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Paulo Skaf - um zero a esquerda de outro

Paulo Skaf é um retrato da confusão política nacional.

Presidente da Fiesp, a outrora expressiva mas hoje irrelevante federação de empresas paulistas, ele foi candidato a governador de São Paulo em 2010 pelo Partido Socialista Brasileiro, o PSB.

Skaf, conservador da cabeça aos pés, se vestiu de socialista, portanto, para tentar o governo de São Paulo.

Verdade que em seu verbete na Wikipedia – apresentado pelos editores, numa curiosa advertência, como semelhante a "peça de propaganda" – está dito que, mesmo num partido "socialista", a plataforma de Skaf em 2010 era "neoliberal".

Numa foto de campanha de então, ele apareceu com uma zebra. Pedia votos para a zebra, ele próprio. Poucos deram, e ele terminou em quarto lugar.

Bem, Skaf esteve nas manchetes nesta semana graças ao IPTU de Haddad. Ele aparece no noticiário como o homem anti-IPTU, depois que a Fiesp recorreu à Justiça contra o imposto, sob a alegação de que é "inconstitucional".

Joaquim Barbosa acabou promovendo também Skaf ao recebê-lo em Brasília esta semana para que ele falasse contra o IPTU e, mais ainda, ao tomar seu lado contra o de Haddad na questão.

Skaf é outra vez candidato, agora pelo PMDB, o maior, o mais patético e o mais atrasado conglomerado que existe no Brasil de políticos sem causa a não ser a própria.

O típico peemedebista se perpetua no poder, em geral nas regiões mais vulneráveis a predadores políticos, e só deixa as mamatas no caixão, depois de transferi-las aos descendentes. É o espírito das capitanias hereditárias ainda em vigor, séculos depois.

O Brasil terá avançado na política quando o PMDB não mais existir, ou quando for uma fração do que é.

Paulo Skaf é a cara do PMDB.

Ele tem aparecido bem nas pesquisas. Em geral está na segunda colocação, atrás de Alckmin. Muita gente progressista se assusta com a possibilidade de São Paulo ser governada por Skaf.

Eu diria aos paulistas assustados.

Primeiro, tomem um Frontal para se acalmar.

Depois, tenham certeza: as chances de Skaf, em 2014, são as mesmas de 2010. Nulas.

Com sua cruzada anti-IPTU, Skaf se tornou um candidato interessante para eleitores que já têm um candidato: Alckmin.

Os dois falam para o mesmo público, uma classe média que detesta pagar impostos e que tem raiva de pobres, nordestinos, ciclistas, faixas de ônibus – tudo, enfim, que seja de interesse popular.

Este tipo de eleitor tenderá a optar pelo próprio Alckmin.

O voto "diferente" será canalizado para Padilha, do PT.

Ele chegará à campanha empurrado não pela negação ao IPTU – mas pelo Mais Médicos.

É uma bandeira muito mais forte quando se trata de votos: o Mais Médicos fala para os pobres, e estes são em quantidade muito maior que os opositores privilegiados de um IPTU que beneficiava a periferia.

Se Padilha vai repetir a trajetória federal de Dilma e municipal de Haddad – sair lá de baixo nas intenções de votos para afinal vencer – é, ainda, uma incógnita.

Mas que as ilusões do "socialista" Skaf de 2010 naufragarão novamente em 2014, agora no bote valetudo do PMDB,  isto é certo.

Ou batata, como gostava de dizer Nelson Rodrigues.

Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Vingança

Depois de muitos anos de casada, uma senhora decide pedir o divórcio - se apaixonou por um garotao -. Recorreu ao judiciário. Na primeira audiência:

Juiz: Por que a senhora quer se separar?

- Meu marido não dá mais no couro blá blá blá blá....
Juiz: E o senhor?

- Ela quer que eu gaste minha ereção com ela.

Twittaço

Espero que tocado pelo espírito natalino a Globo mostre o DARF na noite de Natal.

@PedroZaccaro

O miserável do ano

Joaquim Benedito Barbosa Gomes, o ser humano que mais me intresteceu durante este ano. Ele me comoveu...

Como pode uma pessoa ser tão baixa?...

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Pobreza de espírito!

Infelizmente - para ele -, para este mal, não existe cura.

Coitado!

Chegar a presidência do STF - por ser negro -, e fazer exatamente o que o corolenato lhe ordenou...

