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Leandro Fortes: o silêncio dos bolsominions


Aos poucos, eles estão desaparecendo. Velhos amigos cheios de razão, parentes furiosos, vizinhos valentões, madames maquiadas de ódio, estão todos em silêncio, à beira do abismo.
Não há mais arminhas nas mãos, nem chola-mais nas redes. Até os kkkkk se escondem na timidez. Rufam, aqui e ali, uns poucos tambores de ódio pelas mãos de meia dúzia de fanáticos, mas nem os mais selvagens dos antipetistas encontram forças para defender o indefensável.
Não estão arrependidos, o arrependimento requer uma força moral distante da personalidade da maior parte dos eleitores do Bozo. Estão apenas paralisados, diante da sucessiva quebra de expectativas relacionadas ao admirável mundo novo que se anunciava.
Há superministros com superpoderes inúteis. Paulo Guedes faz mais grosserias do que contas. Sergio Moro, sabe-se agora, entrou no governo para tornar o cigarro mais barato. O primeiro, um Chicago Boy com 30 anos de atraso, o segundo, uma nulidade cuidadosamente construída para parecer um herói.
Há um ministro da Educação que cita Pablo Escobar. Outro, de Relações Exteriores, corrobora com a tese do nazismo de esquerda. A ministra da Mulher, ao pé da goiabeira, teme o que chama de "armadilhas do feminismo".
Não houve, a rigor, um único dia de governo.
Em meio a esse desalento, Bozo e os filhos continuam no Twitter, frenéticos, um esforço comovente para parecerem vivos, funcionais, sem entender que já estão mortos.
São burríssimos.
Leandro Fortes - jornalista, escritor e professor baiano formado na Universidade Federal da Bahia

Vida que segue
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Lula: um homem


Lula, em silêncio, comandou com os olhos o espetáculo de dor e esperança do que deveria ter sido apenas um enterro triste, como sempre são devastadoramente tristes os enterros de crianças.

Em silêncio, coroado de cabelos brancos, Lula fez o mundo tremer.

Pois o mundo todo que viu os seguranças, as polícias, os soldados, as armas e o rancor mobilizados, todos cagados de medo, sem compreender a força daquele homem.

Aquele homem que os deixou nus.

Leandro Fortes: Resista Venezuela

Eles fazem assim:

Enchem o quintal do vizinho de brita, arrebenta a calçada da casa dele, joga merda no telhado, corta a água, corta a luz, espalha que ele é corno, bêbado e bate na mulher. E convence o banco a bloquear a conta dele, com base em denúncias mentirosas, e corta o fornecimento de comida.

Depois de algum tempo, usam a mídia para convencer os outros vizinhos que esse canalha tem que ser contido, porque, além de tudo, as crianças, os cachorros e gatos da casa estão começando a passar fome.

Então, quando todo mundo está convencido que esse ditador sem alma passou de todos os limites, enfiam dentro da casa um contraparente sem caráter que se declara, a partir dali, chefe interino da família.

Passado um tempo, esse mesmo conjunto de usurpadores decide levar ajuda humanitária à família que eles difamaram e levaram à ruína.

Só não esperavam que tanto o chefe da família, como a própria família, iria mandá-los enfiar essa ajuda no rabo.

Leandro Fortes - jornalista

Vida que segue 









Leandro Fortes o Moro está fugindo

"Moro está fugindo! Um juiz de primeira instância destrói a economia e o sistema político de um país, deixa em ruínas 13 anos de avanços sociais, estimula o fascismo, divide a nação e avisa que vai tirar férias de um ano? Não se enganem: é uma fuga planejada."
***
Os ratos são sempre os primeiros a abandonarem o navio.


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Leandro Fortes - Chega!

Um país onde o Judiciário se presta a proibir uma pessoa - qualquer pessoa - de receber uma homenagem de uma universidade precisa, urgentemente, de uma intervenção civilizatória.

Porque essa decisão de um juiz da Bahia de proibir que a Universidade Federal do Recôncavo Baiano homenageie Lula não é apenas um ato abominável de autoritarismo e de exceção.

É um sintoma claro e indiscutível de que nosso sistema judiciário está doente, apodrecido, dominado por uma casta togada contaminada por um tipo de ódio absolutamente incompatível com a democracia e o Estado de direito.

