vistos com derradeiro refúgio da riqueza líquida das empresas e das famílias endinheiradas. Diante do encolhimento da confiança, os bancos tornaram mais rigorosos os critérios de concessão do crédito no mercado interbancário e, assim, fizeram periclitar instituições ilíquidas, mas solventes. Em situações como a aquela, passar da iliquidez à insolvência é um passo.
Mas, os bancos centrais e as autoridades do Tesouro - imprudentes e cúmplices da especulação - não poderiam deixar a vaca ir para o brejo. Foram compelidos a intervir na cadeia de interrelações entre as instituições para domar a mula sem cabeça dos mercados infectados pela desconfiança. Deixar o bicho à solta seria grave irresponsabilidade. Nos países centrais, a crise de liquidez transformou-se numa crise de crédito, depois transfigurada num festival de insolvências, contida pela intervenção generosa das autoridades
As generosas injeções de liquidez e os programas de compra de ativos podres não fizeram pouco. Ademais de construir um piso para a deflação de ativos, as intervenções suscitaram um movimento global no interior da circulação financeira. Os movimentos observados no interior da circulação financeira, em si mesmos, não prometem à economia global uma saída rápida da trajetória medíocre, mas indicam que os mercados de ativos começam a se restabelecer da derrocada de 2008.
Trata-se, na verdade de um rearranjo dentro do estoque de riqueza que responde aos preços esperados dos ativos, por parte dos investidores que lograram vencer o colapso da liquidez. Salvos das perdas e capturados os benefícios oferecidos pelas autoridades, os investidores eles se mobilizam para a realocação de carteiras. Esse movimento favoreceu a forte recuperação as bolsas, a valorização das moedas dos emergentes e o “aquecimento” dos mercados de commodities. O dólar devolve a valorização observada nos primeiros meses de crise e com isso ajuda a explosão dos preços das matérias-primas e alimentos.
Semanas atrás, escreví no jornal Valor que, em sua coluna no New York Times, Paul Krugman jogou a responsabilidade do aumento de preços às condições climáticas. Sem dúvida, as secas e enchentes em áreas de excelência na produção de alimentos desempenham um papel importante na contração da oferta de muitos produtos, dentre ele o trigo, o nosso pão de cada dia. Krugman, no entanto, rejeitou as hipóteses que, além dos fatores climáticos e do aumento da demanda de alimentos e de outras matérias primas nos emergentes, apontavam a expansão da liquidez global e suas taxas de juro ínfimas que botam fogo na especulação com as mercadorias transfiguradas em ativos. Krugman, assustado com os falcões da austeridade fiscal e monetária que rondam sinistramente a convalescente economia americana, chuta para escanteio a hipótese das “distorções” causadas pelas políticas anticíclicas e pelos derivativos na volatilidade e na elevação dos preços.
Os adversários da crítica ao papel dos derivativos afirmam que os operadores financeiros não intervêm diretamente nos “ativos subjacentes” negociados nos mercados a termo, ou seja, nos mercados físicos de matéria primas. Sustentam que o volume de transações nos mercados a termo é muito superior àquele transacionado nos mercados à vista, com fracas interações entre eles.
O economista Michel Aglietta argumenta que essa visão parte de uma interpretação errônea da transmissão do movimento de preços entre os mercados de derivativos de matérias-primas e os mercados “físicos”. O ponto de vista dos defensores da escassez tem alguns elos fracos: 1) a estrutura de mercado dos produtos agrícolas é fortemente concentrada, governada por monopólios e monopsônios com enorme poder de administrar preços e quantidades. Portanto, se um mercado está em “desequilíbrio” por conta de um choque de oferta, o movimento inicial é amplificado pela formação de posições à termo “compradas” pelos caçadores de tendências. A transmissão para os mercados á vista é efetuada através das grandes empresas que tratam de acumular estoques tão logo antecipam a alta de preços deflagrada nos mercados a termo.
O G 20 se reúne em Paris assombrado pelo espectro da estagflação, fenômeno que os economistas e policy makers imaginavam ter sepultado no início dos anos 80 do século passado, sob o peso das taxas de juros de Paul Volker. O presidente Sarkozy propõe um arranjo internacional, com formação de estoques reguladores administrados por produtores e consumidores para estabilizar os preços das commodities.
Seria conveniente lembra que, na posteridade da 2ª Guerra Mundial Keynes sugeriu a constituição de um comitê internacional encarregado de estabilizar os preços das matérias primas e alimentos. Esse comitê, composto por países produtores e consumidores, teria o apoio da Clearing Union, o sistema público de financiamento dos desequilíbrios dos balanços de pagamentos, envolvendo responsabilidades dos países deficitários e superavitários. Nada mais atual.

da Carta Maior

ORTODOXIA DELIRA E AMEAÇA O PAíS

"Para recuperar credibilidade, BC pode subir Selic em 0,75 ponto" (Valor, 23/02; sobre a reunião do Copom na próxima semana).

