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Patriotismo bolsomion

"A nossa bandeira nunca será vermelha"
(bolsomions)

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- É, branca, azul e vermelha com um pouco de verde e amarelo. Patriotas de ararque!
Vida que segue...

Nacionalismo e patriotismo não fazem mais sentido?

Pergunta: "Pinheiro em seu artigo A inútil luta contra os galhos: o governo como boneco de judas, você diz:
“Ainda vivemos sob a ilusão, fomentada por eventos esportivos e pela imprensa, de que países e governos sejam relevantes.”
Tal frase me dá a entender que noções como nacionalismo e patriotismo, além de países e governos, são (ou se tornaram) irrelevantes. Poderia explicar em mais detalhes por que nacionalismo, países e governos não fazem mais sentido em sua visão?”
– Guilherme
Essas coisas são hoje tão irrelevantes que estou evitando responder essa pergunta há seis meses. Também não a queria responder porque parece haver um evento esportivo barulhento ocorrendo nas minhas vizinhanças, e odeio falar sobre questões “atuais” – sou um cara metido com – ou que tem pretensões, nos dois sentidos, a – atemporalidade.
Mas a reflexão vem da ideia de que atualmente noções tais como país, nacionalidade, e vários elementos culturais que promovem pertencimento, são basicamente manipulados por corporações (os efetivos agentes políticos de nossa era).
Por exemplo, o soldado estadunidense que foi (e vai) lutar no Iraque, pensa que está defendendo o ideal de liberdade dos patriarcas constitucionais, mas todos que tem um mínimo de tino sabem que eles estão indo para lá defender a indústria do petróleo, e de quebra ajudando a indústria bélica.
Nacionalismo e patriotismo não fazem mais sentido
O sentimento relativamente puro de patriotismo desses fantoches pobres coitados é basicamente o buraco por onde entra a mão que os manipula.
Sociologicamente, nós atribuímos o rótulo “feudal” a um processo semi-orgânico de organização social que surgiu, e se sustentou por algum tempo, durante certo período da Europa medieval. Em outras palavras, identificou-se como as relações pessoais (e de classe) se davam, e a partir disso desenvolveu-se um modelo para descrever o que acontecia.
Por que digo “semi-orgânico”? Porque esse processo era mais inconsciente ou “natural” do que dirigido por uma inteligência, ainda que claro, já houvesse quem refletisse sobre o que acontecia, e promovesse esse ou aquele aspecto da coisa toda.
Com o tempo essa diferença entre o processo ser deliberado ou natural se confundiu ainda mais, e desde a revolução francesa, a organicidade e a inteligência, “nature or nurture”, nos processos sociais, nas questões “nacionais” em particular, se confundem cada vez mais. Nunca, em qualquer caso, se pode dizer que uma coisa exista sem a outra – nesses fenômenos sociais, e nos fenômenos humanos em geral.
Então reconhecemos que o estado, o país e a nacionalidade, que se formaram a partir do modelo europeu de feudalismo (há tentativas de identificar o feudalismo em outros lugares e tempos, mas sempre há pequenas variações no “esquema” das coisas acontecendo), são frutos de camadas sobrepostas de processos sociais bastante complexos. E jamais são “fatos” com qualquer solidez – fenômenos dançantes de formas de pertencimento e de exploração desse pertencimento.
Sinceramente, me sinto um pouco bobo, e também daí minha relutância em escrever sobre isso, dedizer que países são invenções. Qualquer pessoa que pense entende isso. Nem entremos nos 500 anos de “Brasil”, um nome dado pelos exploradores a uma vasta gleba de tamanho incerto, que foi aos poucos se reificando e cujos ideais de pertencimento são hoje explorads pela FIFA e suas corporações afiliadas.
Fortuitamente, alguns de nós nascemos aqui, recebemos esse título, e eventualmente somos levados a refletir sobre o que isso significa – ou apenas sair por aí com uma bandeirinha no carro, achando que isso espelha algum tipo de virtude interior. Mas nada disso dura muito tempo, ninguém se pensa “brasileiro” antes de sua profissão ou orientação sexual, ou de gostar de Game of Thrones e não de Lady Gaga.
Falemos, do contrário, sobre porque o Críquete ainda é o esporte nacional da invenção britânica que é a Índia (nem abrange tudo que seria a cultura hindu, nem é suficientemente homogênea para garantir uma unidade que não fosse artificial), e porque a invenção, também britânica, que é o oriente médio e sua absolutamente arbitrária divisão política, nos dá tantas dores de cabeça.