Capitão-do-mato, tenho dó de você.

Ser elogiado pelos patrões - te ufana -, aí tu se esforça para agrada-los ainda mais. Para receber elogios e benesses - tu sabe quais -.

Capitão-do-mato, tenho pena de você.

Crônica semanal de Luís Fernando Veríssimo

Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava.

A primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito que viriam depois, foi inventada por sir Thomas Morus em 1516. Dizem que ele se inspirou nas descobertas recentes do Novo Mundo, e mais especificamente do Brasil, para descrever sua sociedade ideal, que significaria um renascimento para a humanidade, livre dos vícios do mundo antigo.

Na Utopia de Morus o direito à educação e à saúde seria universal, a diversidade religiosa seria tolerada e a propriedade privada, proibida. O governo seria exercido por um príncipe eleito, que poderia ser substituído se mostrasse alguma tendência para a tirania, e as leis seriam tão simples que dispensariam a existência de advogados.

Mas para que tudo isto funcionasse Morus prescrevia dois escravos para cada família, recrutados entre criminosos e prisioneiros de guerra. Além disso, o príncipe deveria sempre ser homem e as mulheres teriam menos direitos do que os homens.

Morus tirou o nome da sua sociedade perfeita da palavra grega para "lugar nenhum", o que de saída já significava que ela só poderia existir mesmo na sua imaginação.

Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou os filósofos governantes. Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam muito com o fato de viverem numa sociedade escravocrata.

Em "Candide", Voltaire colocou sua sociedade ideal, onde haveria muitas escolas mas nenhuma prisão, em El Dorado, mas "Candide" é menos uma visão de um mundo perfeito do que uma sátira da ingenuidade humana.

Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a emancipação da classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no totalitarismo soviético e na sua demolição.

Até John Lennon, na canção "Imagine", propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas.

Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível. No futuro previsto os carros ofereceriam transporte rápido e lazer inédito em estradas magnetizadas para guiá-los mesmo sem motorista. Isso se os carros não voassem, ou se não houvesse um helicóptero em cada garagem.

Nada disso aconteceu. Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia.

FI(M)ESP dá tiro no pé

Nenhuma novidade aliás, a FIESP nunca se destacou por um posicionamento progressista:

O que, mesmo pelo viés capitalista, é uma contraditório com a defesa dos interesses que a entidade pretende representar.  

Nas metrópoles bem sucedidas do mundo as federações das industrias locais apoiam a cidade onde estão instaladas. Aqui apostam na sua deterioração, cada vez maior, e na consequente perda de postos de trabalho para outras regiões. Seu presidente, faz esta troca apenas em busca do seu efeito político imediato.

Cidades sem infraestrutura eficiente não atraem investimentos e verão diminuída sua arrecadação. Se tornam, a cada dia, mais inviáveis...

Mensagem da tarde

O melhor passatempo que existe:

Estar *enamorado.

*Apaixonado

Grupo dos 30

A CUPULA DA FINANÇA MUNDIAL - Criado em 1978 com seu primeiro orçamento pago pela Fundação Rockefeller, esse ilustre grupo de discussões sobre a economia mundial conta com apenas trinta membros, todos importantes financistas e economistas de expressão internacional, de grande peso e influencia politica.

Seu patrono é Paul Volcker, o emblematico ex-Presidente do Federal Reserve, banco central dos EUA. O atual presidente do Grupo dos Trinta e Jean Claude Trichet, ex-Governador do Banco Central Europeu e seu vice é Jacob Frenkel, o respeitado e influente ex-Governador do Banco Central de Israel.

Entre os brasileiros Roberto Campos foi membro fundador do Grupo, da Argentina Domingo Cavallo, a lista esta acima no link, é realmente a nata dos grandes bancos e dos bancos centrais, alem de financistas de renome mundial.

As trocas de informações do grupo permite uma formação consensual de pontos de vista sobre as economias do varios paises e das tendencia da economia global, cada qual informando os outros sobre a economia de seus paises.

É nesse tipo de petit comité que se constroem as percepções das tendencias que aparecem depois na imprensa financeira global, influenciando os ratings e avaliações de investidores, alem do FMI, Banco Mundial, BIS e BCE.

No Brasil atual que eu saiba o nome ligado ao grupo é Arminio Fraga.