Reféns da Globo, por Leandro Frortes

Estou no hospital Sarah Kubitschek,  em Brasília, onde vim trazer minha mãe,  de 74 anos, que  sofre de um problema crônico de coluna. 

Ela ficou surpresa quando lhe falei, em meio aos corredores assépticos do lugar,  que todo essa belezura é do SUS.
O SUS, esse plano de saúde dos pobres, mas que todo mundo usa, mesmo sem saber.

O Psdb virou o partido de punguistas que roubam carteiras e saem gritando "Pega ladrão"

Patético
por Leando Fortes
Por essas coisas do destino, todo o carnaval montado pela mídia para fazer do programa do PSDB um campeão de audiência foi desmontado por uma avalanche de boas notícias.
Boas para o país, bem entendido.
A Petrobras, alçada à liderança mundial das petroleiras, lucrou mais do que o esperado. A China decidiu investir mais de 50 bilhões de dólares no Brasil. O Senado aprovou Luiz Fachin para o STF.
Em contrapartida, o PSDB virou o partido dos latifundiários, dos golpistas, dos paneleiros que agridem crianças nas ruas, dos punguistas que batem carteira e saem gritando “pega ladrão”.
O partido que escondeu Fernando Henrique Cardoso, por 12 anos, de suas campanhas políticas para, agora, de forma desumana, usá-lo como um boneco de ventríloquo dos ressentimentos de Aécio Neves.
Um homem de 83 anos, um velho, vociferando ódio para esconder os próprios fracassos e a inveja que não pode ser escondida.
O PSDB não se tornou somente o partido mais reacionário do Brasil.
Tornou-se o mais triste.
Mais até do que o DEM, de Caiado e Agripino, que é apenas patético.
O autor é jornalista, professor e escritor.



Eleição 2014 - O primeiro golaço da Dilma

Enquanto Veja e Serra brincam de fazer fofoca, Marina ajusta seu marketing ao do Itaú, e Campos passa o trator em cima do que resta de esquerda pró-Lula em seu partido, Dilma inicia seus preparativos para 2014 com a contratação de um dos maiores jornalistas do país: Leandro Fortes.
Sim, ele mesmo. Fortes será um dos coordenadores da comunicação da campanha da presidenta em 2014, segundo informação veiculada há pouco pelo Brasil 247.
Esse golaço provavelmente tem o dedo de Franklin Martins, outra figura cujo peso tem ganhado relevância junto ao staff político da presidenta, e que também já foi anunciado como integrante do núcleo de comunicação da campanha.
É uma notícia promissora, que traz enorme alívio à militância, porque promete uma campanha inteligente, focada mais no debate e na informação, e menos em marketing.
Sempre é bom lembrar que o marketing consegue fazer um candidato ganhar eleições. Mas a vitória política propriamente dita pertence à militância e ao staff político e jornalístico da campanha. Tem candidato que ganha eleição sem ganhar politicamente. Tem candidato que ganha politicamente mas perde a eleição. E tem quem ganhe nos dois: na eleição e na política.
Fortes é um lorde do jornalismo. Tem classe, talento e ideologia, qualidades que raramente se encontram reunidas numa só pessoa. Além de ser um entusiasta da blogosfera e do papel das redes sociais.

CQC: nazijornalismo


A violência do CQC contra o deputado José Genoíno alcançou, essa semana, um grau de bestialidade que não pode ser dimensionado à luz do humorismo, muito menos no campo do jornalismo. Isso porque o programa apresentado por Marcelo Tas, no comando de uma mesa onde se perfilam três patetas da tristeza a estrebuchar moralismos infantis, não é uma coisa nem outra.
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.  Existem, sim, cretinos adultos
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.
Existem, sim, cretinos adultos
Não é um programa de humor, porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vem do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada.
Não é jornalismo, porque a missão do jornalista é decodificar o drama humano com nobreza e respeito ao próximo. É da nobre missão do jornalismo equilibrar os fatos de tal maneira que o cidadão comum possa interpretá-los por si só, sem a contaminação perversa da demência alheia, no caso do CQC, manipulada a partir dos interesses de quem vê na execração da política uma forma cínica de garantir audiência.
Leia também:

