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Biográfo de Roberto Carlos também derrubou o Kakay

Vê como um advogado renomado tem suas teses desmontadas com um único argumento, abaixo:
A decisão do STF que sepultou, por inconstitucional, a censura prévia de biografias não dissolveu o contencioso que opõe Roberto Carlos e seu biógrafo, o jornalista Paulo Cesar de Araújo. Advogado do cantor, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse ao blog que o julgamento do Supremo não autoriza a reimpressão e a comercialização do livro ‘Roberto Carlos em Detalhes’, recolhido em 2007. Alheio a essa avaliação, Paulo Cesar, autor da obra, disse ao repórter Márcio Falcão que cogita relançá-la, em versão atualizada.
Segundo Kakay, Roberto Carlos moveu contra Paulo Cesar e a Editora Planeta, à qual o jornalista estava vinculado na época, dois processos —uma ação cível e outra penal. Embora não tenha atuado no caso, o advogado recordou o que sucedeu. “Na primeira audiência da ação penal, o juiz e o promotor propuseram um acordo: as ações seriam retiradas. E os livros, recolhidos. O autor e a editora toparam. Esse acordo foi homologado. Já transitou em julgado. Não pode ser desfeito. O julgamento do Supremo não teve nenhuma relação com esse caso.”
A exemplo de Kakay, Paulo Cesar testemunhou, no plenário do STF, a decisão unânime —9 votos a zero— em favor do direito à publicação de biografias sem a necessidade de obter autorização prévia dos biografados ou de seus herdeiros. Ao sair do tribunal, o jornalista apressou-se em declarar: “Meu livro voltará, atualizado.” Ele contou que já não mantém contrato com a Editora Planeta. Espera relançar a biografia por outra logomarca.
E Kakay: “Se ele publicar por outra editora, estará descumprindo uma decisão judicial. Vai ter que arcar com as consequências. O acordo judicial tem uma cláusula prevendo sanções penais. Como não atuei nesse caso, não sei o teor dessa cláusula. Mas não tenho dúvidas de que o descumprimento do acordo produzirá consequências.”
Sem saber da manifestação de Kakay, que conversou com o blog depois de sua entrevista, Paulo Cesar comentou a tese segundo a qual a decisão do STF não pode retroagir no tempo para devolver às estantes a biografia que Roberto Carlos abominou. 
“É o mesmo que, no dia seguinte à Lei Áurea, o senhor de escravos dizer que tem uma carta da Justiça que lhe dá direito a possuir aqueles escravos''.

Como Roberto Carlos, Chacrinha e outros capoeristas invisivéis deram uma rasteira em Ritchie