Os Rockefeller gostam de criar esses grupos, nos anos 60 fundaram a Comissão Trilateral, ainda no tempo da Guerra Fria, com um sentido mais geopolitico do que economico, o Grupo dos Trinta é mais focado em finanças e incorpora

evidentemente o credo neoliberal da ortodoxia economica como uma especie de agenda básica.

O que é relevante no Grupo é que não são academicos mas sim homens politicos de grande experiencia prática

e que dispõe de uma rede de relacionamentos que poucos outros grupos podem acumular.
***
Marco Antonio Almeida Terra

E precisou de um torneiro mecânico pra salvar o Brasil da incompetência desses 30 analistas de latrina.

Doing for sleep

Lua de mel sem gluten

Mesa, formada de surpresa, era composta por autoridades em um assunto que está em evidência e ao qual se deve, pelo que escutei, prestar muita atenção: alimentos que contenham glúten ou não, e os preços desses alimentos. Mas a história aqui não vem ao caso. O que conta mesmo foi a improvisação do agradável encontro em volta de uma descontraída mesa. Os nomes não vêm ao caso. Havia uma que estava grávida e preocupada com uma prova de inglês que prestaria assim que retornasse de viagem, uma que ainda estava em lua-de-mel e outra, de olhos límpidos e cintilantes como dois brilhantes simpáticos. De repente, até parecia que nos conhecíamos há tempos, dada a informalidade e descontração. A simpática senhora ainda em lua-de-mel era jovem e bonita e seu marido encontrava-se a pelo menos 2 mil quilômetros da capital federal, local do seminário ou coisa semelhante. E aí, assim, sem mais nem menos, a senhora em lua-de-mel pediu que a amiga grávida lhe emprestasse o celular para ligar para o marido... Fez-se silêncio e ela disse: "não atendeu!" E ligou de novo, e de novo. O circunstante fez chiste com o silêncio do outro lado da linha, insinuando bobice, que talvez o marido não pudesse atender porque estaria ocupado e "ocupado", no caso, dito com maledicência. "Acho que liguei o número errado..."e pediu para tentar mais uma vez. A mesma coisa. "O telefone celular chamado está fora de área ou temporariamente desligado..." - o rosto da jovem esposa, simpática e bonita assumiu um ar de preocupação enquanto as amigas brincavam: "como é que você esqueceu o número dele?" "Eu apenas disco "maridão" na lista de contato, nunca ligo pelo número. Fazia sentido, mas não conseguia fazer contato. Nem lembro quantas vezes ela tentou sem conseguir. O circunstante sugeriu: "olha, esquece, vai ver ele está ilhado, faltou energia no mundo, está desmaiado, foi sequestrado por um disco voador..."e outras molecagens que arrancavam risadas, mas com o canto do olho dava para notar que ela estava pedindo pelo amor de deus que o "maridão"atendesse.

De repente, disse: "ah, lembrei o número. Dá aqui de novo..."e estendeu a mão para pegar o telefone da amiga. Daí o circunstante falou: "vai ligar? Vai? Quer apostar como ele não vai atender? E as amiga concordaram com o circunstante e também acharam que ele não atenderia. Ela desistiu e bebeu uma taça de vinho. No rosto, na alma, nos olhos, dava para ver um "atende, desgraçado!" O circunstante sugeriu: "esquece, vamos mudar de assunto, vamos falar de outra coisa, vamos brindar, fazer o pedido, essas coisas, e fez uma pausa... E voltou a perguntar: "Esqueceu?" A jovem esposa um pouquinho mais aliviada e com um sorriso sem graça e com a taça do bom vinho das mãos respondeu com ingenuidade: "esqueci!" E o circunstante disse, "agora LEMBRA!" E ficou até a última taça nessa de "esqueceu?", agora lembra. A história pode até parecer meio sem graça, mas deu asas à imaginação, que é a melhor coisa que pode acontecer dentro da cabeça de quem escreve. E imaginei o "maridão" vendo depois, do que quer que seja que estivesse fazendo, um número que ele desconhecia e o marido da simpática grávida atendendo... "Quem está falando?" "Com quem deseja?" "Ligaram para mim desse número..." "Eu não fui..." "Mas ligaram..." "Esse telefone é da minha mulher... Por que ela ligaria para o senhor?" "E eu vou saber? Pergunte a ela..." "Quem é o senhor?" "Não interessa..." E bate o telefone. Depois, bem depois, o marido da simpática grávida a interpelaria: "quem foi o cara que ligou do teu telefone?" E ela explicaria. Enquanto isso, no outro extremo do país, a esposa em lua-de-mel perguntaria "por que você não atendeu às chamadas?" e ele teria todas as razões do mundo para explicar assim "porque não era o seu número..." E todos seriam felizes para sempre... E ela continuaria sua lua de mel sem glúten. Talvez, no máximo, com uma pulga atrás da orelha...

