Mostrando postagens com marcador Juros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Juros. Mostrar todas as postagens
Que tal teto de pagamento de juros?
Com certeza os banqueiros, rentistas e agiotas concordam, só que jame
Dirceu expõe a ferida
Por que os juros no Brasil são estratosféricos?
Em julho de 2015, o BC registrou R$ 3.111 bilhões em empréstimos, operações do sistema bancário equivalentes a 54,5% do PIB. Os bancos receberam por esses empréstimos R$ 880 bilhões, 15,4 % do PIB, a partir de juros reis médios de 28,5% a.a., contra uma média europeia de 3% a 5%.
Os bancos e todo o sistema financeiro de intermediários assumiram o controle da economia e subjugam o produtor e o consumidor, as empresas e os cidadãos que pagam a conta.
De uma atividade meio, o sistema bancário e financeiro brasileiro se transformou em atividade fim. Sua produtividade, que deveria depender de sua contribuição para o ciclo econômico real, passou a ser resultado de seu lucro, do que se apropria da economia real, inclusive das aplicações financeiras com a dívida pública, sua tesouraria.
Em 2015, segundo o BC, os bancos cobravam juros de 104% no crédito comercial; 403% no crédito rotativo; 253,2% no cheque especial; 25% a 30% no crédito consignado. Para pessoa física, 103%.
E evidente que parte fundamental da renda nacional é apropriada pelos bancos via juros, sem nenhuma razão econômica que a justifique a não ser o poder político e o poder econômico que controlam e exercem. Os efeitos e as consequências dessa apropriação são fatais para o crescimento e acarretam uma extraordinária concentração de renda, agravada pela estrutura tributária e pelos pagamentos de juros da dívida interna.
Nos últimos anos, a expropriação das famílias é cada vez maior: em 2005, 19, 3% da renda familiar era dirigida ao pagamento de dívidas; em 2015, 46,5% , basicamente por conta dos altíssimos juros. No setor produtivo, a realidade não é diferente. O juro do capital de giro é de 24%, o de duplicatas de 35%. Para se ter uma ideia, na zona do Euro é de 2,20% (BCE).
Os juros no Brasil são um obstáculo, uma trava ao investimento e ao consumo das empresas e famílias. Os preços finais com juros são, em média, 2 vezes os preços à vista do bem de consumo. Parte fundamental do lucro das empresas é apropriada pelo sistema bancário e se expressa no ditado popular “trabalho para o banco”.
Tudo se agrava com o papel da dívida pública, onde os altos juros, acima do lucro médio da economia, desviam centenas de bilhões de reais -- lucros das empresas, renda das pessoas físicas para a aplicação em títulos públicos com risco zero, liquidez total e renda superior à da atividade produtiva.
Com a demanda das famílias, o consumo, o mercado interno é decisivo para o crescimento ao lado do investimento público e privado, do crédito acessível e viável. Mas os efeitos das taxas de juros praticados no Brasil impedem, na prática, o desenvolvimento.
Lucros dos bancos crescem na recessão
Enquanto isso, os lucros dos bancos crescem mesmo na recessão. Em 2011, a economia cresceu 3,9%, o lucro dos bancos 9,6%; em 2012, o PIB foi de 1,1%, e o lucro dos bancos de 5,9%; em 2013 e 2014, o PIB cresceu 3,5% e 0,1% e o lucro dos bancos, respectivamente 11,2% e inacreditáveis 18,8%.
O lucro do Itaú foi de R$ 20,6 bilhões em 2014, um crescimento de 30,2%, e o Bradesco de R$ 25,6 bilhões. Dos 54 bilionários brasileiros, 13 são do setor bancário, segundo a revista Forbes.
Tudo se agrava com uma política induzida e dirigida pelo sistema financeiro de ajuste fiscal e elevação de juros em nome da austeridade e controle da inflação.
A questão fiscal é um capítulo à parte e relacionada com a estrutura tributária e a evasão fiscal, com os paraísos fiscais, por onde são desviados, segundo “The Economist”, US$ 20 trilhões dos US$ 73 trilhões do PIB Mundial – US$ 520 bilhões é a cota que cabe ao Brasil, de acordo com a revista. Só para se ter uma ideia, apenas em Luxemburgo o Brasil perde US$ 35 bilhões/ano ilegalmente enviados por bancos como o Itaú e o Bradesco e outros meios. São 2,5% do PIB. O crescente escândalo do HSBC, até agora inconcluso e sigiloso, revela que sua extensão é maior.
Nosso sistema bancário e financeiro é um dos mais modernos do mundo, altamente profissional e informatizado; seu custo é reduzido e seu funcionamento eficiente. A questão é que não cumprem sua função constitucional, a delegação outorgada pela carta patente que recebem do BC, para prestar o serviço, a atividade meio de administrar nosso dinheiro, servir como intermediário entre quem tem poupança e a demanda seja do empresário ou do cidadão. Fazer o serviço e cobrar por ele, criar riqueza e ter lucro.
A primeira grande falha é do BC que deve regular o sistema bancário e financeiro e não o faz, já que é capturado pelo próprio sistema e está a serviço de seus objetivos e de sua lógica da especulação financeira.
Isso acontece porque não há concorrência no segmento financeiro e, sem ela, não há regulação que funcione. A aplicação financeira passa a ser objetivo central de nosso sistema financeiro e não o crédito ao investimento e ao consumo.
A especulação financeira não produz riqueza – o que faz é aumentar o patrimônio de seu detentor, seja ele governo, banco, empresa ou pessoa física. Além disso, a especulação financeira tem alto custo, desvia recursos da aplicação produtiva, aloca mal os recursos disponíveis pelo poder que tem e exerce, legisla em seu favor e desregula o mercado financeiro e toda economia.
Há uma deformação aberta e evidente nas informações passadas à sociedade pelo sistema financeiro que exerce uma influência decisiva na mídia em geral. Os bancos estão entre os principais anunciantes da TV, rádio, jornais, revistas e, agora, da internet.
Além disso, o BC não exige transparência dos bancos e do sistema financeiro. Só no Brasil se anuncia o juro mensal, uma fraude já que o que conta é o juro anual, que é juro composto. Toda publicidade dos bancos, inclusive em seus sites, anuncia juros mensais. No crediário, o juros são de 104,89 %, 122%, fazendo com que o consumidor pague por dois produtos e leve um, se endivide por 18, 24 meses, reduzindo, na prática, o tamanho do nosso mercado interno; nossa demanda interna que é o principal motor do nosso crescimento.
A título de comparação, na Europa o juro do crediário é de 13,3% a.a. Ou seja, se um consumidor compra um produto de 600 euros em 18 meses vai pagar 699 euros. Aqui, quem compra um produto de R$ 600 em 18 meses vai pagar R$ 1.437. Na prática, no Brasil o comércio acaba virando uma atividade financeira, ganha no financiamento e não na venda, na intermediação comercial.
Vivemos em um mundo de juros baixos negativos para títulos públicos. Mas, no Brasil, a pessoa física paga 6,3% ao mês (julho/2014), totalizando 90,9 % ao ano. O cheque especial é uma loucura: 195, 34% no Itaú, 247,64% no Bradesco, 326, 21% no Santander (fonte: CBCPDepec 2015), com um juro médio de 280% segundo a ABECS. Como 50,1% do crédito para consumo é realizado no cartão de crédito, podemos avaliar o devastador efeito negativo na expansão do consumo e na apropriação da renda da família via juros.