A utilização de uma criança para esse fim, com a aquiescência do próprio pai, revela o grau de insanidade que esse expediente encerra. O que se viu ali não foi apenas a atuação de um farsante travestido de jornalista a fazer graça com a desgraça alheia, mas a perpetuação de um crime contra a dignidade humana, um atentado aos direitos humanos que nos coloca, a todos, reféns de um processo de degradação social liderado por idiotas com um microfone na mão.
A inclusão de um “repórter-mirim” é, talvez, o elemento mais emblemático dessa circunstância, revelador do desrespeito ao ofício do jornalismo, embora seja um expediente comum na imprensa brasileira. Por razões de nicho e de mercado, diversos veículos de comunicação brasileiros têm lançado, ao longo do tempo, mão dessa baboseira imprestável, como se fosse possível a uma criança ser repórter, ainda que por brincadeira.
Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar da formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança. Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime e espero, sinceramente, que alguma medida judicial seja tomada a respeito.
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.
Existem, sim, cretinos adultos.
E, a estes, dedico o meu desprezo e a minha repulsa, como cidadão e como jornalista.
Leandro Fortes

Jornalismo a Al Capone


O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter “enviada especial” a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.

Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira.Dava ordens na redação da Veja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.

Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.

Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.

Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?

O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.

No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.
Assim, nos informa a Folha:

“Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: 

‘Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação dos meus advogados’.”

É um gentleman, esse Cachoeira.
por Leandro Fortes

Leandro Fortes e o porcalismo da folhinha

A Folha de S.Paulo tascou essa manchete dando conta de que Rosemary Noronha comprou um imóvel de 250 mil reais com 211 mil reais em espécie. Bom, para quem já foi acusada de levar 25 milhões de dólares numa mala para fora do país, esse carregamento em reais deve ter sido mesmo uma moleza.
"Rose carregou o dinheiro para quitar o negócio em sacos de supermercado, de acordo com o relato de uma pessoa que participou da transação e que fez o relato à Folha sob a condição de que seu nome não fosse revelado."
Vou repetir o essencial: "DE ACORDO COM O RELATO DE UMA PESSOA QUE FEZ O RELATO À FOLHA".
(Aliás, que texto maravilhoso)
Aí, os repórteres foram ouvir, claro, o dono do imóvel, o sujeito que vendeu o apartamento para Rose (adoro essa intimidade na reportagem):
"O pecuarista Amilcar Rodrigues Gameiro, que vendeu o apartamento a Rose em 2010, disse à Folha não se lembrar se o imóvel foi pago em espécie porque a negociação foi feita por um procurador. 'Não sei se foi em cheque ou dinheiro. O certo é que não levei esse dinheiro em espécie para o Mato Grosso. Seria muito perigoso'", disse.
Ou seja, jornalismo feito na base da fofoca e do vale tudo.
Quer dizer, não bastou enterrar o diploma do jornalista.
É preciso enterrar o jornalismo.

Quem condenou PHA por racismo é um idiota ou uma idiota?

