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Tragédia, mentira & Goebbels
Paulo Moreira Leite: Tragédia, mentira e Goebbels
Sete anos e nove meses depois da tragédia do Air Bus da TAM, em que morreram 199 pessoas em Congonhas, a Justiça inocentou os três principais acusados pelo desastre. Acatando as conclusões de um laudo da Aeronáutica, o juiz Marcio Guardia considerou que o acidente foi provocado por um lamentável problema técnico — o manete que deveria inverter a rotação das turbinas e frear o avião não funcionou. A sentença contraria a versão divulgada inicialmente pelos meios de comunicação, de que a tragédia teria sido provocada por imprudência do governo federal, acusado de autorizar o uso de uma pista do aeroporto antes que ela atendesse todos os requisitos de segurança.
Diante do veredito, que pode até ser contestado tecnicamente, desde que apareçam dados novos, capazes de alimentar uma discussão embasada e racional, eu acho indispensável examinar o papel dos meios de comunicação na cobertura daquela tragédia, a maior da aviação civil brasileira. Iniciada quando os trabalhos de rescaldo, em Congonhas, nem haviam terminado, o país assistiu a um esforço absurdo para culpar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criminalizar pessoas de confiança da Presidência.
O saldo, lamentável, foi confirmar uma conhecida máxima de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda nazista, sobre a manipulação política nas sociedades contemporâneas: uma mentira, repetida 1 000 vezes, se transforma em verdade.
Apenas 48 horas depois da tragédia, a Folha de S. Paulo deu um título na primeira página: "O que ocorreu não foi acidente, foi crime." O autor do texto, que sequer era um especialista em acidentes aéreos — tratava-se do psicanalista Francisco Daudt, do Rio de Janeiro — falava com clareza. Referindo-se, nominalmente, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ("demagogo tão esperto e eficiente"), Daudt escreveu: "o assassino não é só aquele que enfia a faca, mas o que, sabendo que o crime vai ocorrer, nada faz para impedi-lo."
Referindo-se a uma situação que meses antes a própria mídia havia batizado de "caos aéreo", um editorial do Globo apontou o dedo para o Planalto, sugerindo que 199 pessoas haviam morrido em função de oportunismo político: "Pode ser que alguém no governo, Infraero ou Anac tenha preferido não correr o risco político de o termo 'apagão aéreo' voltar às manchetes da imprensa. Infelizmente, foi preciso essa tragédia para ficar claro que Congonhas precisa operar com um grau mais amplo de segurança".
A mesma visão chegou à imprensa internacional. O correspondente do "Financial Times" no Brasil, Jonathan Wheatley, denunciou no portal da publicação a "incompetência" do governo Lula para enfrentar uma crise que já durava pelo menos dez meses. Embora Lula tivesse três anos e meio de mandato pela frente, Wheatley apontou para a sucessão presidencial: "A extrema necessidade de um governo mais eficiente no Brasil nunca esteve tão clara. "
A indignação também apareceu à seção de cartas dos grandes jornais, em grande parte refletindo o tom da cobertura. No Estado de S. Paulo, um leitor perguntou: "Quantos morreram desta vez? E quantos nossos governantes conseguirão assassinar até o final de seus mandatos?" Outro leitor foi direto: "O que se verifica é que a sanha populista de um governo despreparado é a responsável pelos acontecimentos. O Senhor Presidente terá a dignidade de reconhecer sua parcela de culpa?"
Isso não ocorria por acaso. Naquele Brasil de 2007, onde Luiz Inácio Lula da Silva acabara de dar início ao segundo mandato, derrotando uma campanha infame em torno da AP 470, os aeroportos eram um dos símbolos da distribuição de renda e crescimento do consumo. Num país continental, com um sistema de transporte de passageiros precário e obsoleto, a venda de passagens aéreas crescia 13% ao ano desde 2003. Apertadas nas filas de restaurantes, no guichê de embarque e nos sanitários, famílias tradicionais de classe média se queixavam da falta de conforto. Também sentiam-se ameaçadas em seu prestígio e na hieraquia social. Um mês antes da tragédia, quando a confusão — transitória, como se veria mais tarde — atingia um ponto máximo, a então ministra do Turismo Marta Suplicy anunciou um conselho célebre ("relaxa e goza") quando lhe perguntaram o que era preciso para enfrentar aquela situação — frase que os adversários do governo iriam recuperar, semanas depois, para mostrar o pouco caso do Planalto com a segurança dos passageiros.
Como não poderia deixar de acontecer, o caso mobilizou o ministério público. O mesmo procurador Rodrigo de Grandis, responsável pela Operação Satiagraha, e que deixou na gaveta errada errada um pedido da justiça suíça envolvendo a investigação do metroduto paulista, garantiu sua participação no caso. Pediu uma pena espetacular de 24 anos de prisão para os acusados.
Numa postura que expressa, no fim das contas, uma profunda falta de respeito humano com a dor de milhares de pessoas enlutadas, que necessitam de informações confiáveis e seguras para enfrentar uma tragédia difícil de entender e impossível de aceitar intimamente, nossos jornais, revistas e emissoras de TV decidiram fazer uma cobertura política-eleitoral, estimulando o desconhecimento e o preconceito de uma parcela da população. Tentaram, descaradamente, usar a tragédia para atender finalidades políticas.