Isso sem falar no “imposto” mensal cobrado pelo uso das máquinas de cartão de crédito – são 5% nas vendas à vista. Trata-se, na verdade, de um “imposto” privado sobre a metade do consumo financiado no país. Extorsão ainda maior, quase inacreditável, são os juros do crédito rotativo, agora regulados pelo governo, de 21% a.a, usados para financiar dívidas do cartão de crédito. Um assalto legalizado. Mesmo os juros do crédito consignado e de automóveis, com garantias seguras, são altos: 23,5% (contra 3,5% na França e 5% na Polônia) e 23,59%. O imobiliário, também seguro e garantido de longo prazo, de 12% é elevado se comparado com os europeus de 2,58 % em média -- 1,86% na Alemanha, 2,53 % na França. Também as empresas pagam juros elevados no Brasil que penalizam a produção. Em 2015, tomaram empréstimos no valor de R$ 1.642 bilhões, elevados por juros 50,6% ao ano de taxa média (de 24,16% no capital de giro, 34,80% na duplicata e 100,36% na conta garantida.
Reforma do sistema financeiro é essencial
Se considerarmos que o crédito para as pessoas físicas foi de R$ 1.469 bilhões em 2015 e que os bancos emprestam dinheiro depositado por nós, empresas e cidadãos, que seu capital hoje é formado basicamente pela expropriação, via juros abusivos, de grande parte da renda criada e intermediada pelos agentes econômicos, chegamos à conclusão de que o sistema é parasitário e improdutivo. E exige uma ampla reforma tão ou mais importante que a tributária e a política, por seu papel no déficit público , na competitividade de nossa economia frente a empresas internacionais financiadas a juros 4,5 vezes menores que os nossos.
O custo financeiro de nossas empresas é o maior entrave ao nosso crescimento e competitividade, mais grave que o custo tributário e logístico. Trata-se de um oligopólio de alto custo para o país, um grave problema sistêmico que precisa ser reformado.
Hoje, temos três bancos privados: Bradesco, Itaú Unibanco e Santander. Dois públicos – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além do BNDES e do BNB. Para demonstrar os efeitos da falta de competição no segmento bancário, o HSBC, antes de ser comprado pelo Bradesco, cobrava (Dados do Ipea 2009) 63,42% de pessoa jurídica no Brasil, e 6,68% na Grã Bretanha; o Santander, 55,74% no Brasil e 16, 81% na Espanha; o Citi, 60,84% no Brasil e 7,2% , nos Estados Unidos.
Nossa pessoa física paga 10 vezes mais juros que a do exterior; mesmo na América Latina perdemos feio.Os juros do cartão de crédito são de 280,82% no Brasil para uma inflação de 5,77%; na Argentina, 35, 82% e inflação de 10,5 ; no Chile, 32,54% para inflação 2,3% e Selic de 4,5%; na Colômbia, 28,35% para inflação de 1,7%, e Selic de 3,2%; no Peru, 44,80% para inflação de 2,9% e Selic de 3,2%; e no México, juros no cartão de 39,16% para inflação de 3,6% e Selic de 3,5%.
Dá para avaliar que não há nenhuma causa para essa diferença brutal a não ser o domínio que o capital financeiro exerce sobre nossa economia? Não há nada que justifique esses juros a não ser seus extraordinários lucros.
A concentração bancária no Brasil não tem paralelo com o resto do mundo. Na Alemanha, por exemplo, 42,9% do crédito vêm da caixa de poupança, 26,6% de bancos cooperativos e só 13% dos grandes bancos. Esse poder sem limite dos bancos, associado ao oligopólio da mídia, lhes dá o controle da informação e da formação de expectativas, o controle do BC via formadores de opinião. E induz o país a aceitar juros altos como o único remédio para atacar a inflação transformar a alta da inflação alçada à condição de principal problema do país.
O governo tem poderes, pelos artigos 17 e 173 da Constituição Federal, para impedir o cartel de bancos hoje existente, o aumento arbitrário do lucro, a dominação do mercado e eliminação da concorrência. Deve e pode retomar a transparência e rastrear as transferências e fluxos de capitais, evitando a fuga de capitais e evasão fiscal.
Deve fazer cumprir o artigo 192 e obrigar o sistema financeiro nacional a cumprir seus objetivos e fazer a Febraban cumprir seus fins e não se limitar a informar ao cliente os juros que pagará – e mesmo assim ao mês! Restaurar a função social da propriedade, ainda mais por delegação do Estado – a carta patente -, restaurar a livre concorrência, impondo, se for o caso, uma reorganização no sistema bancário nacional. Ou medidas necessárias à sua transparência e controle. Por fim, combater a evasão fiscal, a fuga de capitais, ilícita e ilegal, “doa a quem doer”, começando pelo caso HSBC, restaurando a CPMF.
O governo terá que reinventar a política dos fundos de pensão para além das aplicações financeiras e orientar os bancos públicos – BB, CEF, BNDES – a reduzirem as taxas de juros, como já fizeram em 2013, obrigando os bancos privados à concorrência, somando esforço regulador com a taxa Selic.
Não há razão para a Selic, nem para a inflação, muito menos para os custos administrativos e tributários serem tão elevados no país. A verdade é que são altos que são altos para garantir os 5% de juros reais às aplicações. Outros países têm dívidas públicas altíssimas, déficit público e agências importantes com créditos e juros subsidiados, como é o caso dos Estados Unidos, Japão e vários países europeus. E seus juros estão muitíssimo distantes do patamar dos juros brasileiros. Os juros no país são o que são em função do oligopólio do sistema financeiro e de seu poder político. Em decorrência da expropriação da riqueza e da renda nacional que exercem, com consequente concentração de renda. Mas este é um outro capítulo.
Fundamentos econômicos da Globo
Sabe o que é pior que esta ideia dita por quem é paga pela empresa?
É que tem idiotas que acreditam nas canalhices ditas por eles.
Responsabilidade fiscal para os pobres. Para os ricos, nada
As discussões sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – são curiosas.
Há momentos, não raros, em que a complexidade do assunto extrapola, envolta em termos e expressões específicas, num lero-lero sem fim. Especialistas se acotovelam para dar seu pitaco de economês-jurídico-fiscal.
A manchete de O Dia, “Servidor: Rio pode ser 1º a demitir funcionário estável para cumprir LRF ” impressiona por seu caráter apocalíptico. No entanto, se o leitor ultrapassar a barreira da manchete, corre já sério risco de começar a entender do que se trata:
Se for aplicada, medida atinge quem tem menos tempo no cargo. Ficam de fora militares e magistrados.
Quando o assunto é orçamento público, o mantra neoliberal surge como palavra da salvação: a conta não fecha. Ou, ainda, o clássico cinismo da frase popularizada pelo economista Milton Friedman: não existe almoço grátis.
Todos nós lidamos, de uma forma ou outra, com orçamentos. E quando puxamos a teoria, do alto de seu pedestal, para a prática do dia-a-dia, entendemos que tudo é uma questão de opção. Cortar os ‘gastos’ com escola das crianças ou terminar o relacionamento com aquela “amante argentina” das gozações típicas daqui do Sul, que nos arranca os olhos da cara com suas frivolidades?
É pior, porque mesmo ao enamorado bobalhão revoltaria se a amante argentina, francesa ou alemã dissesse que deveríamos cortar a escola das crianças, para ensinar-lhes austeridade, nome pomposo para crueldade.
Perdoem a comparação algo machista, mas seria igual se fosse o inverso, com uma mãe atordoada por um finório bonitão.
A desvinculação dos ‘gastos’ sociais, como saúde e educação, proposta pela dupla Temer & Meirelles nos mostra, sem surpresa, a que ponto chega a desfaçatez. E fazem caras de sérios ainda.
A ideia é não gastar mais 3% com saúde e educação para ‘equilibrar’ as contas. Mas, óbvio, sem mencionar e para manter intocável a obrigatoriedade consumir escandalosos 47% do orçamento com as amantes mundo afora, chamadas rentistas.