Por A. Capibaribe Neto

Para refletir

Há muitos anos, vivia na China um jovem chamado Mogo, que ganhava o seu sustento quebrando pedras. Embora são e forte, o rapaz não estava contente com seu destino, e queixava-se noite e dia. Tanto blasfemou contra Deus, que seu anjo da guarda terminou aparecendo.

- Você tem saúde, e uma vida pela frente - disse o anjo. - Todos os jovens começam fazendo algo como você. Por que vive reclamando?

- Deus foi injusto comigo, e não me deu oportunidade de crescer - respondeu Mogo.

Preocupado, o anjo foi à presença do Senhor, pedindo ajuda para que seu protegido não terminasse perdendo sua alma.

- Seja feita a tua vontade - disse o Senhor. - Tudo que Mogo quiser, lhe será concedido.

No dia seguinte, Mogo quebrava pedras quando viu passar uma carruagem levando um nobre, coberto de joias. Passando as mãos pelo rosto suarento e sujo, Mogo disse com amargura:

- Por que não posso eu ser nobre também? Este é o meu destino!

- Sê-lo-ás! - murmurou seu anjo, com imensa alegria.

E Mogo transformou-se no dono de um palácio suntuoso, muitas terras, cercado de servidores e cavalos. Costumava sair todos os dias com seu impressionante cortejo, e gostava de ver seus antigos companheiros alinhados à beira da rua, olhando-o com respeito.

Numa destas tardes, o calor estava insuportável; mesmo debaixo de seu guarda-sol dourado, Mogo transpirava como no tempo em que lascava pedras. Deu-se então conta de que não era tão importante assim: acima dele havia príncipes, imperadores, e ainda mais alto que estes estava o sol, que não obedecia a ninguém - pois era o verdadeiro rei.

- Ah, anjo meu! Por que não posso ser o sol? Este deve ser meu destino! - lamentou-se Mogo.

- Pois sê-lo-ás! - exclamou o anjo, escondendo sua tristeza diante de tanta ambição.

E Mogo foi sol, como era seu desejo.

Enquanto brilhava no céu, admirado com seu gigantesco poder de amadurecer as colheitas, ou queimá-las a seu bel-prazer, um ponto negro começou a avançar ao seu encontro. A mancha escura foi crescendo - e Mogo reparou que era uma nuvem, estendendo-se a sua volta, e fazendo com que não mais pudesse ver a Terra.

- Anjo! - gritou Mogo - A nuvem é mais forte do que o sol! Meu destino é ser nuvem!

- Sê-lo-ás! - respondeu o anjo.

Mogo foi transformado em nuvem, e achou que havia realizado o seu sonho.

- Sou poderoso! - gritava, escurecendo o sol.

- Sou invencível! - trovejava, perseguindo as ondas.

Mas, na costa deserta do oceano erguia-se uma imensa rocha de granito, tão velha como o mundo. Mogo achou que a rocha o desafiava, e desencadeou uma tempestade que o mundo nunca antes vira. As ondas, enormes e furiosas, golpeavam a rocha, tentando arrancá-la do solo e atirá-la no fundo do mar.

Mas, firme e impassível, a rocha continuava no seu lugar.

- Anjo! - soluçava Mogo - a rocha é mais forte que a nuvem! Meu destino é ser uma rocha!

E Mogo transformou-se na rocha.

- Quem poderá vencer-me agora? - perguntava a si mesmo. - Sou o mais poderoso do mundo!

E assim se passaram vários anos, até que, certa manhã, Mogo sentiu uma lancetada aguda em suas entranhas de pedra, seguida de uma dor profunda, como se uma parte de seu corpo de granito estivesse sendo dilacerada. Logo ouviu golpes surdos, insistentes, e novamente a dor gigantesca.

Louco de espanto gritou:

- Anjo, alguém está querendo me matar! Ele tem mais poder que eu, eu quero ser como ele!