Enviado por Jns
A rasteira invisível do Rei e a sabotagem explícita do Velho Guerreiro ao autor de Menina Veneno
Em meio a esse bafafá sobre as mudanças que a Rede Globo fez no especial sobre Tim Maia, adicionando elogios ao “Rei”, ninguém lembrou uma das melhores histórias envolvendo os dois personagens.
O caso está em meu livro “Pavões Misteriosos – 1974-1983: A Explosão da Música Pop no Brasil” (Editora Três Estrelas) e me foi contado por Ritchie, personagem central do imbróglio.
Só para situar o leitor, o caso aconteceu no meio dos anos 1980. Em 1983, Ritchie havia lançado o LP “Vôo de Coração”, pela CBS.
Somando as vendas do LP e do compacto de “Menina Veneno”, Ritchie se tornara o artista de maior sucesso do Brasil entre 1983 e 1984. Até então, apenas um artista brasileiro vendera mais discos que Roberto Carlos: os Secos e Molhados, em 1974. Mas nenhum artista da gravadora de Roberto, a CBS, o tirara do topo do pódio, e isso, segundo Tim Maia, teria causado uma reação fulminante por parte do “Rei”.
Aqui vai o trecho de “Pavões” em que o “Síndico” explica a Ritchie como funcionam as coisas no mundo encantado de Roberto Carlos:
O futuro parecia promissor para Ritchie: rico, famoso, e com um contrato de mais três discos com a CBS. Mas uma série de desentendimentos e crises acabaria por prejudicar sua carreira. Depois do sucesso de “Vôo de Coração”, ele nunca mais teria um LP entre os 50 mais vendidos do ano no Brasil. Quando foi gravar o segundo disco, “E a Vida Continua”, o cantor sentiu certa má vontade por parte da CBS. “Eles não divulgaram o disco, não pareciam interessados.” A música de trabalho, “A Mulher Invisível”, outra parceria com Bernardo Vilhena, fez sucesso nas rádios, mas logo sumiu das paradas. O LP vendeu 100 mil cópias, uma boa marca, mas pálida em comparação ao 1,2 milhão de “Vôo de Coração”. O disco seguinte, “Circular”, vendeu menos ainda: 60 mil.
Ritchie ficou perplexo. Não entendia como havia passado, em tão pouco tempo, de prioridade a um estorvo na CBS. Até que leu uma entrevista de Tim Maia à revista “IstoÉ”, em que o “Síndico” afirmava que Roberto Carlos, o maior nome da gravadora, havia “puxado o tapete” de Ritchie. “Eu não podia acreditar. O Roberto sempre foi muito carinhoso comigo, sempre fez questão de me receber no camarim dele, sempre me tratou muito bem. Até hoje, não acredito que isso tenha partido do Roberto.”
Um dia, Ritchie foi cumprimentar Tim Maia depois de um show no Canecão. O camarim estava lotado. Assim que viu Ritchie, Tim gritou: “Agora todo mundo pra fora, que vou receber meu amigo Ritchie, o homem que foi derrubado da CBS pelo Roberto Carlos”. Claudio Condé, da CBS, nega: “Isso é viagem. O Roberto nunca teve esse tipo de ciúme”.
Para piorar a situação, Ritchie havia comprado briga com outro peso-pesado da indústria da música: Chacrinha. Por um bom tempo, o cantor havia participado dos playbacks que o Velho Guerreiro promovia em clubes do subúrbio do Rio de Janeiro, mas essas apresentações começaram, gradativamente, a atrapalhar a agenda de shows de Ritchie. “O filho do Chacrinha, Leleco, marcou um playback comigo, a Alcione e o Sidney Magal no estacionamento de um shopping, mas eu tinha um show de verdade em Belo Horizonte, e meu empresário disse que eu não poderia comparecer.”
Resultado: Ritchie passou a ter cada vez mais dificuldades em aparecer na TV e viu notinhas maliciosas plantadas em colunas musicais. Uma delas dizia: “O artista inglês Ritchie, tão bem acolhido pelos brasileiros, se recusa a trabalhar com artistas brasileiros”. “Fiquei puto da vida.” Em janeiro de 1985, Ritchie, o maior vendedor de discos do Brasil no ano anterior, foi ignorado pelo Rock in Rio. “Aquilo me deixou arrasado. Lembro que um dos organizadores do festival deu uma declaração de que eu ‘nem brasileiro era’. Como pode uma coisa dessas?”
Ritchie estava tão por baixo na CBS que a gravadora concordou em rescindir seu contrato, mesmo faltando um disco. O cantor assinou com a Polygram e lançou, em 1987, o compacto de “Transas”, tema da novela global “Roda de Fogo”. “Transas” vendeu muito bem, mas o primeiro LP pela Polygram, “Loucura e Mágica”, não passou de 25 mil cópias. Em três anos, Ritchie fora de maior astro do Brasil a fracasso de vendas, tornando-se um exemplo marcante da efemeridade dos fenômenos pop.
Anos depois, quando fazia um show em Angra dos Reis, o cantor foi procurado por um homem, que se apresentou como radialista e lhe disse: “Há anos quero te contar um caso: quando você lançou ‘A Mulher Invisível’, aconteceu algo que eu nunca tinha presenciado em mais de 30 anos trabalhando em rádio: eu ganhei um jabá da sua própria gravadora para não tocar sua música!”.
Informações de André Barcinski, publicadas no R7, com inserção de imagens e vídeos da Internet