É isso mesmo, e subindo: em 2014 o Brasil pagou R$ 978 bilhões e em 2015 R$ 1,356 trilhão com os gastos com a dívida pública.
Hoje, o economista Marcos Lisboa, longe de ser um esquerdista, diz que “o Brasil pode virar um grande Rio de Janeiro”
Tome-se o exemplo do Rio, então, na já citada reportagem de O Dia.
Sob o forte risco de desenquadramento das contas frente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o Estado do Rio pode ter um inedistismo no corte de servidores para reduzir despesas. Nunca antes usada no país, a demissão de funcionário público estável para cumprir a LRF é a medida mais ousada e, se for aplicada, atingirá aqueles com menor tempo no cargo, além de idade.
Não para todos, é claro…
Ficam fora da mira militares, magistrados e promotores e também carreiras exclusivas de Estado, como delegados e defensores públicos.
As pessoas defendem redução de ‘gastos’, defendem demissão de concursados e comissionados mas esquecem que, depois, estes servidores não estarão lá para servi-los.
A imprensa não fala quem são os beneficiados pela mágica da caixa preta dos títulos públicos por uma razão óbvia, justamente eles, os beneficiados – uma minoria de especuladores e, sobretudo, os bancos – são erigidos em deuses da sabedoria econômica pelo “jornalismo de mercado”.
As lascivas senhoras sabem ser sedutoras e já devíamos ter aprendido quem, afinal, lhes paga o pato.
A escola das crianças, o posto de saúde e os auxiliares administrativos.
Entrevista com o presidente do Bradesco
Preço do petróleo afeta mais o Brasil que ritmo da China, diz Trabuco
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, acredita que "o preço do petróleo está tendo e vai ter um impacto muito mais explosivo do que a desaceleração chinesa" sobre a economia global e especialmente a brasileira.
Em Davos para o Fórum Econômico Mundial, Trabuco disse à Folha que "não podemos ter um governo unicamente em cima do ajuste fiscal". Entre as possibilidades de ação para o governo, o executivo sugere aumentar a liquidez do sistema bancário, reduzindo compulsório.
A justificativa para isso, apesar da inflação tão alta, é que não há demanda. Trabuco descarta maiores problemas para empresas com dívida em dólar neste ano, mesmo com a alta do câmbio. "Houve um alongamento das dívidas por um grande grupo para 2015, 2016 e 2017. Em 2018, 2019 aumenta o volume."
Luis Nassif - um desastre chamado Banco Central
O dia em que se fizer o inventário da atuação do BC na gestão Alexandre Tombini, provavelmente se terá o retrato de uma das mais desastradas gestões da história pós-estabilização, só superada pela de Gustavo Loyolla e seus 45% de taxa básica ao ano.
Desde o primeiro governo Dilma, avaliações incorretas do BC sobre a economia comprometeram a política econômica e ajudaram a jogar a economia nesse buraco.
O erro fundamental foi a reversão da política monetária em fins de 2012, voltando a subir a Selic justo em um momento em que se iniciava um remanejamento dos investimentos - dos fundos de pensão e dos grandes gestores de fortunas - em direção à infraestrutura e a investimentos de longo prazo.
A reversão da Selic pegou todos no contrapé, especialmente os gestores de fortuna que, entusiasmados com o sucesso das políticas anticíclicas de 2008, convenceram seus clientes a apostar no longo prazo.
Sabe-se lá qual cenário foi soprado no pé de ouvido de Dilma para essa mudança de rota. Mas no início de 2013 fiz uma longa entrevista com ela para tentar entender seus motivos. A explicação que a convenceu foi a de que o FED (o Banco Central norte-americano) em breve iria começar a aumentar as taxas de juros, provocando uma fuga de capitais externos do Brasil. A alta da Selic, portanto, seria preventiva.
O grande operador de mercado é o que consegue intuir melhor a linha de médio prazo da economia real e identificar os chamados fatores de volatilidade. Tendo clara essa linha, vai dando bicadas nos pontos fora da curva, acentuados pelo superdimensionamento de eventos políticos ou econômicos, sabendo que mais cedo ou mais tarde o mercado volta para a linha principal..
O quantitative easing teve o mesmo papel para o mercado do “bug do milênio” para o setor de informática: aumentar a volatilidade através do pânico para faturar em cima do medo, ajudando a ampliar as oscilações.
Não havia nenhuma base séria para se acreditar em mudança radical no FED. Dada a fragilidade da economia mundial e norte-americana, as feridas ainda abertas dos mercados e do sistema bancário, e aos enormes impactos das decisões do FED na economia mundial, nenhum analista de fôlego apostaria em inflexões bruscas em sua política monetária. Mas o douto Banco Central do Brasil preferiu acreditar nas marolas do mercado.
Conclusão: a política monetária do BC brasileiro sofreu mudança brusca de rota, enquanto a política monetária do FED até hoje segue sem alterações.
Os cenários pós-eleições
O mercado critica a política monetária do Banco Central, por Luis Nassif
Por trás das teorias, das formulações, existem conceitos básicos que não podem ser ignorados. Como, por exemplo, o impacto de juros elevados na dinâmica de crescimento da dívida. Ou a evidência de que, se uma recessão de quase 3% não derrubou a inflação, obviamente não se trata de uma inflação de demanda. Também o fato óbvio de que os dois canais de transmissão dos juros sobre os preços são o crédito (= demanda) e o câmbio...Continua>>>
Luis Nassif - O mercado critica a política monetária do BC
O chamado mercado – o conjunto de vozes dissonantes, da maneira como é captado pela mídia – tem enorme dificuldade em admitir o óbvio.
Por trás das teorias, das formulações, existem conceitos básicos que não podem ser ignorados. Como, por exemplo, o impacto de juros elevados na dinâmica de crescimento da dívida. Ou a evidência de que, se uma recessão de quase 3% não derrubou a inflação, obviamente não se trata de uma inflação de demanda. Também o fato óbvio de que os dois canais de transmissão dos juros sobre os preços são o crédito (= demanda) e o câmbio.
***
Ao contrário do que se supõe, o nível de conhecimento efetivo do mercado é pequeno. Há um conjunto de economistas e operadores mais experientes, capazes de identificar melhor os rumos da economia. São aqueles que desenvolveram uma capacidade especial de sentir os humores do momento e antecipar os movimentos seguintes. Para tanto, é necessário conhecimento macroeconômico, não apenas da teoria mais geral, mas das correlações mais específicas da economia nacional, visão política e intuição sobre a psicologia do mercado.
Mas a maioria segue os sinais imediatos dos ventos. Aliás, a facilidade com que a maioria adere ao efeito manada é que garante o sucesso dos especialistas.
É por isso que muitas vezes renegam o óbvio. Julgam o óbvio simples demais para uma área em que os Economistas correlacionam séries estatísticas das formas mais imaginosas possíveis, principalmente depois que a planilha eletrônica popularizou o processamento estatístico..
Dias Carneiro definia bem esse tipo de economistas, que juntava duas séries estatísticas sem nenhuma correlação entre si e gerava conclusões das mais estapafúrdias.
**
O físico Brito Cruz, ex-reitor da Unicamp, tinha uma maneira muito simples de identificar os competentes dos bufões. Quem pensa claro, escreve claro, diz ele. Em relação aos que escrevem de forma complexa, há dois tipos: os gênios e os embusteiros. Gênio, eu conheci um: Einstein.
Também na Economia existem os craques e os embusteiros, os analistas e formadores de opinião de primeira e segunda classe.
Os de segunda classe são aqueles que recorrem a slogans ideológicos, vez por outra aderem ao padrão do colunista pitbull. Em geral são os mais ouvidos pela mídia, porque o que dizem fala mais de perto ao leitor comum. Tem o mesmo apelo do comentarista de futebol.