- E sê-lo-ás! - exclamou o anjo, chorando.

E foi assim que Mogo voltou a lascar pedras.

José Dirceu abriu filial dá sua firma no Panamá

Eis a grande manchete do fim de semana.
Faço apenas uma pergunta:

Qual é o crime?...

Respondo:

Nenhum!

Porém , os canalhas penas-de-aluguel não acusam-no de mais este "crime" - sabem que crime não há-. Fazem pior, insinuam.

Como se defender de uma insinuação?...

Corja imunda!

Os mesquinhos de 2013

por Sergio Saraiva
A classe-média, a grande mídia e o Ministro Joaquim Barbosa.

E se, em um exercício de imaginação, buscássemos em nossa mente uma representação para o ano que termina, qual ela seria? Creio que a intrincada rede de preconceitos, resentimentos e rancores que emaranha a classe-média brasileira, a grande mídia e um personagem ainda a procura de um autor, representado na figura do Ministro Joaquim Barbosa. Ou, talvez, fosse mais próprio a imagem de uma calda de cobertura sobre um confeito de três frutas amargas, o licor de bílis que as amalgama.

O ano de 2012 foi o ano do "mensalão" e, na minha memória, nada melhor o representa do que meia dúzia de senhores togados, sessentões priápicos, batendo com suas pistolas sobre a bancada e com isso tensionando os cordames dos freios e contrapesos que equilibram nosso Estado democrático de direito.

Se buscássemos uma imagem síntese para os anos Lula, seria o Bolsa Família, o resgate de tantos miseráveis. A esperança vencendo o medo e a fome e o medo da fome.

Mas para o ano de 2013, talvez mais fácil se buscássemos traduzi-lo em uma palavra, a partir do sentimento que nos desperta o triângulo que propomos representá-lo: mesquinho.

Porque mesquinhas foram as atitudes dos três personagens do ano de 2013, mesquinhas no que têm de pequenas e cruéis - mofinas.

A grande mídia despiu-se de qualquer veleidade de isenção, mais uma vez mandou às favas os pruridos de consciência, tornou-se hipócrita. Praticou a presdigitação da informação ao ponto de prever um eminente racionamento de energia pela combinação malévola de falta de chuvas com o aumento do consumo pela irresponsável promoção do poder aquisitivo das classes pobres. Previu também a carestia advinda da inflação do tomate. E, quando foi necessária na defesa de uns, essa presdigitação, conseguiu lograr a invisibilidade de fatos de conhecimento público.  Dos fatos que não eram do seu interesse, claro está.   A outros persegui, permitiu-se a prática da execração pública dos seus adversários de ideias. Advogou pelo tratamento cruel, desumano e degradante dos adversários caídos. Tornou-se grosseira no trato e grosseira no texto, desceu ao nível do calão.

E, paradoxalmente, perdeu poder e tornou-se extramente perigosa. Julgava-se a própria opinião pública, desnudou-se como tão somente a opinião publicada, mas restou-lhe como campo de influência o Judiciário. Por exaltação ou por constrangimento. Define-lhes os réus, antecipa-lhes os votos e emprega seus parentes e aposentados.  Uma imbricada relação que levou-me a buscar ajuda em um dos nossos mais cultos generais para defini-la:

"São as mesmas vivandeiras castelãs, sempre alvoroçadas e aos bivaques, que vêm, agora, bolir com os meirinhos e provocar extravagâncias do poder Judiciário".

Tornou-se especialmente mesquinha em relação aos seus heróis. Seus patrões quando morrem tornam se grandes jornalista, nomeiam logradouros públicos como tal. Em vida, não foram tratados como jornalistas e sim como doutores. Seus grandes jornalistas, mortos sob tortura ou assassinados na lida são esquecidos.

A classe média, entendendo-se, aqui, a nossa minoritária classe média consolidada, continuou, em 2013, a ser a caixa de ressonância dessa grande mídia. Amou a quem ela amou, odiou a quem ela odiou, lapidou seus condenados.

Triste sina da classe-média brasileira, foi a grande protagonista de 2013, teve seu destino nas mãos. Mas no seu momento de maior poder, acostumada a ser guiada, não soube se autodeterminar.

Não teve líderes a lhe guiar, teve demagogos interesseiros. Não tinha uma causa a defender, apenas pequenos interesses e grandes mágoas.  Gritava de ressentimento, não de indignação.