Em entrevista ao Fantástico, o rei Roberto Carlos deu uma de Chacrinha

Eu vim para confundir, não para me explicar. Sobre as biografias não-autorizadas, o rei agora não é contra nem a favor, muito pelo contrário.
Ele que, por meio de uma ação judicial, forçou o recolhimento de milhares de exemplares da biografia Roberto Carlos em detalhes’ em abril de 2007, disse na TV que é “a favor do projeto de lei que aceita biografias não-autorizadas”. 
A entrevistadora, Renata Vasconcellos, ainda tentou esclarecer: “Você mudou de opinião?” “Não é que eu mudei”, disse Roberto Carlos. (!?)
Não entendi nada. Nem ninguém entendeu. Achei patéticas as considerações do rei. Se a entrevista alcançou um objetivo, foi o de exibir a confusão mental de Roberto Carlos e o ciúme que ele cultiva de sua própria imagem. Em nenhum momento da entrevista Roberto Carlos deu um argumento plausível para ter interditado e censurado (com o aval da Justiça) a sua biografia, escrita pelo jornalista e historiador Paulo César de Araújo.
Não, o que o incomodou não foram os detalhes sobre o atropelamento de trem que decepou parte de sua perna direita quando era criança. Não, o que o incomoda é o fato de Paulo César de Araújo ter se apropriado de sua história. “O biógrafo não cria uma história. (...) Ele narra aquela história que não é a dele. Que é do biografado. E a partir do que ele escreve, ele passa a ser dono da história. E isso não é certo”.
-       Por uma questão também comercial? – pergunta Renata.
-       Por tudo – diz Roberto.
A resposta não poderia ser mais vaga, como convém à história mal contada dos músicos que se juntaram num movimento chamado “Procure saber”. Diante de tantas idas e vindas e explicações mambembes, o movimento deveria ser rebatizado para “Procure entender” – porque está difícil, pessoal. A gente bem que tenta. Mas está cada vez mais difícil porque agora Roberto Carlos inventou o "Procure Saber do B".
Uma hora os músicos – entre eles os ícones da resistência musical à ditadura militar Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil – negam ser contra a censura mas exigem autorização prévia para biografias. Ah, dizem eles, sua preocupação é apenas contra a invasão de privacidade. Entendi. Mas não.
Outra hora, Chico tenta desacreditar o biógrafo Paulo César de Araújo dizendo que não deu a ele entrevista para o livro de Roberto Carlos. Confrontado com o vídeo que prova seu esquecimento, Chico pede desculpas. Caetano escreve no jornal, rebatendo acusações de que a idade mais avançada o teria tornado um censor careta – e sai em defesa macha da ex-mulher cujo nome esqueci... Gil entra na dança, também em favor da autorização prévia de biografados e herdeiros, mas com malabarismos comoventes para se livrar da pecha de censor.
Por quê? Para evitar revelações da intimidade dos biografados – sejam eles artistas ou políticos. Ah, e também para evitar que os biógrafos fiquem ricos com a história dos biografados. Como todos sabem, a grana de direitos autorais é obscena no Brasil (para baixo, não para cima).
Essa turma de músicos e compositores que trabalha tão lindamente com palavras deveria chamar as coisas pelo que elas são. Isso é censura.
Roberto Carlos se acha hoje mais flexível. Ele só quer uma lei que estabeleça “limites”. Mas não disse quais. Veio para confundir, não para explicar.
Disse no Fantástico que não acha mais a autorização prévia necessária. E sim “um acordo”, “uma conversa”, “uns ajustes”. Entre escritor e biografado. Que acordo seria esse? Roberto Carlos não revelou. “Teria que ser discutido”. Mas “acordo” não é a mesma coisa que “autorização prévia?”. Veio pra confundir, não para explicar.
Em nenhum momento, na entrevista ao Fantástico, Roberto Carlos acusou Paulo César de Araújo de ter invadido sua privacidade ou contado intimidades que não queria ver reveladas. Não, nada disso. A história é outra. Vaidade? Roberto Carlos disse que só ele próprio pode contar. E que vai contar muito mais!
“Eu estou escrevendo a minha história. E informando muito mais a essas pessoas sobre a minha vida, sobre as minhas coisas, muito mais do que qualquer outra fonte.”
-       Quem escreveria a biografia do Roberto Carlos com as bênçãos do rei? – pergunta Renata.
-       Eu – diz Roberto.
Roberto Carlos decreta assim o fim do ofício do biógrafo - na melhor passagem da entrevista (parabéns, Renata). Só as autobiografias seriam válidas! Só se revela o que o biografado quer. E do ponto de vista que ele escolher.
As perguntas finais, para uma entrevista hipotética ao rei, são:
* Roberto Carlos, em sua autobiografia autorizada, no relato bombástico sobre sua vida que terá vários volumes (segundo ele), citará quem pelo nome?
(Imagino que muita gente mesmo, porque uma vida não se encerra numa pessoa entre quatro paredes, é um cruzamento de vidas. Ainda mais uma vida de um ídolo)
* O “autor” Roberto Carlos pedirá permissão a todas essas pessoas para contar o que viveu com elas?
* Ou essas outras pessoas, citadas na futura autobiografia de Roberto Carlos sob seu ponto de vista pessoal, pleno e intransferível, poderão interditar o livro e recolhê-lo das livrarias?
* Todas terão de assinar um papel para aprovar previamente a versão de Roberto Carlos? Incluindo os herdeiros das que morreram?
Os detalhes tão pequenos de nós dois podem parecer enormes, incendiários e inconvenientes aos olhos de quem Roberto Carlos encontrou nas curvas da estrada da vida...
Roberto, isso tudo é uma brasa, mora?