A pior notícia, meus amigos, é que a propaganda funcionou — ao menos em parte. Um mês depois, quando já se sabia que a tragédia fora produto de um problema mecânico, envolvendo uma empresa privada, fosse a TAM, fosse a Airbus, já havia se formado um ambiente de protesto político que seria mantido de qualquer maneira, mesmo contrariando avaliações técnicas. No Rio de Janeiro, as famílias organizaram uma manifestação de luto e protesto, onde puxaram uma vaia para Lula. Em São Paulo, centenas de pessoas desfilaram atrás de uma faixa que exibia uma afirmação de classe: "Somos a elite decente." O pai de uma menina de 14 anos subiu no carro de som para dizer: "Eu sei que minha filha foi assassinada pela incompetência do governo."
Zé Dirceu: Emprego x chantagem do mercado financeiro
A entrevista do professor João Manuel Cardoso de Mello, concedida a Eleonora de Lucena e publicada hoje pela Folha de S. Paulo (confiram aqui), precisa ser lida e relida.
Vejam bem, ele reconhece que "algum ajuste precisava fazer, mas não nessa violência". No entanto, chama a atenção para o principal: não podemos e não devemos nos submeter a "uma chantagem do mercado financeiro, que diz que precisa fazer um ajuste….com a ameaça da perda do grau de investimento".
Devemos fazer o ajuste de acordo com nossos interesses e com um projeto, um plano, um programa de desenvolvimento. Mais grave, segundo o professor, é o PL 4330, que "vai acabar com o mercado de trabalho (…) vai desestruturar tudo e jogar os salários para baixo". E então ele põe o dedo na ferida e diz que "o que o Levy quer é ajustar a relação salário/câmbio."
Por fim, o professor chama a atenção para o gravíssimo risco social e político do desemprego fruto da política de juros altíssimos que paralisa a economia – e prevê queda no PIB de 3% e demissões em massa para maio e junho. Uma entrevista para ser não apenas debatida mas levada ao pé da letra.
Delator volta a delatar o Psdb
Ministério Público arrasa revista da Globo
Disparo da revista Época contra o ex-presidente Lula, em que ele foi chamado de "operador" na capa e "lobista em-chefe" na reportagem, termina de forma melancólica para as Organizações Globo; procuradora Mirella Aguiar disse que não foi apresentada "prova nenhuma" no procedimento preliminar (chamado de investigação por Época) sugerido por um procurador – procedimento este que, em menos de uma semana, vazou para a capa de Época, que, na prática, faz lobby por um grupo chinês; "A quebra de sigilo é algo que a Justiça não costuma dar com base em notícias anônimas e equiparo um pouco a reportagem jornalística a uma notícia dessas porque não temos prova nenhuma", disse a procuradora
Google Apps for Work
O Google Apps é um pacote de produtividade baseado na nuvem que auxilia as equipes a se comunicarem, a colaborarem e a realizarem tarefas em qualquer lugar e de qualquer dispositivo. Ele é fácil de configurar, usar e gerenciar. Assim, sua empresa pode se concentrar no que realmente importa.
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Comece o Teste GrátisRicardo Semler: "corrupção é endênmica no Brasil e não adianta fazer de conta que surgiu agora"
Sócio majoritário do conglomerado Semco Partners e ex-professor de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Ricardo Semler tornou-se um dos empresários brasileiros mais conhecidos no exterior nos anos 90 por aplicar em sua empresa princípios gerenciais que ficaram conhecidos como 'democracia corporativa'.
Dois Reinos
Coisa de casal
O marido conversava com a esposa sobre o divórcio. Quando ela alfinetou:
- Se os homens fossem mais inteligentes, não haveria tantos divórcios.
Ele respondeu:
- Sem dúvida. Mas também não haveria, tantos casamentos.
Novo presidente do BNB
Ainda não há data para a posse do novo presidente do Banco, mas a previsão é que seja na próxima semana Maior instituição de fomento da região, o Banco do Nordeste (BNB) tem novo presidente, o quinto dos últimos quatro anos e o segundo da nova administração da presidente Dilma Rousseff.
O engenheiro civil e economista cearense, Marcos Costa Holanda, é o novo titular do BNB, em substituição ao filósofo e bacharel em Letras, o piauiense Nelson Antônio de Souza.
> Desafio é gerir e ampliar as aplicações do Banco
A nomeação de Holanda à frente do BNB foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), de ontem, e ocorre em meio a alterações substanciais na política econômica brasileira, em um cenário de taxas de juros crescentes, contingenciamento de recursos federais e aperto no crédito bancário.
Crédito garantido
"Vamos fazer alguns ajustes no que está aí, mas nada de querer inventar a roda", respondeu Holanda, para o Diário do Nordeste, na tarde de ontem, enquanto ainda busca se inteirar da atual política de gestão impressa na instituição.
Natural da área acadêmica, professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC), e com profundos conhecimentos econômicos, notadamente nas áreas de câmbio, balanças de pagamentos e finanças públicas e internacionais, Holanda declarou que o foco de sua gestão será a promoção do fomento e o desenvolvimento regional.
"Não acredito que haverá rigidez de crédito, precisamos manter em equilíbrio (com o mercado) as taxas de juros, para tornar o banco competitivo e ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento da região", antecipou, diante dos últimos números divulgados pelo Banco Central (BC) na semana passada.
No último levantamento realizado pelo BC, o BNB figura com as taxas mais atrativas do mercado em produtos para pessoa física (desconto de cheques) e pessoa jurídica (cheque especial).
Nesses casos, a taxa praticada pela instituição é de 2,24% e 2,62% ao mês, respectivamente.
A instituição também aparece em segundo, quarto e sétimo lugares com as taxas de juros dos produtos conta garantida (1,39%), capital de giro com prazo superior a 365 dias (1,57%), e capital de giro com prazo até 365 dias (1,72%), todos voltados à pessoa jurídica.
Em descontos de cheques para pessoas jurídicas, o BNB aparece em sexto lugar com taxa de 2,28%, ao mês.