Ou até sigamos aos Celtas e Carolíngios e tentemos identificar o que fez o país “França”, ou como Lutero unificou (criou) a língua alemã.
E, se alguém quiser me pegar como exemplo aleatório, também vai ser divertido. Nasci, por acaso, em São Paulo, filho de gaúchos e de sua miscigenação europeia particular. Meu avô me fazia, enquanto criança, recitar com sotaque carregado que “nasci em São Paulo, mas sou gaúcho de coração”. Fui algumas vezes chamado de “alemão-batata”, embora a miscigenação seja tão grande que nao deva ter 10% germânico no meu sangue – mas o que faz sentido, porque batatas são uma cultura andina apropriada pelos europeus.
As bombachas foram sobra de uma guerra noutro lugar
As bombachas foram sobra de uma guerra noutro lugar
Volta e meia me deparo em uma mesa de jantar em que filhos de colonos alemães no Brasil tentam me cooptar, pela brancura da minha pele e bochechas baváricas, suponho, para alguma forma de supremacia da cultura alemã – que eles mesmos parecem só conhecer por estereótipos bastante deturpados. Uma bisavó minha era “bugre”, me contaram, mas esse é um termo racista para os guaranis, também me contaram – fora que andavam (e alguns andam) meio pelados, e algumas palavras e nomes de rua, deles não sei nada.
Aliás, quem me contou foi uma professora de sociologia que por acaso era “nativa”, e que também me ensinou que o gaúcho é uma invenção do Paixão Cortes – coisa que eu tentei explicar pro meu avô, que brincava de ser judeu e negro, mas era mistura de português com italiano. Enquanto isso, eu pratico budismo tibetano e sonho (e penso) mais em inglês que português. A cultura “brasileira” para mim, é algo como a cultura dinamarquesa – por acidente eu tenho mais contato com a primeira.
Mas, é óbvio, esse fenômeno da formação de uma nacionalidade existe, e com o tempo, e com as pessoas acreditando nele, ele produz efeitos sobre o mundo. Só que hoje, com a aldeia global, com tudo basicamente ordenado em torno dos mesmos “patrocinadores”, com aeroportos e shopping centers iguais aqui e em Bombaim (Mumbai? Até o nome da cidade é uma dor de cabeça de disputa entre colonizadores e colonizados!), a ideia de união de um povo é só mais um recurso a ser explorado. Sempre foi, mas parecia haver algum valor nela – hoje todo o valor é apenas parte da propaganda em uma caixa de pizza congelada.
Quem cai nessa é quem não reflete sobre a realidade. Se o nacionalismo já foi explorado pelo nazismo, e para lutar contra o nazismo, e para todo um espectro de motivação de uma classe de poderosos (de plutocracias escancaradas de linhagens aristocratas até governos mais ou menos democráticos), ele é hoje explorado para vender lixo processado como comida (fast food) e cerveja. E o que chamamos de governo é só um departamento pequeno das corporações.
Ora, essa choldra sabe que é massa de manobra. Mas da mesma forma que entende que o McDonalds destroi sua saúde, mas não para de comer, segue manobrada. Talvez a única “novidade” em responder essa pergunta, seja uma que já mastiguei em outros textos: governo não tem mais importância, quem manda no governo são esses algoritmos contratuais, essas “pessoas” juridicas que chamamos de “corporações” – estatutos sobre os quais nem CEOs e “pessoas importantes” tem qualquer poder.
Istanbul? Rio? Dallas?
Istambul? Rio? Dallas?
O resto a gente sabe. Tá cansado de saber. Só porque come McDonalds, e assiste jogo da Copa, não quer dizer que não esteja cansado de saber que está errado em fazer isso. Essa gente está apenas promovendo e dando poder aos maiores vilões do mundo, isto é, aos maiores causadores de sofrimento do mundo.
Na vida do João da Silva, o Brasil surge como uma ideia importante, às vezes, se as empresas assim acharem interessante. Mas fora como massa de manobra, ninguém mais sequer se sente nacionalista, e quanto mais jovem for, menos ainda, e os governos só tem a aparência de relevância e poder que seja de interesse para as corporações.
Bom, melhor a Copa que Vietnam, Iraque, Afeganistão.
* * *
Nota do editor: o formato de resposta a uma pergunta é também possível na coluna, cujo nome está ligado ao sentido do espanto que dá origem à filosofia, à ciência, às tradições de sabedoria. E WTF no sentido do impacto que isso talvez nos cause, quebrando cegueiras, ilusões.
Além de seguir o papo abaixo nos comentários, você pode enviar suas mais profundas perguntas para wtf@papodehomem.com.br .
Eduardo Pinheiro