Roberto Carlos e biografias não autorizadas

Se existem dois Robertos, nenhum tem nexo, nem concavo nem convexo
Há dois Robertos sobre o palco. Um deles foi à Justiça para arrancar das livrarias a biografia ‘Roberto Carlos em detalhes’, sob censura há seis anos e meio. O outro diz ser “a favor” do projeto de lei que autoriza a publicação de biografias não autorizadas. Juntos, esses dois Robertos não fazem sentido.
O segundo Roberto é recentíssimo. Foi ao ar no programa ‘Fantástico’, na noite deste domingo. Para que ele fizesse nexo, o primeiro Roberto, conhecido desde abril de 2007, teria que sair de cena. A entrevistadora Renata Vasconcellos tentou abrir a porta de saída:
— Você permitiria a biografia que foi feita a seu respeito há alguns anos?
Roberto, o primeiro, pensou por alguns segundos. E deu uma resposta que faz de Roberto, o segundo, um personagem desconexo:
— Isso tem que ser discutido.
Chama-se Paulo César de Araújo o autor do livro retirado das prateleiras. Que pecados teria cometido para merecer o banimento editorial? Imaginou-se que, ao se dispor a enfrentar o tema sob holofotes, Roberto 1º exporia suas razões em profundidade. Não foi o que sucedeu. Ele preferiu ziguezaguear ao redor do tema:
— O biógrafo também pesquisa uma história que está feita. Que está feita pelo biografado. Então, ele na verdade não cria uma história. Ele faz um trabalho e narra aquela história que não é dele. Que é do biografado. E a partir do que ele escreve, ele passa a ser dono da história. E isso não é certo.
— [Não é certo] por uma questão também comercial?, a repórter tentou entender.
Nesse ponto, Roberto 1º saiu-se com uma declaração que abre um mar de reticências que, de tão profundo, pode ser atravessado por uma formiga –com água na altura da canela:
— Por tudo, ele se limitou a dizer.
De repente, ganharam viço as indagações que Ruy Castro dirigiu à ministra Marta Suplicy (Cultura) na Feira do Livro de Frankfurt. Escritor refinado, Ruy também já foi vítima dos artigos do Código Civil que permitem aos famosos e aos seus parentes requerer a censura prévia de livros. “Eu perguntei [à ministra] se o biógrafo vai ter que pagar um dízimo ao biografado”, contou Ruy Castro dias atrás. “Pagar esse dízimo vai garantir nossa liberdade? Eu posso pagar um dízimo ao Roberto Carlos e falar da perna mecânica?”
Sempre se imaginou que o caso da perna, mencionado pelo jornalista Paulo César de Araújo na obra proibida, fosse o motivo da revolta de Roberto 1º. Curiosamente, ele negou essa versão. Revelou à plateia que vem aí uma novidade.
— Eu estou escrevendo a minha história. E informando muito mais a essas pessoas sobre a minha vida, sobre as minhas coisas, muito mais do que qualquer outra fonte.
Em vez de pagar dízimo a terceiros, o dono da perna mecânica como que reivindica o monopólio do culto à sua autoimagem:
— Pessoas têm dito que eu sou contra [a biografia] por causa do meu acidente, que foi contado, essa coisa toda. Não é isso, não. Eu, quando escrever meu livro, eu vou contar do meu acidente. Ninguém poderá contar do meu acidente melhor que eu. Ninguém poderá dizer aquilo que aconteceu com todos os detalhes que eu posso. Porque ninguém poderá dizer o que eu senti e o que eu passei. Desculpa a rima, porque isso aí só eu sei.
Roberto 1º tem todo o direito de escrever sobre si mesmo. Ele é dono da própria vida. Construiu uma biografia edificante. Mas isso não o torna dono da história. Tampouco o biógrafo, ao narrar “uma história que está feita”, vira proprietário dela. A história é um bem coletivo. E a privacidade de quem optou por viver na vitrine é um direito relativo. A vacina contra eventuais calúnias, difamações ou mentiras é o processo judicial, não a censura prévia.
— Quem escreveria a biografia do Roberto Carlos com as bênçãos do Rei?, quis saber a entrevistadora.
— Eu. Detalhes que, com certeza, não vão estar em outras biografias.
— Mas às vezes o biografado não quer contar tudo, né, Roberto?
— Sim, mas eu vou contar tudo que eu realmente acho que tem sentido de contar em relação àquilo que eu senti, que eu vivi.
Levando-se Roberto 1º ao pé da letra, confirma-se a suspeita de que toda tentativa de relato historiográfico, a começar pelo texto inaugural de Heródoto, o ‘pai da história’, é uma lenda. Só que muito mais mentirosa. O que salva o passado do esquecimento são as autobiografias.
Assim, nenhum brasileiro deve entrar em pânico se, ao folhear uma obra chapa-branca sobre a história da música popular brasileira e dos seus maiores ídolos, sentir uma sensação estranha. A sensação de um passageiro que viaja num avião sabendo que sua bagagem, com tudo o que possui, viaja em outro.
O direito à informação estaria mais garantido se Roberto 2º, aquele que se diz “a favor” das biografias não autorizadas, prevalecesse sobre o outro, que condiciona o fim da censura prévia à realização de “alguns ajustes”. O diabo é que Roberto 1º se nega a detalhar os “ajustes”.
— Que ajustes seriam esses?, perscrutou a repórter.
— Isso aí tem que se discutir. São muitas coisas. Tem que haver um equilíbrio e alguns ajustes para que essa lei não venha a prejudicar nem um lado, nem outro. Nem o lado do biografado, nem o lado do biógrafo. E que não fira a liberdade de expressão e o direito à privacidade.
Moral da “história”: em terra de cego, biógrafo que tem um olho foge do rei.
por Josias de Souza