Paulo Henrique Amorim, assim como eu e muitos blogueiros e jornalistas brasileiros, nos empenhamos há muito tempo numa guerra sem trégua a combater o racismo, a homofobia e a injustiça social no Brasil. Fazemos isso com as poderosas armas que nos couberam, a internet, a blogosfera, as redes sociais. Foi por meio de pessoas como PHA, lá no início desse processo de abertura da internet, que o brasileiro descobriu que poderia, finalmente, quebrar o monopólio da informação mantido, por décadas a fio, pelos poderosos grupos de comunicação que ainda tanto fazem políticos e autoridades do governo se urinar nas calças. PHA consolidou o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista) e muitos outros com humor, inteligência e sarcasmo, características cada vez mais raras entre os jornalistas brasileiros. Tem sido ele que, diuturnamente, denuncia essa farsa que é a democracia racial no Brasil, farsa burlesca exposta em obras como o livro “Não somos racistas”, do jornalista Ali Kamel, da TV Globo.
Por isso, classificar Paulo Henrique Amorim de racista vai além de qualquer piada de mau gosto. É, por assim dizer, a inversão absoluta de valores e opiniões que tem como base a interpretação rasa de um acordo judicial, e não uma condenação. Como se fosse possível condenar PHA por racismo a partir de outra acusação, esta, feita por ele, e coberta de fel: a de que Heraldo Pereira, repórter da TV Globo, é um “negro de alma branca”.
O termo é pejorativo, disso não há dúvida. Mas nada tem a ver com racismo. A expressão “negro de alma branca”, por mais cruel que possa ser, é a expressão, justamente, do anti-racismo, é a expressão angustiada de muitos que militam nos movimentos negros contra aqueles pares que, ao longo dos séculos, têm abaixado a cabeça aos desmandos das elites brancas que os espancaram, violentaram e humilharam. O “negro de alma branca” é o negro que renega sua cor, sua raça, em nome dessa falsa democracia racial tão cara a quem dela usufrui. É o negro que se finge de branco para branco ser, mas que nunca será, não neste Brasil de agora, não nesta nação ainda dominada por essa elite abominável, iletrada e predatória – e branca. O “negro de alma branca” é o negro que foge de si mesmo na esperança de ser aceito onde jamais será. Quem finge não saber disso, finge também que não há racismo no Brasil.
Recentemente, fui chamado de racista por um idiota do PCdoB, partido do qual sou, eventualmente, eleitor, e onde tenho muitos amigos. Meu crime foi lembrar ao mundo que o vereador Netinho de Paula, pagodeiro recentemente convertido ao marxismo, havia espancado a esposa, em tempos recentes. E que havia dado um soco na cara do repórter Vesgo, do Pânico na TV. Assim como PHA agora, fui vítima de uma tentativa primária de psicologia reversa cujo objetivo era o de anular a questão essencial da discussão: a de que Netinho de Paula era um espancador, não um negro, informação esta que sequer citei no meu texto, por absolutamente irrelevante. Da mesma forma, Paulo Henrique Amorim se referiu a Heraldo Pereira como negro não para desmerecer-lhe a cor e a raça, mas para opinar sobre aquilo que lhe pareceu um defeito: o de que o repórter da TV Globo tinha “a alma branca”, ou seja, vivia alheio às necessidades e lutas dos demais negros do país, como se da elite branca fosse.
Não concordo com a expressão usada por PHA. Mas não posso deixar de me posicionar nesse momento em que um jornalista militante contra o racismo é acusado, levianamente, de ser racista, apenas porque se viu na obrigação de fazer um acordo judicial ruim. Não houve crime, sequer insinuação, de racismo nessa pendenga. Porque se pode falar muita coisa sobre Paulo Henrique Amorim, menos, definitivamente, que ele é racista. Qualquer outra interpretação é falsa ou movida por ma fé e vingança pessoal de quem passou a ser obrigado, desde o surgimento do blog “Conversa Afiada”, a conviver com a crítica e os textos adoravelmente sacanas desse grande jornalista brasileiro.
por Leandro Fortes

Ah, se o nome dela fosse Erenice!

Desde o fim de semana passado, tenho recebido uma dezena de e-mails por dia que, invariavelmente, me perguntam sobre a razão de ninguém repercutir, na chamada “grande imprensa”, a matéria da CartaCapital sobre a monumental quebra de sigilo bancário promovida, em 2001, pela empresa Decidir.com, das sócias Verônica Serra (filha de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República) e Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas, banqueiro condenado por subornar um delegado federal). Juntas, as Verônicas quebraram o sigilo bancário de estimados 60 milhões de correntistas brasileiros graças a um acordo obscuro fechado, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, sob os auspícios do Banco Central. Nada foi feito, desde então, para se apurar esse fato gravíssimo, apesar de o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ter oficiado o BC a respeito. Nada, nenhuma providência. Impunidade total.

Temer, atualmente, é candidato da vice na chapa da petista Dilma Rousseff, candidata do mesmo governo que, nos últimos dias, mobilizou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República para investigar uma outra denúncia, feita contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, publicada na revista Veja no mesmíssimo dia em que a Carta trazia a incrível história das Verônicas e a quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.