Em geral desprezam a lógica, não explicam suas análises com correlações claras de causalidade. E recorrem intermitentemente a bordões ideológicos.
Com a economia despencando 3%, insistem: se a expectativa de inflação subiu, obviamente o BC terá que aumentar a Selic, porque é isso o que está no manual.
***
A melhor maneira de separar o economista de segunda classe do de primeira é pedir que explique as correlações, os pontos centrais de transmissão da política monetária, da cambial etc.
Os de primeira classe explicam. E é isso o que fizeram no jornal O Valor de ontem: Yoshiaki Nakano, Luiz Carlos Mendonça de Barros e Zeina Latif foram unânimes em enxergar o óbvio:
Se a economia está caindo 3% e a inflação não cedeu, não há nada a se fazer em relação a política monetária – que visa, em última instância, derrubar a demanda. É evidente que a política monetária não está funcionando.
Se a inflação foi alimentada por altas nos preços dos insumos (energia, combustíveis e câmbio) e se a demanda está despencando, o remédio é ficar quieto esperando passar o efeito dessas altas.
Se a política monetária mostra-se ineficaz em relação à inflação, em vez de explicações que mais parecem de manual de Economia, o BC deveria estar estudando outras formas de trabalhar a questão. Ou pela âncora cambial, ou mudando o padrão DI (de indexação diária dos títulos da dívida pública).
A elevação da Selic irá arrebentar de vez com o equilíbrio fiscal. E dois anos de recessão produzem um desastre ampliado;
***
Confirmam o que este blog vem alertando há tempos para essa imprudência de deixar o controle da inflação como uma peça independente, nas mãos de quem não tem nenhum diagnóstico novo e eficaz a oferecer.
Por trás das teorias, das formulações, existem conceitos básicos que não podem ser ignorados. Como, por exemplo, o impacto de juros elevados na dinâmica de crescimento da dívida. Ou a evidência de que, se uma recessão de quase 3% não derrubou a inflação, obviamente não se trata de uma inflação de demanda. Também o fato óbvio de que os dois canais de transmissão dos juros sobre os preços são o crédito (= demanda) e o câmbio.
***
Ao contrário do que se supõe, o nível de conhecimento efetivo do mercado é pequeno. Há um conjunto de economistas e operadores mais experientes, capazes de identificar melhor os rumos da economia. São aqueles que desenvolveram uma capacidade especial de sentir os humores do momento e antecipar os movimentos seguintes. Para tanto, é necessário conhecimento macroeconômico, não apenas da teoria mais geral, mas das correlações mais específicas da economia nacional, visão política e intuição sobre a psicologia do mercado.
Mas a maioria segue os sinais imediatos dos ventos. Aliás, a facilidade com que a maioria adere ao efeito manada é que garante o sucesso dos especialistas.
É por isso que muitas vezes renegam o óbvio. Julgam o óbvio simples demais para uma área em que os Economistas correlacionam séries estatísticas das formas mais imaginosas possíveis, principalmente depois que a planilha eletrônica popularizou o processamento estatístico..
Dias Carneiro definia bem esse tipo de economistas, que juntava duas séries estatísticas sem nenhuma correlação entre si e gerava conclusões das mais estapafúrdias.
**
O físico Brito Cruz, ex-reitor da Unicamp, tinha uma maneira muito simples de identificar os competentes dos bufões. Quem pensa claro, escreve claro, diz ele. Em relação aos que escrevem de forma complexa, há dois tipos: os gênios e os embusteiros. Gênio, eu conheci um: Einstein.
Também na Economia existem os craques e os embusteiros, os analistas e formadores de opinião de primeira e segunda classe.
Os de segunda classe são aqueles que recorrem a slogans ideológicos, vez por outra aderem ao padrão do colunista pitbull. Em geral são os mais ouvidos pela mídia, porque o que dizem fala mais de perto ao leitor comum. Tem o mesmo apelo do comentarista de futebol.
Em geral desprezam a lógica, não explicam suas análises com correlações claras de causalidade. E recorrem intermitentemente a bordões ideológicos.
Com a economia despencando 3%, insistem: se a expectativa de inflação subiu, obviamente o BC terá que aumentar a Selic, porque é isso o que está no manual.
***
A melhor maneira de separar o economista de segunda classe do de primeira é pedir que explique as correlações, os pontos centrais de transmissão da política monetária, da cambial etc.
Os de primeira classe explicam. E é isso o que fizeram no jornal O Valor de ontem: Yoshiaki Nakano, Luiz Carlos Mendonça de Barros e Zeina Latif foram unânimes em enxergar o óbvio:
Se a economia está caindo 3% e a inflação não cedeu, não há nada a se fazer em relação a política monetária – que visa, em última instância, derrubar a demanda. É evidente que a política monetária não está funcionando.
Se a inflação foi alimentada por altas nos preços dos insumos (energia, combustíveis e câmbio) e se a demanda está despencando, o remédio é ficar quieto esperando passar o efeito dessas altas.
Se a política monetária mostra-se ineficaz em relação à inflação, em vez de explicações que mais parecem de manual de Economia, o BC deveria estar estudando outras formas de trabalhar a questão. Ou pela âncora cambial, ou mudando o padrão DI (de indexação diária dos títulos da dívida pública).
A elevação da Selic irá arrebentar de vez com o equilíbrio fiscal. E dois anos de recessão produzem um desastre ampliado;
***
Confirmam o que este blog vem alertando há tempos para essa imprudência de deixar o controle da inflação como uma peça independente, nas mãos de quem não tem nenhum diagnóstico novo e eficaz a oferecer.
Mendonça de Barros - "pode matar todo mundo de fome, que a inflação não vem pro centro
"O Banco Central corre o risco de ser acusado de ter cometido o segundo grande erro de sua gestão recente, se retomar o ciclo de alta de juros em 2016", é o que o economista Mendonça de Barros afirma.
E com razão.
Acontece que os irresponsáveis intocáveis do Banco Central também sabem disso, mas por que fazem exatamente o contrário?...
- Para encher os bolsos do agiotas, especuladores e rentistas nacionais e internacionais e garantir uma boquinha na iniciativa privada quando bem quiser. Esse é o fato. O mais é blablarinagem.
Era FHC e Era Lula: não bastou o capital ganhar, o salário crescer é imperdoável
POR FERNANDO BRITO
Outro dia ainda mostrou-se aqui a elevação da renda dos mais pobres no Brasil. Praticamente dobrou desde o início da chamada “Era Lula”.
Mas não foi só a deles, foi toda a renda do trabalho.
Não que tivesse caído ou deixado de crescer, em ritmo até maior, a renda do capital, garantida pelos juros sempre elevados do Banco Central, embora menor, claro, que no período FHC.
Continuaram ganhando muito. Apenas um pouco – bem pouco – menos que antes
É bom para que se entenda o que torna os governos de inspiração trabalhista tão odiosos a esta gente. Eles não querem muito, somente. Querem tudo.
Os gráficos e o texto abaixo são do blog do Professor Fernando Nogueira da Costa, da Unicamp:
Renda do Capital versus Renda
do Trabalho: 2003-2014 X 1995-2002
Fernando Nogueira da Costa (trecho)
No período 1995-2002, o juro nominal elevou-se 24,6%, em média anual, face a uma taxa de inflação média de 9,1%, resultando em uma elevação média anual do juro real de 15,1%. O rendimento médio real dos trabalhadores teve uma queda anual média de -1,05% ao ano. A renda do capital financeiro multiplicou seu poder aquisitivo real em 3,2 vezes. Enquanto isso, a renda do trabalho perdeu 16,6% do seu poder aquisitivo.