Quero ver Chico afastar esse cálice

Paulo Cesar de Araújo - historiador e escritor - autor da biografia ‘Roberto Carlos em detalhes’, mencionado em artigo de Chico Buarque no O Globo, retrucou as afirmações do compositor:
Foi com grande espanto que li, quarta, declaração de Chico Buarque aqui no GLOBO, afirmando que jamais me deu uma entrevista. Ou seja, ele alega que eu teria faltado com a verdade ao incluí-lo entre as fontes listadas na biografia “Roberto Carlos em detalhes”. Ocorre que Chico Buarque foi, sim, uma das 175 pessoas que entrevistei para a pesquisa que resultou naquele livro.

O artista certamente se esqueceu, mas ele me recebeu em sua casa, na Gávea, na tarde de 30 de março de 1992. E esta entrevista, com duração de quatro horas, foi gravada, filmada e fotografada. Falamos muito sobre censura, interrogatórios — creio que por isso ele escreveu, junto com o autógrafo que me deu na capa do disco “Construção”: “Para o Paulo, meu amável interrogador, com um abraço do Chico Buarque. Rio, março/92.”
Naquela entrevista, Chico me falou sobre as principais fases e canções de sua carreira. Uma de minhas perguntas foi sobre sua relação com Roberto Carlos nos anos 60, quando ambos representavam polos opostos na nossa música popular — suas frases estão reproduzidas na página 184 da biografia que escrevi.