E, no entanto, suas passeatas de junho foram o grande e inútil acontecimento político do ano. Em uma das muitas manifestações, vi um rapaz de ar apalermado, mas exultante, gritando em voz ritmada "vem pra rua". Carregava um cartaz onde se lia, não a causa pela qual ele se manifestava, mas a frase "vem pra rua". Ir para a rua era um fim em si mesmo. Pensei comigo: "Não, o Brasil não acordou, está nas ruas, mas abandonado à própria sorte, como um gigante sonâmbulo marchando entre o sonho, a consciência de si e o pesadelo. Um milhão e meio de pessoas que por algum motivo julgaram importante se juntarem em multidão, um fantástico capital político a espera de quem ponha a coroa na própria cabeça antes que um aventureiro o faça".

O que restou das "grandes jornadas de junho"?  Após 10 anos de constante bombardeio midiático ácido ao governo, a classe-média estava intoxicada. Com o perdão da má palavra, e com dor no coração, mas me parece que tudo não passou de um "vómito cívico".

Em setembro, essa classe-média já se recolhera ao seu ranger de dentes intramuros dos seus condomínios, shopping centers e escritórios. Assustada com a violência praticada por seus próprios filhos. Estes, vestidos de preto e portando pedras e coquetéis Molotov, arrebentavam  vitrines e incendiavam as ruas. Imitavam, mais uma vez, o que viam nas telas dos seus computadores. Mas, igual a seus pais, sem uma causa a defender, buscavam, pelo uso da violência como forma de ação política, derrubar um sistema de poder imaginário. Passada a moda, voltaram para o Facebook.

A classe-média mostrou sua verdadeira cara, pouco depois. Na reação dos "Doutores CRMs" ao programa "Mais Médicos".  E lá estava, outra vez, a mesma mídia apoiando e repercutindo uma manifestação do mais puro preconceito. Ainda me causa mal estar a lembrança de um artigo de uma colunista da Folha de São Paulo, loira e muito bonita, por sinal, referindo-se aos médicos cubanos – escravos.

Os motivos eram tão mesquinhos que acabamos por assistir ao suicídio da imagem coletiva da medicina brasileira, quando, por fim, o programa "Mais Médicos" mostrou-se um sucesso. Sucesso que prescindiu, para acontecer, das nossas classes média e médica tão cientes e ciosas da sua própria importância.

Mas, por que nos surpreendemos ao ver mocinhas brancas, em jalecos brancos, usando termos de baixo calão? Já nos havia ensinado a professora Marilena Chauí: "A classe média é uma abominação política porque é fascista; é uma abominação ética porque é violenta; e é uma abominação cognitiva porque é ignorante".

Acrescento eu: mesquinha.

E, então, chegamos ao último integrante do nosso triunvirato mesquinho – o Ministro Joaquim Barbosa. 

Desnecessário relembrar, por já muito discutida, a incoerência do juiz inflexível que pune corruptos com um rigor próximo ao da ira santa e adquiri um apartamento em Miami usando de meios, digamos,não exatamente recomendáveis no recolhimento de impostos. Do homem que se quer vitorioso por méritos próprios, já que vindo das classes mais simples, mas que aprecia ser convidado para camarotes VIP.  Do intelectual douto nas letras de Goethe e que trata seus pares com a grosseria dos valentões de botequim ou de arquibancada. Do homem que representa a última esperança da nação na aplicação da justiça "justa e para todos" e que se dá ao uso de artimanhas, inovações e fatiamentos que, na opinião de grandes juristas, solapam o direito dos réus. O homem- juiz poderoso, inquestionável e dono da última palavra sobre a vida de um outro homem e incapaz de um gesto de solidariedade ao seu prisioneiro.

Quiseram-no por intrinsecamente mau, talvez não tenha magnitude para tanto – apenas mesquinho.

E, por isso mesmo, por tudo isso, esse personagem consegue sintetizar na sua figura a essência da nossa classe-média e da nossa grande mídia. Até porque parece manter com ambas uma relação que beira a simbiose.

E, chegando, então, até aqui, creio que acabei por achar a imagem que, no meu imaginário, representa o ano de 2013. O rosto sorridente do Ministro Joaquim Barbosa. É dele o rosto do ano.  

De um ano mesquinho.