Entre 2003 e junho de 2015, o crescimento médio anual do juro nominal foi mais do que o dobro do IPCA: 13,2% ao ano. contra 6,1%. Desde 2005 até 2014, a taxa de inflação ficou dentro do teto da meta de 6,5%. Mesmo assim, em todo o período considerado, com o ano corrente projetado (2003-2015), a política de juro concedeu um juro real médio anual de 6,6% aos investidores. Em contrapartida, as variações do salário real restringiram-se à média anual de 1,1%. Então, foi 6 vezes maior o crescimento real da renda do capital do que o da renda do trabalho.
Portanto, constata-se na história recente brasileira, a posteriori, um exagero do juro ex-post, isto é, deflacionado pelo IPCA. Evidentemente, ele tem um impacto distinto do juro real ex-ante (esperado) que influencia as decisões na época de sua fixação. NaEra Neoliberal, foi 2,7 vezes maior do que a taxa de inflação média. Na Era Socialdesenvolvimentista, foi 2,2 vezes maior. A queda do salário real na Era do Livre-Mercado (sic), foi de -16,6%, ou seja, percentual igual e contrário ao da sua elevação de +16,3% na Era da Hegemonia Trabalhista.
Briguilina da noite
Dependesse dos tucanos e do pig, o BNDES e as empreiteiras só poderiam emprestar (a juros baixinhos) a Rede Globo e fazer doação (?) ao iFHC.
Corja!
Por que o Banco Central quer aumentar ainda mais os juros?
A ata divulgada deixa bem claro o motivo:
É para causar mais desemprego.
E quanto mais desemprego e mais juros, eles enchem as arcas da banca e dos capitalistas em geral.
Resumindo:
Os burrocratas do BC garantem o deles$.
Que tal uma quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico da diretoria do BC, como fizeram com Genoino, Dirceu, Delúbio, João Paulo Cunha e vários outros petistas?...
Duvido que o MPF e qualquer togado tem coragem pra fazer isso. São um bando de corruptos antipetistas e pronto.
O mais, é mais canalhice dessa corja piguista, togada e bicuda.
Blog do Briguilino
É para causar mais desemprego.
E quanto mais desemprego e mais juros, eles enchem as arcas da banca e dos capitalistas em geral.
Resumindo:
Os burrocratas do BC garantem o deles$.
Que tal uma quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico da diretoria do BC, como fizeram com Genoino, Dirceu, Delúbio, João Paulo Cunha e vários outros petistas?...
Duvido que o MPF e qualquer togado tem coragem pra fazer isso. São um bando de corruptos antipetistas e pronto.
O mais, é mais canalhice dessa corja piguista, togada e bicuda.
Blog do Briguilino
Zé Dirceu: Liberação do depósito compulsório pode evitar cortes lineares em programas sociais
O aumento dos juros e o aperto geral promovido pelos bancos, além do aumento dos custos financeiros e dos gastos com a dívida interna, que na prática anula o superávit de 1,2% do PIB que o governo fará , restringe de maneira brutal o financiamento habitacional. Isso atinge a área de saneamento e infraestrutura e tem efeitos imediatos na queda do nível de emprego e renda. O governo busca saídas, como liberar o compulsório da caderneta de poupança, os 30% obrigatoriamente depositados no Banco Central, e usar recursos do FI-FGTS para financiar a habitação e o saneamento. O impacto de uma queda brusca na construção civil sobre o emprego e a renda é terrível. Isso explica a busca de saídas pelo governo, a fim de manter o programa Minha Casa Minha, Vida ativo e evitar os cortes de gastos lineares e burros como os que atingiram o FIES e o Pronatec.
Temos de conter os denegerados burocratas do Banco Central
Uma solução definitiva para reverter a política dos juros altos
A diretoria do Banco Central presidida por Tombini estabeleceu, por unanimidade, mais um aumento da taxa básica de juros. O lado sórdido dessa decisão é a unanimidade. Não existe nesse colegiado sequer uma voz discordante. Seus membros se apoiam uns nos outros em busca de impunidade para um dos casos mais asquerosos de crime continuado na história da República, reflexo da ação criminosa que os discípulos de Milton Friedman realizaram no Chile depois do assassinato de Allende, sob a segurança implacável do ditador Pinochet.
Sim, essa Diretoria do Banco Central tem as mãos sujas de sangue. Não o sangue físico que escorreu das vítimas de Pinochet, mas do sangue que lentamente escorre das veias de brasileiros abertas por uma política monetária estúpida, que combina um principismo técnico tosco com o poder absoluto, ditatorial, conduzido por um bando de burocratas não eleitos e que não obstante tem a prerrogativa de ajudar a provocar no Brasil a maior recessão de todos os tempos, caso esses degenerados não sejam bloqueados.
Creio que devo ter escrito mais de 100 artigos sobre a política monetária adotada no Brasil desde a ditadura, e com mais vigor a partir do domínio neoliberal. O argumento é o mesmo, os dados são similares, o ritmo das decisões igual – exceto no breve período inicial do Governo Dilma. Basta. Cansei de repetir a mesma sinfonia. Observem na chamada imprensa especializada e verão que nada muda. As justificativas são as mesmas – combater a inflação. E não obstante a inflação não sai do lugar e, se sai, sai por outros motivos que não os juros.
A teoria monetária na qual acreditam dogmaticamente esses cavaleiros do Apocalipse é um embuste, um ato de supremo charlatanismo em situações fora do pleno emprego. Essa teoria só pegou fora dos Estados Unidos, tendo em vista o balanço de forças internas na alta burguesia. Aqui, sua efetividade está ligada à política cambial, não à política monetária propriamente, na medida em que juros altos atraem capital especulativo para ajudar a fechar o balanço de pagamentos tendo em vista os altos déficits em conta corrente que temos.
Se tivéssemos uma política antiinflacionária eficaz – eliminação da indexação, estímulo à competitividade, estoques reguladores etc – cairia a máscara da política monetária, que já não poderia ter o pretexto do combate à inflação para aumentar os juros. Em consequência, estamos presos a uma política cambial-monetária e fiscal que elimina qualquer possibilidade de autonomia na gestão da política econômica. A sociedade inteira trabalha para os banqueiros, dentre os quais se destacam os que foram “privatizados” nos últimos anos.
Quando o queridíssimo amigo, o Vice Presidente José Alencar assumiu cumulativamente o Ministério da Defesa, eu, que era uma espécie de seu assessor informal em economia, comentei com ele: “Aproveite a oportunidade, Alencar, e resolve essa questão dos juros de uma vez por todas. Mande uma divisão de tanques cercar aquele prédio do Banco Central no Setor Bancário, dê uma ordem para a evacuação de todos os andares – exceto o da diretoria – e dê ordem para abrir fogo. Garanto que a sociedade vai amanhecer aliviada.”
José Carlos de Assis - Economista, professor, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre Economia Política Brasileira.
A diretoria do Banco Central presidida por Tombini estabeleceu, por unanimidade, mais um aumento da taxa básica de juros. O lado sórdido dessa decisão é a unanimidade. Não existe nesse colegiado sequer uma voz discordante. Seus membros se apoiam uns nos outros em busca de impunidade para um dos casos mais asquerosos de crime continuado na história da República, reflexo da ação criminosa que os discípulos de Milton Friedman realizaram no Chile depois do assassinato de Allende, sob a segurança implacável do ditador Pinochet.
Sim, essa Diretoria do Banco Central tem as mãos sujas de sangue. Não o sangue físico que escorreu das vítimas de Pinochet, mas do sangue que lentamente escorre das veias de brasileiros abertas por uma política monetária estúpida, que combina um principismo técnico tosco com o poder absoluto, ditatorial, conduzido por um bando de burocratas não eleitos e que não obstante tem a prerrogativa de ajudar a provocar no Brasil a maior recessão de todos os tempos, caso esses degenerados não sejam bloqueados.
