por Paulo Nogueira - Diário do Centro do Mundo
Danilo Gentili conseguiu duas façanhas em sua carreira como apresentador: transformar Jô Soares, por comparação, num gênio, e virar o maior expoente do coitadismo de direita no país.
A julgar pelo que ele apregoa, trata-se de um dos homens mais perseguidos do planeta. Gentili está em listas negras sinistras, tem seu perfil no Facebook derrubado, é processado. Possui absoluta liberdade para falar o que quiser, mas insiste que vivemos numa ditadura bolivariana.
É uma tática manjada. Encontre o regime, o país ou a pessoa mais execráveis da história e diga que é isso o que temos hoje, sem que haja necessidade de qualquer prova. Estamos em Cuba, na Alemanha nazista, na Venezuela, na Coreia do Norte, na União Soviética. Quem manda aqui é Hitler, Fidel Castro, Pol Pot.
Quando ele é criticado, o que é normal numa democracia, grita que não é justo. Um marciano burro que pousasse na Avenida Paulista e o escutasse haveria de pensar que Gentili está preso numa cela, seminu, num pau de arara, subjugado.
Ele insiste que nasceu num “cortiço” e se fez através do esforço próprio, como se fosse o único caso em 500 anos num país de 200 milhões de funcionários públicos recebedores do Bolsa Família. Seu apelido “Palmito” é uma prova de que sofre preconceito racial. Portanto, qual o problema de oferecer banana a um negro?
Meritocrata caçado de maneira inclemente pelo abominável estado, Gentili trabalha numa emissora que, em 2012, recebeu 153,5 milhões de reais em verbas publicitárias do governo federal, valor que provavelmente cresceu de maneira inercial desde então. Seu salário vem daí e não das empresas Jequiti ou do Banco Panamericano. Mas isso não é assunto para um mártir.
Como todo coitadista, Danilo Gentili esconde um desejo autoritário de ver seus desejos atendidos e seus inimigos destruídos. Em sua falta de imaginação, cria uma distopia rasa em que luta contra um inimigo poderoso.
É preciso espalhar a tese de que a liberdade está constantemente ameaçada. Não há nuances e espaço para a dúvida. Gentili e seus amigos vivem de vender a ideia de que são pobres inocentes quando, na realidade, os inocentes são os que acreditam em sua mistificação meia boca.
A vitimização pode ser um grande negócio, desde que haja um número suficiente de bobos para chorar por você.