Justíssima a preocupação do governo em responder à denúncia da Veja, até porque faz parte da rotina do Planalto fazer isso toda semana, desde 1º de janeiro de 2003. É quase um vício, por assim dizer. Mas por que não se moveu uma palha para se investigar as responsabilidades sobre, provavelmente, a maior quebra de sigilo do mundo ocorrida, vejam vocês, no Brasil de FHC? Que a mídia hegemônica não repercuta o caso é, para nós, da Carta, uma piada velha. Os muitos amigos que tenho em diversos veículos de comunicação Brasil afora me contam, entre constrangidos e divertidos, que é, simplesmente, proibido citar o nome da revista em qualquer um dos noticiários, assim como levantar a possibilidade, nas reuniões de pauta, de se repercutir quaisquer notícias publicadas no semanário do incontrolável Mino Carta. Então, vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo.

Enquanto o governo mete-se em mais uma guerra de informações com a Veja e seus veículos co-irmãos, nem uma palha foi mexida para se averiguar a história das Verônicas S. e D., metidas que estão numa cabeludíssima denúncia de quebra de sigilo bancário, justamente quando uma delas, a filha de Serra, posava de vítima de quebra de sigilo fiscal por funcionários da Receita acusados de estar a serviço da campanha de Dilma Rousseff. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal, nem a CGU, nem Banco Central tomaram qualquer providência a respeito. Nenhum líder governista no Congresso deu as caras para convocar os suspeitos de terem facilitado a vida das Verônicas – os tucanos Pedro Malan e Armínio Fraga, por exemplo. Nada, nada.

Então, quando me perguntam o porquê de não haver repercussão das matérias da CartaCapital na velha mídia, eu respondo com facilidade: é proibido. Ponto final. Agora, se me perguntarem por que o governo, aliás, sistematicamente acusado de ter na Carta um veículo de apoio servil, não fazer nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, eu digo: não faço a menor idéia.

Talvez fosse melhor vocês mandarem e-mails para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a CGU e o Banco Central.
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O fim do besteirol esportivo?

Foi na Copa do Mundo de 1986, no México, com Fernando Vanucci, então apresentador da TV Globo, que a cobertura esportiva brasileira abandonou qualquer traço de jornalismo para se transformar num evento circense, onde a palhaçada, o clichê e o trocadilho infame substituíram a informação, ou pelo menos a tornaram um elemento periférico. Vanucci, simpático e bonachão, criou um mote (“alô você!”) para tornar leve e informal a comunicação nos programas esportivos da Globo, mas acabou por contaminar, involuntariamente, todas as gerações seguintes de jornalistas com a falsa percepção de que a reportagem esportiva é, basicamente, um encadeamento de gracinhas televisivas a serem adaptadas às demais linguagens jornalísticas, a partir do pressuposto de que o consumidor de informações de esporte é, basicamente, um retardado mental. Por diversas razões, Vanucci deixou a Globo, mas a Globo nunca mais abandonou o estilo unidunitê-salamê-minguê nas suas coberturas esportivas, povoadas por sorridentes repórteres de camisa pólo colorida. Aliás, para ser justo, não só a Globo. Todas as demais emissoras adotaram o mesmo estilo, com igual ou menor competência, dali para frente.

Passados quase 25 anos, o estilo burlesco de se cobrir esporte no Brasil passou a ser uma regra, quando não uma doutrina, apoiado na tese de que, ao contrário das demais áreas de interesse humano, esporte é apenas uma brincadeira, no fim das contas. Pode ser, quando se fala de handebol, tênis de mesa e salto ornamental, mas não de futebol. O futebol, dentro e fora do país, mobiliza imensos contingentes populacionais e está baseado num fluxo de negócios que envolve, no todo, bilhões de reais. Ao lado de seu caráter lúdico, caminha uma identidade cultural que, no nosso caso, confundi-se com a própria identidade nacional, a ponto de somente ele, o futebol, em tempos de copa, conseguir agregar à sociedade brasileira um genuíno caráter patriótico. Basta ver os carros cobertos de bandeiras no capô e de bandeirolas nas janelas. É o momento em que mesmos os ricos, sempre tão envergonhados dos maus modos da brasilidade, passam a ostentar em seus carrões importados e caminhonetes motor 10.0 esse orgulho verde-e-amarelo de ocasião. Não é pouca coisa, portanto.

