[...] A ação de especuladores no mercado de matérias-primas é coadjuvante na forte alta do preço dos alimentos. A avaliação é de Kevin Norrish, diretor de estudos sobre commodities do banco de investimentos Barclays.
"Há muitos fundamentos que explicam a alta do preço dos alimentos. Precisamos de um grande aumento na produção", afirmou Norrish, ontem, em encontro com jornalistas em São Paulo.
O crescimento dos emergentes elevou de maneira significativa a demanda por alimentos, mas a produção não acompanhou. Além disso, problemas climáticos afetaram a última safra e ajudaram a reduzir os estoques mundiais a níveis muito baixos, o que provocou recordes nos contratos negociados nas Bolsas de Chicago e Nova York. Esse foi o caso do milho, que subiu 115% nos últimos 12 meses.
"Há muito barulho sobre o preço subindo por conta da especulação. Mas é perigoso dizer que é só especulação", disse o especialista.
Para Norrish, é "perigoso" associar a especulação a uma influência ruim sobre os preços porque em países onde o mercado futuro é mais desenvolvido a volatilidade (altas e quedas bruscas de preço) é menor.
O especialista do Barclays prevê estabilidade para as commodities agrícolas no segundo semestre deste ano. De um lado, a oferta deve aumentar, com melhores resultados para colheitas. Mas, por outro lado, a demanda deve continuar crescendo.
"A China deve se tornar em breve importadora líquida de milho, e isso deve mexer com o mercado."
PETRÓLEO
Para o óleo tipo Brent, a estimativa do Barclays é de um preço médio de US$ 112 neste ano. "Não esperamos que os preços caiam em breve", disse Anrita Sen, analista de petróleo do banco.
Nesta semana, o Goldman Sachs soltou um relatório com a previsão de que o Brent deve cair a US$ 105 nos próximos meses. Ontem, subiu 0,89%, para US$ 123,45.
Anrita diz que um ajuste nos preços dos derivados em todos os países é inevitável, independentemente do tipo de política que adotam. "É insustentável manter os preços subsidiados por um longo período", afirmou, ao ser questionada sobre os preços dos derivados no Brasil.
As projeções do Barclays baseiam-se em um cenário de crescimento modesto para a economia mundial, marcado por ceticismo por parte dos investidores, que continuarão evitando títulos do governo para aplicações. Nesse contexto, deve continuar alto o apetite por metais preciosos.
Jonathan Spall, especialista em metais do Barclays, estima uma valorização de 30% para o preço do ouro este ano.
TATIANA FREITAS
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