Diletante extraordinário, ganha a vida como tradutor e professor de inglês. É, quando possível, músico, programador e praticante budista. Amante do debate, se interessa especialmente por linguística, filosofia da mente, teoria do humor, economia da atenção, linguagem indireta, ficção científica e cripto-anarquia.


Outros artigos escritos por 

Papo de homem

Prisão patriotismo

É deliciosa a sensação de irmandade que nos acolhe quando estamos em nossa terra, cercadas de iguais, praticando nossos costumes, ouvindo nossa língua, nosso sotaque.
É reconfortante fazermos parte de um estado-nação que nos reconhece como pessoas cidadãs, que garante nossos direitos humanos fundamentais, que nos fornece um passaporte aceito por outras nações.
Infelizmente, essa nossa sensação de comunidade, que não é menos real, concreta e verdadeira por ter sido imaginada, fabricada, construída, muitas vezes nos leva a odiar ou desprezar as outras pessoas que não nasceram no nosso chão, que têm outros costumes, outras línguas, outros sotaques.
Então, se amamos exaltadamente essas abstrações políticas imaginárias, com seus simbolozinhos e musiquinhas; se nos dispomos a matar e morrer por elas; se engolimos acriticamente o discurso nacionalista-excludente do “ame-o ou deixe-o”, então, sim, o patriotismo pode ser uma prisão.

O patriotismo das leoninas

Como pessoas humanas, nossa tendência é sempre naturalizar o mundo que recebemos. As coisas são assim porque sempre foram assim porque sempre serão assim.
Para nós, é tão normal esse mundo onde as pessoas se dividem e se identificam com base no pedaço de chão onde nasceram que mal conseguimos perceber o quanto esse sistema é arbitrário e convencionado.
Por que não criarmos outras irmandades?
Se existem duas pessoas competindo, o natural, o normal, o esperado, o óbvio, é que eu torça pela pessoa brasileira.
Mas por que me identificar com linhas arbitrárias traçadas no chão e com as pessoas que compartilham comigo o acidente histórico e fortuito de ter nascido no espaço compreendido dentro dessas linhas?
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Por que não traçar outras linhas arbitrárias para definir nossas lealdades?

Patriotismo não é viralatice

A Aloysio o que é de Aloysio
confiançadataQue apurou também um tal “índice de orgulho de ser brasileiro”, uma coisa meio estranha que, vá lá, eu reproduzo aí ao lado,
Vamos admitir que o tucano tenha razão..
Falta, pelo mesmo raciocínio, afirmar que a exacerbação do “espírito de vira-latas” também, segundo esta lógica, fosse o responsável pelos resultados anteriores, negativos.
Porque não foi isso que andaram repetindo, a torto e a direito, com o “vai ter crise” e o “não vai ter Copa”?
Um paisinho de m…, governado por incompetentes, que não ia dar conta de fazer uma Copa, não ?
Uma nação “porquera”, onde o cenário de pleno emprego, num mundo assolado pela desocupação, não valia nada, porque eram“empreguinhos de dois salários mínimos”, não é, Aécio?
Um lugar de gente incapaz, vagabunda, diferenciada, que não pode pegar o metrô em Higienópolis e quer se aposentar com “só” 35 anos de trabalho.
Enfim, uma “racinha” que “vota com o estômago” e está mais interessada em que haja financiamento para a casa própria do que com o superávit primário.
E que não entende que gastar R$ 1,7 bi (R$ 2,26 em dinheiro de hoje)  em uma nova sede administrativa para o Governo de Minas é mais importante que subsidiar moradia para os pobres.
Aliás, gente interessada também naquele salários  que estão “muito altos”, segundo as contas do aspirante a Ministro da Fazenda de Aécio, Armínio Fraga.

Charge - Duke

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Patriotismo


Marco Antonio Leite

Patriotismo é o sentimento de amor e devoção à pátria, aos seus símbolos (bandeira, hino, brasão). Através de atitudes de devoção para com a sua pátria, pode-se identificar um patriota.

Muitas vezes, o nacionalismo é utilizado como seu sinônimo. Porém, podemos dizer que o nacionalismo é considerado uma ideologia, que leva as pessoas a serem patriotas.

Ser um nacionalista não implica algum ponto de vista político particular, à exceção de uma opinião da nação como um princípio organizado fundamentalmente na política. Agora, ser um patriota implica fazer algo de bom pelo seu país, ou nação.

Há diferentes tipos de patriotismo, e diferentes pessoas que são patriotas, diferentes maneiras de mostrar como são devotos ao seu lugar de origem:

  • Patriotismo nos desportos: há grande parte da população que tem orgulho de sua pátria quando ela está representada por atletas em competição;
  • Patriotismo na Cultura: cantores, compositores e poetas, que são famosos no mundo inteiro, espalham o encanto do país em que vivem. E não negam suas raízes;
  • Patriotismo na Guerra: pessoas que se oferecem ou são rigorosamente selecionadas para defenderem seu país em uma guerra. 
Vale lembrar, que o rico não sente devoção e não tem bandeira, hino e brasão, rico tem muito dinheiro. Pois, patriota é coisa para pobre curto de inteligência, isto porque ser patriótica é ter dignidade, ou seja, casa, comida, emprego, escola entre outras necessidades básicas, isso a maioria do povo não tem. Patriotismo é mais uma das muitas contradições do sistema capitalismo. Não seja BRONCO!