A taxa de juro no Brasil , 11,25%, é a maior do mundo: atrai capitais especulativos, valoriza o Real, incentiva importações, encarece exportações, aprofunda o déficit em contas correntes (US$ 50 bi em 12 meses), destrói cadeias produtivas locais pela concorrência externa e explode o gasto público mais deletério, o pagamento de juros da dívida pública, que atingiu o valor recorde de R$ 190 bilhões no ano passado -- 15 anos de Bolsa Família.  A idéia de combater  ameaças inflacionárias --reais, mas em grande parte decorrentes da especulação externa nas bolsas de commodities-- subindo ainda mais a Selic atende às necessidades do país ou à ganância rentista? Leia Aqui artigo do economista Fernando Ferrari que discute alternativas à rota de colisão entre  os interesses do mercado financeiros e os do Brasil.

Brasil - 6º em potencial de crescimento


O Brasil está entre os 10 países emergentes com maior capacidade de acelerar seu ritmo de crescimento e se desenvolver. A conclusão é de um estudo feito por economistas do Banco Asiático de Desenvolvimento.
O estudo considera quatro características principais - e algumas divisões das mesmas - na pauta de exportações: sofisticação; diversificação; características únicas e potencial de vender outros produtos com vantagem comparativa para o exterior.
Do cruzamento dessas informações, do período entre 2001 e 2007, surgiu o Índice de Oportunidades.
“A ideia do índice é que no longo prazo a renda de um país é determinada pela variedade e sofisticação dos produtos que ele faz e exporta e pela acumulação de novas capacidades para desenvolver outros produtos”, disse Jesus Felipe, economista do ADB e coordenador do estudo, à Folha.
Entre os 130 países em desenvolvimento analisados, o Brasil aparece em sexto lugar, atrás de China, Índia, Polônia, Tailândia e México.
O Índice de Oportunidades é inspirado em trabalhos de economistas como Ricardo Hausmann e Dani Rodrik, de Harvard, que mostram que a composição da pauta exportadora de um país influencia sua capacidade de crescimento e desenvolvimento.
Segundo Felipe, os países que estão bem posicionados no índice são aqueles que conseguiram ampliar e diversificar suas pautas de exportações em produtos mais elaborados (como máquinas e químicos).
“A China desenvolveu uma obsessão por industrialização. No caso do Brasil, as políticas de substituição de importações do passado ajudaram a construir capacidades para desenvolver certas vantagens comparativas.”
Dentre as categorias analisadas, o Brasil se destaca em diversificação da pauta de produtos sofisticados e potencial para desenvolver novos bens exportáveis.
A existência de uma grande variedade de produtos competitivos no setor de máquinas também ajuda a explicar a boa colocação do Brasil no ranking.

BOAS POLÍTICAS
Na conclusão do estudo, os economistas ressaltam brevemente que uma boa colocação não é garantia de sucesso. Dizem que “boas políticas e incentivos importam”.
Em estudo de 2008 sobre o Brasil, o próprio Hausmann disse que o crescimento do Brasil vinha sendo “surpreendentemente baixo”, considerando que o país tem uma pauta exportadora sofisticada para sua renda. Esses dois fatores combinados tendem a resultar em alta expansão econômica.
Em entrevista recente à Folha, Hausmann reforçou o ponto. Disse que o Brasil poderia ter uma posição de maior destaque no comércio global. Mas que esse potencial é prejudicado por políticas inadequadas que têm levado a uma excessiva valorização do real, criando o risco de desindustrialização.
“A Samsung por exemplo é uma empresa muito grande no Brasil, mas é coreana. Não há muitas “Samsungs brasileiras”. Há a Vale e a Petrobras, mas o Brasil não conseguiu sustentar um modelo de crescimento industrial que leve uma variedade maior de empresas globais”, disse Hausmann.
Para Ernesto Lozardo, professor de economia da FGV, o Brasil tem as condições necessárias para continuar se transformando em uma economia de “competências comparativas”. Mas ressalta que “a produção e a vocação” do país não se concentram em commodities.
O peso crescente de produtos básicos -e o correspondente declínio dos manufaturados- na pauta de exportação brasileira tem estado no centro do debate econômico atual.

ÉRICA FRAGA – FOLHA SP

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O Brasil será uma superpotência

O Brasil deverá se tornar um dos motores da recuperação da economia global, afirma Leonardo Martinez-Diaz, especialista do Instituto Brookings e um dos organizadores do livro "O Brasil como uma superpotência? Entendendo a mudança do papel do Brasil na economia global", recém lançado nos EUA.

Para ele, o Brasil está posicionado de modo a colher os benefícios da retomada do crescimento mundial, que deverá começar pela Ásia. Confira trechos do que ele falou.