Creio que devo ter escrito mais de 100 artigos sobre a política monetária adotada no Brasil desde a ditadura, e com mais vigor a partir do domínio neoliberal. O argumento é o mesmo, os dados são similares, o ritmo das decisões igual – exceto no breve período inicial do Governo Dilma. Basta. Cansei de repetir a mesma sinfonia. Observem na chamada imprensa especializada e verão que nada muda. As justificativas são as mesmas – combater a inflação. E não obstante a inflação não sai do lugar e, se sai, sai por outros motivos que não os juros.
A teoria monetária na qual acreditam dogmaticamente esses cavaleiros do Apocalipse é um embuste, um ato de supremo charlatanismo em situações fora do pleno emprego. Essa teoria só pegou fora dos Estados Unidos, tendo em vista o balanço de forças internas na alta burguesia. Aqui, sua efetividade está ligada à política cambial, não à política monetária propriamente, na medida em que juros altos atraem capital especulativo para ajudar a fechar o balanço de pagamentos tendo em vista os altos déficits em conta corrente que temos.
Se tivéssemos uma política antiinflacionária eficaz – eliminação da indexação, estímulo à competitividade, estoques reguladores etc – cairia a máscara da política monetária, que já não poderia ter o pretexto do combate à inflação para aumentar os juros. Em consequência, estamos presos a uma política cambial-monetária e fiscal que elimina qualquer possibilidade de autonomia na gestão da política econômica. A sociedade inteira trabalha para os banqueiros, dentre os quais se destacam os que foram “privatizados” nos últimos anos.
Quando o queridíssimo amigo, o Vice Presidente José Alencar assumiu cumulativamente o Ministério da Defesa, eu, que era uma espécie de seu assessor informal em economia, comentei com ele: “Aproveite a oportunidade, Alencar, e resolve essa questão dos juros de uma vez por todas. Mande uma divisão de tanques cercar aquele prédio do Banco Central no Setor Bancário, dê uma ordem para a evacuação de todos os andares – exceto o da diretoria – e dê ordem para abrir fogo. Garanto que a sociedade vai amanhecer aliviada.”
José Carlos de Assis - Economista, professor, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre Economia Política Brasileira.
Economia
O aumento de juros não é a solução
No mesmo dia que os bancos anunciaram seus lucros do primeiro trimestre, com previsões grandiosas, e informaram um crescimento em média de 19,5% – puxado pelo Banco Itaú (23,4%), Bradesco (22,1%) e Santander (17,9%) – o COPOM aumentou a taxa de juros básica, a Selic, em 0,50%. Não bastasse isso, o mercado, não contente, já anuncia que quer mais 0,5%, com juros de 13,25%.
As conseqüências desse movimento são muitas. Vamos pagar por dia R$ 1 bi de juros da dívida interna. O real, que já vem se valorizando, absorverá a tendência ditada pela Selic e vai seguir impedindo uma melhora nas nossas contas externas. A conta é simples: juros mais altos não combinam com ajuste fiscal, eles derrubam a economia e a arrecadação. Além disso, aumentam (e muito) as despesas financeiras da União com o serviço da dívida interna. Não há superávit que resolva essa equação. A tendência é de menor crescimento e arrecadação, inclusive da Previdência e de mais dívida e déficit.
O pior de tudo é que esse juros não afetam a inflação, não resolvem o problema do país. Para o Brasil crescer precisamos de investimentos, mas ninguém tomará crédito com um dos juros mais altos do mundo – não é exagero, hoje em quase todos países os juros dos títulos públicos são negativos. O crédito brasileiro perde toda sua competitividade com altas taxas. Assim, o consumidor evidentemente se retrairá e o emprego e a renda também. Perderemos o apoio da nossa principal base de sustentação do nosso crescimento: o mercado interno e as exportações. Com o real se valorizando a tendência é clara. Não crescerão, pelo contrário, as importações que poderiam tomar novo fôlego.
Será esse o ajuste real?
Mas, talvez esse seja o ajuste real buscado pela equipe econômica: uma queda brusca do PIB, dos salários, um crescimento do desemprego para tirar do trabalhador o poder que hoje ele tem de exigir seus direitos e uma maior participação na renda nacional. Aliás, a base para o crescimento com distribuição de renda, para uma maior justiça social e um modelo democrático de desenvolvimento.
A realidade é que pagamos 6,6% do PIB em juros da dívida interna, a maior concentração de renda do mundo. Esse é o verdadeiro e real problema do Brasil, um sistema bancário e financeiro sem concorrência e monopolizado, com uma política monetária submetida aos interesses do rentismo. Um país sob o controle do capital financeiro e de uma mídia também monopolizada e aliada do rentismo.
O mais grave é a cegueira e a falta de consciência de classe do empresariado produtivo – com exceções, claro – que cada vez mais parece ceder e apoiar esse caminho que, como demonstra a experiência do passado e da Europa hoje, não levará ao saneamento, necessário, das contas públicas, muito menos à retomada do crescimento.
Nossos empresários buscam reduzir custos, como em todo mundo, mas não veem a importância da redução dos juros e dos custos altíssimos financeiros deles e do país. Preferem optar pela redução dos salários, em vez de mais produtividade e inovação, menos custos às custas dos salários e direitos sociais e trabalhistas. Uma fórmula burra, mas eficaz.
Governo deve acreditar na capacidade do povo e do empresariado de enfrentar a crise
Sem desvalorizar para valer o real, sem coragem para enfrentar o rentismo, a equipe econômica do governo opta pelo caminho mais fácil, mas que pode matar o doente: o aumento dos juros. De um lado está o empresariado e do outro os trabalhadores que provam sua resistência e reagem contra o PL 4330 da terceirização. Os trabalhadores estão mostrando que não será fácil o caminho do ajuste proposto pela equipe econômica.
Sendo razoável, o caminho adotado pelo governo de negociar com os sindicatos uma saída para o impasse deveria envolver um grande debate sobre o próprio ajuste e as alternativas a atual política monetária. Um debate que envolvesse uma reforma de nosso sistema tributário e financeiro.
Um retorno ao desenvolvimento como objetivo central, ao aumento dos investimentos, da produtividade, na certeza de que o país pode e tem condições de impulsionar um amplo programa de investimentos na infraestrutura, com as concessões em energia, petróleo e gás. Sem esquecer de acreditar nas exportações de serviços, capital e tecnologia, com um banco de exportação e importação, e uma secretaria de comércio exterior.
O governo pode e deve acreditar no seu mercado interno e na capacidade do povo e do empresariado de enfrentar a atual crise. E com amplas reformas, não apenas econômicas, mas nas próprias instituições do país e, sobretudo, nas duas principais: a educação e o sistema político.
José Dirceu
No mesmo dia que os bancos anunciaram seus lucros do primeiro trimestre, com previsões grandiosas, e informaram um crescimento em média de 19,5% – puxado pelo Banco Itaú (23,4%), Bradesco (22,1%) e Santander (17,9%) – o COPOM aumentou a taxa de juros básica, a Selic, em 0,50%. Não bastasse isso, o mercado, não contente, já anuncia que quer mais 0,5%, com juros de 13,25%.
As conseqüências desse movimento são muitas. Vamos pagar por dia R$ 1 bi de juros da dívida interna. O real, que já vem se valorizando, absorverá a tendência ditada pela Selic e vai seguir impedindo uma melhora nas nossas contas externas. A conta é simples: juros mais altos não combinam com ajuste fiscal, eles derrubam a economia e a arrecadação. Além disso, aumentam (e muito) as despesas financeiras da União com o serviço da dívida interna. Não há superávit que resolva essa equação. A tendência é de menor crescimento e arrecadação, inclusive da Previdência e de mais dívida e déficit.