Os merdalhoes querem censurar


O debate sobre o direito pleiteado pelos figurões, de poderem impugnar biografias não autorizadas contendo revelações desagradáveis a seu respeito, me fez lembrar de um episódio ocorrido quando eu trabalhava numa editora de publicações musicais, no início dos '80.

Uma entrevista exclusiva com Roberto Carlos era o grande sonho da Imprima Comunicação Editorial. E ele finalmente concordou em concedê-la, com a condição de que não fosse eu o entrevistador.

O motivo do veto foi eu ter cogitado, num longo texto dedicado à sua trajetória, a hipótese de que o problema na perna (ele manquitola) tivesse influenciado sua maneira de ser como artista.

Em seus primórdios, RC se enturmou com uma patota de roqueiros brigões da Tijuca (RJ), mas, por ser franzino e se movimentar com dificuldade, não deveria fazer grande figura nos arranca-rabos, se é que deles participava. Isto, contudo, não afetou a sua aceitação no grupo.

Supus que tal se devesse ao jogo de cintura, à capacidade de se fazer estimar por aqueles que costumeiramente respeitavam apenas os que lhes eram iguais. Resumindo: por lhe faltar força física, RC deveria ter desenvolvido astúcia.



E teci um paralelo com sua pouca fidelidade aos valores inconformistas da Jovem Guarda. No momento certo, ele deixou de lado a rebeldia comportamental e, acompanhando o envelhecimento do seu público, tornou-se um melífluo compositor e intérprete de músicas românticas (fui tão comedido que nem sequer as rotulei de  xaroposas, como mereciam...).

O Rei Roberto Carlos está setentão

Completa sete décadas de vida nesta hoje, 19 de abril de 2011. Sua ideia era celebrar a data com o show "Emoções", na Arena Vitória, em Bento Ferreira, no Espírito Santo, seu Estado natal. No entanto, com a morte de sua filha Ana Paula, no sábado passado, tudo foi adiado. O comunicado oficial da assessoria de do artista capixaba sobre a morte dela diz: "É com grande pesar que comunicamos o falecimento de Ana Paula Rossi Braga Ferreira, a filha mais velha de Roberto Carlos e Cleonice (Nice) Rossi, e esposa do músico Paulinho Ferreira. Ana Paula faleceu na madrugada de 16 de abril de 2011, em São Paulo".

Sobre o adiamento do show, a assessoria do artista também se posicionou: "Devido ao falecimento, esta madrugada, em São Paulo, de Ana Paula Braga, filha do artista Roberto Carlos, foi suspenso o show marcado para o próximo dia 19, no Ginásio Alvares Cabral, em Vitória, Espírito Santo. Dodi Sirena, empresário do artista, anunciará a (nova) data nos próximos dias. Contamos com a colaboração de todos". Quem assina o texto é a DC Set Produções.

Carma

Apesar de ter um milhão de amigos, as curvas da estrada da vida de Roberto Carlos têm sido tortuosas. Primeiramente, o acidente que vitimou sua perna, depois, as perdas com as mortes das esposas Cleonice Rossi, a Nice, de quem estava separado; Maria Rita, mulher que ele amou de verdade e que o deixou meio abalado por alguns anos. Some-se a isso, próximo de seu aniversário de 69 anos, no dia 17 de abril de 2010, a partida de sua mãe, Laura Moreira Braga, tratada carinhosamente por ele, também em música, como "Lady Laura".

Celebrando 70 anos de vida e 52 de carreira artística, Roberto Carlos começou na música popular brasileira surfando nas ondas da bossa nova num então disco de 78 rotações por minuto, ainda no formato de cera, no qual sua voz tentava se assemelhar aos sussurros do papa João Gilberto. Como havia uma espécie de divisão no movimento musical surgido nos apartamentos da zona sul carioca, notadamente na residência de Nara Leão, e o ainda novato era ligado na turma da zona norte, na Tijuca, ao lado de Erasmo Carlos e Tim Maia, entre outros, ficou difícil entrar no seleto grupo que já despontava com sucesso na MPB também, com Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes, Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Baden Powell e Johnny Alf, entre outros. Em 1978, a "Musa da Bossa Nova" dedicou um então LP somente para músicas de Roberto Carlos: "Debaixo dos Caracóis dos seus cabelos".