  • O Brasil é uma das dez maiores economias do mundo. Ele tem os ingredientes certos para isso, mas terá de manter as políticas adotadas, especialmente no nível macroeconômico. Considerando que continuem, estou confiante que o Brasil será um dos motores da recuperação.
  • Há duas maneiras de avaliar isso. A primeira é a tradicional, com base apenas em números e, neste caso, o Brasil seria a nona ou décima economia mundial. Em escala, ainda há um grande caminho a percorrer até chegar entre as quatro maiores.
  • O Goldman Sachs estima que o país precisaria crescer a 4% ao ano até a metade do século para atingir o tamanho de uma superpotência.
  • A segunda maneira é olhar se o Brasil tem influência para afetar as regras da economia global. E, desse ponto de vista, você pode chamar o Brasil de uma potência em ascensão, muito próximo de uma superpotência, pois ocupa um papel muito importante em mercados de commodities, tem um papel expressivo na OMC [Organização Mundial do Comércio], no G20, um papel em expansão no FMI e no debate sobre mudança climática.
  • A crise teve dois efeitos. O primeiro foi mostrar que o Brasil e outros emergentes não estão descolados, independentes dos EUA. Mas o segundo ponto é que o Brasil é muito resiliente, muito mais resistente à crise do que no passado. Além disso, tem uma poderosa base de crescimento dentro do país.
  • Vivemos um período de condições extraordinárias e raras nos últimos dez anos, entre a crise asiática e a crise atual, com alto crescimento, estabilidade, altos preços de commodities e demanda aquecida. Não vamos voltar a esse período tão cedo.
  • Avalio que a base de exportações do Brasil é diversificada e não depende apenas dos EUA e da Europa, mas também da demanda da Ásia, da América Latina e de algumas partes da África e do Oriente Médio. A recuperação deve começar primeiro na Ásia. O Brasil está posicionado de modo a tirar vantagens disso. As taxas de crescimento serão menores do que antes, mas haverá crescimento.
  • A política econômica externa brasileira é resultado de interesses e ideias conflitantes do governo e da sociedade. De um lado você tem políticas que são guiadas em prol de interesses econômicos, com uma pressão muito forte pela abertura de mercados agrícolas. De outro, você tem muita ênfase em acordos no eixo Sul-Sul que não trazem benefícios significativos para o país, não fazem sentido economicamente, mas ajudam a apoiar a visão de que o Brasil tem um papel de liderança entre os países em desenvolvimento.
  • Se isso puder ser traduzido em capacidade de avançar nas negociações de interesse próprio do país, sim. Em alguns casos não está claro que isso esteja acontecendo.
  • No Mercosul, o Brasil exagerou na descrição dos benefícios do bloco, mas não atacou os problemas. E há insatisfação de países como Uruguai e Paraguai. Há na região alguma suspeita sobre as ambições regionais e globais do Brasil. Podemos ver isso nas recentes tensões com Equador e Bolívia.
Tucademopiganalhada podem espernear, babar, espumar de raiva e inveja que não conseguiram esconder a verdade. Com o analfa Lula e o PT no poder, o Brasil se impôs e passou a ser respeitado no mundo.

Lula - Convidado de honra da União Africana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o convidado de honra da próxima cúpula da União Africana (UA), que acontecerá de 1º a 3 de julho em Sirte, cidade natal do ditador líbio, Muammar Gaddafi, atualmente na presidência do bloco.

Também serão homenageados no evento o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o da Liga Árabe, Amre Moussa.

Lula discursará na abertura da cúpula, que será focada em agricultura, e terá reuniões bilaterais com líderes africanos.

O convite a Lula não partiu de Gaddafi, mas do chefe do Executivo da UA, o gabonês Jean Ping. A ideia é coroar os acenos do presidente brasileiro em direção à África -será a décima viagem dele ao continente desde a posse, em 2003.

Desde então, o Brasil abriu ou reativou 16 embaixadas na África -uma delas em Adis Abeba, Etiópia, sede da UA.

O total de representações brasileiras na região hoje é de 36.

O governo brasileiro também foi o idealizador da primeira Cúpula África-América do Sul, em 2006, na Nigéria.

No plano econômico, a África é hoje o quarto maior parceiro do Brasil, mas os países africanos são os principais beneficiários da intensificação dos laços.

De US$ 5 bilhões anuais em 2003, a corrente comercial saltou para cerca de US$ 26 bilhões no ano passado, com déficit de US$ 5 bilhões em favor dos membros da UA.
Marco Antônio Leite

Commodities em alta

A Bolsa de Valores fecha maio com valorização de 42% no ano. E o petróleo não fica atrás: desde janeiro, já está 46% mais caro no mundo. 

Na faixa de US$ 66 o barril, maio termina em alta de 32%, a maior elevação mensal em dez anos. Tradução: se os combustíveis no Brasil não ficaram mais baratos até agora, não vão ficar mais. 

E nas commodities agrícolas, é festa no interior.

As cotações dos nossos principais produtos agrícolas de exportação encerram maio com elevação acumulada no ano de 13% no milho, 17% no café, 24% no suco de laranja, 28% na soja, 29% no algodão e 37% no açúcar. Bom para quem produz, ruim para quem consome.

Conclusão: para as commodities minerais, metálicas e agrícolas a crise já passou. E foi tarde.