O pior de tudo é que esse juros não afetam a inflação, não resolvem o problema do país. Para o Brasil crescer precisamos de investimentos, mas ninguém tomará crédito com um dos juros mais altos do mundo – não é exagero, hoje em quase todos países os juros dos títulos públicos são negativos. O crédito brasileiro perde toda sua competitividade com altas taxas. Assim, o consumidor evidentemente se retrairá e o emprego e a renda também. Perderemos o apoio da nossa principal base de sustentação do nosso crescimento: o mercado interno e as exportações. Com o real se valorizando a tendência é clara. Não crescerão, pelo contrário, as importações que poderiam tomar novo fôlego.
Será esse o ajuste real?
Mas, talvez esse seja o ajuste real buscado pela equipe econômica: uma queda brusca do PIB, dos salários, um crescimento do desemprego para tirar do trabalhador o poder que hoje ele tem de exigir seus direitos e uma maior participação na renda nacional. Aliás, a base para o crescimento com distribuição de renda, para uma maior justiça social e um modelo democrático de desenvolvimento.
A realidade é que pagamos 6,6% do PIB em juros da dívida interna, a maior concentração de renda do mundo. Esse é o verdadeiro e real problema do Brasil, um sistema bancário e financeiro sem concorrência e monopolizado, com uma política monetária submetida aos interesses do rentismo. Um país sob o controle do capital financeiro e de uma mídia também monopolizada e aliada do rentismo.
O mais grave é a cegueira e a falta de consciência de classe do empresariado produtivo – com exceções, claro – que cada vez mais parece ceder e apoiar esse caminho que, como demonstra a experiência do passado e da Europa hoje, não levará ao saneamento, necessário, das contas públicas, muito menos à retomada do crescimento.
Nossos empresários buscam reduzir custos, como em todo mundo, mas não veem a importância da redução dos juros e dos custos altíssimos financeiros deles e do país. Preferem optar pela redução dos salários, em vez de mais produtividade e inovação, menos custos às custas dos salários e direitos sociais e trabalhistas. Uma fórmula burra, mas eficaz.
Governo deve acreditar na capacidade do povo e do empresariado de enfrentar a crise
Sem desvalorizar para valer o real, sem coragem para enfrentar o rentismo, a equipe econômica do governo opta pelo caminho mais fácil, mas que pode matar o doente: o aumento dos juros. De um lado está o empresariado e do outro os trabalhadores que provam sua resistência e reagem contra o PL 4330 da terceirização. Os trabalhadores estão mostrando que não será fácil o caminho do ajuste proposto pela equipe econômica.
Sendo razoável, o caminho adotado pelo governo de negociar com os sindicatos uma saída para o impasse deveria envolver um grande debate sobre o próprio ajuste e as alternativas a atual política monetária. Um debate que envolvesse uma reforma de nosso sistema tributário e financeiro.
Um retorno ao desenvolvimento como objetivo central, ao aumento dos investimentos, da produtividade, na certeza de que o país pode e tem condições de impulsionar um amplo programa de investimentos na infraestrutura, com as concessões em energia, petróleo e gás. Sem esquecer de acreditar nas exportações de serviços, capital e tecnologia, com um banco de exportação e importação, e uma secretaria de comércio exterior.
O governo pode e deve acreditar no seu mercado interno e na capacidade do povo e do empresariado de enfrentar a atual crise. E com amplas reformas, não apenas econômicas, mas nas próprias instituições do país e, sobretudo, nas duas principais: a educação e o sistema político.
José Dirceu
Zé Dirceu: Rentistas, especuladores, mercado, ávidos cobram mais uma alta da Selic
Tudo igual. O roteiro é conhecido, o script manjado há muitos e muitos anos. O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) iniciou ontem a reunião que realiza a cada 45 dias e no início da noite, hoje, anuncia sua deliberação sobre a taxa básica de juros Selic.
“A expectativa de analistas e investidores do mercado é que a autoridade monetária opte por um novo aumento de 0,5 ponto percentual. Caso a projeção se confirme, a Selic, atualmente em 12,75%, chegará a 13,25% ao ano”. Notas como esta pipocavam nos jornais de ontem, dentro da velha estratégia dos interessados em plantar aumentos cada vez mais frequentes e maiores da Selic.
Quem “planta” esse tipo de notícia? Os de sempre, rentistas, especuladores, o chamado “mercado”, que se vale da mídia, transforma-a em seu porta-voz (não que ela se constranja em cumprir esse papel…muito pelo contrário) e antecede as reuniões do COPOM com os mais diversos prognósticos mas todos com um ponto em comum: a reunião do Comitê preveem e cobram não se encerrará sem que a Selic seja aumentada…
Para compreender melhor o resultado disso tudo, vocês não podem deixar de ler a análise do Luís Nassif, publicada no blog dele, no seu JornalGGN, sob o título “Os resultados iniciais do pacote Levy”. Está irrespondível. Governo, rentistas, especuladores, mercado podem não gostar, mas não têm como contestá-lo tal a objetividade com que ele faz esta análise.
Por que a taxa de juros é tão alta e a inflação não cai?
Prosseguindo na busca de respostas a duas perguntas aparentemente simples – Por que a taxa real básica de juros no Brasil é tão elevada? Por que, apesar da taxa nominal básica de juros ser tão elevada, a taxa da inflação permanece muito elevada? (leia o primeiro artigo sobre o tema)– vamos agora examinar o diagnóstico e a receita de doutores ortodoxos.
Obviamente, eles se pautam pela Hipótese 3: a taxa real básica de juros no Brasil é tão elevada por causa da esterilização do impacto monetário da ampliação das reservas cambiais em situação de escassez de poupança. Se o Banco Central intervém para evitar a apreciação excessiva da moeda, a necessidade de esterilizar os recursos monetários emitidos para a compra de reservas internacionais restabelece a pressão sobre a necessidade de financiamento do setor público. A existência de financiamento externo só aliviaria a restrição de poupança interna para o financiamento público se a moeda pudesse flutuar livremente e não houvesse intervenção esterilizadora para evitar a sua apreciação.
Senadora Grazziotin, juros no desgoverno Fhc chegou a 45%
No dia 26/06/1996 COPOM elevou a taxa Selic para 45% bom relembrar os esquecidinhos bicudos senadora.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) rebateu o senador tucano José Serra (PSDB-SP), que em seu primeiro discurso na tribuna do Senado, nesta quarta-feira (4), criticou o governo da presidenta Dilma Rousseff e destilou o seu rancor contra os trabalhadores ao dizer que a culpa da “crise “ é do “ex-operário industrial” Lula.
Agência Senado
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) usou a tribuna após o discurso de Serra
“O Brasil se desindustrializou sob o ímpeto dessa política, paradoxalmente, comandada, não digo nem que conscientemente, por um ex-operário industrial, que comandou a desindustrialização brasileira”, disse o senador tucano, afirmando que a economia brasileira está “de joelhos” por conta da política de juros adotada por Lula durante a crise econômica internacional.
Vanessa rebateu o tucano afirmando que no governo Dilma Rousseff a taxa de juros está entre 10% a 12% ao ano, enquanto na gestão de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, passavam dos 25%.
Ela também lembrou que no governo FHC, a dívida pública líquida do Brasil superava os 64% do Produto Interno Bruto (PIB), mas é de apenas 33% na gestão de Dilma, ou seja, quase a metade do que era no governo do PSDB. A senadora ressaltou que o debate é importante, mas que deve “ser coerente e ter por base a realidade”.
A senadora Vanessa Grazziotin tem razão. A realidade mostrou que quando se trata de desindustrialização, os tucanos são especialistas. Durante o governo FHC, a política industrial era assunto banido no Brasil. O próprio Fernando Henrique declarou em 2002, durante viagem à Itália, que a “abertura” da economia brasileira às importações foi demasiadamente rápida, reconhecendo que sua política industrial foi um desastre.