Com uma pequena ajuda do conterrâneo de Cachoeiro do Itapemirim, Carlos Eduardo da Corte Imperial, um agitador cultural que o tentou como o "Príncipe da Bossa Nova" e produziu o então primeiro LP, o álbum "Louco por você" (1961), Roberto Carlos, mesmo sem fazer sucesso com o lançamento, ficou com um cartão de visitas para apresentá-lo na MPB. O disco é o único em que Roberto Carlos não aparece na capa e, hoje, ainda é inédito em lançamento oficial em CD, sendo os exemplares de vinil muito disputados pelos colecionadores, os quais consideram o item mais valioso de suas coleções.

O primeiro êxito popular de Roberto Carlos foi em 1963, ainda num disco em 78rpm com "Splish splash" e "Parei na contramão", esta última começando sua parceria com o amigo Erasmo Carlos, uma das mais populares da MPB. Carlos Imperial também levou seu então pupilo para apresentações em seu programa de televisão, "Clube do Rock", e, daí, sua carreira começou mesmo a descolar para o grande público brasileiro.

Jovem Guarda

A Jovem Guarda foi um grande sucesso também de público, tanto que, em 1965, a TV Record resolveu apostar num programa homônimo para o público das "jovens tardes de domingo" comandado por Roberto Carlos e os parceiros Erasmo Carlos, o Tremendão, e Wanderléa, a Ternurinha. Também foram lançados, entre outros, Jerry Adrianni, Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo e Ronnie Von.

Com o seu sucesso no Brasil inteiro, a fama de Roberto Carlos também se alastrou primeiramente na América Latina. Depois, as primeiras apresentações no exterior, principalmente na Europa, no festival Midem, na França, em 1967, e, na Itália, em 1968, sendo o grande vencedor do Festival de San Remo, com a canção "Canzone per te", de Sérgio Endrigo e Bardotti.

O artista capixaba participou de três filmes: "Roberto Carlos em ritmo de aventura"; "Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300km por hora". Tem uma extensa discografia e compôs grandes clássicos da música popular brasileira de sua parceria com Erasmo Carlos da popularidade de "Detalhes", "Jesus Cristo", "As curvas da estrada de Santos", "A distância", "Amada amante", "Quero que vá tudo pro inferno" e "O portão", só para citar algumas.

Parte da obra de Roberto Carlos, principalmente suas criações com Erasmo Carlos, são cantadas por nomes da MPB dos anos 60 até hoje. Intérpretes como Caetano Veloso, Gal Costa, Wanderléa, Cauby Peixoto e Maria Bethânia - os dois últimos dedicaram discos para a parceria do Rei com o Tremendão. A geração roqueira também gravou um álbum coletivo "Rei" e, mais recentemente, também foram lançados CDs/DVDs, como "Elas Cantam Roberto" e "Emoções Sertanejas".

Veja galeria com vídeos dos 70 anos de Roberto Carlos:


NELSON AUGUSTO
REPÓRTER

Roberto Carlos acompanhou emocionado o enterro da filha




Ana Paula Paula Rossi Braga, morta aos 47 anos na madrugada deste sábado (16). O corpo foi enterrado no Cemitério do Araçá, na Zona Oeste de São Paulo.
Cerca de 80 pessoas próximas à família foram ao velório. A cantora Martinha, amiga de Roberto Carlos, lamentou a morte: "Conhecia a Ana Paula desde os 2 anos de idade. Nós ficamos pesarosos pela dor do Roberto", afirmou.  O apresentador de TV Otávio Mesquita foi lacônico: "Vim dar um abraço no Roberto", afirmou.
Padre Antonio Maria foi prestar solidariedade a Roberto Carlos (Foto: Mario Barra/G1)Padre Antonio Maria foi prestar solidariedade a
Roberto Carlos (Foto: Mario Barra/G1)
O padre Antonio Maria disse que foi ao Einstein para dar apoio ao cantor.
Roberto Carlos completará 70 anos na próxima terça-feira (19). O show marcado para o mesmo dia no Ginásio Alvares Cabral, em Vitória, no Espírito Santo, foi cancelado.  
Ana Paula é  filha de Cleonice (Nice) Rossi, primeira mulher de Roberto Carlos. Ele cuidava dela desde os 3 anos e a considerava sua filha. A perda de Ana Paula ocorre quase um ano após a morte de sua mãe, Lady Laura, em 17 de abril do ano passado.
A cantora Martinha fala sobre amizade com Ana Paula  (Foto: Mário Barra/ G1 )A cantora Martinha fala sobre amizade
com Ana Paula (Foto: Mário Barra/ G1 )
Ana Paula morreu na madrugada deste sábado em seu apartamento, no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo. Segundo informações da família, ela passou mal durante a noite. Enquanto o marido, o músico Paulinho Coelho, chamava socorro, Ana Paula morreu. De acordo com o Jornal Hoje, dois médicos de confiança da família também foram chamados, mas não chegaram a tempo ao apartamento.
Roberto Carlos estava em São Paulo nesta manhã e foi ao apartamento da filha. O corpo foi levado por volta das 11h ao Instituto Médico-Legal (IML), onde foram feitos exames para determinar a causa da morte.
do G1