Na Copa de 2006, na Alemanha, essa encenação jornalística chegou ao ápice em torno da idolatria forçada em torno da seleção brasileira penta campeã do mundo, então comandada pelo gentil Carlos Alberto Parreira. Naquela copa, a dominação da TV Globo sobre o evento e o time chegou ao paroxismo. A área de concentração da seleção tornou-se uma espécie deplayground particular dos serelepes repórteres globais, lá comandados pela esfuziante Fátima Bernardes, a produzir pequenos reality shows de dentro do ônibus do escrete canarinho. Na época, os repórteres da Globo eram obrigados a entrar ao vivo com um sorriso hiperplastificado no rosto, com o qual ficavam paralisados na tela, como em uma overdose de botox, durante aqueles segundos infindáveis de atraso de sinal que separam as transmissões intercontinentais. Quatro anos antes, Fátima Bernardes havia conquistado espaço semelhante na bem sucedida seleção de Felipão. Sob os olhos fraternais do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi eleita a musa dos jogadores, na Copa de 2002, no Japão. Dentro do ônibus da seleção. Alguém se lembra disso? Eu e a Globo lembramos, está aqui.

O estilo grosseiro e inflexível de Dunga desmoronou esse mundo colorido da Globo movido por reportagens engraçadinhas e bajulações explícitas confeitadas por patriotadas sincronizadas nos noticiários da emissora. Sem acesso direto, exclusivo e permanente aos jogadores e aos vestiários, a tropa de jornalistas enviada à África do Sul se viu obrigada a buscar informações de bastidores, a cavar fontes e fazer gelados plantões de espera com os demais colegas de outros veículos. Enfim, a fazer jornalismo. E isso, como se sabe, dá um trabalho danado. Esse estado de coisas, ao invés de se tornar um aprendizado, gerou uma reação rançosa e desproporcional, bem ao estilo dos meninos mimados que só jogam porque são donos da bola. Assim, o sorriso plástico dos repórteres e apresentadores se transformou em carranca e, as gracinhas, em um patético editorial.

Dunga será demitido da seleção, vença ou perca o mundial. Os interesses comerciais da TV Globo e da CBF estão, é claro, muito acima de sua rabugice fronteiriça e de sua saudável disposição de não se submeter à vontade de jornalistas acostumados a abrir caminho com um crachá na mão. Mas poderá nos deixar de herança o fim de uma era medíocre da crônica esportiva, agora defrontada com um fenômeno com o qual ela pensava não mais ter que se debater: o jornalismo.

Saramago entre nós

O fim de Saramago foi como o fim de qualquer homem, inerte, abatido pelo tempo, um entre muitos de todos os dias. Em grande parte, o que o diferenciava dos outros não eram suas formas, mas o caráter imperativo de sua alma. 

Saramago decodificava o mundo em histórias incríveis, adoráveis parábolas sobre os vícios e as virtudes dos homens e das mulheres, porque sabia, em sua obra eterna, diferenciar os gêneros com a mesmíssima régua da crítica. 

Saramago era, antes de tudo, um homem íntegro a nos levar em fantasias intelectuais. 

Um leitor simples, como somos quase todos nós, pode deslizar feliz por seus longos parágrafos de diálogos nus, sem aspas nem travessões, só frases anunciadas por uma letra em caixa alta, como se os interlocutores nunca respirassem para retrucar. 

Saramago inseriu, de fato, a língua portuguesa na literatura universal, uma mente irresistível e dono de livros amados e cultuados em todos os cantos do mundo. 

Era um comunista apaixonado, divinamente ateu, era, por si só, um estrondoso arroubo de alegria, embora optasse sempre por uma certa melancolia, tão lusa, não raro pessimista, sobre os destinos do mundo. Generoso, nos deixou duas jóias terminais, “A viagem do elefante” e “Caim”, o primeiro, sobre o tempo dos homens e o amor dos bichos, o outro, das contradições e da precariedade da fé. Vieram como últimas ondas de um mar vigoroso, mas de águas suaves.

A alma de Saramago partiu-se em mil fragmentos para mim antes de ele virar pó. 

Sabê-lo morto me deixou eternamente mais triste.