O regime de câmbio fixo, abandonado em 1999, provocou a quebradeira da indústria e escancarou o mercado interno para a importação, gerando desemprego em massa.
Apesar disso, Serra disse "nunca ter visto" o Brasil atravessar uma crise tão acentuada. E mais: declarou que a causa de tamanho problema foi o governo Lula, por conta de um consumo que substituiu a produção doméstica e deu um “golpe de morte na industrialização brasileira”.
Infraestrutura
Outro tema abordado por Serra foi a infraestrutura. Mesmo com o PAC (Programa de Aceleração de crescimento), que estabeleceu uma política de desenvolvimento e investimento na infraestrutura, o tucano disse que desde 2010, o Brasil não investe em infraestrutura transformando o país e “um reino de inépcia administrativa como nunca houve no Brasil”. Mas fez questão de dizer que se fosse ele investiria para “atrair parceria privada”, como quer fazer, ou melhor, desfazer, da Petrobras.
Apesar do devaneio, Serra elencou três atitudes do governo petista que ele considera “alucinações”: o projeto “sem demanda”, do trem bala, para ir de São Paulo ao Rio de Janeiro; o desequilíbrio no setor elétrico e a tentativa da presidenta Dilma de promover a consulta popular, por meio de plebiscito, sobre reforma política.
Do Portal Vermelho, com informações da Agência Senado
Também Leia>>> Briguilinks
Esse escândalo ninguém verá o Jornal Nacional denunciar
Orçamento federal para 2015 define R$ 266 bilhões para pagamento de juros aos rentistas; É quase a soma total dos gastos com saúde (R$ 109 bi), educação (R$ 101 bi) obras do PAC e do Minha Casa (R$ 65 bi)...Leia mais>>>
Zé Dirceu: Sem a política no comando não haverá saída para o país
É inacreditável! Não há nada nos jornais ´hoje sobre o aumento em 0,50 dos juros decretado pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) nesta semana, na noite da 4ª feira. A Folha de S.Paulo tem o desplante de falar da decepção do mercado com a decisão do do BC que agiu “com parcimônia” dá a entender o jornalão… acreditem se quiser.
Querem juros mais altos para manter o câmbio baixo e a inflação sob controle. Dane-se a economia real e a vida do povo. Essa é a conclusão a que chegamos. Francamente…estamos no pior dos mundos…
Ao invés de escandalizarem-se com mais essa elevação dos juros, exploram a projeção de crescimento para ano que vem, de 0,8% do PIB e do superávit com mais divida pública bruta. Ora, o governo apenas previu o óbvio: a economia crescerá menos de 1% e o esforço fiscal será de 1,2% buscando manter a dívida publica no mesmo patamar.
Aumentos dos juros e esforço fiscal não reduzem inflação
O fato é que tanto esse aumento dos juros quanto o esforço fiscal, de per si não reduzem a inflação. A redução desta depende de fatores externos e internos fora do controle do BC e das políticas monetária e fiscal. A diminuição da inflação depende dos preços administrados, dos preços dos alimentos e dos serviços, que dependem das políticas públicas e dos investimentos, de comércio exterior e do crescimento da economia mundial.
Internamente precisamos de uma reforma tributária e de financiar o crescimento do mercado seja pelos bancos públicos, seja por empréstimos externos mais investimentos externos diretos (IED). Precisamos reduzir custos financeiros e tributários, logísticos e burocráticos, administrativos e ambientais e precisamos avançar na educação e na inovação. Necessitamos, e muito, de planejamento e capacidade de direção e execução no governo, maioria parlamentar e governabilidade.
O país não tem muita margem de manobra interna ou externa. A situação mundial não tende a melhorar, então precisa se apoiar no que tem: no mercado interno; na continuidade da distribuição da renda e da riqueza; nas concessões na infraestrutura; na energia e no pré-sal; e na integração sul-americana, que precisa sair do papel e virar política de Estado.
Precisamos de uma repactuação entre trabalhadores, empresários e governo
Por fim, precisamos de uma repactuação produtivista e desenvolvimentista, entre trabalhadores, empresários e governo para negociar as reformas – inclusive a política. De uma repactuação para a manutenção do emprego e da renda do trabalho durante esse período de ajuste da economia.
Sem a política no comando não haverá saída para o pais. Ministros e economistas. burocratas e tecnocratas, por mais que necessários, não constroem nações e não salvam povos e países em momentos de crise. A hora é da política, dos políticos, dos partidos, da participação da sociedade, da mobilização e do debate e do embate públicos.
Precisamos disso, de assumir nosso papel e dirigir o pais conforme o mandato que o povo, pela 4ª vez – um fato inédito no mundo – deu ao PT e a presidenta Dilma e a seus aliados no Parlamento. Precisamos tomar nosso papel nas mãos principalmente na sociedade, que precisa ser mobilizada para a retomada do crescimento e do desenvolvimento nacional.
Querem juros mais altos para manter o câmbio baixo e a inflação sob controle. Dane-se a economia real e a vida do povo. Essa é a conclusão a que chegamos. Francamente…estamos no pior dos mundos…
Ao invés de escandalizarem-se com mais essa elevação dos juros, exploram a projeção de crescimento para ano que vem, de 0,8% do PIB e do superávit com mais divida pública bruta. Ora, o governo apenas previu o óbvio: a economia crescerá menos de 1% e o esforço fiscal será de 1,2% buscando manter a dívida publica no mesmo patamar.
Aumentos dos juros e esforço fiscal não reduzem inflação
O fato é que tanto esse aumento dos juros quanto o esforço fiscal, de per si não reduzem a inflação. A redução desta depende de fatores externos e internos fora do controle do BC e das políticas monetária e fiscal. A diminuição da inflação depende dos preços administrados, dos preços dos alimentos e dos serviços, que dependem das políticas públicas e dos investimentos, de comércio exterior e do crescimento da economia mundial.
Internamente precisamos de uma reforma tributária e de financiar o crescimento do mercado seja pelos bancos públicos, seja por empréstimos externos mais investimentos externos diretos (IED). Precisamos reduzir custos financeiros e tributários, logísticos e burocráticos, administrativos e ambientais e precisamos avançar na educação e na inovação. Necessitamos, e muito, de planejamento e capacidade de direção e execução no governo, maioria parlamentar e governabilidade.
O país não tem muita margem de manobra interna ou externa. A situação mundial não tende a melhorar, então precisa se apoiar no que tem: no mercado interno; na continuidade da distribuição da renda e da riqueza; nas concessões na infraestrutura; na energia e no pré-sal; e na integração sul-americana, que precisa sair do papel e virar política de Estado.
Precisamos de uma repactuação entre trabalhadores, empresários e governo
Por fim, precisamos de uma repactuação produtivista e desenvolvimentista, entre trabalhadores, empresários e governo para negociar as reformas – inclusive a política. De uma repactuação para a manutenção do emprego e da renda do trabalho durante esse período de ajuste da economia.
Sem a política no comando não haverá saída para o pais. Ministros e economistas. burocratas e tecnocratas, por mais que necessários, não constroem nações e não salvam povos e países em momentos de crise. A hora é da política, dos políticos, dos partidos, da participação da sociedade, da mobilização e do debate e do embate públicos.
Precisamos disso, de assumir nosso papel e dirigir o pais conforme o mandato que o povo, pela 4ª vez – um fato inédito no mundo – deu ao PT e a presidenta Dilma e a seus aliados no Parlamento. Precisamos tomar nosso papel nas mãos principalmente na sociedade, que precisa ser mobilizada para a retomada do crescimento e do desenvolvimento nacional.
Assinar:
Postagens (Atom)