Roberto Carlos de luto

Morreu nesta madrugada, em São Paulo, Ana Paula Rossi Braga, a filha mais velha do rei, vítima de uma parada cardíaca.

Ela não estava doente e não tinha conhecimento que sofria de algum problema de saúde. 

O rei estava na cidade e, assim que soube da notícia, foi para o apartamento onde ela morava.

Ana Paula era filha do primeiro marido de Nice Braga, primeira mulher de Roberto. 

Ele sempre a tratou como filha de verdade. 

O Blog do Briguilino presta solidariedade ao querido Roberto Carlos, que nesta terça-feira, dia 19, completa 70 anos de idade. 

Morre Lady Laura, mãe de Roberto Carlos


A mãe do cantor Roberto Carlos, Laura Moreira Braga, conhecida como Lady Laura, morreu neste sábado às 18h20. Ela tinha 96 anos e estava internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Copa D'Or, no Rio de Janeiro, por causa de uma infeccção respiratória, desde 31 de março.


Hoje, de acordo com o boletim divulgado pelo hospital, houve uma "acentuada piora do quadro, com duas paradas cardíacas e evolução para óbito".


O atestado de óbito aponta como causas "choque séptico e insuficiência respiratória aguda, decorrentes de pneumonia bacteriana e agravados por insuficiência renal crônica, insuficiência coronariana e arritmia cardíaca".


Roberto Carlos está em turnê nos Estados Unidos e completa 69 anos nesta segunda-feira (19).
O apelido Lady Laura, que rendeu uma homenagem em forma de música do rei, não era o único. Os amigos mais íntimos a chamavam de Lalá.


Nascida na cidade de Mimoso, em Minas Gerais, Lady Laura não gostava de dar entrevistas. "É que não sou celebridade, famoso é o meu filho", justificou à revista "Contigo" em 2004, em uma das raras conversas com a imprensa.


Segundo contou, foi ela quem apresentou a Roberto Carlos os primeiros acordes do violão. Também foi ela quem o levou para uma de suas primeiras apresentações públicas, em uma rádio de Cachoeiro de Itapemirim, onde o filho nasceu.


Lady Laura disse também na entrevista que amava os filhos "com a mesma intensidade" --além de Roberto Carlos, ela teve outros três filhos com Robertino Braga, que morreu em 1980.



Uma das aparições com o filho mais famoso foi em 1987, quando Roberto Carlos foi tema do enredo da escola Unidos do Cabuçu, no Carnaval do Rio de Janeiro. Ela passou pela avenida como destaque em um carro alegórico.


"Agora quero sair de porta-bandeira, rodopiando na pista", disse na ocasião à Folha.


Sobre a música "Lady Laura", gravada pelo filho em 1978, ela disse que escutá-la pela primeira vez "foi uma alegria imensa" e que "a música e a letra são presentes que jamais me sairão da memória".
A canção não foi a única homenagem que Roberto Carlos prestou à mãe. "Dona Laura", "Lady Laura I", "Lady Laura II" e "Lady Laura III" são os nomes dos quatro barcos que já pertenceram ao cantor.


O último ganhou as manchetes dos jornais no final da década de 80 por uma reforma que não terminou até o começo dos anos 90 e pela suspeita de ter sido usado para contrabando de armas antes de chegar às mãos do rei.